Running Away From Hell escrita por GabanaF


Capítulo 18
Cap. XVIII — CDC


Notas iniciais do capítulo

Oi gente, como vocês estão? Espero que felizes por que, bem, A FIC ESTÁ DE VOLTA!!! Bem, como eu tinha falado anteriormente, eu teria certos problemas ~faculdade~ e, bem, nas últimas semanas as coisas têm sido difíceis por aqui. Acrescente os estudos a uma bela de uma falta de imaginação e você vai ter eu, preocupadíssima com a storyline da fic e como eu poderia continuá-la.
Eu creio - somente creio - que estou inclinada a terminar a fic em, talvez, cinco ou seis capítulos. Mas novamente, isso é só uma especulação. Tudo irá depender de vocês, meus amados leitores, que eu agradeço muito por continuarem lendo a fic com tanta paixão quanto nos primeiros capítulos.
Sem mais delongas, então, o capítulo de hoje logo abaixo. Espero que gostem!



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05 de Abril de 2012

Lucky's Bar & Grill, Stewarts Ferry Pike, Nashville, TN

03:36 AM

— Vamos, Rachel, corra! — gritava Quinn apressada, a mão da garota apertando firmemente a sua. Não ousava a olhar para trás, seu medo de não conseguir chegar a tempo no prédio à sua frente aterrorizando ela cada vez mais.

Engoliu em seco, sentindo ainda o aperto de Rachel, ouvindo os tiros ecoar por seus ouvidos já enfraquecidos. Segurou a mão de Rachel ainda mais, faltavam poucos metros para entrar no prédio. A garota não sabia aonde seus outros companheiros deveriam estar, mas sabia que eles se sairiam bem. Eles fugiriam, assim como Rachel e ela.

Ofegando, Quinn parou à porta do edifício, chutando-a com toda a força que possuía, abrindo-a na primeira tentativa. Ela soltou a mão de Rachel por alguns instantes para colocar algumas balas rapidamente em sua Hi-Power e entrar aos pulos na recepção do que outrora parecia ser um hotel.

Quando ela se virou para fechar a porta, no entanto, encontrou a garota que tanto amava com os olhos amarelo-acinzentados, as gotas de sangue pingando de seus braços e pescoço, olhando profundamente na sua direção, com a expressão confusa, como se lembrasse de quem era, como se não quisesse matar Quinn.

Ela vasculhou por todos os momentos durante a fuga da cidade e até aquele momento, tentando ver aonde ela tinha errado, aonde podia ter perdido Rachel para sempre e sequer ter percebido. Quinn sentiu as malditas lágrimas queimarem, mas não ousou deixá-las cair. A porta do hotel havia se fechado atrás de Rachel, quase como se ela tivesse feito.

O mundo era pequeno, o mundo não bastava, não adiantava viver naquela desgraça se ela não tivesse Rachel ao lado. Aquele tipo de coisa não era para acontecer, ela deveria proteger sua pequena garota, a sua diva. Quinn havia prometido aos pais dela, o que ela diria se por acaso os encontrasse por aí?

Não, Rachel não podia ter se transformado num walker, não... Ela não estava ali, mortinha na sua frente, e ainda assim viva. Quinn sabia que só havia uma opção: atirar no seu cérebro, permitir que ela seguisse até a vida eterna que merecia. E, depois do serviço pronto, suicídio. A dor de não ter Rachel seria insuportável.

Engolindo as lágrimas novamente, Quinn ergueu a arma, mirando em um walker extremamente quieto e a fitando curiosamente que antes era a garota que amava, Rachel Barbra Berry. Mas, antes que pudesse atirar, a imagem tão torturante foi tirada dela e ela caiu na escuridão.


— Quinn! — Brittany exclamou baixinho, sacudindo seus ombros. — Ei, Quinn! Pare de gritar!

