Debaixo Das Terras Sagradas escrita por Katty


Capítulo 3
Capítulo 3 - Tire-me daqui, meu príncipe.


Notas iniciais do capítulo

Esse é um dos capítulos que eu mais gosto. Aos poucos vem as explicações.



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Eu não posso nem sonhar?


Os ventos sopram como se cortassem meus ouvidos

Meu corpo congelando não sente nada além de dores

Eu estou aqui, é muito doloroso

Meu coração está cheio de dor

Pelo menos uma de nós ainda sobrevive, mesmo eu sendo orgulhosa e sem-coração, quando estou perto dele não consigo continuar a ser fria e dura como sempre.

Tornamos-nos demônios não porque queremos, e sim porque nascemos fadados a sermos odiados, era o que minha mãe – se é que posso chamar aquele monstro de mãe–, sempre dizia. Desde que me entendo por gente fui discriminada, mal-falada, tratada como se fosse cão. Sempre que perguntava a minha mãe por quê, ela me dizia a mesma coisa. Quando ainda era criança qualquer coisa que eu fizesse era motivo de gozação por parte das outras crianças.

Flash Back -

Eu só fui descobrir o porquê ao completar 14 anos. Nessa idade, no reino dos “imortais” era a hora das meninas casarem. A primeira vez que me senti feliz foi neste dia. E foi o mesmo em que me senti mais triste.

Cada menina deve conseguir se casar até os 16 anos. Essa é a idade aceitável. Foi nesta época que conheci o Fuyuu Utsukushisa. Ele sempre foi lindo. No dia do meu aniversário de 14 anos, ele pediu a minha mão em casamento, mesmo sem ter consultado seus pais.

Foi na hora do intervalo na escola, muitas pessoas duvidavam que eu fosse conseguir me casar. Por ser da família principal dos demônios geralmente as pessoas me evitavam, mas ele não. Ele era o único que conversava comigo, sem se importar se eu era da alta ou baixa classe. Eu somente era mantida naquela escola porque meu pai – o rei dos imortais- assumiu que eu era filha bastarda dele.

Contudo, ao me pedir em casamento seu pai repentinamente apareceu atrás dele o puxou para cima e virou-o pra ele.

– o que você falou? Por acaso você me pediu autorização para se casar com esta demônia bastarda? – falava seu pai com ira em sua voz rouca e alta.

– eu posso fazer o que bem entender da minha vida pai. Já possuo 16 anos. Sou um adulto. Não tenho que concordar com tudo que você diz. – dizia Fuyuu calmamente, como se tivesse com a situação controlada, mas na verdade ele estava com medo. Eu sentia isso, pois sua mão estava tremendo enquanto segurava a minha com firmeza.

– mesmo que você seja um adulto e possa fazer o que quiser quanto a casamento deves consultar sua família. É o seu sobrenome, o nome do seu clã que está em jogo! Como poderia você manchar o nome de sua família por causa de um oni*?

Nessa hora todos que estavam em volta começaram a rir. Onis são demônios não muito queridos nem pela humanidade e nem pelos próprios deuses. Chamavam-nos assim, pois somos uma raça inferior que faz trabalhos sujos que os celestiais se negam a fazer.

– não fale assim dela! Ela não tem culpa se a sociedade celestial é hipócrita! Ela não fez nada, simplesmente nada! E por que vocês continuam os subjugando? – ao terminar de falar, largou seu pai a força, me levantou e me abraçou. Seu kimono semi-aberto parecia me cobrir, sua pele alva e macia tocou na minha e um cheiro delicioso que eu não sabia distinguir senti, seus longos cabelos negros amarrados caiam sobre o meu colo como se me quisessem perto de si. Suas mãos cada vez mais me apertavam contra seu peito, sua respiração ofegante fazia cócegas em minha bochecha enquanto olhava para mim intensamente com seus olhos púrpuros. – eu a amo! Não consegues entender isso, papai?

– não, simplesmente não! – falava seu pai tentando o separar a força de mim.

Foi nesta hora que me manifestei. Passei minhas mãos por traz de sua nuca e o abracei fortemente. Mesmo que uma pessoa estivesse me puxando e o pai dele puxando ele, nós sabíamos que não iríamos largar um do outro.

– me largue! Me largue! Deixem-me ficar com ele!- eu falava em total desespero enquanto chorava.

Finalmente eles conseguiram nos separar, nós sabíamos que eles conseguiram separar dois corpos, mas não seus corações.

Ao nos separar eles o seguraram enquanto o levavam a força, mas neste mesmo momento alguma coisa aconteceu comigo. Eu perdi o controle. Meus olhos passaram de vinho escuro para vermelho sangue, e a escola inteira começou a tremer. Nos prédios criaram-se rachaduras, meu cabelo se alongou ao ponto de chegar aos meus pés, ao invés de lagrimas, meus olhos começaram a jorrar sangue, minha boca ao invés de cor de pele passou a ser carmim, no mesmo tom de meus olhos.

