Debaixo Das Terras Sagradas escrita por Katty


Capítulo 27
Capítulo 25 - Doces ou travessuras


Notas iniciais do capítulo

Bem pessoal demorou mas veio. Me avisem se tiver algum erro de português ou alguma frase incoerente. Eu digitei do Ipad e revisei mas é provável que venham algumas coisas erradas. Boa leitura e espero que gostem agora o bagulho vai ficar muuuito doido'



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E lá estava eu, vestida como uma mera camponesa em uma pequena cidade do Império Austro-Húngaro chamada Brunal am in. Sora veio comigo, seria uma coisa difícil de fazer. O plano era o seguinte: infiltraria-me em uma pequena cidade longe da Alemanha, mas que tivesse grande ligação com a mesma. Brunal era perfeita, uma cidade dividida em duas: Sinbach am in e do lado na ponte d aparte alemã, a parte onde eu ficaria, Brunal, a parte austro-húngara.

Agora teria de viver aqui pelo menos um ano, o feto que crescia na senhora da casa azul no fim da rua principal ainda não havia sido descoberto. Thiago dissera-me que aquela criança teria a alma de teor psicopático, até mesmo um anjo às vezes tem de botar um mal na sociedade. Aquele seria o garoto em que eu colocaria a alma de Sora.

Contudo essa operação era delicada, colocar a alma em alguém é algo muito difícil contanto que você seja o anjo da vida. Thiago não pode tirar a alma dos outros e eu não poderia dar a alma de Sora para ele, pois ele perderia todas as memórias.

Também não poderia por simplesmente a alma de Sora naquele feto, não tenho o poder de dar a vida. O corpo de uma criança sem alma nasce sem vida.

O jeito seria por a alma de Sora junto com a da criança e rezar para que desse certo, para isso Nagai me escolheu. Nem mesmo ela seria capaz de conseguir já que usou grande parte dos seus poderes ultimamente e eu não faço a mínima ideia de em que. Teria de decorar exatamente as palavras certas e fazer uma chacina aqui perto para coletar o sangue das vitimas que serviriam para o fim de seu mundo.

O escândalo de Denachi foi premeditado, contudo muito usual. Eu teria de sair daquela cidade para realizar essa parte crucial do plano, o escândalo veio em boa hora para que eu me afastasse daquela comunidade e fazê-los esquecer de mim por um momento.

Utsukushisa ficaria aqui comigo como se fosse meu marido e Sora como meu ajudante de curandeiro.

Cheguei à cidade e logo fiz minha fama, curando doentes e até mesmo recuperando a visão de cegos. Minhas ervas afrodisíacas ajudavam as camponesas fúteis e promiscuas das redondezas, além de minha clarividência ajudar casais apaixonados.

Tudo isso me fez ser chamada para fazer o parto da criança prometida. No ano de 1889, um ano após minha estadia em Brunal am in, finalmente pude ver Thiago chegando aquela casa com suas esplendidas asas brancas passando como ar pelas paredes da casa, claro que ninguém mais podia vê-los além de mim, Utsukushisa e Sora que ainda sofria com as ultimas penas da asa perdida que ficaram grudadas em sua pele.

Sabia que iria demorar algo como um dia para que a mulher grávida entrasse em trabalho de parto, portanto fui logo fazer a poção de fixação.

Mandei que Sora encantasse algumas jovens e as levasse até uma clareira que estava a alguns quilômetros da cidade. Fui andando na frente coletando algumas coisas que precisaria posteriormente, logo senti sua presença por perto. Enquanto se divertia com elas podia ouvir seus gemidos abafados e gritos histéricos. Enquanto estes estavam extasiados pelo prazer, fui fechando envolta da clareira um circulo de quartzo para conter todo o poder ali dentro e por cima das pedras um pouco de sal para o isolamento das almas.

- Huc, silva alta. Cito ascendit quantum, venit, erit committitur a funiudum! Manere ad inebrio in mesmerizing phantasia. Dedit nobis corpus et enimam. Venit in! - Enquanto colocava o sal encima das pedras recitava o feitiço convocatório.

