Running Away From Hell escrita por GabanaF


Capítulo 20
Cap. XX — Plantation Boulevard


Notas iniciais do capítulo

Oi gente, como vocês estão? Espero que bem. Bom, dia 2 é o aniversário da fic ~5 meses, yay~ e eu trabalhei a semana toda para que eu pudesse fazer um esforço e postar aqui no dia certo - e ainda é o dia certo para mim k Mas enfim, eu queria agradecer a todo mundo que lê e acompanha a fic, pelos reviews e tudo mais. Muito obrigada mesmo por fazer todos esses cinco meses de escrita e dedicação terem valido a pena.
Uma utilidade pública antes de deixar vocês lerem o capítulo de hoje: não, este capítulo não tem o mesmo nome do anterior, é que a autora idiota aqui esqueceu que o anterior deveria se chamar Catching Fire (em homenagem à saga The Hunger Games) e o nomeou com o nome deste capítulo.
Erros corrigidos a parte, espero que vocês curtam o tanto de Faberry que está neste capítulo e também um pouquinho de drama também :)



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06 de Abril de 2012

Quarto de Santana, Condomínio, TN

04:53 PM

— Como ela está? — perguntou Quinn ansiosa, parando de andar em círculos no corredor e se postando na frente de Hanna, que acabara de sair do quarto de Santana.

— Bem, está tudo bem — Hanna respondeu, colocando a mão nos ombros de Quinn para que ela parasse de dar pulinhos nervosos. — Os primeiros-socorros de Harmony a salvaram, porém, ainda vai demorar muito até que seu braço volte a responder seus comandos.

Quinn suspirou aliviada, espiando por cima do ombro de Hanna o quarto de Santana. Ela estava deitada enquanto Brittany a rodeava, lhe distribuindo beijinhos. Quando viu Quinn, Santana tentou acenar com o braço enegrecido, fazendo uma careta de dor após.

— Ela está animada em relação ao abrigo — Hanna sussurrou a Quinn. — Mas não podemos viajar até que ela e Puck estejam bem.

Quinn engoliu em seco.

— Quanto tempo? — perguntou.

— Três ou quatro semanas.

Elas trocaram olhares preocupados, sabendo exatamente o que aquilo significava: quase um mês no condomínio, um mês alimentando as lembranças terríveis que acontecera em Horn Springs, um mês mais distante de um lugar possivelmente seguro. Germantown estaria ainda de pé depois daquele tempo todo? Era muita coisa para arriscar. Quinn sabia que não tinham muito tempo, mas sair dali com Santana e Puck ainda gravemente feridos era perigoso.

— Eu vou ter que contar a ela, certo? — indagou Quinn ao ver o semblante estranhamente calmo de Hanna.

— Não consegui falar nada — Hanna desabafou. — Ela estava tão feliz... Pensei em deixar para alguém que a conhecia há mais tempo.

Hanna deu um sorriso sem graça. Quinn revirou os olhos, porém concordou com a cabeça, cansada. A garota deu-lhe um rápido beijo na bochecha e saiu. Ela respirou fundo, abriu a porta do quarto e entrou.

— Como é que vai, sua vadia — cumprimentou Santana com um sorriso fraco. Quinn forçou uma risada. — Aposto que você está melhor do que eu.

— Não acho — Quinn retrucou, séria, sentando-se na beirada da cama, perto de Brittany. — É a primeira vez que eu te vejo na cama sem estar em cima da sua namorada, sabia?

— É, isso talvez demore um tempo para acontecer novamente. — Brittany apontou para a mão de Santana e as três riram.

— Sabe no que eu estava pensando? — Santana disse enquanto se abaixava para pegar algo que Quinn não soube dizer o que era. Elas franziram a testa para a garota, que impediu Brittany de ir ajudá-la a pegar o que queria. — Que a gente poderia adiantar o nosso...

Santana surgiu de novo em cima da cama com um anel em sua mão boa, sorrindo para Brittany, os olhos marejados. Quinn arregalou os olhos para a amiga. Santana respondeu com um olhar esnobe, como se dissesse “achou que fosse a única a ter um anel?”

