POV Mateus

Eu odiava o começo das aulas, mas sempre tentava ver algo bom nisso tudo e a única coisa que eu conseguia ver nessa porcaria eram as alunas novas.

Sempre entravam novas alunas a cada ano letivo e eu tinha que tirar algum proveito disso.

Eu sempre estudei naquela escola, conhecia a maioria das garotas e também havia ficado com praticamente todas elas, precisava de variedade.

Uma dessas garotas sempre caiu na minha sala, uma tal de Cecília. Ela era até que bonitinha, mas eu sabia que podia pegar coisa melhor.

Fora que essa Cecília aí gostava de mim e mesmo eu dando uma de desentendido eu sempre soube disso. Até me divertia por saber.

Quando eu me sentia entediado, puxava assunto com ela, coisa de uma frase ou duas. Isso era o suficiente pra ver os olhinhos dela brilhando pra mim. Era hilário e eu me divertia muito com aquilo.

Já tinha um tempo que eu não pegava ninguém na escola e isso estava pegando mal pra mim. Resolvi matar dois coelhos com uma tacada só.

Ia aproveitar que a Cecília me pagava pau e ia pedir pra ficar com ela. Ta certo que ela era meio nerd, não era o tipo de menina que combinasse comigo, mas como diz o ditado, mas vale um pássaro na mão do que dois voando.

Depois de umas palavras bonitinhas, umas declarações bem furadas, ela cederia até além do que eu poderia esperar e eu até que sairia no lucro. Mas isso seria até aparecer alguém melhor, o que eu tinha certeza que aconteceria.

Eu estava decidido, assim que as aulas começassem eu faria uma nerd feliz e tiraria o máximo de proveito possível.

Quando cheguei à escola olhei em volta pra ver como estava o ambiente, mas pro meu total desanimo só vi as caras de sempre, inclusive a Cecília com uma amiga enjoada dela, uma tal de Fabi. Aquela garota não me descia, me olhava como se eu fosse o ser mais asqueroso da terra. Vai ver ela não tinha espelho em casa!

Bem, não tinha jeito, até que aparecesse algo melhor eu ia dar uns pegas na Cecília mesmo. No intervalo já ia começar a dar umas investidas nela, que ia cair fácil.

Durante a apresentação da professora e a palhaçada de todo ano senti como se eu tivesse ganho na loteria.

A inspetora levou uns alunos novos pra classe, dois caras e uma garota. Não dei muita atenção pros caras logo de inicio, mas o que me chamou a atenção mesmo foi a menina.

Era magrinha, tinha um par de seios que ficavam bem visíveis por causa do uniforme justo, cabelo comprido, era muito gostosa!

Era isso que eu precisava, carne nova. Do jeito que ela era linda eu tinha que correr, porque a concorrência ia ser dura, bem diferente do que se eu investisse meu tempo com a nerd.

Não foi muito difícil chegar nela. Ela estava meio perdida e as meninas não deram muito atenção pra ela, deve ter sido por despeito de chegar alguém mais bonita que elas. Foi só fazer umas gentilezas e logo ela estava mais a vontade comigo.

Fui rápido demais, admito. Pedi pra ficar com ela aquele dia mesmo, mas ela não quis. Melhor, não quis que eu a achasse fácil, porque podia ver que ela queria tanto quanto eu. Mas mulher é cheia de frescura pra essas coisas, acho que não queria chegar à escola com fama de galinha.

Ela me deu uma canseira, mas enfim cedeu. Eu estava conversando com ela de boa em uma árvore perto em frente a diretoria da escola. Ela falava demais e não agia, isso estava me cansando.

Não lembro de uma palavra que ela disse, mas lembro que vi a Cecília sair pela diretoria. Nessa hora pra calar a boca da Patrícia, puxei-a e dei um beijo, sem dar tempo pra ela reagir. A Cecília deve ter visto, mas isso não me importava.

Até que foi bom, ela estava se fazendo de difícil, mas devia ter sido bem rodadinha na escola de onde veio. Melhor assim, não estava com paciência pra ensinar ninguém.

Já fazia um tempinho que eu estava ficando com ela, tava de boa e também faltava pouquinho pra eu convencer ela a transar comigo. Tava tudo muito bom até eu descobrir que ela estava espalhando que era minha namorada. Aquilo ia acabar com a minha fama e ela nem era uma garota que valesse a pena.