Pequei algumas folhas secas do chão e os animais mortos que estavam dentro da bolsa. Dei uma olhadela para Sora que estava compenetrado em fazer as vontades das meninas. Entrei no círculo saltando as pedras de quartzo e passando com meus pés desnudos pelo chão cheio de folhas secas tentando fazer o mínimo de barulho possível. Tirei a manta negra que me cobria e a larguei em algum lugar deixando-me nua. O vento frio bateu e me arrepiou enquanto eu continuava a andar como uma felina de encontro a Sora. No meio do clímax o cutuquei nas costas dando o sinal para que ele matasse aquelas garotas, dei a adaga artesanal com base de Salgueiro em sua mão e o massacre começou. Ele as esfaqueava com toda a vontade que existia em seu coração malévolo e alma ridiculamente contrária a sua natureza angelical.

-Et mienbrus gran truccidat! Óculos tuos et vide animalium olim! - Recitava de olhos fechados e com os braços abertos, a cabeça jogada para traz olhando o céu mudar do azul puro para a tempestade cinza.

Por fim joguei as folhas secas sobre os corpos e espremi o sangue dos animais mortos sobre os corpos nus das mulheres ensangüentadas. Virei-me de fronte a Sora também completamente nu e cortei-lhe a mão. Fiz um corte na minha e uni as duas apertando-as para que o sangue pingasse sobre elas.

A luz roxa tomou conta dos corpos enquanto símbolos vermelhos eram escritos como rasgados em sua pele morta, mas ainda assim recentemente quente. Depois que a ventania da tempestade passou larguei as mãos de Sora que ainda estava inebriado olhando para meu corpo material extremamente curvilíneo. Abri uma jarra de quinhentos mililitros para por o sangue das vitimas, animais e o nosso misturado sobre os corpos.

Pairei as duas mãos sobre o sangue enquanto as giravas até formar um filamento e depois um pequeno jorro de sangue misturado encaminhando-o com magia até chegar a pequena jarra, secando-lhe o sangue que estava por cima do corpo. A jarra ficou quase cheia e depois disso as tapei.

- Venha seu bastardo, me ajude com esses corpos. - Dando uma pequena pausa para focar-lhe os olhos e perceber que estava quase com as mãos em minha cintura. Dei-lhe um súbito tapa e falei calmamente - Pare de olhar para meu corpo, você nunca o terá.

Busquei minha manta negra e a vesti novamente para o infórtuno do antigo anjo. Ajustamos os dez corpos simetricamente com a cabeça voltada para o centro ensangüentado e os pés tocando o quartzo que queimava seus pés, agora elas nunca mais poderiam sair daquele lugar, seus corpos evaporariam.

Sora demorou um pouco para achar suas vestes e logo voltamos a cidade andando como normais camponeses. Contudo eu com uma manta negra e um pouco fina que me fazia sentir frio. Algumas pessoas me olhavam torto. Algumas pessoas naquela cidade me chamavam de bruxa e outros de feiticeira, mas nada me importava em Brunal, eu queria ao menos terminar o meu trabalho e voltar para casa para vestir novamente minhas verdadeiras roupas e deixar estes trapos velhos para trás.

Cheguei a minha pequena casa no meio da cidade onde morava com meu atual noivo, mas que todos achavam que era marido. Ele trabalhava como um negociante de raridades e havia me acompanhado por simples ciúmes de Sora. Esse Utsukushisa não tinha jeito mesmo. Se ele não tivesse vindo para cá eu realmente me aproveitaria de Sora e talvez outros homens bonitos daqui.

Utsukushisa já estava dentro de casa com seu habitual paletó preto e cabelos curtos por cima de seus olhos azuis que hoje estavam especialmente cor de céu. Olhou-me por cima do livro preto encapado e deu-me um sorriso fechando o livro e dando umas palmas em suas pernas. Olhei para os lados para ver se tinha algum criado e fui rapidamente sentando em seu colo e dando-lhe um beijo, parando somente para respirar.

- Como foi hoje amor? - Perguntou-me meu presente noivo enquanto passava de leve os dedos magros por meu rosto, às vezes brincando com minha franja que já estava grande e os cabelos que quase batiam nas coxas se os deixasse soltos.

