O Nosso Elo - A Ajuda. escrita por Dan Rodrigues


Capítulo 1
Sedutor. - Susan


Notas iniciais do capítulo

Conheçam John através da narração divertida de Susan! Vocês vão se apaixonar! :) Quero Revews!



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Sedutor Susan


Eu não sei bem o que aconteceu comigo naquela noite. Nem sei por que. Mas eu me lembro muito bem de como encontrei meu namorado, Thiago, (agora ex) em cima de uma vadia qualquer, na festa. Isso não foi o pior. Não, não foi mesmo! O pior foi eu ser perseguida por um bando de vândalos.

Eu estava caminhando por uma rua escura, e estreita, em direção ao meu FIAT uno antigo. Eles saíram de repente de uma esquina atrás de mim. Eu não sei se estavam na festa, e tinham me visto lá, ou se só queriam me assaltar. Eu dei uma olhadela para trás, e apressei o passo, e eles logo tomaram consciência de que eu sabia o que vinha pela frente. Estavam cada vez mais perto de mim, e foi quando eu comecei a correr. Não conseguia gritar, pedir socorro, um bolo se formou em minha garganta, e minhas pernas começaram a tremer. Consegui avistar meu carro, não estava muito longe dali. Mas eu não ouvia mais os passos dos bandidos, agora só socos, e chutes. Foi incrível, mas ao mesmo tempo era como se eu estivesse dentro de um filme de ação.

Eram três caras, e um homem misterioso lutava com uma mistura de judô e caratê, com muito estilo e força. Só o olhar dele, já era suficiente para assustar qualquer bandido. Ele parecia saber o que cada bandido ia fazer muito antes de qualquer movimento.

Eu estava confusa, e chorando. Ele tinha um ar misterioso, um cheiro envolvente, e no começo me deu certo medo dele. Bom, lobos brigam uns com os outros pela caça, isso não quer dizer que o lobo que vencer vá deixar sua presa ir embora (eu sei que isso parece neurose total!). Ele se aproximou de mim, e eu comecei a me afastar, na medida do possível, até onde minhas pernas bambas conseguiam se mover. Eu não me lembro do formato do rosto dele, nem do cabelo. Só lembro-me de fitar seu peito largo, os músculos inchando debaixo da camisa apertada de gola “V”. Foi quando ele olhou dentro dos meus olhos, e eu franzi os lábios para não deixar escapar um grito histérico. Vi sua boca carnuda, lábios perfeitamente alinhados, e simétricos, se moverem, deixando aquela voz linda escapar.

– Vá para casa... – Então deu meia volta, e começou a caminhar. Um caminhado suave, quase uma marcha – Durma... Esqueça.

Aquela voz soou forte, envolvente, e em sintonia com seu cheiro, que eu percebia de longe. Uma voz grossa, mas suave, que me fez imaginar coisas boas, mas eu não deixei de sentir medo. Ele deu uma última olhada em mim antes de ir embora.

Nesse momento, meus membros não me obedeciam mais. Meus olhos ficaram pesados, senti meu rosto quente, e uma massa de ar frio não queria me deixar adormecer; mas foi o que aconteceu. Meu corpo começou a cair lentamente, e minha mente estava em modo automático. Alguém me segurou, por trás, mas parecia mais um abraço. Eu tinha certeza que era ele! Vi braços fortes, a pele levemente dourada. Senti o calor, e o conforto de estar na minha cama, e eu podia até sentir o cobertor macio cobrindo minha pele. Eu estava em meu quarto, segura. Sem a menor noção de como isso havia acontecido.


Acordei assustada, sentindo um cheiro estonteante. Não era mais o cheiro daquele cara. Era o cheiro do cigarro barato de Leila, que passou pelo corredor quase gritando, me chamando para tomar café.

Leila é minha melhor amiga, mas não é uma pessoa tão “perfeitinha”. Ela chega a fumar mais de um maço de cigarros por dia, só tem 17 (dezessete) anos, e é do tipo que adora balada, e gosta de trazer os “amiguinhos” dela para festas particulares no quarto que temos sobrando.