Nesta hora todos olharam para mim, assustados, enquanto eu chorava, de repente, senti uma fisgada tão forte e dolorosa que me fez gritar, ao gritar todos que estavam dentro e próximos a escola viraram pó, menos ele, Fuyuu, até mesmo o seu pai morreu. Ao ver que todos estavam mortos, ele me olhou assustado, e viu uma figura lindíssima, mesmo assim, demoníaca, chorando agachada. Ele chegou perto de mim e disse:

–calma, não foi por mal, você simplesmente se descontrolou. – nessa hora ele tirou meus braços da frente de meu rosto e se deparou com olhos carmesins nunca antes vistos por ele. Ao mirar meu rosto percebeu diversas mudanças, como a cor de meus lábios e de minha pele que antes corada passou a ser pálida.

– o-o-oque houve aqui? Eu não fiz isso! Quem fez? Por quê? Fui eu? Realmente fui eu? Sim, é claro que fui eu! Eu sou um demônio! Eu não deveria existir! – eu falava descontrolada enquanto via somente poeira e um prédio cheio de rachaduras.

– sim, foi você, mas você fez isso pra me salvar. Não tens culpa se não sabes controlar seus poderes. Ele falava enquanto passava sua mão em meus cabelos negros lisos. Para me acalmar ele me abraçou. Seu kimono branco e roxo encostou-se à pele de meu rosto, enquanto o sangue que transbordava de meus olhos manchava a seda fina da qual era feito. Ficamos abraçados por um longo tempo até que eu me acalmei.

Meus olhos voltaram a ser vinho e minha pele ficou corada novamente, contudo o cabelo continuou grande. Com uma parte arrancada do tecido de seu kimono limpou o sangue em meu rosto.

Fim do flash back

Enquanto era ameaçada de morte pelo homem que um dia me salvou, estava contando esta pequena história nostálgica.

– por que você me contou sobre isso, Katsugo? –disse o homem que me imprensava na parede com seu corpo.

– não sei, acho que quando estamos no leito de morte temos devaneios sobre como a nossa vida foi boa, mas só consegui ter essa lembrança de um ano atrás. Acho que é a única lembrança que eu tenho de “boa”. – eu falava em tom baixo enquanto olhava pro nada.

– é bom saber que estou em suas lembranças, saiba que estarás sempre em meus pensamentos. Eu nunca irei me casar com outra a não ser você. Não que me envolverei com qualquer uma que não seja você. – sussurrava ele enquanto sua boca vagava por meu pescoço dando calafrios.

Eu sabia que iria morrer e sabia também que iríamos morrer juntos, sue plano era me matar junto a ele. Mas neste momento as tropas celestiais chegaram e presenciaram tal cena. Todos ficaram abismados conforme avaliavam a situação.

Foi neste momento que Cupitor Lucis saiu de dentro de um armário que estava atrás de mim e mordeu meu pulso. Ao realizar este ato senti mais dor do que normalmente sentiria se meu pulso fosse cortado. Isso se devia ao fato de ele estar tomando o meu sangue e se tornando meu cavalheiro protetor.

Ao se tornar meu cavalheiro, ele adquiriu poderes que antes não possuía, assim ficando muito forte. Usando a minha força vital ele matou todo o batalhão de celestiais que se encontravam a nossa frente.

O incrível foi que ele fez isso em quase um piscar de olhos. Em compensação, eu desmaiei. O Chevalier usa o espírito de meu mestre, por isso se o cavalheiro usar de mais, o seu mestre irá sofrer, mas se o mestre morrer, o cavalheiro também morre. Portanto era melhor ele tomar cuidado.

– seu idiota! Olha só o que você fez com ela! – dizia Fuyuu enfurecido.

– calma, eu não vou matá-la, tenho amor a minha vida. – disse o meu Chevalier sarcasticamente.

– tudo bem, tenha mais cuidado da próxima vez. Leve-a por aquele túnel por onde a Denachi passou, - disse Fuyuu entregando meu corpo desmaiado para o meu cavalheiro - depois que você passar eu irei destruir o túnel para que nenhum celestial consiga seguir vocês. Eu irei sair daqui alegando que fui o único sobrevivente, portanto não comentem o caso com ninguém!

– okay, okay Utsukushisa, já vou indo. Sayonara...

Ao entrar no túnel Lucis se deparou com uma cena hilária: minha Irma Denachi ainda estava no túnel, tentando levar seu baú de dinheiro que parecia estar muito pesado.

–hahahahahaha, o que você ainda esta fazendo aqui?

– haha, muito engraçadinho, você já deve ter percebido, agora... Leve isso daqui pra mim.

– sim, sim, pode deixar. Só carregue a sua irmã pra me ajudar, né?

–ah! Não! Ela é muito pesada! – disse minha irmã resmungona enquanto me carregava

Depois de um tempo, Fuyuu destruiu a entrada do túnel e saiu ensangüentado de nossa casa, alegando que fora o único que sobreviveu a fúria do “cavalheiro de Katsugo”.



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Notas finais do capítulo

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