- A mulher entrará em trabalho de parto amanhã, vi o Thiago entrar em sua casa e sair logo em seguida. A mulher já estava com a aura imaculada da criança dentro do corpo, eu fui vê-la. - Pus a franja para trás em protesto a suas brincadeiras. - Pare de por o cabelo em meu nariz! - E cai a rir junto com ele.

- Mas e então, a aura é branca ou cinza mesmo?

- Cinza é claro! Thiago disse que colocaria uma alma psicopata, portanto ele colocou. É bem interessante sabe? Todas as pessoas têm auras completas envolta de todo o corpo de qualquer cor, mas as mulheres grávidas tem em sua cintura uma parte esbranquiçada, é lindo. - Juntei as mãos empolgada com a natureza e dei alguns pulos em seu colo que o fez protestar com a dor nas pernas e me fazer cócegas.

- Vai ser mais lindo ainda quando você estiver grávida e a sua aura vermelha vai ter um ponto branco na cintura, você não acha? - Perguntou-me Utsukushisa presunçoso.

Dei-lhe um sorriso promíscuo e logo o puxei para a parte de cima da casa, algum dia o daria um filho, mas só quando eu for a rainha das duas dimensões.

A noite se passou rápida e maravilhosa, sexo, sexo, e mais sexo. Meu apetite era insaciável. O dia veio como se estivesse com preguiça de acordar enquanto a lua teimava em continuar no céu para olhar os dois amantes dormindo em sua cama vermelha com o lençol da mesma cor que cobria os corpos nus. Os cabelos negros espalhados pela cama e os olhos fechados daquela pele branca límpida.

Acordei junto com a luz do sol que teimava em aparecer e tentar queimar minha pele de neve, a derreter e por fim torná-la água. Utsukushisa ainda dormia tranquilo, com os cabelos negros na altura das orelhas cortado e os olhos semicerrados, em um sono bem profundo onde nem a luz do sol o incomodaria. Daquele seu jeito inconfundível de dormir: cabeça voltada para baixo um braço perto do peito e o outro esticado, com as pernas meio abertas por onde, se eu quisesse, poderia entrar e tornar em uma posição de conchinha.

Fui rápida até meu armário onde encontrei minhas feiosas roupas sem graça de pequena burguesia. O vestido cinza sem bordados e sem ouro, com algumas partes brancas e pretas. Logo pus aquele trapo e sai marchando como todos os dias desse ano: enfezada com minha aparência. Como poderia a luxuria ficar feliz com tão pouco luxo?

Era cedo da manhã e na companhia de minha única criada comecei a fazer o café da manha, como uma boa dona de casa. Eram oito da manhã quando Sora chegou em minha casa para mais uma das supostas lições de curandeirismo, fomos para a minha pequena sala particular.

Lotada de frascos com ervas e alguns tipos de poções, ela continha uma escrivaninha no canto com apenas uma cadeira, ao seu lado direito a janela e do lado esquerdo a parede, após a janela um pequeno espaço dava lugar a estante de livros gigantesca e junto deles lá estava o meu precioso livro de feitiços com cara de historia encantada. Antes de correr para pegá-lo e treinar mais uma vez o feitiço, virei-me para o lado da sala a minha esquerda onde ficavam as prateleiras com ervas, e peguei a lavanda, queimei-a e deixei sua fumaça espalhar-se pelo pequeno quarto.

Rapidamente peguei o livro e ao abri murmurando baixo as palavras para que o conteúdo mudasse, não gostaria que Sora soubesse a senha. As letras foram mudando de lugar e as imagens se modificando, nunca me cansava de observar enquanto mudavam lentamente, algumas vezes demorava quase um minuto para se desembaralharem.

- Sora, você já sabe como vai ser tudo não é mesmo? - Perguntei-lhe olhando os olhos decisivamente o que o fez desviar o olhar.

- Sim, o mais difícil da minha parte eu já fiz que foi matar todas aquelas meninas, agora só falta você não me matar. - Se pôs a rir de sua infantil brincadeira verdadeira. Se eu não conseguisse fixar sua alma ao corpo do bebe, sua alma morreria e viraria nada.

