Running Away From Hell escrita por GabanaF


Capítulo 22
Cap. XXII — We Found Love in a Hopeless Place


Notas iniciais do capítulo

Oi gente, como vocês estão? Bem, eu queria me desculpar pela demora, mas eu estava meio ocupada com um trabalho particularmente terrível da faculdade e realmente me consumiu as últimas duas semanas inteiras. Hoje, felizmente, ele já está pronto e eu tive tempo para terminar de escrever esse capítulo para vocês.
Quero agradecer a todo mundo que mandou reviews, muito obrigada mesmo, e a todo mundo que acompanha, mesmo sem mandar reviews, agradeço a todos. E, sem mais delongas, o capítulo novinho para vocês.
Espero que gostem :)



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25 de Abril de 2012

Cozinha, Condomínio, TN

02:26 PM

O silêncio perturbava Sam. Não queria ser o primeiro a falar, no entanto. Ele sabia que Hanna deveria virar para ele e começar a conversa. Porém, sua língua não parava quieta; ele queria explicações.

Quem fora o maldito que tinha feito o horário daquele dia? Devia ter sido Quinn em conjunto com Puck, Sam pensou irritado enquanto Hanna lhe passava um prato recém-lavado para que ele enxugasse e o colocasse no armário. Os dois pagariam por todo o constrangimento que estavam fazendo ele e Hanna passarem.

De longe, ele podia ouvir os gritos animados de Rachel e Sugar na garagem da mansão, discutindo aonde deveriam colocar isso ou aquilo. O silêncio era tão doloroso que Sam pensou ter escutado Beth chorar, e Brittany consolá-la. Os outros, ele não tinha ideia onde estavam, mas sabia que se esforçasse um pouco, os ouviria pelas paredes da cozinha.

— Já arrumou suas malas? — Hanna por fim falou; a voz contida, porém clara.

Ele bufou ao pegar uma panela que eles tinham usado mais cedo para cozinhar o que restava de uma latinha de milho. Ele nem entendia porque tinham que deixar tudo arrumado antes de saírem da casa, mas não havia como questionar a mortífera personalidade de Quinn e, agora, de Rachel.

— Sim — disse mal-humorado, enfiando a panela com excessiva violência no armário. — E você?

— Prontas desde sempre.

Hanna deu uma risadinha, olhando de esguelha para Sam. Como o garoto não demonstrou nenhum sentimento, ela parou de enxaguar o prato e o encarou, impaciente.

— Sabe, Sam — Hanna começou; o garoto notou que suas mãos tremiam —, levar um fora não é a pior coisa do mundo, pelo menos não no mundo em que estamos vivendo. Falei para você, eu não quero isso, sei o que está fazendo e...

— O que eu estou fazendo? — Sam repetiu confuso, arqueando a sobrancelha.

— Substituir Mercedes! — Hanna disse sem rodeios. Mas ela não o encarava mais. Suas mãos apertavam com força a pia, impedindo-as de tremerem mais. — O espaço que ela deixou precisa ser ocupado por alguém e você me escolheu para...

— O que eu sinto por você veio bem antes de Mercedes morrer! — rebateu o garoto, indignado. Ele jogou o pano que usava para limpar os pratos no chão em um acesso de fúria. — Não venha colocar a culpa em mim por seu medo de se meter em relacionamentos!

Sam ofegava. Tinha medo de ter ido um pouco longe demais dessa vez. Ele não era um garoto violento, jamais fora. Porque, então, de uma hora para outra, Hanna fazia sua mente ser tomada por uma exaltação desconhecida?

— Estamos no fim do mundo — ele disse, jogando os braços para cima, exasperado. — Pelo amor de Deus, quem não se agarraria a uma chance de ficar com alguém?

As mãos de Hanna apertavam ainda mais a beirada da pia. Ela se recusava a olhá-lo. Sam pensou em ter chegado ao fim da linha, embora estivesse falando a verdade. Com três casais andando felizes e serelepes pela casa, quem não teria inveja da interação íntima que eles dividiam?

— Eu — respondeu Hanna num fiapo de voz. Ele não soube o que dizer; sua respiração parou por um segundo ao ouvir a voz da garota. — Eu não quero.

Hanna continuava na mesma posição que antes. Sam tinha medo de se aproximar. Eles estavam com a raiva correndo por suas veias, iria ser apenas uma questão de tempo para que Hanna explodisse contra o garoto novamente.

— Por que não? — ele indagou, o mais calmo que conseguia.

Hanna demorou a responder. Quando falou, sua voz era chorosa.

— Não posso deixar acontecer de novo, eu não posso me forçar a me apaixonar por você, Sam. Não posso.

Mais do que nunca, Sam queria se aproximar de Hanna. Mas algo o impedia. Com muito custo, ele deu um passo na direção da garota, se vangloriando por dentro pelo feito.

— Lembra-se de eu ter contado sobre meu pai? — Hanna disse, e finalmente voltou-se para Sam outra vez.

Havia lastros de lágrimas por todo o seu rosto; seus olhos verdes cintilavam. A garganta de Sam secou. Ele recordava-se da história: o pai de Hanna morava no condomínio e lutara com ela contra os walkers até um dia ser mordido por um, dias antes de eles invadirem o local. Hanna raramente o mencionava. Ele se perguntou aonde isso os levariam.

— Antes de vocês quatro chegarem, era eu, ele e mais um garoto — continuou Hanna, balançando os braços inutilmente. — Nós fomos os únicos a sobreviver ao isolamento que os militares haviam forçado em Nashville e viemos para cá.

