Renascer Para a Eternidade escrita por Meel Ribeiro


Capítulo 1
Capítulo 1 - Mary Alice Brandon


Notas iniciais do capítulo

Bom lá vai o primeiro cap. Estou mt nervosa confesso. É minha primeira FIC. E enfim, tenham paciência comigo ;X huahauahuahauaha. Bom espero que gostem e deixem suas Reviews. :) Boa leitura.



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Desde os meus cinco anos de idade comecei a ter espécies de sensações ou previsões pode chamar como quiser. O fato é que pressinto o que vai acontecer, ás vezes chego a ver imagens do que vai acontecer.  Essas visões ou pressentimentos não vêm exatamente quando eu quero, não é uma coisa que eu consiga controlar. Os pressentimentos, sensações, intuição são mais frequentes, se eu me focar bem em alguma coisa, provavelmente eu acerte. Mas as visões que são relacionadas às imagens que vem a minha cabeça, essas são mais raras e eu não controlo. Elas só acontecem. No começo meus pais achavam engraçado, e divertiam-se quando eu adivinhava quando ia chover, ou quando alguém estava chegando á nossa casa. Certa vez adivinhei que um homem de terno elegante e cabelos grisalhos, procuraria meu pai em sua loja dizendo está interessado em comprar algumas de suas pérolas. Mas na verdade, esse homem não levaria nada. Pelo menos nada que ele pagasse. O homem era um ladrão de joias procurado pela policia. Meu pai ou Sr. Willian Brandon como prefere ser chamado, tem uma joalheria no centro de Biloxi no Mississipi. O Sr. Brandon compra as pérolas dos mergulhadores por uma pechincha e depois viaja por todo Continente a procura de Barões e fazendeiros milionários que queiram presentear suas mulheres ou amantes com lindas joias.  Cresci praticamente aos cuidados da minha mãe e na companhia da minha irmã caçula Cynthia. Doze anos se passaram e continuo tendo essas visões. Nem sempre elas são precisas, ás vezes mudam constantemente e outras vezes elas nem chegam a se realizar. A única coisa que não erro nunca é a previsão do tempo. Mas com o passar dos anos aprendi a guardar minhas previsões/visões só para mim, mas ás vezes quando eu sei que uma pessoa corre algum perigo tento alerta-la. O problema é que as pessoas não querem ser ajudadas. Elas nunca acreditam em mim. Certo que nem sempre eu acerto, algumas coisas são imprecisas, indefinidas, mas para que correr o risco? No entanto para elas é mais fácil ignorar meu aviso e me chamar de esquisita. Entro no meu quarto, imersa nos meus pensamentos e fico por um momento observando minha irmãzinha brincando com sua boneca. Seus cabelos negros lisos e brilhosos caem sobre os ombros enquanto ela sussurra e balança a cabeça no que parece uma conversa muito interessante com sua boneca. Vou andando em sua direção tentando não fazer barulho para surpreendê-la, mas sou denunciada quando o piso de madeira range alto. Cynthia olha para trás e me encara com seus olhos castanhos como se soubesse o que eu iria fazer, seu sorriso se ilumina quando percebe que ela estragou minha brincadeira. Ela levanta-se e ajeita seu vestido amarelo com pequenas flores brancas bordadas.

-Alice eu sabia que você estava aqui. – disse Cynthia com sua voz doce enquanto tentava inutilmente desamassar a barra de seu vestido.

-Não sabia não. Você só me ouviu por causa do piso de madeira que rangeu. – falei sorrindo.

-Claro que sabia. – ela jogou-se na cama fazendo um bico e cruzou os braços.

Fui andando em sua direção e sentei-me ao seu lado. 

- Aconteceu alguma coisa?  – perguntei encarando seus olhos tremerem com as lagrimas.

-Não. – ela falou e logo uma lagrima escapou dos seus olhos.

Sai da cama e ajoelhei-me no chão ficando de frente pra minha irmã. Lentamente eu virei seu rosto para que ela olhasse em meus olhos.

-O que foi Cynthia? – perguntei delicadamente.

-As pessoas são más. – ela disse soluçando. – Elas disseram que você é uma bruxa Alice.

Eu abracei minha irmã com força enquanto ela chorava. Senti meu estomago embrulhar com aquela sensação. Eu odiava quando minha irmã chorava ou ficava triste com esses comentários. Eu não costumava falar sobre as coisas que via, mas quando o fazia e acertava ou errava a noticia se espalhava e apelidos como Bruxa, feiticeira, esquisita... entre outros adjetivos. Nem todas as pessoas pensavam isso sobre mim, mas a cada dia a história da “filha esquisita dos Brandon” espalhava-se pela cidade. Afastei-me da minha irmã e sequei os olhos dela com a colcha azul da cama.

-Ei lembra o que nós já conversamos? – perguntei encarando-as nos olhos com um sorriso no rosto.

