Renascer Para a Eternidade escrita por Meel Ribeiro


Capítulo 2
Capítulo 2 - Cidade


Notas iniciais do capítulo

Bom eu resolvi postar mais um capítulo. Seilá o pq. u-u Eu estava entediada e resolvi postar ahsuhaushauhauhsuahush. Enfim espero que gostem e deixem Reviews e tals. Bjs e boa leitura :3



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Rufus trotava lentamente desviando dos buracos na estrada de terra. O vento era forte e jogava meus cabelos negros para trás, enquanto Cinthya me observava com seus olhos brilhantes. Mamãe amarrou-a com uma corda no banco da carroça para que ela não caísse ou fosse jogada para frente conforme o balanço da carroça. Sorri percebendo que ela ainda me encarava, e ela sorriu de volta. Os pássaros cantavam e as árvores mexiam-se com o vento, em uma dança harmoniosa. Conseguíamos ouvir o som da cachoeira que corria ali perto. O som era revigorante, como se a floresta cantasse para mim. Meus pensamentos foram interrompidos pelo som da voz de Cinthya.

-Sabe Alice, você parece uma princesa, assim domando um cavalo.

-Princesa eu? – sorri com a ideia de pela primeira vez alguém me chamar assim. Geralmente eu era chamada de Bruxa, feiticeira entre outros adjetivos.

-É você é tão pequena e delicada. Parece uma bailarina, uma princesa guerreira bailarina. – ela sorriu com a confusão de suas palavras.

-Não é o que as pessoas dizem. – falei tentando fazer piada.

-Mas você não poderia ser uma Bruxa. Nem se você quisesse. Você é muito bondosa e bonita. Bruxas são más e feias. – respondeu ela em um tom serio.

-Eu queria que as pessoas pensassem assim Cinthya.

Ficamos em silêncio, e meus pensamentos ecoavam o que minha irmã tinha me dito. Eu sabia que não era uma Bruxa, mas ouvir de outra pessoa que eu não era, bom isso de certa forma me deixava feliz. Conduzi Rufus para perto das árvores quando entramos na cidade e imediatamente percebi olhares em minha direção. Senti vontade de pedir para que Cinthya repetisse o que tinha acabado de me dizer em alto e bom som, para que todos ouvissem. Mas do que adiantaria? Quem daria ouvido a uma criança de nove anos afinal? Tentei ignorar os olhares, mas cada vez eles ficavam mais intensos. Algumas pessoas me ignoravam, como se eu não existisse, elas só me achavam esquisita, mas não me acusavam de bruxaria, outros não acreditavam nos boatos, os mais velhos por outro lado afirmavam com toda veemência que eu era sim uma Bruxa. Parei a carroça perto de uma árvore mais distante, não queria que eles machucassem Rufus para me provocar. Amarrei Rufus á árvore e desamarrei minha irmã da carroça. Segurei firme na mão dela e andamos em meio á multidão.  Uma senhora de aproximadamente oitenta anos atravessou a rua quando me viu. E sussurrou “Bruxa esquisita”. Ignorei como sempre faço e continuamos andando. Chegamos ao armazém dos Mikeson’s, Brian estava separando alguns legumes e quando me viu abriu um grande sorriso. Meu coração se apertou e meu estômago formigou. Corei e fomos andando em sua direção.

-Alice. – falou Brian saindo de trás do balcão e me puxando para um abraço.

-Oi Brian. Tudo bem? – falei com a voz baixa com o rosto e o corpo formigando.

-Oh. Tudo bem sim, senti sua falta, você não veio mais a cidade. – respondeu ele com seu sorriso branco que sempre me encantou.

-É eu não venho mais a cidade como antes. Você sabe...

-Ah. Claro essas pessoas idiotas. Eu sinto vontade de mata-las Alice. – falou Brian com seus olhos verdes fumegantes de raiva.

-Não diga uma coisa dessas Brian. Eles não sabem o que dizem. – respondi ainda encantada com seu sorriso.