Nós duas moramos em um apartamento modesto em um prédio em Copacabana. O apartamento era dos meus pais; os dois morreram em um acidente de carro, foi horrível, mas eu não podia deixar o apartamento e ir morar no interior com meus parentes, ou vendê-lo. Preferi ficar aqui, e pedir para Leila vir morar comigo. Assim, a nós dividimos as despesas, e o que é melhor, eu adoro a companhia dela. Tenho uma tia mais próxima, Tia Sabrina, que nos faz uma breve visita todos os meses.

E foi tia Sabrina que pediu que convidássemos mais uma pessoa para morar conosco, mas eu não sei se é uma boa idéia. Leila é quem está adorando, e em cada visita de tia Sabrina ela a apresenta um namorado diferente, tentando fazê-la gostar do cara a qualquer custo, mas Leila não tem bom gosto para namorados, e nunca passa mais de um mês com um. Tia Sabrina sempre diz que não é bom morar com um homem, e eu concordo plenamente. Isso acarretaria uma grande série de problemas, que a cabecinha louca da Leila nem imagina.

Bom, eu já coloquei um anúncio meio discreto no mural da escola, e estamos esperando que alguém interessado nos ligue.

Não conseguia tirar aquelas imagens da minha cabeça. Eu sentia aquele cheiro que ficou impregnado em mim, quando ele me abraçou. Minha cabeça ainda cheia de “como”s e “Por que”s estava pesada, e eu senti a dor de cabeça se instalando bem atrás dos meus olhos. Eu queria me lembrar de tudo, queria mais informações sobre aquele cara do que só saber seu cheiro, ou poder reconhecer em qualquer lugar que fosse o tom da sua voz. Eu tentava loucamente lembrar-me do seu rosto completo, mas só conseguia relembrar sua boca, os lábios rosados em um contorno incrível, e os olhos verdes, quase como olhos de gato.

– Susan, o café está pronto! Levanta agora, tia Sabrina tá chegando, esqueceu que hoje é dia da visita!? – Leila dava gritinhos histéricos, e continuou gritando algo como “Tomara que ela me traga uma bolsinha Armani nova!”

Eu levantei e abri a porta do quarto. O cheiro do cigarro de Leila ficou ainda mais forte.

– Aaaiii, Leila, será que você não pode fumar outra hora? – Comecei. – Você vai acabar com seu pulmão, e sabe que tia Sabrina odeia ver você fumando. Onde você consegue esses cigarros, garota!?

Sentei-me à mesa à frente de Leila. Ela me olhou de um modo estranho, e disse:

– Ai, você está horrível! – E continuou passando manteiga em um pãozinho francês.

Eu não sabia se poderia contar para Leila tudo o que acontecera noite passada. Não podia contar tudo mesmo, por que eu não sabia de tudo. Ela não acreditaria em mim. Esqueci boa parte da festa, e nem ligava mais pro modo como vi Thiago, meu ex namorado com a mão na bunda daquela vadia. Eu só lembrava-me de como aquele cara misterioso me salvou. Lembrei daquele abraço, e desejei outro, e mais outro... Lembrei daquele cheiro, que me invadiu tão rapidamente e acabou temporariamente com meus sentidos. Eu queria vê-lo novamente. Queria tocá-lo, conversar, perguntar seu nome.

Leila interrompeu minha linha de pensamentos.

– Susan? Ei, o que aconteceu com Thiago ontem? Você saiu feito uma louca da festa, correndo, e chorando! – Leila tentava ver minha mente através dos meus olhos, e às vezes eu ficava com certo temor, por que em parte ela conseguia.

– O encontrei em cima de outra. Foi horrível, Leila, e ele ficou parado, sem dizer nada.

Eu não lembrava muito bem da reação de Thiago a me ver, mas tive que mentir para Leila. Foi como se minha memória estivesse sendo apagada aos poucos. Mas eu ainda lembrava o cara misterioso que me salvou. Droga! Por que eu só pensava nisso!?

Minha dor de cabeça aumentou, e eu nem olhei para o meu café da manhã. Eu levantei para ir até o banheiro, talvez uma ducha quente me reanimasse e me fizesse esquecer completamente.