Ela tremia, ofegava, chorava, tudo ao mesmo tempo. Só depois de um tempo que foi notar que o que passara fora apenas um pesadelo — o pior pesadelo que poderia ter na face da terra. Maldição de não terem trazido o radiocomunicador para a viagem. Quinn precisava se conectar com Rachel, uma forma de saber o que estava acontecendo na mansão, se ela estava se alimentando ou dormindo bem, qualquer coisa. Quinn precisava de notícias dela.

Brittany a abraçava pelos ombros, cantando uma canção de ninar que ela vagamente conhecia. Sua voz suave a acalmou um pouco, mas o pesadelo teimava em aparecer todas as vezes que fechava os olhos ou se concentrava no que Rachel poderia estar fazendo naquele momento.

Ela respirou fundo inúmeras vezes, tentando se lembrar de onde estava. Num bar, com Brittany, Hanna e Sam. Os outros dois deveriam estar dormindo, tranquilos um nos braços do outro. E sobrava Brittany para ela, provavelmente tão preocupada com Santana quanto ela estava com Rachel. O que elas deveriam estar fazendo?

— Dormindo — respondeu Brittany a seus pensamentos. — Elas sempre fazem isso.

Seu tom era de brincadeira, mas Quinn percebia a seriedade por trás dele. Brittany quase nunca falava alguma coisa que não tivesse um tremendo significado mais tarde. Mesmo assim, seu pesadelo ainda lhe atormentava. Era altas horas da madrugada, mas assim que os walkers se dispersassem, eles correriam ao CDC, procurariam o que precisavam e voltariam ao Cadillac. Quinn tinha que ver Rachel, abraçá-la, alguma prova de que o maldito pesadelo não fosse real.

Até que isso pudesse acontecer, entretanto, ela se aninhava nos braços de Brittany e esperava pelo pior — porque, obviamente, o melhor deles já havia ido embora há muito tempo.


05 de Abril de 2012

Lucky's Bar & Grill, Stewarts Ferry Pike, Nashville, TN

08:19 AM

— Eles se beijaram — informou Brittany a Quinn assim que saíram do bar, as armas prontas para qualquer ataque e os olhos atentos. Sam e Hanna vinham atrás, a garota apoiando praticamente seu corpo todo em cima dele.

— O quê? — perguntou Quinn distraída.

Brittany revirou os olhos, repetindo o que dissera.

— Bom pra eles... — respondeu Quinn após alguns segundos de silêncio. Seus olhos estavam opacos e distantes. A garota resolveu não perguntar o porquê daquela sua distância, mas presumia que teria a ver com o pesadelo que a acordara no meio da noite. Desde então, ela ficava perdida em tudo que lhe comunicavam, o que não era muito bom já que eles estavam entrando na zona perigosa da cidade em minutos.

Brittany suspirou e checou novamente o GPS. Já tinham saído da pequena galeria onde tinham passado a noite e agora caminhavam com alguma convicção para o hospital que ela havia encontrado no sistema arranjado via satélite. Quinn seguia ao seu lado; Sam e Hanna estavam um pouco mais longe, cuidando da retaguarda.

Ela já identificara o CDC: ficava a pouco mais de duas horas dali a pé, um fato que fazia arrepender-se amargamente de não ter insistido mais pelo Cadillac. Talvez pudessem roubar algum daqueles carros que estavam abandonados nas ruas e seguir até lá, pensou.

— Walkers à sua direita, Quinnie — disse Brittany em alerta, pois a garota estava mesmo completamente alheia a tudo. Felizmente, ainda não havia perdido seu sentido extrassensorial e arrancou a cabeça dos errantes rapidamente. Atrás delas, Hanna se esquivava da faca de Sam enquanto o garoto também matava alguns zumbis.

— Está começando a encher, onde está o hospital? — perguntou o garoto urgentemente, mancando devido ao peso de Hanna.

Brittany olhou o GPS mais uma vez, porém Quinn foi mais rápida, apontando para o prédio na frente deles. Lia-se em letreiros estragados: “Instituto de Saúde Mental do Tennessee”.