—... casamento — ela completou, tentando colocar o anel no dedo de Brittany, falhando miseravelmente. A namorada o pegou e o colocou por conta própria, admirando a joia com um sorriso bobo. Quinn pulou na cama para se aproximar dela e observar o anel.

Quinn não sabia por que Santana havia esperado ela entrar para que pudesse anunciar que arranjara um anel para Brittany, mas sentiu extremamente grata. Ela era a única na casa que estava apreciando um dos momentos mais belos durante aquele inferno que passavam.

— E eu consegui outro também! — exclamou Santana animada. Ela tirou um anel, mais grosso, de debaixo do colchão e o mostrou para Quinn.

— Como você conseguiu...? — Quinn indagou curiosamente, e um tanto indignada. É claro, ela estava feliz pelas amigas, ainda mais pela perseverança de Santana, mas também chateada; afinal, apenas Rachel usava um anel na relação delas.

— Enfrentei uma manada de dois mil walkers, Quinn — Santana respondeu, encarando-a com um misto de desaprovação e divertimento. Quinn franziu a testa, se perguntando o que estaria para acontecer em breve. — E é claro que eu tinha que obrigar o Puck a procurar um para você também.

estava a razão para Santana tê-la esperado entrar, pensou ela, admirada com Santana que enfiava o braço pela terceira vez embaixo do colchão para pegar o anel de Quinn. Ela sorriu para a garota, colocando o anel em seu dedo. Brittany logo pegou sua mão para comparar os dois anéis.

— O meu é maior que o seu — ela esnobou, feliz.

O anel de Brittany era coberto de brilhantes e parecia pesar uma tonelada; o de Quinn, por outro lado, era simples, de um dourado muito brilhante, e que perfeitamente combinava com o de Rachel. Ela sabia o duro que Santana tinha dado para arranjar aquilo para ela, ainda mais com um braço em chamas e fugindo dos walkers. Parecia muito irreal, mas Quinn ficaria para sempre grata.

— Eu sei que nós vamos ficar aqui por mais algum tempo — disse Santana assim que Brittany saiu para mostrar aos outros sua aliança. — Sei que é por minha causa. Mas podemos ter um bom momento, não é? Antes de irmos embora.

Quinn assentiu; Santana observava a aliança com uma expressão triste, às vezes voltando o olhar para sua mão esquerda. O mindinho e o anelar tinham se perdido no incêndio, então não haveria nenhum dedo para que Santana pudesse colocar o anel depois de casada. Ela pareceu perceber isso e sorriu tristemente.

— Acho que esse vai ser um casamento casto no fim das contas — comentou, levantando os olhos risonhos para Quinn.

— Você é uma babaca, Lopez. — Quinn cutucou o braço bom dela, rindo.

— Cuidado, Fabray, está falando com uma aleijada aqui.

Quinn teve de fazer todo o esforço do mundo para não abraçá-la. Hanna dissera que o mínimo de toque deveria ser feito entre Santana e os outros — à exceção de Brittany, é claro. Por isso, se contentou em só pegar a mão de Santana sobre o lençol e apertá-la de leve.

— Brittany e eu falamos sobre isso há um bom tempo — Santana começou contidamente —, e eu acho que ninguém mais se aplicaria. Ela disse que, bem, você poderia ministrar a cerimônia.

Santana não olhava Quinn diretamente. Sua face estava vermelha, e Quinn sinceramente pensou que ela iria explodir. Estava lisonjeada, e um sorriso idiota brincou em seus lábios. Desde pequena queria que as suas duas melhores amigas se casassem — e ser a pessoa a estar lá no altar com elas era uma das melhores recompensas que já ganhara em toda a vida.

— Seria uma honra — ela murmurou.

O sorriso de Santana podia ter iluminado Nashville inteira.

Brittany voltou ao quarto naquele momento, mandando Santana ir ao banheiro para que pudesse lhe dar banho. Quinn pigarreou, ainda muito fragilizada pela notícia e alisou a camisa xadrez rasgada.

— Eu já vou indo. — A garota apontou para a porta, escutando os xingamentos de Santana na banheira. Brittany voltou ao quarto e sorriu a Quinn.

— Nós vamos nos casar — ela sussurrou, puxando a garota para um abraço de quebrar os ossos. — E você vai nos casar.