Foi quando a campainha tocou.

Eu ainda estava desarrumada, e meu cabelo estava horrível. Caminhei até a porta, só de pijama, mas eu sabia que era tia Sabrina e ela não ia se importar.

– Atenda porta, Susan, é tia Sabrina! – Leila gritou da cozinha.

– Eu sei Leila, já estou a caminho! – Gritei de volta.

Foram meus últimos momentos de lucidez antes de abrir a porta.

Ele estava lá, e eu consegui reconhecer seu cheiro, e sua boca carnuda. Ele jogou a cabeça para trás, e eu vi seus olhos de gato. Verdes como esmeraldas, me fitando de cima abaixo, calculando e analisando cada centímetro do meu corpo, quase como se pudesse ver através do pijama.

Eu me senti uma bruxa, e ao mesmo tempo morrendo de medo.

– O q-que... vo-cê q-quer? – Gaguejei, sem me importar em ser rude.

Ele estava em um jeans desbotado, e uma jaqueta preta de couro sintético, que lhe caia muito bem naquele dia frio, por cima dos músculos extras fortes. Reconheci a camisa gola “V” de marca, e seu rosto sem expressão e perigoso me deixou tonta. Segurei a barriga para não vomitar de medo, e percebi Leila se aproximando e tagarelando sobre sua bolsinha Armani. O olhar dele passou de mim a Leila rapidamente, e ela parou.

– CA-CE-TA-DA! – Leila falou.

Eu dei meia volta e me aproximei de Leila.

– Oi, gato! – Leila falou, me deixando e caminhando até a porta.

A voz envolvente e suave dele preencheu o espaço entre nós:

– Vim por causa do anúncio na escola, sobre um quarto sobrando em um apartamento em Copacabana. Podemos conversar? – Ele olhou bem nos olhos de Leila, e ela parecia completamente hipnotizada.

– C-claro! – Leila respondeu, enquanto eu ficava imóvel, e observava o jeito despojado do cara. – Entra!

Eu queria dizer a Leila que era uma má idéia, e que tia Sabrina não gostaria dele, mas não consegui abrir a boca. E antes que Leila fechasse a porta, tia Sabrina apareceu. “Aimeudeus!” eu pensei, “é agora que o mundo acaba!

– Tia Sabrina! – Foi como se Leila tivesse saído de um transe. Ela pegou as malas de tia Sabrina e levou para o quarto. Tia Sabrina entrou, e ficou observando o cara. – Ah! Tia Sabrina, esse aqui é o... – Ela virou-se para ele, fez um sinal com a cabeça como se estivesse perguntando seu nome.

– John – ele apertou a mão de tia Sabrina, - Sou John Fell. Estava procurando um apartamento para alugar, aqui em Copacabana, mas vi o anúncio na escola, e decidi fazer-lhes uma visita. Vou cursar o segundo ano do Ensino Médio na sua escola, é... Leila, quem sabe eu poderia compartilhar o apartamento com vocês, já que estão precisando de mais alguém, e eu de um lugar para morar.

Ele olhava dentro dos olhos de tia Sabrina, e ainda segurava a mão dela. Eu pensei: “Deus, até ela?”. A boca de tia Sabrina se descontraiu, e eu vi sua pálpebra cair alguns milímetros. Conseguia lembrar-me dos meus próprios olhos fazendo aquele movimento. Então sua expressão se normalizou, e ela disse:

– Sente-se! – Disse tia Sabrina com uma voz doce.

Só eu percebi o clima estranho. Leila também estava super hipnotizada pela aparência daquele cara. E como elas podiam acreditar, que aquele cara tem idade para cursar o terceiro ano!?

Sai da sala, e ouvi tia Sabrina e Leila encherem John de perguntas. Por incrível que pareça, eu não queria mais saber as respostas, por que eu sabia de algum modo que eram todas mentiras. Mas dentro de mim, algo me dizia que seria até bom ele morar perto, eu me sentiria protegida. Mas protegida de quê, e por quê?


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Notas finais do capítulo

Gostou!? Leia o próximo e mande muitos revewes, por favor!