— Um hospital psiquiátrico? — disse Quinn, confusa, finalmente prestando atenção em alguma coisa. — Brittany!

— É melhor que nada! — exclamou a outra indignada, guardando o aparelho GPS no bolso detrás da calça, começando a avançar. Ao ver que nenhum deles a seguia, parou na metade do pátio, olhando para eles com reprovação.

— Ela tem razão — concordou Hanna, se desvencilhando de Sam e mancando para poder acompanhá-la. — São alguns analgésicos, é só o que eu preciso. Existem coisas básicas até nas mais complicadas.

Brittany assentiu com o apoio e seguiu na frente, ignorando a orla de walkers que se aproximavam constantemente deles. A noção de que poderiam estar cercados em poucos minutos a irritava. Tinham acabado de sair de uma grande armadilha, o máximo que podiam ficar dentro do hospital seria cinco minutos antes que os tiros preenchessem o local.

— Você sabe onde ficam essas coisas, não sabe? — perguntou ela a Hanna, que finalmente havia conseguido alcançá-la às portas duplas do hospital. Quinn e Sam estavam logo atrás, as armas já carregadas.

— Claro — respondeu Hanna em tom superior. Ela se apoiava no pé sem a tala e a cada tentativa que fazia para manter o equilíbrio, seus olhos ardiam em lágrimas. Brittany sabia que ela era orgulhosa demais para pedir ajuda, então simplesmente passou o braço pela sua cintura e imaginou o que Santana faria naquele momento.

— Então, eu entro com você, achamos o que precisamos e vamos embora o mais rápido possível. Com um carro — acrescentou. Hanna só deu de ombros.

Brittany deu um chute desequilibrado na porta, que abriu em um estrondo enorme. Quinn e Sam, ainda um pouco longe, sobressaltaram e olharam para trás, procurando por algum perigo além do normal. Ela acenou com a cabeça para Hanna e o hospital, mostrando a mão aberta, indicando que procuraria ali por apenas cinco minutos. Quinn assentiu, virando-se bem a tempo de matar um errante com seu facão.

Ela previra walkers pela recepção e pelo hospital todo, mas o que encontraram foi apenas grandes caixas de remédios espalhadas no chão. Hanna soltou-se de Brittany por um instante, soltando um gemido. Ela franziu a testa, rastejando pelo chão à procura de uma caixa que tivesse os analgésicos que procuravam.

— Que tipo de remédio que você quer?! — perguntou Brittany em completo desespero, procurando nas caixas, carregadas principalmente de medicamentos que ela não sabia ler os nomes.

— Um em inglês, talvez?! — Hanna retrucou, soltando um uivo de dor ao cair ao lado de uma caixa, pousando o pé quebrado no chão num modo nada delicado. — Droga!

Brittany correu os olhos pela recepção, já perdendo as esperanças. Pela porta de vidro, viu Sam e Quinn correrem pelo outro lado do pátio, desviando os walkers de onde ela e Hanna estavam. Ela engoliu em seco, observando os nomes que havia nas caixas de papelão que guardava os medicamentos. Na sua, lia-se húngaro. Ela engatinhou para a próxima, e achou-a lacrada, com um enorme português escrito no topo.

— Estão classificadas pela língua — murmurou, e depois gritou a Hanna o que descobrira. A garota franziu a testa, mas logo comprovou o que Brittany havia dito. — Procure pelo inglês! Não é possível que toda a medicação daqui seja exportada!

Inglês, inglês... Brittany se pegou pensando enquanto vasculhava rapidamente as caixas, andando por elas, tropeçando em algumas, mas determinada a achar os malditos remédios. Não importava se fosse para curar loucura, ela só queria os analgésicos para Hanna, e aí poderiam cair fora dali, achar o CDC e voltar para a mansão antes do fim do dia.