— Unholy Trinity junto até o fim — replicou Quinn, sorrindo. Ela afagou os cabelos loiros de Brittany e a soltou quando Santana gritou que seu braço estava doendo. — Você tem um casamento para planejar, Britt!

— Tenho mesmo! — Brittany beijou as bochechas de Quinn com um estalo e saiu aos pulos para o banheiro, cantarolando alegremente.


06 de Abril de 2012

Corredor do Segundo Andar, Condomínio, TN

05:34 PM

— Ei, amor. — Rachel ouviu o murmúrio vindo calmamente do quarto de Santana e se virou. Quinn estava parada no batente da porta, sexy como sempre com seu cabelo rosa e a camisa xadrez que Hanna rasgara as mangas, há muito tempo atrás.

Um sorriso bobo tomou conta do rosto de Rachel. Quinn não fazia ideia do quão feliz ela estava por eles terem voltado são e salvos. A noite anterior das duas tinha sido incrível — grande parte dela havia incluído o melhor sexo que Rachel já experimentara —, mas também tiraram um tempo para conversar sobre suas aventuras nos últimos dias.

Quinn contara sobre o sonho que tivera com uma Rachel zumbi, e realmente levou um tempo para que ela parasse de chorar e se sacudir. Rachel, depois de ter certeza de que a namorada estava calma, contou-lhe como tinha salvado os meninos mais detalhadamente. Elas ficaram por horas na cama preguiçosamente, sem medo de serem chamadas por Hanna ou Sam para executar alguma tarefa.

— Oi... — Rachel cumprimentou, puxando Quinn para mais perto. Suas testas se tocavam gentilmente; a temperatura pareceu aumentar uns bons dez graus. — Como Santana está?

— Noiva — respondeu Quinn, séria. Rachel franziu a testa. — Ela e Brittany vão se casar antes da gente viajar para Germantown.

Rachel riu. Desde a primeira vez em que vira Brittany e Santana, ela esperava um convite para o casamento delas. Não exatamente nas circunstâncias em que se encontravam, mas poderia ser a distração que precisavam para afastar todas aquelas tragédias.

— Brittany me chamou para ministrar a cerimônia — continuou Quinn, ainda com a testa grudada em Rachel, respirando seu hálito. O abraço no meio do corredor, com os ruídos de conversa vindo do quarto de Santana era estranho, mas Rachel sentira falta demais do aperto de Quinn em sua cintura para reclamar de alguma coisa.

— E...?

— Temos um casamento para planejar, amor.

Rachel suspeitou que jamais fosse se cansar de ouvir Quinn lhe chamando de “amor”. Ela deu um selinho em Quinn, rindo. Encostou a cabeça no ombro da namorada e começou a desenhar círculos na pele descoberta do pescoço de Quinn distraidamente. Estar ali com ela era ótimo.

— Acho que Brittany prefira dizer isso pessoalmente, mas tenho certa ideia de quem será a madrinha — Quinn sussurrou na orelha de Rachel, causando uma onda de arrepios em seu corpo todo.

Rachel abriu um sorriso enorme. Depois de anos de bullying, ser convidada para ser madrinha do casamento de Santana Lopez era um avanço e tanto.

Ela levantou a cabeça para dar um beijo em Quinn, arranhando lentamente sua nuca. Puxou seus cabelos de leve, empurrando-a para a parede do corredor. Rachel a prensou com força, soltando um gemido enquanto Quinn apertava sua bunda.

As mãos da namorada corriam pelas suas costas, arranhando-as e apertando-as com firmeza. Ela mantinha as suas envoltas no pescoço de Quinn, ocasionalmente puxando seus cabelos róseos.

Rachel estava ofegante, contudo, sua necessidade pelos lábios de Quinn era muito maior que a de respirar. Apenas quando Quinn gemeu dizendo que precisava de ar enquanto Rachel chupava seu lábio inferior, as duas finalmente se desgrudaram, com uma selvageria desconhecida no olhar.

— O quarto de vocês é no fim do corredor. — Uma porta abriu ao lado delas e a cabeça de Brittany apareceu. — Estou tentando fazer San dormir, mas os gemidos de vocês estão me atrapalhando.