-Ei Alice posso comer uma maça? – perguntou-me Cinthya puxando meu vestido para chamar minha atenção.

-Claro que pode. Temos dinheiro o suficiente para duas maças e o carneiro. – respondi e ela foi correndo pegar as maças.

-Então você vai querer um carneiro? O Sr. Brandon vai voltar para o leito da família? – perguntou Brian em um tom sarcástico.

-Sim ele vai voltar. Não sei por quanto tempo ele vai ficar. – dei de ombros.

-Alice eu te dou o melhor carneiro pelo preço do pior se você prometer vir me ver mais vezes. – falou Brian com seu sorriso branco novamente estampado em seu rosto.

-Oh. Não. Brian eu tenho como pagar o melhor carneiro, não se preocupe. – respondi corando.

-Eu sei que você tem, mas eu quero te ver mais vezes Alice. Eu sinto sua falta. – ele me encarou com seus olhos verdes, a boca rosada e carnuda que se destacavam sobre sua pele bronzeada. Seus cabelos negros curtos davam um toque rustico e poderoso.

-Eu não gosto de vim á cidade. Mas não é por você, são eles, eu não gosto desses olhares e...

-Shiiiw. Não se preocupe com eles, eu estou aqui e ninguém pode te machucar.

Ele segurou minhas mãos e as levou ate seu peito para que eu sentisse seu coração. Seus ombros largos e fortes, seu olhar intenso e terno, eram como a projeção de tudo que eu sonhei bem ali diante dos meus olhos.  Minha respiração falhou ninguém nunca tinha me olhado dessa forma, muito menos segurado minhas mãos dessa forma. Suas mãos apertaram as minhas mais firmemente e imaginei como seria seu beijo. Imediatamente me obriguei a não pensar dessa forma. Brian era meu amigo, um dos únicos que eu ainda tinha. Ele me encarava como se quisesse entrar na minha alma, e eu deixaria entrar se ele quisesse, encarei-o também, era como se eu estivesse sonhando. Como se o que eu estava vendo fosse escapar dos meus dedos a qualquer momento. Foi então que eu vi: Brian levando um tiro no peito. Um homem alto e forte com um revolver em punho, Brian negando-se a entregar o único dinheiro que tinha conseguido na semana vendendo legumes. O homem levanta o revolver e mira no peito de Brian, ele ameaça mais uma vez, Brian o ignora e então o homem atira. Brian tropeça e cai no chão... morto. Pessoas gritam assustadas, o homem foge no seu cavalo preto levando o dinheiro e a vida de Brian. Foi apenas dois segundos, mas as imagens preenchiam minha mente. Era como se estivessem acontecendo ali, bem na minha frente.

-Alice? Alice? – Brian me sacudia com força.

-Brian? – respondi percebendo então que foi uma visão. Pulei em seus braços abraçando-o com força.

-Calma Alice. Esta tudo bem. Vamos entrar no armazém. – Brian passou a mão pela minha cintura me levando para dentro do armazém.

Ele puxou uma cadeira para que eu me sentasse. Cinthya ficou ao meu lado me encarando com os olhinhos assustados.

-Toma Alice beba isso. –Brian me passou um copo d’água. –Agora respira e conta o que aconteceu.

Ele pegou uma cadeira e sentou-se na minha frente. Eu não conseguia encara-lo. Ele iria morrer e eu não poderia fazer nada. E mesmo se eu contasse o que vi, ele provavelmente não acreditaria. Eu estava atordoada, confusa, Brian morreria e mesmo se eu o alertasse, ele iria me ignorar e eu passaria o resto da minha vida convivendo com essa dor. Abaixei a cabeça e lagrimas rolaram no meu rosto, eu odiava essas visões, odiava não poder contar nada para o Brian. Ele poderia começar a acreditar que eu era mesmo uma Bruxa, ele poderia começar a me odiar assim como tantos outros. Brian segurou minhas mãos novamente, e com um das mãos levantou meu rosto para que eu o encarasse.

