Mas então fui surpreendido quando uma mulher apareceu do meu lado, vinda do nada.

A mulher tinha longos cabelos negros, olhos castanhos emoldurados com óculos sem aro. Usava um colar e vários anéis. Ela olhou em nossa direção com um olhar de reconhecimento, como se sabia quem fossemos.

Imaginei que era sobre mim, porque para aparecer assim deve ser uma deusa, e, se não me engano eu sou o único semideus que é conhecido por mais de cinco deuses. Cinco? Mais que só o pai/mãe na verdade. Pois é, realmente, os deuses valorizam muito a família.

Enfim, a deusa-indefinida começou a vir em nossa direção. Resolvi conversar com ela, porque a Lisa não parecia capaz de fazer nada além de encará-la.

- Oi Lady... – comecei a dizer, mas percebi que ela tinha virado a cara e me ignorado completamente.

Estou me sentindo tão querido agora...

Ela se sentou do lado da Lisa e as duas ficaram se olhando. Mas a DD (deusa desconhecida) estava com um sorriso no rosto.

- Como você cresceu – disse a DD ainda admirando a Lisa.

Acho que é a mãe dela... E NÃO, MAGINA 16 ANOS SEM CRESCER, LÓGICO!

Enfim, parece que a fala da DD despertou a Lisa.

- Ma... Mãe? – foi tudo que ela conseguiu dizer. Ela parecia... chocada.

A DD só concordou com a cabeça, esperando um abraço ou algo assim da Lisa. Eu também esperava algo assim.

Mas não, tudo que Lisa fez foi virar pra mim .

- Você não disse que os deuses só mandariam um sinal, e só na hora da fogueira? – perguntou desconfiada, ignorando a presença da DD.

- Disse – respondi chocado.

- Explique isso – disse indignada.

Ok, a Lisa é bem... peculiar... (N/Athena: Tá passando tempo de mais com os meus filhos, Perseu... Ou uma filha, mais especificadamente...)

- Bem... Eu não sei... Porque você não pergunta pra sua mãe? Acho que ela sabe melhor que eu...

Mas pelo que parece a DD não estava muito feliz...

- Eu recebo dracmas o tempo todo, sempre deuses, semideuses e todo tipo de criaturas mitológicas me pedindo pra mandar mensagem pra lá, mandar recado pra cá, ligar pra acolá! Nunca uma simples oferenda! Faz isso, faz aquilo! ARG, EU SOU UMA DEUSA TAMBÉM, OK? – ela parou pra pegar ar – E agora, quando finalmente recebo uma oferenda sem estar pedindo algo em troca, vejo que é minha filha... Eu, cheia de expectativa, venho falar com ela, reclama-la de uma maneira diferente? E é isso o que eu ganho? Entenderam agora? – e então ela ficou esperando alguma reação.

Como Lisa parecia meio (muito) chocada pra dizer alguma coisa eu resolvi falar.

- Então... – comecei, fazendo ela olhar pra mim – Você é Íris?

Ela olhou pra mim com uma cara de desprezo. Não sei se o olhar dela dizia ‘descobriu isso sozinho?’ ou ‘Sério que foi você que salvou o mundo?’. Talvez os dois juntos...

Ela abriu a boca como se fosse dizer algo, mas pareceu repensar. Acabou não dizendo nada, e virando a cara pra Lisa.

Me senti tão querido e importante, vocês não tem ideia...

- Lisa? – a DD, ou melhor, Íris, perguntou.

- Mãe! – ela disse e ~~finalmente~~ abraçou a mãe.

Íris retribuiu o abraço (comprovando ser a deusa mais maternal que eu já vi [sem ofensas Hera, mas você jogou seu filho do penhasco...]). Foi como uma daquelas cenas de filme que tem o reencontro de família e tudo mais...

Só digo uma coisa... No filme é bem melhor. Nada pessoal Íris, mas fiquei sobrando legal lá. No filme pelo menos tem a Sabidinha do meu lado pra se aconchegar em mim...

Por falar (pensar na verdade) nela to sentindo falta dela, acho que vou procurá-la.

Saí de fininho do refeitório pra procurar ela. Não que isso tenha feito muita diferença, do jeito que as duas estavam focadas na conversa não perceberiam nem se um elefante entrasse no refeitório. Ou pior, um cão infernal. Até mesmo Zeus.

Tinha acabado de sair do refeitório quando fui jogado no chão (novamente) por algo que veio de lá. Já tinha deixado bem claro pra Lisa que eu não gostava que me pulassem nas minhas costas...

- Lisa, – disse me virando, pois já não tinha mais nada em cima de mim.

Esperava encontrar a Lisa em cima de mim, mas encontrei um cachorro gigante. E então baba veio na minha cara.

Recapitulando, a Sra O’Leary veio do refeitório sem a Lisa ou Íris perceberem. Eu e minha boca grande...

Me limpei, ainda no chão.

- Você veio me dar parabéns? É? – disse depois de me levantar, enquanto fazia carinho na cabeça dela.

Resolvi sair pra brincar com ela. Peguei o mesmo escudo que usava há dois anos (não vejo motivo pra estragar outro) e lancei para ela pegar.

Já estávamos no fim da tarde, daqui a pouco o sol iria se por. No meu último aniversário eu tinha começado a namorar com a Sabidinha. E salvado o mundo, mas não é esse o ponto. E agora, um ano depois, eu sou capaz de deixar ela brava comigo.

- Grande namorado eu sou – murmurei jogando novamente o escudo.

Quando a Sra O’Leary voltou ela não estava com o escudo. Percebi que tinha lançado em direção à praia. Provavelmente deve ter caído no mar...

- Espera aí garota, já volto com o escudo – disse fazendo carinho em sua cabeça logo antes de ir para a praia.

Ao chegar lá eu vi o escudo no meio do mar. Não me lembrava de ter mandado tão forte... Nem de ter força suficiente pra isso...

Enfim, já ia buscar o escudo, mas ouvi um barulho ao meu lado. Me virei para o lado e encontrei a Sabidinha encolhida.

- Sabidinha – disse, chamando ela.

- Que que foi, a Lisa já foi embora? Pode ir ficar com ela, afinal, hoje nós nem fazemos um ano de namoro – disse a Annabeth, virando para mim.

Eu já ia respondê-la, mas percebi que seus olhos estavam vermelhos.

- Você tava chorando? – perguntei preocupado.

Não acredito que ela tinha chorado no nosso aniversário de namoro. Não acredito que eu fui tão lerdo a ponto de deixar isso acontecer... Claro, nunca fui muito rápido, mas mesmo assim... Já estava me achando um mau namorado, mas agora...

- Não, imagina, eu peguei água do mar e molhei meu rosto – ela me responder sarcástica.

Mas essa resposta me deu uma ideia. Ou isso ia fazer a Annabeth ficar feliz e brincar comigo, ou ela ficaria extremamente brava...

Só testando pra descobrir...