Charles e Charlotte escrita por carolzita


Capítulo 4
Capítulo 4


Notas iniciais do capítulo

alguem lembra (?) oi.



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Então acabou. Pois é, a alma do ‘relacionamento’ era eu. Se eu não falava com ela, póft.Eu fingia não ligar. Ela me olhava no colégio, eu via. Aquele mesmo olhar que ela me lançava quando a gente saía e passava as melhores tardes e noites juntos. Depois de três dias nessa mesma palhaçada de olhares idiotas pra lá e pra cá, eu tomei uma atitude (grande atitude, aliás). Fiz e fiquei escondido esperando ela perceber. Depois de uns 10 minutos lá, ela chegou ao armário dela pra guardar os livros e pegou alguma coisa lá dentro.

 

Yes, meu papel.

 

Observei enquanto ela lia meu grafite dizendo “Você queria me beijar enquanto me olhava com aqueles mesmos olhos de novo?”. Bom, parece que ela leu e releu várias vezes. Depois ela me viu escondido perto dali, saiu correndo e me abraçou.

Você não acreditou, né?

 

Pois é, esquece aquele final feliz. Depois que ela ficou com o papel por minutos na mão, eu pude vê-la sussurrando um ‘meu Deus, esquece isso’. O que, ela queria que eu esquecesse a gente? Aham, estalo meus dedos, pláft, esqueci. Uma outra amiga dela chegou perto e falou com ela. Assim, ela amassou o papel e saiu andando com a garota. Depois, acho que a amiga dela perguntou o que era aquilo. Ela deve ter dito simplesmente que era nada e jogo o papel no lixo mais próximo.Dessa vez eu juro que desisto.

 

 

 

Ainda com essa coisa toda na cabeça, tinha uma bosta de prova de matemática no dia seguinte. Ela já não era lá muito simpática comigo, pensando em coisas desagradáveis (eu nunca me imaginei dizendo que pensar na Charlotte era desagradável) ficava pior ainda. Concentração zero. Adivinha onde eu fui parar? Pois é, ‘lugar nenhum’.

Pelo menos se eu não conseguisse estudar, eu teria mais coisas à minha volta pra pensar do que nela. Enfim. Eu fiquei ali por horas. Já tinha até desistido de entender qualquer coisa que eu lesse naquele livro imenso, ficava só folheando as páginas. Então apareceu uma sombra na página que eu lia. Apareceu e fim. Levantei meus olhos e pude ver o que eu já sabia, só queria ter certeza.

 

- Oi. – Ela disse olhando bem no fundo dos meus olhos e eu voltei a olhar pro livro. Ela me deixava nervoso quando olhava assim.

- Cansou da sua vidinha de novo e veio falar comigo?

- Eu te segui, queria falar com você. – Parece que ela não ouviu nada do que eu falei -Grande hora pra isso.–Eu disse apontando pro livro de matemática.

- É rápido, eu te ajudo com isso depois, se quiser. É uma forma de te agradecer por ter estudado comigo também. – Ah, ta bom, querida, o que a gente menos fez foi estudar.-

 

-Fala, o que é? – Não tirava os olhos do livro.

- Você ta tão diferente...

- Obrigado, mas espelho eu tenho em casa, era só isso?

 - Não fisicamente... Você não é o mesmo Chuck que eu conheci há um mês atrás.

- As pessoas podem mudar como estações do ano, você deveria saber disso. Até porque, no seu mundinho, o que mais acontece é gente parando de falar com você por qualquer coisa boba.

 

- Eu sei disso, mas você não vive no meu mundinho. – Ela disse isso com uma cara esquisita. – Foi por isso que eu gostei de você.

- Não, você me usou pra ver como era a vida fora da sua toca.

- Olha, tudo bem, eu sei que você ouviu a minha conversa com a Mell. Eu sei que você não precisava ouvir certas coisas, mas eu pa...

- Lógico que eu precisava ouvir! Eu ia continuar sendo o otário que morre apaixonado por uma garota sem nunca ser amado de volta? – Eu não precisava mesmo ter falado exatamente o que eu sentia, mas agora já foi. Ela ficou um tempo calada e eu voltei a olhar pro livro. Matemática era bem interessante agora.

- Eu parei pra pensar em tudo que eu falei pra ela hoje depois que eu vi você saindo. – A voz dela era mais meiga agora. Como ela consegue falar todas essas coisas olhando nos olhos, cara? Na situação dela eu já teria saído correndo gritando ‘socorro, tem um loser apaixonado por mim!!’. Qual é. – Eu percebi que eu tinha falado demais e que certas coisas estavam totalmente erradas... Ainda mais depois do bilhete que você me mandou.

- Que você disse pra eu esquecer, amassou e jogou no lixo. – Ela deu um longo suspiro. Eu olhei pra ela, que baixou os olhos. Finalmente.

 – Olha, como você disse, esquece. Esquece tudo isso que eu vou esquecer também. Aliás, eu já to esquecendo, então dá licença que eu tenho que voltar pra casa.

-Me escuta...

 

-Me escuta você! – Ela levou um susto, eu nunca aumentava minha voz assim. Muito menos com ela. – Eu entendo que eu não fazia parte do seu planinho que ficar com os ‘bons’ – fiz aspas com as mãos – do colégio, eu sei que eu entrei na história por ironia do destino. Eu não sou rico, eu não tenho pais de alta classe, eu não sou do seu grupinho, eu não sou inteligente, eu sou um merda, mas eu fui o cara que você gostou de verdade e isso não é pretensão da minha parte! Eu te conheço como a palma da minha mão e só eu sei quando os seus olhos brilham mais porque só eu fiz eles brilharem desse jeito. – Parei de falar um pouco, já estava ficando tonto. – Encara isso logo.

 

-Boa noite. Saí andando o mais depressa que pude com uma imensa vontade de chorar. Quando eu digo que to virando um gayzinho idiota eu realmente digo a verdade.

 

 


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