Não sei o por quê, mas na terça eu acordei 2 horas antes da escola abrir, totalmente alegre. Acho que a cura foi a música que recebi ontem, ou qualquer coisa do tipo.

            Como sabia que havia acordado cedo demais, eu resolvi demorar um pouquinho mais no meu banho da manhã, demorei um pouco para me maquiar, fazendo tudo bonitinho, e me vesti um pouco diferente: coloquei a camiseta da escola, só que uma que era mais curta, uma saia curta (não é a miniminisaia não! xD ), com um shorts-mini por baixo, uma meia tamanho normal que é totalmente em xadres preto e branco, e um Adidas braco daquele tipo de patys, sabem? Só que o meu era com listras listras pretas e cadarço preto também. Ou seja, estava totalmente, estilosamente, diferente.

            Mas pelo menos estava de acordo com o meu humor: alegre.

            Peguei o meu material e deixei um bilhete para o meu pai, que ainda não havia acorado:

Pai, já fui para a escola. É, eu acordei beeem cedo sim! Bjinhus! Tata.

            E fui para a escola.

* * *

            Ao chegar na escola, estava exatamente como eu havia imaginado: ninguém na entrada, e os seguranças não tinham ainda aberto as portas da escola, então sentei em um banco que fica na entrada da escola e abri o livro que estava ainda re-lendo: coração de tinta. Detalhe: eu estava praticamente deitada no banco, eu estava de barriga para baixo e com as pernas esticadas(e cruzadas) em cima do banco.

             Depois de alguns minutos, percebi que já havia carros chegando, e que os seguranças tinham aberto a escola, só que não me dei ao trabalho de me levantar e ir para dentro da escola...estava tão bom ficar lá fora! Sentindo o ar fresco da manhã, a brisa da manhã,etc.

            Mas aconteceu algo: do nada, um convite apareceu em frente à página que eu estava lendo, tapando minha leitura. Levantei o olhar, Bill já estava distante, e o Tom estava mais a frente. Olhei para o convite e lá estava escrito: Festa de despedida para Tom e Bill, dia 19 de Dezembro, ás 21h.E nem li onde era, porque eu já havia ficado em estado de choque. Festa de despedida? Por quê?Eles vão embora?Já? Mas que dia é hoje?

            9 de Dezembro. Fiquei mais chocada. O ano realmente estava terminando, e o último dia de aula era amanhã...e eu não percebi???

            Esse convite simplesmente acabou com o meu muito bom humor. Eu me levantei do banco, fechei o livro e, enfurecida, fui direto para minha sala, dentro da escola.

* * *

            Durante o almoço, eu decidi que eu queria simplesmente pegar um suco e ficar do lado de fora do refeitório, para eu refletir sobre tudo que anda me acontecendo, e assim, aliviar minha cabeça. Minhas amigas disseram que elas iriam comigo, mas eu disse a elas para elas ficarem no refeitório.

            Nesse segundo semestre, muita coisa está acontecendo comigo: meu pais se separaram, e eu não acreditei quando vi meu pai agrrando uma mulher no apartamento em que moramos depois de tudo. Conclusão: Ainda não estou preparada para ver isso.

            Eu gosto, ou melhor, amo, um garoto que não acredita em mim, mas que acha que me machucou sentimentalmente quando ele me viu deprimida alguns dias depois do baile. É verdade, ele me machucou, mas não porque ele gosta de mim, mas porque ele não acreditou em mim quando eu disse a verdade, e agora ele está evitando o irmão, e está tentando me evitar, mas óbviamente não está, porque senão ele não me entregaria aquela carta e o CD, nem perguntaria para minhas amigas sobre mim, e nem teria me chamado para a festa de despedida dele.

            É, ele não consegue ficar longe de mim, e nem eu, dele.

            Alguém está saíndo do refeitório. Acho melhor eu ir para outro lugar vazio para refletir um pouco mais.

            -Thaís?-Uma voz que eu sabia de quem era me chamou, uma voz que era como múscia para meus ouvidos toda vez que eu a ouvia.