Logo em seguida bateram em minha porta, chinguei alguns vocábulos impróprios e a abri. Era a criada da casa do menino prometido.

- O bebê... O bebê! Ele está nascendo! Venha rápido! - Gritou a criada praticamente na minha frente ao botar o ar para fora de tão rápido que havia corrido, minha vontade era dar um tapa gigantesco em seu rosto de deixar marcas. Ninguém grita comigo.

Lhe fiz uma cara séria e a pus medo com a minha aura negra, provavelmente meus olhos cintilaram o vermelho sangue de que são realmente feitos e a criada se pôs a correr dessa vez desesperada por sua vida. Provavelmente já teria ouvido os boatos da vila de que eu sou uma bruxa serva de Satanás. Para que Satanás se eu sou a rainha do Inferno? Sirvo a mim mesma.

Peguei minhas coisas e junto com Sora fui caminhando normalmente pela cidade, passei pelo pequeno comércio de Utsukushisa e falei com ele lhe explicando a situação, seus fregueses me olhavam extasiados com a beleza avassaladora de meu corpo. Continuei a andar como se não me importasse com eles e cheguei à casa azul que se situava do lado direito da rua principal.

Assim que entrei ouvi os gritos de dor da mulher que queria ter seu filho a todo custo. Pedi para que me arranjassem água fria e quente e fiz o parto da mulher. Com algum sacrifício o menino nasceu, berrando e saudável. Pus meu dedo indicador em sua testa e pude ver sua alma ainda meio dormente, cortei o cordão umbilical e chamei Sora.

- Sim Mestra Katsugo? - Respondeu-me cordial porque estava em público.

- Venha, vou lhe mostrar uma coisa. - Chamei-o para perto de mim e pus o menino no chão, ele de um lado e eu do outro.

- O que vocês estão fazendo com o meu filho? - Perguntou a mãe estranhada com o seu senso maternal de Tigre recém-descoberto.

- É uma benção senhora. Não gostaria que ele o tivesse? - Perguntei retoricamente enquanto calibrava a minha voz para tentar lhe seduzir, mas a mulher não cedeu, o instinto maternal e o amor verdadeiro que tinha por seu filho não a deixou que cedesse. A mulher chamou suas duas criadas que estavam do lado de fora do quarto aos gritos.

- Peguem essa mulher e tire-na daqui, ela é uma bruxa pagã que quer amaldiçoar o meu filho!

- Ora senhora. Realmente quero amaldiçoar o seu filho. Contudo não sou uma bruxa pagã, sou a Rainha demoníaca. - A mulher sentindo veracidade na minha voz se pôs a gritar e chorar. Levantei minha mão de fronte a sua cabeça e a fiz desmaiar, precisaria dela para criar o menino. Uma das criadas bateu em meu rosto enquanto a outra segurava meus braços, clamei pela ajuda de Sora, este ria com a situação. Por fim enfezei-me e fiz as duas pegaram fogo, empurrei-as para fora da quarto pela porta as vendo berrar queimando escada abaixo e voltei a fazer o ritual.

- Ora, mas você também em Sora? Nem para me ajudar! - Este começou a rir e eu gargalhei junto, o dia realmente ia ser divertido.

Limpei o menino recém nascido até que ficasse quase sem sangue, mas ainda assim parecia algum tipo de animal estranho já que era feio e desengonçado, todo mole. Talhei em sua barriga com uma faca o pentagrama bem de leve para que não acertasse seus órgãos, o menino berrou ainda mais.

A sua volta fiz um círculo de quartzo, onde ele e Sora ficaram dentro. Joguei sal e mel por cima das pedras, sal para que os espíritos ruins não entrassem e mel para que os espíritos ruins não saíssem, assim garantindo que mesmo que a alma de Sora não se ligasse ao corpo da criança, sua alma seria destruída e não ficaria vagando por aí. Eu não poderia em nenhum momento ficar dentro do círculo, uma vez que completamente ali, eu estaria morta.