“George... — Hanna fitou Sam com um sorriso fraco — ele era... meu melhor amigo. Ele fazia História em Harvard e não tinha ideia do que eu estava falando quando iniciava meus discursos sobre medicina.”

Hanna parou, enxugando as lágrimas. Sam deu outro passo lento em sua direção. Ela pigarreou e prosseguiu:

— Às vezes eu o trazia para Nashville e nós íamos ao CDC juntos. Não o deixavam ver as pesquisas, é claro, mas nós divertíamos bastante. Jackson o adorava; ele menciona George algumas vezes no diário. Diz que eu deveria levá-lo a Germantown, que era melhor salvar duas vidas ao invés de uma. Mas...

Sam ficou paralisado quando Hanna correu para seus braços de repente. Lentamente, enquanto estava os soluços dela em seu ombro, ele a englobou em seus braços, acariciando seus cabelos e confortando-a da melhor forma que podia.

— Ele era meu melhor amigo — Hanna repetiu, soluçando. — E-eu não posso permitir o que aconteceu com ele aconteça com você. Não, não quero ter que ver você ser mastigado até a morte por mortos-vivos quando poderia ter feito alguma coisa. E-eu não posso sequer imaginar em perder você ou qualquer um nessa casa, Sam. Por isso eu não posso me importar com nenhum de vocês! Minha vida... Eu teria me matado se vocês não estivessem...

As próximas palavras de Hanna ele jamais soube dizer qual eram: a garota começou a murmurar freneticamente, arquejando e dizendo as coisas mais absurdas que ele tentou captar. Sam somente continuou a acariciar os cabelos loiros de Hanna, mas sem ser capaz de interromper o monólogo sem sentido da garota.

Então era isso, ele pensou, abraçando Hanna mais junto ao corpo. Ela tinha receio de se apegar aos garotos para não sofrer tanto quanto tinha sofrido ao ver a morte do tal George. O problema era, pelo menos de acordo com Sam, que Hanna já tinha se conectado a eles, de alguma forma. Não tinha como não ter se apegado a eles. Ela adorava Santana e Quinn, amava conversar com Sugar e Harmony e ria sempre que Puck tentava cortejá-la. Hanna nem sabia, mas estava ligada a eles mais do que imaginava.

Hanna levantou o rosto e encarou Sam com os olhos vermelhos e inchados. Sam notou a tentativa dela de se soltar dele, porém, o garoto não a permitiu. A garota estava próxima agora, nada nem ninguém no mundo a tiraria de seus braços.

Ele inclinou-se para mais perto do rosto de Hanna. Ao ver que ela não recuara ou fizera mais tentativas de se soltar ou até mesmo gritar e pedir ajuda, Sam permitiu que seus lábios se unissem num beijo suave e apaixonado.


25 de Abril de 2012

Quarto de Santana, Condomínio, TN

02:07 PM

Se perguntassem um ano antes, Quinn provavelmente diria que daria todo o dinheiro do mundo para ter uma Santana calma, sentimental e menos irritada. Hoje, contudo, Quinn pagaria o resto da munição que o grupo possuía para poder ter de volta a Santana peste e violenta que costumava conhecer.

Ela não sabia se eram os medicamentos que Hanna lhe dava ou a simples reação a tudo que acontecera nas últimas semanas, mas Quinn sabia que Santana estava indo à loucura. A perda de seus dedos, as queimaduras, Rachel tentando (e conseguindo) controlar o casamento... Havia um conjunto de fatores que tinham feito Santana perder o resto que tinha de sua sanidade.

Santana não falava para ninguém que enlouquecera. Quinn sabia, também, que Santana estava feliz. Por essa razão, desde que ela não saísse por aí tentando se matar ou matando alguém além dos walkers, Quinn não se importava muito.

Faltando um dia para o casamento, ela bateu à porta do quarto de Santana e a encontrou tendo dificuldades para dobrar uma calça que Brittany pegara para ela durante a revista do condomínio.

— Precisa de ajuda? — indagou Quinn com um sorriso, entrando no quarto e fechando a porta atrás dela. Quinn carregava escondida nas costas o presente de casamento de Santana, a metade de uma caixinha de Coca-Cola.

— Não, sem problemas — Santana respondeu dando de ombros, soltando uma exclamação fraca de dor. — Achei melhor fazer sozinha, saca? Treinar meu corpo.

Quinn assentiu. Rachel também recusara terminantemente a sua ajuda para arrumar as malas — contudo, em seu caso, era mais uma questão maluca de organização do que superar obstáculos.

Hanna anunciara que partiriam na manhã seguinte ao casamento, então eles deveriam estar de malas prontas para alguma emergência. É claro que não haveria nenhuma, mas o histórico deles em finais felizes não era lá muito alto, por isso Quinn pedira a todos que fizessem o que lhes fosse mandado. Rachel, de malas prontas e muito organizadas, na opinião de Quinn, estava naquele momento na garagem arrumando os últimos detalhes para o local do casamento. Nem Brittany ou Santana eram permitidas naquela área até à tarde do dia seguinte.

— Brittany está no outro quarto, reclamando o quanto sente sua falta — comentou Quinn, sentando na cama, próxima à mala. Ela notou que as roupas estavam extraordinariamente mal dobradas. Rachel teria um infarto se visse aquilo.

Santana riu. Quinn podia ver em seus olhos o quanto ela também sentia falta da noiva. Rachel, para variar, queria seguir as regras de um casamento o máximo que poderia, e, em razão disso, Santana e Brittany estavam passando o dia antes da cerimônia, separadas. Isso casou uma onda de raiva em Santana, e ela quase perdeu os dedos da outra mão quando tentou avançar contra Rachel na sala de jantar. Quinn a parou a muito custo.