— Achei! — gritou Hanna do outro lado da sala, ainda rastejando pelo chão. Brittany ergueu os olhos e viu a garota apontando para uma caixa ao lado dela, onde se podia ler claramente, mesmo da distância de onde estava, o verbete inglês. — Brittany, pegue a caixa, vamos sair logo!

Brittany correu para Hanna, ajeitou a caixa nos braços e puxou a garota para cima, numa rapidez tão grande que suspeitou ter quebrado seu braço. Ela enrolou-se em Hanna bizarramente e andou desajeitada na direção da porta entreaberta, onde alguns mortos-vivos ameaçavam entrar. Hanna tirou a arma do coldre na perna de Brittany e atirou uma vez, surpreendendo a garota: ela matara dois walkers de uma vez só.

— Tudo bem, tem um carro perto de onde os dois estão — Hanna informou a Brittany, os olhos correndo de lá para cá o pátio do hospital. A caixa pesava em seus braços. — Não podemos gritar, então...

— A gente vai correndo como numa maratona até lá; eu sei dirigir, não se preocupe — completou Brittany afobada, mal aguentando o peso da caixa e de Hanna.

Hanna assentiu surpresa, acompanhando os passos de Brittany e tentando andar sozinha. Conseguiu a maior parte do caminho, porém a garota quase caiu inúmeras vezes. Brittany não conteve um grito de dor quando Hanna quase a levou junto para o chão em um desses tropeços, arranhando sua blusa.

Ela ajeitou a caixa em um dos braços e puxou Hanna novamente para debaixo do outro. Andando, e quase sempre tropeçando, chegaram sãs e salvas no carro. Brittany sabia que se arrependeria mais tarde, no entanto mesmo assim, quebrou a janela do motorista, destravou a porta e jogou a caixa de medicamentos no banco de trás. Ela abriu a porta de trás através do vidro da frente e deixou que Hanna deitasse no banco.

Os walkers se aproximavam. Hanna atirava o máximo que podia, mas estava perdendo. Pelo retrovisor, enquanto trocava e mexia em uns fios embaixo do volante, Brittany viu Quinn avisar a Sam que estavam no carro. Os dois apressaram-se e correram o quanto podiam através de inúmeros walkers. Pela primeira vez, ela pensou que ir a Nashville tinha sido um erro tremendo. Quantos mais errantes haveria espalhados pelo caminho até o CDC?

Ela escutou o barulho do motor roncando e celebrou rapidamente. Brittany observou os comandos — pois o carro era um modelo novo que nunca vira antes, porém incrivelmente fácil de manusear — e acelerou, pisando firmemente no pedal. Deu um cavalo de pau no meio do pátio e mirou onde Quinn e Sam estavam, ainda entalados por walkers.

— Você vai atropelá-los — disse Hanna, ofegante no banco de trás.

Brittany simplesmente a ignorou, pisando mais forte no pedal do acelerador. O painel do carro indicava que o tanque de gasolina estava pela metade. O carro tinha combustível para ir ao CDC, passar de novo por ali voltar ao Cadillac. E possivelmente ainda pegar um pouco para levar ao gerador da mansão, pensou.

O carro estacionou lineamente em frente a Quinn, atropelando os walkers que tentavam atacá-la. Ela assoviou impressionada e pulou no banco ao lado de Brittany, enquanto Sam, enrolado com alguns walkers, tentava chegar ao veiculo. Poucos segundos de sofrimento depois, Sam abriu a porta de trás e deslizou por ela, para ser recebido com um beijo desesperado de Hanna.

Quinn e Brittany se entreolharam, contendo o riso. Ela acelerou mais o automóvel, passando por cima de todos os errantes que achava pela frente. Entregou o GPS a Quinn, que foi lhe dando instruções sobre como seguir pela cidade abandonada.

— CDC, aqui nós vamos... — murmurou Brittany. Ela mal podia esperar para contar a Santana o que estavam passando, sobre Hanna e Sam, sobre as garrafas de vodka que ela havia roubado. Brittany sentia falta de Santana e se tudo desse certo, à noitinha já poderia dormir com ela como havia feito nas últimas semanas.