Toda essa porcaria de almas me cansava. Eu simplesmente não poderia colocar a alma de Sora em um ser humano pois não sou o anjo da vida para dar vida a alguém. Também não poderia pegar a alma de Sora e dar para Thiago, já que ele é o anjo da Vida e não da Morte. Também não poderia contar com a cooperação entre Emily e Thiago, ela tirando a alma e ele dando a vida já que se Thiago tocasse na alma de Sora, se esta estivesse fora de seu corpo, a alma se tornaria imaculada e ele não lembraria de mais nada. Era tão confuso que me dava nó no cérebro.

A solução era colocar a alma de Sora junto com a alma psicopata do menino, mas isso era operação muito difícil para alguém como eu, que não da a vida, tira ela.

A alma do menino, mesmo que psicótica era pura, nuca se poderia ligar uma alma pura com a alma suja de Sora, e nem poder-se-ia colocar uma alma suja direto no corpo de uma criança. A solução era que antes que a alma estivesse em seu corpo, tornássemos o corpo sujo para que talvez aceitasse a alma de Sora sendo colocada em seu corpo.

Casos de varias almas no mesmo corpo são um pouco difíceis uma vez que só acontecem com celestiais e demônios de sangue puro e gênios da humanidade, assim como Napoleão Bonaparte.

Portanto o menino seria além de gênio, um psicopata criado em uma família extremamente preconceituosa. Tudo o que queríamos por isso a busca foi tão difícil e o plano tão demorado.

- Em um circulo puro e impuro te prendo. Prendo teu corpo, tua alma e teu pecado. O corpo puro de menino se torna lascivo, assim como suas almas e sua mente, tua mãe é meretriz e teu pai charlatão. Mentiroso será, assim como opulento e lascivo à mente humana. - Entoava na própria língua para que as palavras tivessem mais força em sua mente atual enquanto o rodeava, produzindo símbolos com o carvão preto no chão. – Aviditas, avaritia, libidinem, ignavia, superbia, ira, vanitate.

Agora o circulo estava completo. Sora ficou ajoelhado encima do menino enquanto fazia sua parte. Assim que terminei de talhar os símbolos me transformei em demoniza completa, com os olhos vermelhos lascivos pude ver que a energia vital e a aura de Sora tentava se ligar a do menino.

- Agora mandala! - Gritei dando um gole do sangue na boca do menino que tentava rejeitá-lo, ao fim joguei o resto por cima de seu corpo e do de Sora. - O corpo da criança aceita o pecador e um novo satanás nasce! - Com isso, tirei o mesmo punhal sujo de sangue das mulheres e animas e perfurei o coração de Sora até que o punhal atravessasse a carne e fizesse um pequeno furo na pele do menino para que os sangues se misturassem.

Deixei o punhal cravado nas costas de Sora, enquanto com cuidado para não entrar no círculo me ajoelhei do lado de fora para fazer a transferência das almas. Logo o corpo de Sora morreria por isso precisava fazer a transição rapidamente.

- Ishka hammen alebala. Truz gomnneho kobaratata lishdaize flux toulow. Ishka hammen alebala. Truz gomnneho kobaratata lishdaize flux toulow. - E continuei a repetir enquanto puxava pouco a pouco a alma de Sora para se conectar com a do menino. Minhas energias se iam rapidamente, até mesmo a minha alma estava sendo sugada, junto com os meus poderes e minha energia vital. A transferência das almas estava quase completa quando Sora caiu sobre o menino quase desfalecido. - Ishka hammen alebala! Truz gomnneho kobaratata lishdaize flux toulow! - Me desesperei com a demora da transferência. Quando acabei de transferir as almas um pequeno fiasco de luz saiu das costas de Sora. Um ponto tão belo e lúcido que parecia uma pequena bala de mascar.

O corpo de Sora caiu desfalecido quase sufocando o menino. Limpei com folhas de Carvalho a inscrição do chão tirei o menino ensangüentado e machucado debaixo do corpo morto de Sora. Enquanto o estava limpando do sangue e curando seu machucado superficial Emily apareceu.

- Nossa que sujeira... Você conseguiu? - Perguntou-me normalmente.

- Ainda não chequei ao certo, estou limpando o garoto. Também tive que desmaiar a mãe e matar as criadas. - Disse calmamente pondo a mão no machucado do menino e com a unha arranhando a ferida esta se curou. Emily ficou olhando impressionada a luz cinzenta que saia do ponto entre a unha e a carne.