— A sua namorada é um porre, Fabray — disse Santana, parando de dobrar outra peça de roupa e fitar a amiga seriamente.

— Eu sei — respondeu Quinn revirando os olhos. Ela acariciou a caixa embrulhada por um papel marrom velho e esperou que Santana a notasse.

— O que é isso? — Santana indagou segundos mais tarde, fitando a caixa no colo de Quinn e apontando para ela com a mão direita.

Quinn sorriu, pedindo para que ela sentasse ao seu lado. Santana afastou a mala e olhou para Quinn desconfiada.

— Você não vai me matar agora, vai? — Santana perguntou, a voz embargada. Quinn a olhou, incrédula. — Só por que agora sou um peso morto para vocês não significa que eu não possa recuperar as minhas habilidades de manusear uma arma e...

— Santana! — exclamou Quinn, se forçando para não cair no riso. A Santana emotiva estava de volta: a garota inclusive já tinha lágrimas caindo por suas bochechas. — Eu não vou matar você, entendeu? Isso aqui não é uma arma.

Quinn falava lentamente, como se estivesse conversando com sua filha. Santana assentiu devagar, parecendo se alimentar das palavras de Quinn.

— E se fosse, você a tomaria de mim e eu estaria morta antes que me desse conta — Quinn comentou, e Santana riu, concordando com a cabeça. — Isso aqui é o seu, hm, presente de casamento.

Santana arregalou os olhos, enormes e brilhantes por causa das lágrimas, que voltavam ligeiramente. Malditos remédios da Hanna, ela pensou. Quinn entregou a caixa à Santana e deixou que ela rasgasse o papel mal embrulhado com voracidade.

A expressão de Santana ao ver a caixa de latinhas de Coca, Quinn nunca foi capaz de esquecer. Ela não sabia que uma Coca-Cola poderia causar dentro do corpo de Santana, mas ela estava feliz por trazê-la de volta.

— Obrigada, Quinn! — exclamou Santana aos choros, se jogando contra a amiga para abraçá-la com força, mesmo com as dores. Quinn engasgou com o amor inesperado e sorriu. — Uau! Quero dizer, pensava eu que elas tinham acabado e que...

— Eu achei numa casa aqui — Quinn disse, se afastando dela e deixando que Santana rasgasse o plástico que mantinha as latas juntas e pegasse uma. Abriu-a e tomou um gole. — Brittany me fez prometer que você não iria fugir com elas.

Santana negou com a cabeça, fazendo uma careta à medida que tomava a Coca.

— Quinn, eu não fugiria da Britt nem por toda a Coca do mundo — Santana disse séria quando tomou pelo menos metade do conteúdo da latinha. — Ela é o amor da minha vida.

— Quem vai ficar com você aqui hoje? — indagou a outra, curiosa, observando Santana colocar cuidadosamente as outras latinhas em sua mala.

A amiga deu de ombros, voltando a dobrar as roupas, tomando a Coca mais lentamente agora.

— Rachel e eu podemos vir para... — Quinn começou, entretanto, Santana a impediu:

— Não, por favor, não. Eu não aguento vocês juntas. — Ela coçou a cabeça, pensativa, e disse: — Talvez o Puck e a Beth. Sim, ele é menos meloso com a filha do que você é com a Rachel.

Quinn sorriu. Sua amiga, a vadia e irritante Santana Lopez estava de volta.


25 de Abril de 2012

Quarto de Santana, Condomínio, TN

09:49 PM

— Eu odeio Rachel Berry — confessou Sugar, se rastejando para poder chegar à cama. Seu corpo inteiro doía. — Odeio mesmo.

Ao deitar na cama, Sugar ouviu os passos animados de Harmony no corredor. A garota entrou no quarto com Beth no colo, sorrindo para todos que pudessem ver. Sugar não reclamou muito — alguém entre as duas tinha que ter a animação para enfrentar Rachel.

O jantar acabara de acontecer, mas não havia sido cinco horas ou mesmo às seis. Rachel as obrigara a trabalhar na decoração da garagem pela tarde toda, gritando ordens e cantando Barbra Streisand durante o intervalo. Sugar ficara satisfeita com o resultado, e estava louca para ver a reação de Brittany e Santana na tarde do próximo dia, mas estava cansada e irritada demais com Rachel para sentir-se feliz.

— Beth veio dizer tchau; ela vai dormir com Puck e Santana hoje — Harmony falou. Sugar acenou com a cabeça que entendera, um tanto sonolenta. Os seus olhos mal se aguentavam abertos. Aquele foi o único momento em que não quis dividir a cama enorme com a namorada.

Beth acenou com a mãozinha para ela, que tentou acenar de volta, mas acabou apenas levantando o braço e o deixando cair na cama. Ela podia sentir o olhar de reprovação de Harmony.

— Sugar, Sugar, Sugar! — cantarolou Beth.

— Como é que você não está cansada? — indagou Sugar curiosa quando Harmony lhe ofereceu a criança gritando seu nome e ela aceitou, fazendo caretas e tentando afastar as mãos de Beth de seu pescoço.

Harmony fez uma expressão descrente.

— Nós estamos rodeados de mortos-vivos e temos um casamento pronto para amanhã à tarde. — Ela deu de ombros. — Não há gente que tenha mais sorte que nós agora.

Sugar concordou com a cabeça, ao mesmo tempo em que sacudia Beth em seu colo. A garotinha parecia mais cansada que ela, e Sugar na verdade não poderia culpá-la: ser levada de um colo para outro, e sendo cuidada por uma pessoa diferente a cada dia deveria se estressante.