— Quinn Fabray é uma safada! — De dentro do quarto, Santana cantarolava animada. Rachel sentiu-se corar até a raiz dos cabelos. — Quinn Fabray é uma safada!

Brittany lançou um olhar reprovador às duas. Quinn pegou a mão de Rachel e tratou de se desculpar.

— Nós já vamos, Brittany — disse, puxando Rachel para o fim do corredor. — Vá fazer Santana dormir da maneira que ela gosta.

Mais tarde, Quinn explicou a Rachel que a única maneira de fazer Santana dormir propriamente era fazendo carinhos em sua barriga. No entanto, naquele momento, tudo o que veio à sua mente fora a imagem de Brittany e Santana transando.

Rachel meneou a cabeça para espantar o pensamento e franziu a testa para Brittany, mas a garota já fechara a porta do quarto. Virou-se, então, sua atenção à Quinn.

— Continuamos de onde paramos? — perguntou com um sorriso maroto.

Quinn, num movimento rápido, pôs Rachel em seu colo, piscando para a garota. Ela chutou a porta do quarto delas com violência e jogou Rachel sem nenhuma cerimônia na cama enquanto trancava a porta.

Vamos dizer que Rachel não se importou muito em ter Quinn em cima dela mais uma vez naquele dia.


08 de Abril de 2012

Sala de Jantar, Condomínio, TN

08:06 AM

— Nós deveríamos caçar pelo condomínio — falou Puck designado.

— Não somos animais, Puckerman — retrucou Harmony, rolando os olhos.

— É o que estamos fazendo, oras! — o garoto retrucou, indignado. — Os mantimentos que eles trouxeram de Nashville não vão durar para sempre. Se vamos ficar aqui por mais algumas semanas, precisaremos de mais coisas!

Harmony mordeu o lábio. Puck estava terrivelmente certo. Hanna informara que eles precisariam de mais um tempo sem viajar para que Santana se recuperasse por completo. O garoto também deveria estar de cama, mas não havia ninguém para impedi-lo de circular pela casa. Sendo assim, Puck passara os últimos dois dias procurando algo para fazer que o tirasse do tédio.

Na ponta da mesa, Quinn recebia tapas nas costas de consolação de Rachel enquanto enfiava o rosto entre as mãos, suspirando cansada. Sam e Hanna escutavam a discussão atentamente; Brittany, por outro lado, alimentava e conversava com Beth. Sugar havia sido encarregada de levar o café da manhã a Santana na cama.

Ela e Sugar passavam parte do tempo cuidando de Beth — Sugar tinha se tornado uma espécie de mãe super-protetora da garotinha; ela sequer deixava Quinn se aproximar direito dela — e tratando Santana em seu quarto especial no segundo andar.

Harmony poderia dizer com muita tranquilidade que toda aquela atenção especial estava elevando Santana a um novo patamar de poder e esnobismo. Toda vez em que chegava ao quarto, ela fazia questão de mostrar o anel que conseguira e informava que se casaria em semanas — dias, se fossem sortudas. Harmony apenas sorria e confirmava que a organização estava bem “organizada”. Mas a verdade é que os outros se faziam mais preocupados com os mantimentos do que com uma “festa idiota”, nas palavras de um seriamente alterado Noah Puckerman.

— Nós estamos comendo ervilhas no café da manhã, pelo amor de Deus! — exclamou Puck irritado. A descoberta de um mini-bar em um dos quartos do terceiro andar da mansão não lhe estava fazendo bem.

— Nós vamos, então — Rachel ponderou, apontando para ela e a namorada. Quinn arregalou os olhos, assustada; Rachel respondeu com um dar de ombros. — Poderemos procurar por vestidos para Santana e Brittany e...

Brittany engasgou com suas ervilhas e levantou os olhos, fixando-os em Rachel.

Vestidos?! — ela exclamou, surpresa. — Rachel, nós devíamos ir embora hoje, e você ainda quer aprontar?

— Ainda é um casamento, não é? — Rachel perguntou seriamente. Harmony riu com sua própria latinha de ervilhas; sabia que em algum lugar dentro da matadora de zumbis em massa que ela havia se tornado estava a Rachel amedrontada e apaixonada que ela conhecera. — Como vocês querem se casar usando essas roupas que não lavam há meses?