-Sim. Que você não é uma Bruxa, você tem um dom especial e que não devemos ligar para o que essas pessoas dizem. – ela respondeu com a voz rouca.

-Isso mesmo. Agora vamos descer e tomar café?  Eu estou faminta.

-Vamos.

Levantei do chão segurando sua pequena mão e odiando essas visões que eu tinha. Tudo seria mais fácil se elas não existissem. Ela segurou minha mão com força e fomos andando em direção ao corredor. Eu me sentia sufocada.  Como se alguma coisa fosse acontecer, eu só não sabia o que era. Ainda. Cynthia soltou minha mão e correu descendo as escadas, indo em direção á cozinha, onde minha mãe cantarolava uma música sem sentido. Desci as escadas devagar um passo de cada vez. Passei pela sala rapidamente desviando dos móveis, esbarrei na poltrona e ignorei a dor que o esbarrão provocou no meu joelho.  Abri a porta e uma lufada de vento preencheu meu rosto. A sensação era maravilhosa. O cheiro da primavera, flores, frutos, grama, terra, vento, sol, animais tudo misturando-se como se fossem um só. Tirei as sandálias, passei pela varanda e desci os degraus de madeira. Pisei na grama fria e úmida, enterrando meus pés nela. Eu amava esse lugar, Biloxi era tudo que eu queria e onde eu queria esta. Se não fosse por essas visões e as complicações que elas trouxeram eu diria que minha vida poderia ser perfeita. Fiquei ali admirando a paisagem. Grandes árvores erguiam-se como se quisessem tocar o céu. Macieiras começavam a dar seus primeiros frutos, em nosso quintal flores espalhavam-se por todo lugar. Grandes girassóis balançavam com a brisa do vento e brilhavam com o reflexo do sol. Flores de todas as cores e tamanhos inundavam o quintal da nossa casa e fora dele abria-se uma longa floresta que parecia não ter fim. Meus pais preferiram morar afastados da agitação da cidade, para que eu e minha irmã pudéssemos crescer livres em meio á natureza. E eu estava muito feliz por isso.

-Alice? Querida entre vamos tomar café. – Ouvi a voz da minha mãe. Virei em direção á nossa casa e ela estava me encarando da varanda com o olhar preocupado, que sempre lançava quando eu estava assim imersa em pensamentos.

-Já estou indo mamãe. – Falei sorrindo e imediatamente vi sua expressão relaxar.

Segurei a barra do meu vestido e corri em direção a minha mãe. Ela sorria pra mim ali parada na varanda com um vestido azul e seu avental branco amarrado na cintura. Seus cabelos negros presos em um rabo de cavalo desgrenhado e seus olhos castanhos brilhavam como o sol. Sua pele bronzeada e seu corpo bem torneado devido aos dias que fica exposta ao sol e o esforço que fazia cortando lenha ou cuidando do nosso pomar. Subi os degraus rapidamente e depositei um beijo em sua bochecha macia. Ela sorriu e beijou minha testa com sua boca aveludada, passou seu braço por minha cintura e entramos em casa sorrindo. As coisas sempre foram mais fáceis com minha mãe. Meu pai passa muito tempo fora de casa, já chegou a passar meses sem aparecer por aqui. E conforme eu fui crescendo as minhas visões começaram a irrita-lo. Minha mãe e eu entramos na cozinha e a mesa estava repleta de coisas gostosas. Uma toalha branca bordada com flores vermelha cobria a mesa de madeira. Uma cesta de frutas colhidas no nosso pomar, um bule de café, ovos mexidos, leite quente, pães doces e salgados e o meu preferido bolo de milho. O cheiro do bolo de milho preencheu meu nariz. Sentei-me rapidamente desejando dar uma mordida no bolo que soltava fumaça de tão quente.

-Filha guarda a sua boneca.  Agora é hora de tomar café, não de brincar. – falou mamãe enquanto cortava um pedaço do bolo de milho e colocava no prato.

-Sara mamãe o nome dela é Sara. – falou Cynthia colocando a boneca na cadeira ao lado.

-Tudo bem Cynthia, guarda a Sara.  Você vai querer ovos filha? – perguntou mamãe pra mim.

Fiz que não com a cabeça e ela me entregou o prato com um generoso pedaço do bolo de milho fumegante.

-Mamãe eu quero ovos e pães. – falou Cynthia ajeitando-se na cadeira.

Mamãe colocou uma concha de ovos mexidos, um pão doce e um salgado, e entregou o prato para Cynthia. Encheu três canecas com leite quente. Enfiei o garfo no bolo cortando um pedaço generoso, mergulhei o bolo no leite quente e levei-o a boca, sentindo o gosto do milho levemente doce fundindo-se com o leite fresco.