— Nossas malas já estão prontas? — Sugar perguntou, olhando a namorada despir a blusa que usava e ficar apenas de sutiã. Por alguma razão, seu instinto foi tampar os olhos de Beth.

— É, estão. — Mesmo de costas, Sugar sabia que Harmony tinha revirado os olhos.

Beth tentou arrancar a mão que tampava seus olhos arranhando Sugar. Ela amaldiçoou em voz alta, agora sem saber se era por causa dos arranhões ou da visão das coxas despidas de Harmony.

— Foi mal, meu amor — Sugar se desculpou para Beth. Harmony deu uma risada. — Ah, qual é. Ela é importante pra mim, eu devo pedir desculpas.

Harmony virou-se para Sugar, ainda rindo.

— Você deveria pedir desculpas pelo tanto de vezes que xingou a sua namorada — ela disse seriamente, com um quê irônico por trás. — Isso é o que vale.

Sugar preferiu não responder. Seu sono e seu cansaço não eram mais tão importantes assim. Ela não se afastou quando Harmony tirou Beth de seus braços e lhe deu um beijo na testa, dizendo que iria levá-la a Puck. Sugar esperou pacientemente enquanto se trocava.

— Você acha mesmo? — perguntou Sugar após Harmony voltar e já estarem no escuro e deitadas. Sua mão apertava a dela com firmeza.

— Acho o quê? — retrucou Harmony suavemente.

— Que eu deveria me desculpar?

Harmony soltou uma risada escandalosa. Sugar socou seu ombro. Aquilo era sério. Ela geralmente demonstrava seu amor amaldiçoando a pessoa que gostava, batendo nela e a xingando de todas as formas. Mas se Harmony não gostava daquilo, Sugar estava disposta a — tentar — parar.

— Não, idiota — respondeu a outra, ainda rindo. — Também faço, se esqueceu? Já me acostumei. Eu me preocuparia, no entanto, se você fosse mais carinhosa comigo.

Grande resposta, Harmony, pensou Sugar rolando os olhos. Agora ela a estava lhe fazendo sentir-se mal por duas coisas. Relacionamentos eram confusos, ela decidiu.

— Pode parecer loucura, mas eu vou sentir falta daqui. — Sugar decidiu mudar o rumo da conversa antes que as duas brigassem e uma terminasse tudo.

Ela sentiu Harmony mudar de posição no colchão. Provavelmente a estaria encarando fixamente com um olhar descrente. Porém, era até verdade o que dissera. Sugar sentiria falta de Horn Springs. Tudo bem, eles haviam perdido Mercedes e Rory (às vezes, Sugar pegava Harmony chorando durante a noite e murmurando o nome do garoto e pedindo desculpas, e ela de vez em quando chorava junto), mas aquela mansão tinha sido o primeiro refúgio deles. Era a sua antiga casa.

Harmony não a julgou por muito tempo, porém. Suspirou e voltou à sua posição inicial, apertando a mão de Sugar com força.

— Eu também vou sentir falta de tudo — ela sussurrou. — Queria que todo mundo estivesse aqui.

E ela não conseguia nem metade da galera, Sugar pensou. Seus dias em Lima eram com uma Rachel em coma e uma Santana durona, e um Finn vivo e lutador. Página virada, ela pensou. Não podia acreditar que o tempo em Horn Springs não fora nada além de dois meses. Tudo passava muito rápido, tudo acontecia muito rápido, ali.

— Uma nova aventura, eu acho — disse Sugar pensativa. — Uma nova forma de recomeçar.

Harmony riu e deu o costumeiro beijo na testa de Sugar, virando-se para o seu lado da cama. Sugar se aconchegou nela e sorriu.

Era, sim, um novo começo.


26 de Abril de 2012

Dispensa Número Um, Condomínio, TN

04:42 PM

— Você está surtando — observou Sam convicto.

— Não estou — contrapôs Brittany, embora soubesse que o garoto estava correto.

Suas mãos tremiam e suavam horrivelmente. Ela passou as mãos no vestido para tentar limpá-las e acabou com uma pequena mancha de suor nas vestes. Sam a fitava com um olhar divertido.

Ela iria se casar, tinha todo o direito de ficar nervosa ou surtar. E, se Sam estivesse se casando, Brittany tinha certeza que o garoto ficaria muito pior que ela. Não que Brittany não quisesse se casar — toda ideia fora dela, afinal de contas —, mas agora que estava a cinco minutos de entrar na garagem, tudo parecia muito mais apavorante. Ter uma ideia era uma coisa; completá-la era algo completamente diferente.

— Você está linda — Sam disse, sorrindo orgulhosamente.

Bem, Brittany deveria estar. Depois de um longo mês organizando e tendo que suportar a Rachel do primeiro ano de volta, todos deveriam estar lindos — especialmente ela e Santana.

Mais tarde, Brittany fora notar no quão irreal aquela situação era. Duas adolescentes de dezoito anos se casando, no meio do Texas numa mansão abandonada. O mundo ao redor deles já era há muito tempo. O que sobrara era no que Brittany se agarrava para manter a sanidade. E o que restara para ela era aquele grupo, seus melhores amigos.

— EI! — Rachel apareceu à porta, vestindo algo rosa que Brittany escolhera. Como nas últimas semanas, sua expressão era mandona. — Estamos esperando! Vamos!

Sam revirou os olhos, entrelaçando seu braço com o de Brittany. Rachel voltou à garagem, onde Brittany podia ouvi-la xingando Quinn e, possivelmente, Beth. Ela olhou incrédula para Sam, que sorriu.