Quinn revirou os olhos; os outros assistiam a cena escondendo o riso. Brittany procurou ajuda, mas obviamente só encontrou risadas de seus amigos.

— Você tem uma semana para arranjar os vestidos — murmurou ela, se levantando e entregando uma Beth um tanto sonolenta a Quinn. Rachel assentiu, decidida. — E eu vou com vocês.

— Que estranho — comentou Quinn, sacudindo Beth nos braços após Brittany sair. — A garota estava praticamente aos choros quando Santana confirmou tudo ontem.

— Talvez ela só esteja com medo — Hanna disse dando de ombros. — Vocês só têm dezessete anos, estamos no meio do fim do mundo. Eu acho que é somente muita pressão.

Eles continuaram comendo as ervilhas em silêncio. Minutos mais tarde, Sugar apareceu saltitando e depositou um beijo lento nos cabelos negros de Harmony, bagunçando-os logo depois. Sentou-se ao lado dela e abriu um sorriso enorme à garota.

— Dama de honra — ela sussurrou no ouvido de Harmony, antes de pegar uma colher de prataria chinesa para comer suas ervilhas. — E adivinha quem será?

Harmony sorriu e beijou a testa de Sugar, sentindo que Rachel as observava com curiosidade.

— Uma garota ruiva e irritante?

— E outra morena e irritante — completou Sugar, distraída com a latinha de ervilhas. — Pelo jeito, esse negócio de casamento vai ser algo bem sério.

Pelo canto do olho, Harmony observou Rachel comemorar a fala de Sugar não muito discretamente.


08 de Abril de 2012

Quarto de Hanna, Condomínio, TN

05:45 PM

— No que está trabalhando? — Sam bateu na porta do quarto de Hanna e enfiou a cabeça para dentro, curioso.

— Em nada. — Hanna descansou o caderno de Jackson na cama e soltou um suspiro cansado. — Relendo algumas coisas somente.

Hanna acenou para que Sam entrasse. O garoto sorriu e fechou a porta ao passar, indo sentar no cantinho da cama dela timidamente.

Sam não sabia o que estava acontecendo entre eles. Quer dizer, eles tinham se beijado em Nashville mais de uma vez. Sam tinha posto seu corpo na frente de Hanna inúmeras vezes; a garota também o tinha protegido. E agora, de volta a Horn Springs e ao condomínio, Sam não tinha certeza se poderia chamar o que eles tinham de relacionamento.

— Jackson menciona Germantown tantas vezes que me cansa. — Hanna abriu um sorriso, pedindo para Sam sentasse mais perto dela. — Me perguntou por que eu não reparei nisso antes.

— As pessoas geralmente nunca notam o que está na sua frente — Sam murmurou, encostando-se à grade da cama e deixando que ela deitasse a cabeça em seu ombro. — Acha que podemos ir para lá?

— Assim que eles melhorarem — ela respondeu, entrelaçando seu braço no de Sam. Sua respiração estava pesada. — E eu também.

Ela apontou para o tornozelo torcido, que continuava com a tala que eles tinham posto em Nashville. Hanna não reclamava muito sobre o machucado — de fato, ela sequer mencionava que tinha se acidentado. Se Beth não o tivesse cutucado durante a manhã do dia anterior, e ela não tivesse soltado um grito de dor, ninguém notaria.

— Não tenho esperanças em sair daqui no mínimo em um mês — ela continuou.

Era um tempo considerável, pensou Sam. Mas um bom tempo. O grupo teria que se reorganizar e estocar alimentos. Um mês seria mais do que necessário. Eles precisavam daquilo, de um novo lugar, de um recomeço. Horn Springs já guardava muitas lembranças ruins.

— Posso perguntar algo? — Sam murmurou sem graça, sentindo o rosto corar.

— Você já perguntou. — Hanna riu; o quarto foi preenchido pelo o que Sam achou ser o som de vários anjos dando risadinhas. — Mas fale.

Ele sequer sabia como começar. Hanna era inteligente e adorável demais para ele. Sua aura refletia soberania; ele se sentia um idiota por ficar dela e fazendo imitações de seus heróis de quadrinhos favoritos. A admiração que Sam tinha por ela era indescritível.