Mas como eu ainda tinha planos com ela, não podia terminar tudo assim do nada. Pensei um pouco e resolvi conversar com ela numa boa, explicar que estava curtindo muito ficar com ela e tudo o mais, mas que achava que era cedo engatar um namoro e tal, mas claro que tudo de uma maneira bem educada e romântica. Assim era muito mais fácil enrolar ela.

Levei-a numa sorveteria que eu conhecia e aos poucos comecei a tocar no assunto.

 - Então Paty, não acho uma boa idéia você sair por aí falando que estamos namorando e tal, sabe como é o pessoal da escola, vão ficar com inveja e podem até fazer alguma coisa pra separar a gente.

 - Não acho nada disso, pra mim você está é com medo de namorar.

 - Medo de namorar? Eu? Claro que não, só acho que a gente tem que ir um pouco mais devagar.

 - Mais devagar Mateus? Daqui a pouco até a nerd da nossa sala vai passar a perna na gente e começar a namorar.

 - Quem, a Cecília? Claro que não Paty, quem que ia querer ficar com ela? A coitadinha é tão zuadinha.

 - É? Acho que o marrento ali não acha.

Quando ela disse isso, me apontou o lado de fora da sorveteria e o que eu vejo? A Cecília cheia de intimidades com um dos caras que entram na nossa classe junto com a Patrícia, um tal de Murilo metido a ser roqueiro.

Enquanto eu fiquei sem palavras para a cena que eu havia acabado de ver, a Cecília parecia toda animadinha com o maloqueiro.

Eles me viram, mas nem ligaram. Fiquei com uma puta raiva e a Patrícia ainda veio falar mais merda na minha orelha.

 - Viu? Até a nerd ta te passando pra trás e com o roqueiro desbocado.

Enquanto ela falava eu olhava os dois se afastando aos poucos e meu sangue ferveu de raiva com aquilo. Quem aquele cara achava que era? Mal havia chego à escola e achava que podia sair por aí ficando com quem quisesse? Eu fazia isso e não ia deixar ninguém tirar esse prazer de mim.

Inventei uma desculpa qualquer pra Patrícia e fui pra casa. Não conseguia tirar da minha cabeça a cena dos dois juntos. Eles não pareciam estar ficando, mas faltava pouco pra isso acontecer e eu não ia deixar.

Comecei a prestar mais atenção dos dois na escola. Eles não se falavam muito, mas eu via o maloqueiro com muitas risadinhas pro lado dela e a tonta derretia fácil.

Eu não podia perder tempo, tinha que adiantar logo pro meu lado. A Patrícia já estava enchendo o meu saco, logo que ela desse pra mim eu ia chutar ela, mas não queria ter que demorar muito pra conseguir pegar outra. E não ia se esse idiota do Murilo não estivesse no meu caminho.

Eu dei um jeito e descobri onde a Cecília morava e fiquei de olho nela. Em um fim de semana a vi sair de casa e ir à venda da esquina. Até que estava arrumadinha e tal, mas ainda com aquela cara de nerd. Ela parecia apressada na volta da venda e tinha algo na mão. Antes que ela entrasse em casa a chamei pra conversar “numa boa”. Ela estranhou e perguntou se não podia ser na segunda-feira na escola, porque estava atrasada. Na hora saquei que tinha a ver com o trouxa do Murilo.

Eu já tinha arquitetado um plano na minha cabeça, mas sei lá o que deu em mim e quase coloquei tudo a perder. Segurei o braço dela com um pouco mais de força do que o esperado e ela começou a falar pra eu soltar ela. Admito que ver ela nervosa e assustada ao mesmo tempo me fez sentir muito bem, fora que ela ficava muito atraente assim.

Estava quase fazendo ela parar quando o idiota do Murilo chegou e estragou tudo.

Parecia um galinho de briga, achando que podia comigo. A cara feia dele pode intimidar os outros, mas a mim não.

Ele se colocou na frente dela e eu acabei soltando o braço dela, que ficou atrás dele que se achou o herói do dia.

Achei melhor não me precipitar e fui embora, mas deixei bem claro que a conversa que tinha iniciado com ela não havia acabado.

E não tinha mesmo, aquilo era apenas o começo.