— Hora do show, meu amor. — O garoto beijou sua testa.

Brittany, em qualquer outra ocasião, bateria nele por ter chamado seu casamento de “show”, porém ela estava nervosa demais para pensar nisso. Então, apenas deu de ombros, tentando controlar seus instintos, e acompanhou Sam para a garagem.


26 de Abril de 2012

Dispensa Número Dois, Condomínio, TN

04:46 PM

— As suas queimaduras não ardem mais? — perguntou Puck curioso, tocando nas costas de Santana, descobertas por causa do vestido.

— É sério que você tá se preocupando com isso agora? — Santana devolveu a pergunta, irritada. Ela ia se casar, caramba. Cinco minutos. Era o que Rachel tinha gritado, não? É, cinco minutos. Pra quê olhar as queimaduras naquele momento? Coisas mais importantes estavam para acontecer.

— Santana, eu estou careca — Puck disse, apontando para a sua cabeça.

Santana não achava problema nisso: já tinha visto ele sem cabelo antes, inclusive achava que Puck ficava mais bonito daquela forma. Ela se acostumara com sua cabeça e tronco enfaixados — embora sentisse falta de puxar o moicano do garoto para trás apenas para implicá-lo.

— Eu não vejo minha noiva há dois dias por causa daquela Berry irritante — ela disse, ajeitando a barra do vestido, ao mesmo tempo em que escutava o violão de Sam começou a tocar. — Quinn vai me pagar, tenha certeza disso.

— Acho que é a nossa deixa — Puck murmurou no ouvido dela, entrelaçando seus braços à força. — Agora, pare de reclamar; vamos ver como sua futura mulher está.

A respiração dela parou. Cinco minutos não podiam ter passado tão rápido, era impossível. Ela deveria ter mais tempo para se preparar — o que ela tinha feito até agora era reclamar de Puck e de Rachel. Ela precisava de um tempo, a realidade ainda não chegara à sua mente.

— San? — Ela ouviu Puck chamar de longe. O garoto estalava os dedos na sua frente, tentando chamar sua atenção. — Sant? Santana?

— Eu vou me casar — Santana sussurrou, em choque. — Eu vou. Me. Casar.

— Com o amor da sua vida — completou Puck, o que fez Santana soltar um gemido apavorado. — Vamos ou senão Rachel vai te matar.

Santana aceitou ser puxada por Puck. Não conseguiria se mexer, de qualquer maneira. Engoliu em seco, tremendo dos pés à cabeça. Ela entrou na garagem, incerta se seu coração aguentaria aquilo tudo.


26 de Abril de 2012

Garagem, Condomínio, TN

05:00 PM

Quinn tinha que admitir que Rachel fizera um bom trabalho. A garagem estava ajeitada, limpa e lotada de acessórios e flores que não tinha ideia de onde a namorada tirara. Quinn começara a suspeitar de que Rachel andava pelo condomínio escondida, e agora tinha certeza. Nem Brittany nem ela a viram carregar cadeiras brancas ou arranjos elaborados. Ela olhou para Sam, ao lado de Brittany, enquanto acompanhava Santana, em choque, entrar na garagem, e o garoto corou, confirmando tudo.

Harmony tocava desajeitadamente no violão de Sam uma melodia que supostamente deveria ser a marcha que as igrejas usavam quando a noiva entrava. Quinn sorriu ao ver Santana no vestido branco, mas a garota só tinha olhos para Brittany, parada ao lado entre ela e Sam. Ela não poderia culpá-la. Se fosse ela e Rachel se casando, tinha certeza de que teria a mesma reação.

Rachel pigarreou audivelmente quando Santana alcançou o altar, improvisado com algumas caixas, para que Quinn começasse a falar. A garota olhou feio para a namorada e se pôs a abrir a bíblia (que Rachel encontrara na revista da mansão de um cara muito religioso).

Quinn não fazia ideia do que dizer em um casamento. Ela já tinha ido ao da irmã, mas isso fora a muito tempo, antes mesmo de entrar na McKinley. Perguntou-se se Frannie e o marido tinham se salvado aonde viviam. Provavelmente não, assim como seus pais.

Porém, isso não deixou Quinn infeliz. A sua família eram aquelas pessoas — especialmente a baixinha irritante metida à organizadora de casamentos, sentada no banco da frente segurando Beth. As duas eram os seres mais importantes na sua vida naquele momento, sempre tinha sido, na verdade.

Ela continuou a falar sobre matrimônio, Deus e outras coisas que estavam no resumo que montara, mas logo percebeu que não iria fazer nenhuma diferença. Rachel era a única que olhava para ela com algum interesse. Brittany e Santana estavam trancadas em sua bolha amorosa novamente, como se as últimas horas não tivessem acontecido.

— Santana Maribel Lopez — Quinn chamou com um pigarro após sua preleção —, você aceita Brittany Susan Pierce como sua...

— Aceito — respondeu Santana sem esperar a amiga terminar.

Quinn revirou os olhos; um fungado ao seu lado indicou que Puck começara a chorar. Santana não tinha sequer a decência de encarar a amiga, apenas mantinha seus olhos em Brittany.

— Brittany Susan Pierce, você aceita Santana Maribel Lopez como sua legítima esposa, na saúde e na doença, na riqueza e na pobreza, até que a morte as separe? — Quinn comemorou internamente por ter sido permitida a sua fala completa.

— Eu aceito — respondeu Brittany algum tempo depois, distraída demais com os olhos de Santana.

Quinn bufou, irritada. Ela olhou para a pequena plateia e viu que Sugar, Harmony e — ela franziu a testa para isso — Hanna choravam. Rachel permanecia com os lábios franzidos e os olhos vermelhos; Beth murmurava algumas palavras sem sentido. Sam continuava calmo.