— O que nós... — ele pigarreou, acanhado, se aconchegando mais perto de Hanna — somos?

— Seres humanos — respondeu a garota imediatamente. Talvez a única coisa que Sam não gostasse nela seria seu humor meio patético. Ela se parecia com Quinn às vezes. — Setenta por cento do nosso corpo é feito de água. Mas nós, Sam e Hanna emocionalmente falando... bem, isso eu não sei.

Hanna largou de Sam como se fosse a coisa mais difícil do mundo, e o encarou bondosamente.

— Eu gosto de você, Sam... — ela pegou a mão do garoto e a pôs entre as suas. Sam apenas a fitou, sem expressão, esperando pelo pior. — Mas acho que talvez não vá dar certo.

— Por que não? — ele perguntou, sinceramente confuso. Os dois tinham química, certo? Tinham perdido entes queridos e combinavam mais do que qualquer coisa naquele grupo, certo?

— Eu adoro você... — Hanna repetiu, a voz embargada — mas sei que não vou conseguir fazer isso dar certo.

Sam abriu a boca e a fechou várias vezes. Ela mantinha a cabeça baixa. Ele não entendia o que a garota queria dizer com aquilo, mas não estava gostando.

— Você é tão ingênuo. — Sam pôde perceber que ela tinha rido. — Acha que mesmo com o mundo acabando ainda têm amor em todos os lugares.

— Mas é por isso que continuamos lutando — o garoto respondeu, franzindo o cenho. Ele se afastou de Hanna ligeiramente. — É isso que nos une no fim do dia.

— Só... — Hanna suspirou, limpando uma lágrima que caía. Sam nunca a tinha visto chorar, e quase partiu seu coração ao vê-la daquela maneira. — Não. Eu não deveria ter te beijado, foi um erro.

Sam meneou a cabeça em concordância. Sentia-se traído, embora nunca tivesse beijado outra pessoa além de Hanna durante os últimos dias e soubesse que Hanna não tinha beijado mais ninguém. Um vazio em seu peito começou a surgir.

— Eu sinto muito — Hanna murmurou.

Sam levantou da cama e a fitou de longe. Hanna não o encarou de volta, mas o garoto podia ouvir claramente os fungados dela.

Engoliu em seco. Ele não podia odiar Hanna por não estar pronta para um relacionamento; eles estavam em uma civilização em declínio, não tinham tempo para isso. Além disso, Hanna era importante demais para se descartar. Sam sempre gostaria dela, e tinha certeza de que o sentimento seria recíproco.

— Até o jantar — ele disse, acenando.

Hanna levantou a cabeça e o encarou, os olhos vermelhos.

— Te vejo no jantar — ele respondeu com um sorriso fraco.

Sam não tinha ideia por que, mas aquele fora tinha doído mais do que todos os foras que Mercedes tinha lhe dado durante o terceiro ano.


09 de Abril de 2012

Plantation Boulevard, Lebanon, TN

11:49 AM

Quinn riu quando Rachel saiu saltitando para fora dos limites da casa. Brittany a fitou, também rindo. Pelo jeito, Rachel era a única animada a sair da proteção da mansão depois do incêndio.

— Sua namorada é louca, Quinn — Brittany disse quando Rachel, no meio da rua, acenava para elas andarem mais rápido.

— Eu sei — respondeu Quinn apaixonadamente. No fundo, o que a fizera se apaixonar por Rachel havia sido sua loucura e determinação.

Rachel pulou nos braços de Quinn assim que se aproximaram o bastante. As duas quase caíram no asfalto quente se não fosse Brittany, que estava um pouco atrás, tê-las segurado.

Quinn continuou rindo, por que Rachel estava mais pegajosa e apaixonada que antes — e ela adorava isso. As duas praticamente não tinham saído do quarto desde que Quinn entrara na mansão. Quem iria dizer que a viagem a Nashville e um incêndio poderiam esquentar tanto uma relação?

A razão de Quinn ter apoiado a ideia de Rachel de arranjar alguns vestidos para o casamento de Brittany e Santana era somente para vê-la em ação. Pelos relatos dos outros que tinham sobrevivido ao incêndio, Rachel era uma máquina de matar walkers; uma substituta perfeita se, por acaso, Quinn tivesse morrido na viagem. Ela estava apenas curiosa em relação aos movimentos e ataques da namorada.