- Nossa... Uma demoniza que cura. Acho que nem a minha mãe conseguia isso. - Falou baixo um pouco boquiaberta.

- Pelo o que eu saiba, as únicas que eu conheço que curam sou eu e a minha avó. Tentei ensinar a Denachi, mas ela não leva o mínimo jeito pra isso. É raro achar alguém que consiga, até mesmo nos celestiais. - Disse enrolando o menino em um pano grosso. Fazia um pouco de frio, uma tempestade chegava e as janelas abertas aumentavam o frio no corpo.

- Vim aqui para pegar as almas das criadas, são duas certo? - Perguntou Emily após pigarrear tangenciando do assunto em que ela mesma tocou. Sacou um pergaminho velho e sujo no qual estavam escritos os nomes das pessoas que morriam, cada vez que eu olhava haviam mais. Era um trabalho muito árduo para uma pessoa só.

- Sim, são duas. Elas estão por aí... Você pode vaporizar o corpo do Sora, por favor? - Perguntei de costas a ela colocando o menino no berço e costurando a vagina da mãe que jê estava quase morrendo sem sangue. Com algum custo a curei, contudo esta se encontrava quase sem sangue.

Coloquei as mãos dentro da poça de sangue sobre o lençol branquíssimo e o fiz virar praticamente um jorro, do mesmo jeito que fiz com o sangue das mulheres mortas por Sora. Um filete de sangue foi subindo, indo de encontro ao corpo e voltando para a rede sangüínea da mulher que as poucos foi retornando a cor.

Agora eu estava extremamente cansada e provavelmente muito pálida. A transfusão de almas consumiu-me muito poder, muito mais do que eu usaria para matar os batalhões de celestiais.

- Pronto vaporizei. Esse seu círculo aqui é perigoso, limpe-o direito, eu quase entrei completamente nele. - Vociferou comigo. Continuei a limpar a cama mudando lençóis e toando o sangue do chão.

- É, esse circulo é bem forte. Tome cuidado. - Dei um pequeno sorriso com os caninos grandes e olhos quase saindo do vermelho de tão fraca que eu estava.

- Até outro dia Luxuria. - Despediu se de mim e desapareceu na fumaça.

Por fim limpei o círculo e fui embora para casa. Logo teríamos de ir embora, a mãe do menino quando acordasse iria querer me matar. Andei rapidamente pela cidade cansada e com olheiras horríveis que nunca havia visto em mim. Entrei em casa e me joguei no sofá.

- Senhora! Oh meu Deus! Como você está senhora? Nunca há vi tão mal! - Desesperou-se a criada. Sua voz fina fazia-me rodar a cabeça.

Era uma senhora velha maltrapilha e desengonçada. Com suas pernas grossas parecia um urso que mal conseguiria correr sem tropeçar nos próprios pés. As mãos pequenas e gordas faziam uma comida gosmenta. Contudo, muito boa amiga e dona de casa, varria como nenhuma outra e possuía atributos admiráveis para uma mulher dessa época. Passava, tecia e cuidava de crianças muito bem, a única coisa ruim era a comida mesmo.

- Chame meu marido. Quero meu marido! - Falei cada vez mais fraca, parecia que minha alma queria sair do corpo e deixá-lo regozijando de dor.

A gorducha saiu correndo pela rua e em poucos minutos apareceu esbaforida com Utsukushisa ao seu lado. Este deu alguma desculpa a ela que no momento não consegui ouvir já que meus ouvidos estavam como que pressionados. Aos meus olhas nada passavam de vultos e aos meus ouvidos gemidos insanos.

Senti quando este me pôs deitado na cama e colou-me em seu corpo. Em torno de duas horas já estava um pouco melhor. Utsukushisa sendo meu chevalier passou-me um pouco da sua energia, na verdade deu-me metade dela e agora quem não se sentia muito bem era ele.

- Kushi, você quer alguma coisa? Um pouco de chá? Um brioche? Eu mesma faço se quiser. - Preocupei-me com ele escorando a cabeça em se peito nu.