— Então, pelo poder dado pela senhorita Rachel Berry, eu declaro que vocês, a partir de agora, são mulher e, hm, mulher — ela terminou feliz, e fechou a bíblia. — Santana, você pode beijar a...

Mas Santana não ouviu a frase completa de Quinn e se jogou nos braços de Brittany, sua mulher, beijando-a apaixonadamente. Quinn as olhou; mais orgulhosa do que já tinha se sentido na vida. Ela casara as suas melhores amigas. Ela deu tapinhas nas costas de Santana, ainda bem grudada à Brittany, e desceu do altar improvisado e foi de encontro a Rachel e Beth.

Quinn as abraçou forte, observando por cima do ombro de Rachel sua nova família. Santana e Brittany tinham casado — e ela as casara. O quão louco poderia ser aquilo?

O louco suficiente para acontecer no meio do fim do mundo, uma voz respondeu na sua cabeça.


27 de Abril de 2012

Corredor do Segundo Andar, Condomínio, TN

02:17 AM

— Eu... amo... você... — Santana murmurou enquanto distribuía beijos no pescoço de Brittany, visivelmente alterada. O champanhe que Rachel conseguira era forte, muito forte. Santana mal conseguia manter-se em pé. — Sabia?

Hanna concordara que Santana poderia tomar um pouco durante a celebração do casamento, mas ela ultrapassara os limites. Bem, era o que Brittany e Quinn tinham dito, mas não achava que metade de uma garrafa era muita coisa. Quer dizer, Puck tomava muito mais que aquilo todos os dias.

— Sim, eu sei disso — respondeu Brittany, tentando se equilibrar com o peso de Santana sobre seu corpo. A garota insistia em beijá-la no pescoço e subia para dar-lhe um selinho quando se cansava.

Elas subiam as escadas em direção ao quarto. Quinn e Rachel já tinham se mandado, horas antes da comemoração terminar, e Brittany tinha uma ideia do que elas estavam fazendo. No final, sobrou somente ela, Santana e Hanna na sala de estar, conversando sobre o período do colegial e Harvard. Nem Sam, que Brittany vira Hanna beijando duas ou três vezes durante a noite, aturara o falatório delas.

Eram quase três horas da manhã e o corredor do segundo andar estava tão escuro que Brittany não conseguia enxergar um palmo à sua frente. A única coisa que tinha certeza ali era da sua mulher beijando e mordendo seu pescoço deliberadamente, tirando sua atenção de achar o quarto correto.

— Santana! — exclamou Brittany sentindo o rosto ficar quente ao que a outra garota fez um som ao chupar seu pescoço, audível até para walkers a três quadras de distância. Ela tateou pelas paredes e acabou por finalmente encontrar seu quarto. — Vamos entrando. Anda.

Santana não se importava se entrasse no quarto e Rachel e Quinn estivessem transando ou se ele estivesse cheio de walkers. Ela queria a namorada — agora mulher — inteira para si. Hanna tinha alertado que as duas não poderiam fazer relações até que a dor das queimaduras de Santana melhorasse completamente, porém, isso era a última coisa que a garota tinha em mente.

Ela nem sentia seu corpo mais. Ou seus sentidos. Ou até mesmo as dores. Brittany controlava tudo isso para Santana. As duas estavam oficialmente na lua de mel, o melhor jeito de aproveitá-la era fazendo o que todos os casais faziam na lua de mel: sexo. Muito, em sua opinião, para compensar os dias anteriores.

— Britt, não. Britt! — sussurrou Santana, tentando ser sensual e falhando miseravelmente. Ela puxava Brittany para a cama enquanto a outra tentava se soltar para poder trocar de roupa. — Vamos fazer...

— Santana, nós estamos de vestido — Brittany retrucou séria, se desgrudando da mulher.

Santana caiu na cama, bufando.

— Mas eu quero... — ela começou, mas Brittany completou:

— Ganhar da Quinn por que nós não transamos há três semanas, eu sei. — Ela riu. Santana, através da fraca luz vinda da lua, observou a garota tirar seu vestido e colocar uma camiseta larga com um olhar de desejo. — Mas você não pode.

— Eu nem entendo por que eu não posso — Santana confessou; a voz saindo rouca e enrolada. — Hanna está do lado de Quinn nessa, eu tenho certeza.

Brittany revirou os olhos, ajeitando a camiseta e pegando uma da mala para Santana. Ela sentou na cama e observou a garota que tanto amava bocejar e rolar para o outro lado, com sono. Como alguém podia ir de completamente excitada para sonolenta em questão de segundos?

— Sant — ela chamou de mansinho, puxando levemente o ombro da garota. Santana murmurou algo inteligível e continuou virada para o outro lado. — Qual é Santana, uma camiseta, é pedir muito?

— É — Santana respondeu arrastado, tateando a cama em busca da mão de Brittany. — Vamos, Britt, por favor...

Santana poderia não acreditar, mas Brittany queria aquilo tanto quanto ela. Brittany também sentia falta de apertar Santana contra seu corpo e, bem, ser íntima dela. Maldita Hanna e suas recomendações.

— Não — Brittany respondeu com uma careta. Ela realmente não queria fazer aquilo: negar o pedido de Santana. Ela nunca fizera aquilo, para falar a verdade. Era meio deprimente. — Santana, nós precisamos acordar cedo amanhã, vamos viajar, esqueceu?