            -Sim?-Eu perguntei, tentando soar o mais indiferente o possível.

            -Er...você viu o convite que lhe entreguei na entrada hoje de manhã?-Bill parecia nervoso. Por quê será?

            -Claro, eu vi!-Eu então me virei para olhar para ele. É, definitivamente ele estava nervoso e confuso.

            -Q-que b-bom!É-é que...bem...eu quero que você, especialmente, vá.

            -Algum problema se eu não ir?

            -Não!...quer dizer...Sim!...quer dizer...er...-Ele estava confuso demais para conseguir terminar a frase.

            -Fica de boa...eu vou lá!-Eu disse isso porque não queria ver ele triste. Mas eu ainda nem havia pensado se iria ou não. Mas dei um sorriso, tentando parecer o mais sincero o possível. E ele sorriu também, parecendo uma criança pequenina que ganhou um lindo presente de Natal.

            -Ok então...er...tenho que ir.-E ele foi em direção à sala dele.

* * *

            Na última aula, eu apenas fiquei olhando, debaixo da carteira, o convite, fiquei distraída, sem prestar atenção no professor, até que ele me chamou, acho que pela 2ª vez:

            -Thaís...podería nos responder a questão número quatro?-Ele estava quase gritando, e eu caí da cadeira por causa do susto. A classe inteira riu.

            -Então dona Thaís, poderia nos responder a questão ou prefere ficar caída no chão?-Eu me levantei, olhei a questão na lousa.

            -Desculpe professor...mas não sei a resposta!

            -Nao é pra menos, porque a senhorita-ele aumentou a voz-estava distraída! Agora sente-se e preste atenção na aula!

            -Sim.-E disse bem baixinho-“General”

            Depois da aula, fui a procura do Bill. Encontrei ele e Tom indo para o carro do Tom.

            -Bill!-Exclamei. Os dois pararam e viraram para atrás no mesmo segundo

            -O quê foi?

            -Quero apenas fazer uma pergunta.

            -Ok. Qual é a pergunta?-Ele disse.

            -Em qual cidade vocês moram lá na Alemanha?

            -Hamburg...por que?

            -Nada não...só curiosidade!Tchau!-E fui em direção a saída da escola.

            -Espera Thaís!-Bill exclamou.Dei meia-volta.

            -Sim?

            -Quer uma carona até sua casa?-Tom e eu olhamos incrédulos para Bill.

            -C-claro...por que não?-Bill sorriu e Tom continuou a ficar incrédulo. Mas não disse nada.-Tem algum problema em eu ir, Tom?-Tom olhou pra mim.

            -N-não! Tudo bem!-Ele ainda parecia incrédulo.

* * *

            Os Kaulitz deram uma carona para mim, e desnecessáriamente, Bill sentou atrás comigo.

            Chegando em casa, fui direto para o computador, e fui a procura de aulas de alemão online. Ao mesmo tempo em que eu entrava no site do Rotary, a “companhia” de intercâmbio. Queria me inscrever para o teste, e ver se consigo passar, para então escolher ir para a Alemanha.

Ía ser muito fácil convencer o meu pai. Mas só por precaução, liguei para ele.

-Alô?-Ele disse.

-Pai, quero saber se você deixa eu ir em intercâmbio para outro país se eu passar em um teste.

-Claro.Eu deixo.

-Valeu pai, te amo.-Desliguei o telefone e me inscrevi.

Minhas aulas de alemão online começaram no mesmo dia. Não sei porque, mas achei alemão mais fácil do que inglês, estava indo muito bem, até que em um dia passei para o nível 2.

Meu teste para o Rotary será na próxima semana, mas mesmo assim estou treinando alemão. E para treinar mais ainda, baixei todas as músicas da banda do Bill, Tokio Hotel. Mas claro, não contei nada disso para ele, pois é uma surpresa. Coloquei todas as músicas e as letras dessas músicas no meu iPod, para eu treinar toda hora em que não estivesse no computador.