O quarto dos meninos era - como dizia a Dul -, sem graça. As paredes eram cinzas, prateadas, o máximo de cor viva que existia lá era um azul bem forte. O quarto deles também era amplo, com banheiro e closet. Haviam grudadas nas paredes fotos de carros, de mulheres e do Pumas. Diferente do quarto das garotas, esse era um quarto bem bagunçado. Ucker reclamava que Chris jogava suas roupas na parte dele do guarda-roupa. Como Chris não dava ouvidos e continuava misturando as roupas, Ucker começou a colocar suas roupas na parte do Poncho. O que gerou uma confusão total onde nem eles se entendiam.

– Onde é que minhas meias brancas estão? – perguntava Ucker.

– Estão aqui, em cima das minhas. Bem que você podia ter as lavado né? O fedor de chulé está horrível! – respondia Poncho, indignado.

– Posso saber o que esse meu sutiã fazia aqui no quarto de vocês? – gritava Dul.

– Bom, é que... ah, deve ter vindo pra cá enganado, com a roupa lavada! – Ucker fazia uma cara de paisagem para responder.

Os RBD’s achavam que era muito cômodo e prático comer pizza no jantar. Divertiam-se chamando as ocasiões em que faziam esse tipo de refeição, de “Noite da Pizza”. Chris adorava essas noites pois ele não corria o risco de precisar cozinhar. Por ele, comeriam pizza todas as noites.

Em um desses jantares, Poncho não estava reunido com os demais. Estavam somente os outros cinco em volta da mesa redonda e Any parecia estar com o pensamento em outro planeta. Estava estranhamente quieta. Se algum dos quatro tivesse reparado no modo como ela olhava para o lugar vazio de Poncho, certamente teria matado a charada. Any, naquele momento, não podia ouvir o que os amigos diziam. Estava mergulhando em seu mundo, pensando no Poncho. Ela imaginava como seria bom se algum dia ficassem juntos novamente. Any estava empolgada porque agora ela teria chances. “Não existe mais Cláudia, nem Damayanti e muito menos Fabíola no meu caminho. Ele será meu, somente meu.” Era exatamente este o seu pensamento, quando ouviu seu nome. A voz que a chamava estava muito distante, mas parecia ser a de Chris.

– ..................................................., Anahí?

Sem prestar a mínima atenção, Any respondeu um “sim” sem deixar de lado seus pensamentos. Após isso, a gritaria foi geral. E tal confusão fez com que Any despertasse de seus típicos sonhos com olhos abertos. Ouvia Mai rir, enquanto dizia:

– Any danadinha, hein?

– Então é verdade, Any? – Dulce sorria maliciosamente.

– É lógico que é verdade. Eu já vi várias vezes isso acontecer. – Chris tinha certo poder no tom da voz.

Any estava ali totalmente fora do assunto, tentando entender o motivo para tanta gozação. O que ela havia dito de tão engraçado, afinal? Ela não conseguia pensar em nenhuma resposta útil naquele momento.

– O que? O que foi?

Os demais ainda estavam rindo.

– Ai caramba, digam logo, do que estão rindo?

– Do que você acabou de dizer, Any! - Chris respondeu, rindo.

Any estava aflita.

– Mas o que foi que eu disse? Eu não estava prestando atenção na conversa.

Mai chorava de rir. Dulce olhava para Any sorrindo de lado, com um olhar curioso, enquanto mastigava mais um pedaço de pizza. Ucker também ria, mas estava ocupado demais na tentativa de desgrudar um fio de queijo derretido que estava entre seu nariz e o queixo. E Chris tentava ficar sério, a fim de que os outros notassem certo ar de superioridade em sua voz.

– A senhorita, Any, acabou de confessar para todos nós, que costuma sair do seu quarto bem devagar na calada da noite, para ir pra cama do Poncho - Chris sorria como se fosse o dono da razão.