Brittany sentiu o corpo de Santana perto novamente, tão próximo que o hálito terrível de bebida que ela exalava preenchia sua respiração completamente. Ela tentou se soltar, mas Santana prendia firmemente as mãos em sua cintura, deitando a cabeça na curva de seu pescoço.

— Nós vamos viajar... — cantarolou ela manhosamente, passando os dedos levemente pelo pescoço de Brittany, causando nela calafrios.

— E?

— Lua de mel — sussurrou Santana no ouvido dela, abrindo um sorriso malicioso. — Toda lua de mel precisa de uma viagem. Por isso a gente não vai fazer nada aqui. Nós vamos esperar até chegar ao local de Hanna.

Para uma pessoa que não estava conseguindo distinguir com que Brittany estava falando, Santana tinha que admitir que esse talvez fosse um bom plano. O resto de suas queimaduras não melhoraria de um dia para o outro, mas sempre havia uma pequena chance. Santana poderia esperar uma noite — para quem sofrera três semanas de pura dor, mais uma noite não seria nada.

— Então...? — ela perguntou sussurrando da maneira mais sexy que conseguia estando bêbada, beijando os lábios de Brittany de forma suave. — O que você acha?

Levou um tempo para Brittany responder, porque estava ocupada demais com os lábios doces e com gosto de uísque de Santana, mas ela balançou a cabeça levemente, esquecendo-se da camiseta que segurava para Santana e se inclinando para a cama por cima da garota.

Ela se esqueceu de tudo no momento: das queimaduras dela, das dores que Santana sentia, do fato de ela estar bêbada e fora de si. Tudo o que Brittany queria era Santana — só para ela e unicamente para ela. Foi difícil ter controle sobre o seu corpo enquanto Santana soltava seus gemidos ou puxava seus cabelos loiros com força, pedindo por mais.

Brittany realmente sentia falta dos beijos violentos de Santana (e, caramba, como aquela menina conseguia beijar); por isso, após longos e prazerosos minutos, foi que ela conseguiu finalmente se soltar do corpo da mulher para poder respirar.

— Santana! — exclamou Brittany, ainda ofegante, ao sentir a mão da garota passar por entre as suas pernas. Um pouco hesitante, tirou-a de lá e a colocou na sua cintura. Elas ficaram abraçadas por um tempo.

— Amanhã... — Brittany escutou Santana falar, aconchegando a cabeça em seu tronco, apertando Brittany contra si. — Amanhã...

Brittany não lembrava mais da camiseta, ou que teria de trocar a roupa de Santana para que ela fosse dormir. Somente acariciou o braço da mulher e sentiu seus músculos relaxarem à medida que se entregava ao sono.


27 de Abril de 2012

Sala de Jantar, Condomínio, TN

07:44 AM

Rachel parecia ser a única com o semblante animado à mesa do café da manhã no dia seguinte. Santana e Hanna estavam com olheiras e Puck bocejava o tempo inteiro. Sugar e Quinn comiam em silêncio, enquanto Harmony e Sam conversavam animadamente. Brittany assentia ao que Rachel falava, mas também não parecia estar prestando muita atenção. Somente dava comida à Beth, às vezes lançando olhares risonhos à sua mulher.

Ela tinha que admitir que a festa — se é que eles podiam chamá-la assim — que tinham feito em celebração ao casamento de Santana e Brittany fora um pouco longe demais. Rachel não ficara muito tempo — Quinn parecia louca para ter uma lua de mel de um dito casamento que não iria acontecer em um bom tempo —, mas pôde ouvir os sussurros de Brittany e Santana durante a madrugada e os outros subindo, mais discretamente, um pouco mais tarde.

Mas, por alguma razão, mesmo com o relativo silêncio que a mesa estava, eles pareciam mais felizes e satisfeitos. Eles não tinham gastado muito com comida na noite anterior, ao invés disso se aproveitaram das bebidas do bar que Puck encontrara no terceiro andar. Havia sido uma noite calma, nenhum walker tinha achado o caminho para a mansão, e, se Rachel forçasse a mente mais um pouco, poderia pensar que estava de volta aos bons tempos.

Infelizmente, não estavam e tinham que estar de malas prontas e viajar para Germantown em menos de meia hora. Rachel organizara as suas malas, e as de Quinn, praticamente uma semana antes, então não teria problema com isso. Algo que os seus pais sempre disseram: jamais deixe para aprontar a viagem ou a mala de última hora. Esteja sempre pronta.

— Muito bem — Hanna disse e pigarreou, chamando a atenção de todos. — Creio que vocês estão com tudo pronto. Encontramos-nos aqui em meia hora.

Ela abriu um sorriso, mal contendo a emoção. Rachel sorriu com a garota; ela também queria ir embora de Horn Springs logo. Não que os locais ali fossem ruins, mas estava carregado de lembranças ruins. Era hora de um recomeço.

Hanna se levantou. Quinn engoliu o último pedaço de sua batata e acenou para Sam, que observava a outra garota sair da sala de forma apaixonada.

— Aonde você vai? — indagou Rachel protetoramente quando sua namorada fez menção de levantar.

— Precisamos pegar o Impala do Puck — ela respondeu, franzindo o cenho. Rachel não costumava se preocupar muito com Quinn indo ali para buscar mantimentos e outras coisas, mas o carro estava na antiga mansão. Sair dali sem um modo de fuga rápido exalava problemas. — E não me olhe assim. Nem todos cabem no Cadillac.

Rachel estava prestes a dizer que não estava julgando Quinn com o olhar, mas desistiu — por que realmente estava. Os olhos de Sam e de Puck acompanhavam a pequena discussão, sérios, enquanto as garotas arranjavam um jeito de sair rápido da sala.