- Mais que honra, é claro que eu quero! Um brioche feito por você? Desde quando cozinha? - Falarou surpreso e irônico, zombando de minhas habilidades culinárias. Dei-lhe alguns tapas e corri para a cozinha disposta a fazer o melhor brioche de todos.

Pedi ajuda a minha criada que me ensinou a fazê-lo e do meu jeito tentei fazer. Frutas secas e algumas cerejas para dar o toque final e depois de uma hora consegui terminá-lo.

Fiz o chá de camomila, o preferido de Kushi e levei junto com as frutas da época, alguns morangos e mel. Levei pessoalmente para ele colocando a bandeja em seu colo e partindo o brioche quente passando-lhe a geléia de amoras recém feita.

- Nossa esta muito bom! Não há outra coisa porém este brioche que queria comer pelo resto de minha vida! - Disse de boca cheia, comendo mais e mais, cheio de fome e inebriado pelo gosto novo que somente eu produzia.

Comi junto dele, porém deixei o brioche para o mesmo enquanto comia as frutas e a geléia em que me deliciava sem fim.

- Nossa. Você precisa fazer mais disso. Quando voltarmos para casa quero que faça isso para todos naquela casa. Você tem mais dotes do que imaginam! - Empolgou-se de barriga cheia.

- Kushi, precisamos sair da cidade. Logo a mãe do menino estará a minha procura e provavelmente vai me denunciar por bruxaria. Muitos aqui já falam que sou bruxa e agora, se ela falar que eu amaldiçoei seu filho a igreja vai me pegar e com certeza celestiais brotarão por aqui. Ainda mais com a chacina que Sora realizou, muita energia impura deve estar saindo dali. - Expliquei rapidamente. Kushi ouviu e analisou, deu-me um beijo e disse que arrumaria um meio de sairmos da cidade esta noite. Comecei a fazer as malas assim que demoradamente paramos de nos beijar.

- Grijite! Venha rápido! - A criada loura e gorducha veio rápidamente.

- Senhora? - Encontrou-se aposta.

- Preciso de ajuda, sairemos da cidade esta noite e eu quero fazer as malas agora. Abra aquele armário que eu disse para nunca abrir e tire o vestido vermelho dali.

- Sim senhora.

Assim que abriu a mulher quase caiu para trás. Ali haviam minhas roupas nobres e um vestido vermelho bordado a ouro, nunca antes usado estava a sua frente. A senhora pegou com muito cuidado e me ajudou a vestir.

Fui até o armário e escolhi um vestido bege amarelado com cristais e dei a ela.

- Tome, este é para você. Se não couber em sí, venda-o e viva bem. Ele custa muito caro e é um agradecimento por todo este ano que aturou meus gritos. - Ri de bom humor agora que estava em meu hábitat natural. Pus-me jóias e fiz a maquiagem, coloquei um salto vermelho escarlate como o vestido que caia com poucos babados, realçando e acentuando a cintura fina e o busto francês que brotava para fora do vestido, uma meretriz. Um cordão envolto em meu pescoço ligava-se as mangas que cobriam meus braços até o pulso deixando somente o busto branco de fora. Cabelos presos com um broche de ouro muito grande.

A mulher me olhou com espanto, nunca havia me visto tão linda. E nem mesmo aqueles vestidos dali que estava dobrando e colocando nas malas junto com as roupas nobres de Utsukushisa.

- Senhora, o que você é realmente? - Perguntou-me provavelmente muito curiosa.

- Queres mesmo saber? - A mulher fez um sinal que sim. - Sou uma baronesa vinda de Hamburgo no extremo norte da Alemanha. Estou aqui porque vim amaldiçoar um pequeno menino. Na verdade não sou uma bruxa, eu sou um demônio que pratica bruxaria. - Deixei os olhos ficarem vermelhos e os caninos brotarem enquanto o rabo aparecia levantando calmamente o vestido. - Prazer, Luxuria, a rainha do inferno.


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Notas finais do capítulo

E ai pessoal gostaram? Fiz um super hiper ultra mega power post pra compensar as décadas sem postar >.< Gomen nee!! Mereço reviews?



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