-Alice pode confiar em mim. Eu só quero entender o que aconteceu. Você parecia que tinha fugido da realidade.

-Alice você teve uma visão? –perguntou-me Cinthya com os olhos arregalados.

Ela soltou minha mão e ficou na minha frente encarando-me, sua pele branca, seus olhos castanhos ficaram opacos.

-Teve o que? Do que a Cinthya esta falando Alice?  - perguntou-me Brian confuso.

-É por isso que as pessoas chama a Alice de Bruxa. Ela tem visões. – falou Cinthya como se isso fosse obvio.

-Visões? Isso não existe. – Brian sorriu.

-Existe sim. – retrucou Cinthya.

-Alice você pode me explicar isso direito?

-Eu tenho esse tipo de visões, ou pressentimentos eu não sei. Eu não sei o que é isso. Mas eu não sou uma Bruxa você tem que acreditar em mim. – falei enquanto chorava com a confusão da situação, e a imagem de Brian sendo morto bem ali onde eu estava sentada.

-Mas como? Como isso acontece Alice? – perguntou Brian ainda confuso.

-Eu não sei. Desde os meus cinco anos, isso acontece. Que eu saiba. Mas eu não sei o porquê isso acontece. Nem posso controlar. – falei ainda choramingando. Agora eu sabia que tinha perdido mais uma pessoa na minha vida. Assim como tantas outras.

Ele me encarou por um momento e sorriu. O sorriso branco e reto estava no seu rosto. Eu senti meu coração palpitar. Ele ajoelhou-se na minha frente ainda com o sorriso no rosto.

-E por isso que as pessoas te chamam de Bruxa, esquisita, feiticeira? – ele caiu na gargalhada.

-Não tem graça Brian. – falou Cinthya.

-Tem sim. Eu jurava que você fazia alguma coisa com ervas e sacrificava animais. – ele gargalhou mais uma vez.

-Não. Não eu nunca machucaria ninguém Brian. Eu juro. – respondi.

-Alice isso é ridículo. Você não poderia ser uma Bruxa, nem se você quisesse.  – falou Brian beijando minha mão.

Era a segunda vez que me falavam isso hoje. E mesmo me sentindo feliz por ele não ter ficado com medo de mim, não disfarçava o fato de que ele iria morrer. O problema era se eu deveria contar ou não. Se cotasse como contaria? Ele iria acreditar? Eu não podia simplesmente dizer que o vi morto, eu deveria explicar, só não sabia como. Nós ficamos sentados por um momento, Brian querendo saber como elas aconteciam. Algumas coisas eram mais fáceis de saberem, se eu me concentrasse eu adivinhava, mas as visões eram mais complexas. Elas surgiam e desapareciam no mesmo instante. Depois ele pegou o melhor carneiro e levou ate nossa carroça. Ele me ajudou a amarrar o carneiro e depois me ajudou a passar a corda pela cintura de Cinthya. Eu ainda não tinha criado coragem para contar o que eu havia visto, estava com medo de assusta-lo. Mas eu tinha que dar um jeito de contar. Não suportaria viver pensando que eu poderia ter evitado a morte do Brian. Ele era importante demais para mim, eu não podia perdê-lo.

-Alice quando nos veremos novamente? –perguntou Brian encostando-se a carroça e colocando as mãos na minha cintura.

-Eu... eu não sei... –gaguejei.

-Amanhã? Na cachoeira? Na parte da tarde? – perguntou-me ele.

Assenti. Eu não conseguia respirar com as mãos de Brian em minha cintura. Elas eram grandes demais e firmes demais, mesmo calejadas eram macias.

-Tudo bem, então ate amanhã.

Ele depositou um beijo no meu rosto, meu coração acelerou e eu perdi o ar. Ele virou as costas e saiu, me deixando lá sem ar. Cinthya dava risinhos abafados. Subi na carroça com as pernas bambas e com o rosto vermelho. O carneiro berrava na parte de trás da carroça enquanto eu conduzia Rufus em direção á floresta.


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