— Vamos, galera! — Brittany exclamou, já virando a esquina da mansão, enquanto Quinn e Rachel continuavam abraçadas no meio da rua. — Precisamos de comida, esqueceram?

— E vestidos — sussurrou Rachel no ouvido de Quinn, causando-lhe calafrios em todo o seu corpo. Depois, ela mordeu o lóbulo da orelha de Quinn e agarrou-se a seu braço, cantando Don’t Rain On My Parade alegremente. Quem quer que tenha dado café à Rachel, pensou Quinn, teria de lhe arranjar uma xícara para que pudesse acompanhá-la.

— Quinn, você se lembra das casas que visitou da última vez? — indagou Brittany, espiando pela primeira porta entreaberta que tinham encontrado.

— Não todas... — Quinn franziu a testa, pensando. Rachel olhou para sua expressão e riu. Ela decidiu ignorar. — Mas sei que essas aqui nós não revistamos.

Brittany assentiu e tirou a sua pistola do coldre. Quinn mordeu o lábio, percebendo que não pensara nas balas de cada arma que tinham sido queimadas. Teriam que racioná-las mais a partir de agora, decidiu.

Brittany espreitou pela janela da sala e escancarou a porta com o pé com toda a força que possuía. Ao lado dela, Rachel se sobressaltou. Quinn forçou para não cair na risada e puxou a namorada para seguir Brittany na expedição.

— Tudo limpo — Brittany disse quando pararam na sala de estar e se entreolharam.

— Até lá em cima? — Rachel perguntou, assumindo uma postura profissional.

Quinn somente foi reparar uns segundos mais tarde, depois que Brittany respondera à pergunta negativamente, que Rachel não estava mais ao seu lado e subia determinada as escadas da casa. Ela franziu a testa enquanto Brittany corria para impedi-la.

Porém, Quinn parou a amiga com um aceno de mão e sussurrou:

— Deixe-a ir. — Quinn olhou para as escadas, com a sombra de um sorriso no rosto. Ela pôde ouvir os ruídos mínimos que Rachel fazia. — Eu quero ver isso.

Brittany riu da reação de Quinn, mas abriu caminho para que ela pudesse ir à frente. Quinn parou e se abaixou, forçando Brittany a fazer o mesmo. Rachel estava alguns metros a frente, prestes a abrir uma das portas do corredor, quando os ruídos conhecidos de walkers encheram o local.

Quinn prendeu a respiração, puxando o mais silenciosamente que podia o ferrolho da sua Hi-Power, os olhos presos em uma Rachel muito calma para seu gosto. Ela esperou e, no minuto seguinte, Rachel tinha aberto a segunda porta da parte direita do corredor, tão lentamente que Quinn ficou preocupada que a garota pudesse ser devorada por walkers naquele momento.

Rachel não entrou no quarto, no entanto. Ficou observando tudo, desde o batente da porta até o grande candelabro em cima dela. Quinn notou que ela se afastava ligeiramente do cômodo; podia ouvir de longe os grunhidos do morto-vivo que estava ali. Brittany parecia tão atônita quanto ela.

O morto-vivo saiu do cômodo ao mesmo tempo em que Rachel se recostava na parede contrária. Quinn mal se atrevia a respirar. Brittany teve de repuxá-la para baixo para que Rachel não a visse. Aquele walker estava perto da sua namorada, ele poderia machucá-la.

— Confie nela — sussurrou Brittany em seu ouvido, tranquila.

Quinn suspeitava que Brittany estivesse tão apavorada quanto ela. Porém, resolveu dar ouvidos ao lado menos racional de si e deixou que Rachel cuidasse do errante sozinha. No corredor, sua namorada ainda olhava para o errante calmamente, como se ele fosse um ser humano e ela estivesse tendo uma conversa completamente normal. Ela engoliu em seco; se Rachel não fizesse nada no próximo minuto...

O walker continuou a se aproximar de Rachel, arrastando uma de suas pernas, os braços juntos ao corpo. Ela reparou que ele usava um terno rasgado em várias partes do corpo, a gravata atada a sua cabeça. Imaginou que milionário faria aquilo. Cinquenta segundos. Era melhor Rachel se apressar se não quisesse ser mordida. Os dedos de Brittany a prendiam no chão, mas apertavam tão forte que tinha medo de se soltar e ficar marcada para sempre.