-Alice eu preciso que você vá ate a cidade comprar um carneiro. Seu pai nos mandou uma carta, ele chegara ao sábado. Quero preparar o prato preferido dele. – mamãe falou com um sorriso no rosto.

Eu sabia que meu pai chegaria ao sábado de manhã. Mas só viria pra casa na hora do almoço, mas preferi não contar pra minha mãe.

-Hum claro mamãe. – falei enfiando outro pedaço de bolo na boca.

-Estou com saudades do papai. Ele disse que iria trazer uma amiga pra Sara mamãe. Será que ele vai trazer? – perguntou Cynthia com os olhos brilhando.

-Seu pai é um homem muito ocupado filha. Mas se ele teve algum tempo ele com certeza comprou uma nova amiga pra Sara. Vamos esperar ele chegar e ficaremos sabendo tudo bem?

Minha mãe sempre protegendo meu pai. Ela o ama e o defende como se tudo na sua vida se resumisse ao Sr. Willian Brandon. Tudo que ela é e tem ela afirma ser graças ao meu pai. E mesmo quando ele esquece-se de suas inúmeras promessas ela o perdoa, como se a culpa fosse da vida e não dele.

-Duvido que ele lembre-se de trazer alguma coisa. Ele nunca se lembra de nada. – falei com os olhos baixos.

-Mary Alice. O seu pai trabalha demais para poder nos dar tudo o que temos. Você acha que ele gosta de passar tanto tempo longe de casa? – repreendeu-me a Sra. Emily Brandon.

-Desculpe-me mamãe. Não foi isso que eu quis dizer. – falei com a voz mais doce que consegui.

-Não gosto quando você fala do seu pai dessa maneira Alice. Então não faça mais insinuações contra seu pai. Entendeu?

Assenti.

Ela levantou-se e pegou um pano de prato, colocou alguns pães doces e mais dois pedaços de bolo. Fez um nó fazendo uma espécie de trouxa.

-Alice leva sua irmã com você. Eu vou ate a floresta cortar lenha pra preparar o almoço. A que temos aqui não será suficiente. Vocês levem essa comida caso sintam fome no caminho...

-Tudo bem mamãe já sabemos, nós já fomos á cidade outras vezes. – falou Cynthia dando risadinhas.

-Eu sei meus amores, mas a mamãe se preocupa com vocês. – mamãe falou e deu um beijinho na bochecha da minha irmã. – Alice, por favor, não parem a carroça no caminho para catar frutas. Volte direto pra casa querida.

-Tudo bem mamãe. Não vamos parar.

Levantei da mesa e fui em direção ao quarto. Subi as escadas correndo, passando pelo corredor e entrando no meu quarto. Fechei a porta atrás de mim e suspirei.  Sempre que precisava ir até a cidade eu ficava nervosa. Fiquei encostada na porta respirando e inspirando. Estava tentando pensar em outras coisas, então fiquei observando meu quarto e de Cynthia. Paredes brancas assim como em toda casa, piso de madeira marrom, duas camas se posicionavam uma em cada canto do quarto, forradas com colchas iguais de um azul profundo como o mar. Entre as camas uma escrivaninha com alguns dos meus livros, um grande espelho e dois gaveteiros ficavam de frente pras nossas camas. E o que eu mais gostava a grande janela com longas cortinas azuis no meio do quarto que dava vista pra floresta. Um pouco mais calma abri meu gaveteiro tirando um vestido pêssego que ia ate pouco abaixo dos joelhos. Fiquei de frente para o espelho enquanto deslizava o vestido sobre meu corpo. O vestido era de algodão, delicado e simples, e com um corte que se adequava a minha pequena estatura, as mangas cobriam os meus ombros e o decote mostrava pouco do meu colo. Penteei meus longos fios de cabelos lisos e negros formando um véu que caia ate minha cintura, amarrei uma fita de cetim no cabelo fazendo um laço. Logo depois dei alguns beliscões nas minhas bochechas para que ficassem rosadas. Meus olhos castanhos escuros brilhavam de ansiedade e ao mesmo tempo de nervosismo. Calcei minhas sandálias brancas e sai do quarto respirando fundo.  Minha mãe me esperava na porta junto com Cynthia ela parecia explicar alguma coisa para minha irmã. As duas ouviram meus passos e viraram-se ao mesmo tempo para pra me ver. Elas sorriram e eu retribuir.

-Você esta linda filha. Não se preocupe com nada. – falou mamãe com uma voz doce.

-Obrigada mamãe. A carroça já esta pronta? – perguntei um pouco corada.

-Esta sim. Rufus esta esperando por vocês. Vão com Deus minhas filhas. E por favor, não demorem. - ela aproximou-se e depositou beijinhos em mim e em Cynthia. Depois descemos as escadas e fomos andando pelo jardim ate a entrada onde a carroça com nosso cavalo Rufus nos esperavam.


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