— Você pode ir, hm, Rachel — Sam disse, desviando o olhar dela. O garoto corou fortemente. — Puck e eu temos que colocar as coisas no Cadillac mesmo...

Sam e Puck saíram da sala de jantar imediatamente, sussurrando entre si. Quinn lançou um olhar divertido à namorada, empurrando a garota para fora da sala em direção à garagem, quando começou a rir.

— O que foi? — Rachel perguntou indignada, checando o número de balas em seu revólver. — Só por que eu sou um pouco pro-

— Um pouco? — Quinn riu ainda mais. A expressão de Rachel foi de puro desgosto. — Rachel, eu namorei aqueles dois garotos lá dentro e nenhum dos dois conseguiu passar tanto medo em outros meninos quanto você acabou de passar neles!

— Calúnia — murmurou Rachel pelo canto da boca, mirando em um walker se arrastando pela rua da mansão. A adaga que Quinn dera estava bem guardada na sua perna, mas fazia um tempo desde que ela não atirava em um errante. Iria ser divertido voltar a fazer isso.

Quinn entrou na sua frente segundos antes de atirar. Ela a olhou, emburrada, abaixando a arma. Quinn pegou seu facão enorme e andou calmamente até o morto-vivo, que estava de costas, e arrancou a cabeça antes que Rachel pudesse protestar.

— Você nunca vai me deixar te salvar, não é? — Rachel indagou ao chegar perto de Quinn e, mesmo contra sua vontade, passar o braço pela cintura da namorada, depositando um beijo em sua bochecha.

Mais uma vez, Quinn soltou uma risada rouca. Rachel preocupou, por que talvez tivesse virado uma maldita comediante e não descobrira. Desde quando tudo o que falava era motivo de risada para Quinn? Ela estava séria na maioria das vezes.

— Rachel — Quinn pegou o queixo dela e a fez encará-la —, você não entende? Você já me salvou.

A melhor coisa sobre namorar Quinn Fabray: ela sempre sabia o que dizer no momento certo.


27 de Abril de 2012

Garagem, Condomínio, TN

08:31 AM

— Todos prontos? — perguntou Hanna pela terceira vez.

— Estamos. — Puck buzinou de dentro de seu amado Impala. Ele sabia que não deveria fazer barulho, mas estava feliz por ter o carro de volta. Era a última lembrança que tinha de Shelby.

— Puck, não faça isso! — repreendeu Quinn, sob o olhar vigilante de Rachel. Porém, sua expressão era risonha demais para Puck levar a sério.

Quinn também acelerava o Cadillac no mesmo lugar, ansiosa por poder ter permissão de Hanna para avançar. Os dedos de Puck tremiam ligeiramente; ele mal continha o sorriso. A calmaria iria continuar, eles iriam viajar para um local — pelo menos todos esperavam — seguro.

Hanna estava no banco de trás do Impala, entre Sugar e Harmony, que andavam meio “sexualmente ativas” desde a noite anterior. Puck as pegara no sofá da sala de visitas e agora, toda vez que seu olhar voltava a elas, as duas coravam fortemente. Sam estava no banco do passageiro, dando espaço para que ele conversasse com Quinn, que dirigia o carro.

Ao lado dela estava Rachel e toda sua animação que irritava Puck e, ele sabia, o grupo todo. Santana e Brittany estavam no banco de trás, separadas por uma cadeirinha improvisada para Beth.

— Não esqueceram nada? — perguntou Hanna de novo, o caderno do tal médico-professor dela firmemente preso em seus braços.

— Não, Han — respondeu Santana impaciente no outro carro. Ele poderia jurar que a garota revirara os olhos. Puck estava feliz por ela ter voltado ao normal — e isso significava ser uma completa vadia — depois que Hanna diminuíra a dosagem de seus remédios.

Puck tinha terminado os seus dois dias antes. Ele sentia-se novo, mais forte também. No dia anterior, ao invés de ajudar Rachel e a louca organização dela para o casamento, Puck passara a tarde escondido em uma das mansões mais perto praticando seus golpes e miras com a sua arma. Seus braços e tronco funcionavam normalmente; a cabeça ainda girava quando fazia movimentos muito bruscos, no entanto. Não podia ficar muito tempo no sol, mas era por isso que estava usando um boné roubado.

— Estamos prontos — disse Quinn. Ela acelerou mais o Cadillac; Puck fez o mesmo. — Lembrem-se: paramos em duas horas para comer. Brittany tem o GPS, então nós seguimos na frente. O radiocomunicador está ligado para alguma emergência.

Quinn lançou um olhar a Puck, balançando a cabeça, um sorriso espalhou pelo seu rosto. Do banco de trás, Beth acenou animadamente para Sugar. Todos estavam animados. Ele sabia que Quinn cuidaria das garotas no Cadillac. Eles estavam de volta à estrada.

— Puckerman — Sam disse, arqueando a sobrancelha na direção dele enquanto Quinn acelerava, agora pra valer, e avançava pela rua do condomínio. — Pé na estrada.



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Notas finais do capítulo

Então, o que vocês acharam? Eu não sei, acho que encurtei o casamento Brittana um pouco - e eu adoraria ter feito uma cena mais quente entre elas, mas todo mundo sabe que isso não é o meu forte. Mas a relação entre Sam e a Hanna melhorou bastante, não acham? KKK
Então, acho que por hoje é isso, espero que vocês tenham gostado e, bem, mandem seu reviews com sugestões, elogiando ou xingando a fic, por que, ora bolas, estamos chegando na fase final dela (eu sei, também estou triste com isso).
Beijos para todos e até o próximo capítulo :D