Quarenta segundos. Porra, Rachel, faça alguma coisa, ela pensou irritada, tentando se desgrudar de Brittany. Aquele walker iria matar a sua namorada, o que ela estava fazendo ali apenas observando? Trinta segundos. Rachel moveu um milímetro, tirando sua adaga, que Quinn lhe dera quando estavam viajando para o Tennessee. O errante parara e fitou Rachel por alguns segundos, como se estivesse decidindo alguma coisa.

Vinte segundos. Vamos, Rachel, vamos, Quinn torceu em silêncio. O aperto de Brittany começava a doer. O walker continuou a avançar, e Rachel rodou a adaga entre os dedos agilmente. As duas escondidas na escadas arregalaram os olhos para aquilo.

Rachel primeiro golpeou o estômago do errante quando faltava só mais dez segundos. Brittany teve que usar toda sua força para impedir Quinn a saltar pela escada e atirar no walker. Rachel, desatenta a toda movimentação nas escadas, desviou para o lado, deixando o walker cair ajoelhado no chão.

Em outro movimento rápido — tão rápido que Quinn estreitou os olhos para poder conseguir enxergá-lo —, a garota enfiou a faquinha na cabeça do walker e a puxou um segundo mais tarde, triunfante. Quinn abriu um sorriso orgulhoso enquanto Brittany finalmente a libertava do maldito aperto.

— Uau... aquilo foi legal — comentou Quinn, tentando aparentar calma. Rachel virou-se para ela, assustada, apontando-lhe a adaga em sua direção. — Meio exagerado, mas legal.

— Você me conhece. — Rachel deu de ombros, fingindo modéstia, algo que Quinn sabia que ela não conseguia fazer.

— Imagino o quanto tempo deve ter levado para matar a manada toda — observou Brittany arqueando a sobrancelha e se juntando a elas.

Rachel riu, socando de leve o ombro da amiga que passava. Ela já se abraçava a Quinn novamente, deitando a cabeça na curva do ombro dela. Quinn se sentia como a menina mais feliz do planeta, e nem seria ela a que casaria.

— Ok, galera, nenhum beijo, por favor. — Brittany voltou minutos depois, carregando uma trouxa de vestidos brancos. Ela fez questão de passar por dentre Rachel e Quinn, as impedindo de ficarem abraçadas. — Comida, lembram-se? E vestidos. Deus, que ideia a minha de vir aqui com vocês quando obviamente estão no cio.

Quinn sentiu o rosto ficar quente imediatamente. Soltou a mão de Rachel depressa, impressionada com a capacidade de Brittany de fazê-la sentir-se desconfortável. Desconfiou que a garota tivesse aprendido a fazer aquilo com Santana.

Brittany parou no fim do corredor e virou para elas novamente, o rosto começando a ficar vermelho.

— O que vocês estão esperando? — exclamou. Quinn escutou um tom de brincadeira em sua voz e sorriu, apertando a mão de Rachel. — Precisamos ter algo para quando entrarmos na mansão à tarde.

Quinn e Rachel se entreolharam, segurando a risada, e seguiram Brittany.



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Notas finais do capítulo

Então, o que vocês acharam? Felizes com a notícia da Santana e da Britt se casando? Por que, bem, eu sinceramente estou e muito KKK E creio que exagerei nas cenas Faberry, mas bem, eu estava com saudade de escrevê-las e aposto que vocês também estavam com saudade de lê-las.
E gente, uma pergunta rápida: como está fic está indo para os seus últimos capítulos - estou tão triste quanto vocês, acreditem -, eu queria começar a já trabalhar em outra long, mas estou indecisa entre três ideias: uma Achele fanfic, uma fanfic Faberry durante a Segunda Guerra e uma Ghost!Faberry. Sei que é pedir demais, mas vocês poderiam dar suas opiniões? Eu ficaria muito grata :)
Eu acho que por hoje é isso. Agradeço a todo mundo que leu, mandem seus reviews com opiniões e xingamentos e vejo vocês no próximo capítulo :*