05 de Abril de 2012

CDC, Nashville, TN

08:43 AM

— Uou — assoviou Sam, impressionado. — Esse lugar é...

— Enorme, é, eu sei — completou Hanna impaciente, movendo o tornozelo machucado para fora do carro, ignorando a ajuda do garoto. — As portas são blindadas, a entrada está bem ali.

Ela apontou para uma portinhola quase imperceptível. Observou os garotos apertarem os olhos e não pôde culpá-los; na primeira vez que estivera ali, passara quatro vezes pela porta até notá-la. Hanna mancou pelo pátio com Sam em seu encalço, sentindo as mãos do garoto apoiar em suas costas.

— Você sabe como entrar, certo? — perguntou Brittany ao parar à porta do CDC. O identificador de digitais continuava lá, ainda brilhando, mesmo que fracamente.

— O gerador ainda está ligado — murmurou Hanna, passando os dedos pela porta delicadamente. — Mas já está sem forças.

Respondendo a pergunta de Brittany, Hanna encostou o dedão no identificador. O laser fez cócegas sobre sua pele. Sorriu, preocupada. O computador do centro a reconheceria? Por sorte — ou talvez meramente algo que finalmente deveria dar certo para os quatro —, a porta se abriu e Hanna entrou no átrio mancando.

O ar cheirava a mofo e cadáver. Quinn e Brittany não deixaram passar despercebido, mas Hanna respondeu que ali não haveria walkers. Dias antes de tudo se fechar e o mundo entrar em colapso, os cientistas argumentaram se deveriam ou não continuar a o trabalho em relação à cura. Hanna observava a discussão silenciosamente, pois fugiria para a casa dos pais perto dali e viveria lá até o último dia de sua vida. Por fim, quando os cientistas decidiram por morrer no laboratório em razão da cura, ela foi embora.

No entanto, Hanna tinha conhecimento do plano reserva daqueles loucos cientistas: caso as coisas piorassem ainda mais, a parte interna do laboratório explodiria, incinerando as mentes mais brilhantes que já conhecera. Não sobraria um corpo para se transformar em zumbi. Suas descobertas também iriam pelos ares, mas o CDC gravava uma cópia de todos os arquivos. Hanna só precisava descobrir onde.

— Fechar porta — ela disse em voz alta depois que todos haviam entrado. Se suas digitais foram reconhecidas, era provável que sua voz seria também.

Porta fechada. — A voz do Computador repercutiu pelo átrio. — Bom dia, Srta. Stewart.

— Bom dia — disse Brittany empolgada. Os olhos dela cintilavam, possivelmente querendo saber os comandos do Computador.

— O que estamos procurando, exatamente? — perguntou Quinn, duvidosa. A garota parou no meio do átrio, ao lado de Sam, e cruzou os braços, encarando Hanna fixamente.

— Eu quero saber se os cientistas todos morreram — Hanna disse, olhando para uma das caixinhas de som, esperando pela resposta.

A limpeza completa do laboratório B11 foi feita há exatas duas semanas, Srta. Stewart. O doutor Jackson esperava que você voltasse.

Hanna ergueu as sobrancelhas, surpresa. Nicholas Jackson era o seu mentor durante a pesquisa e, na maioria dos dias, seu único amigo no CDC. Comportava-se como um pai, sendo uma grande ajuda para a maioria dos seus problemas pessoais e profissionais. Ela o considerava mais que sua própria família.

Jackson dizia quase todos os dias que adoraria que Hanna fosse sua substituta quando se aposentasse. Obviamente o governo dos EUA não permitiria uma garota de vinte e um anos à frente de uma pesquisa daquele porte, mas ela gostava disso. Agora que ele estava morto, porém, cabia à garota honrar todo o trabalho do doutor.

— E onde está o back-up? — A voz de Hanna preencheu o átrio de novo, embargada. Quinn permanecia lhe encarando enquanto Brittany e Sam exploravam o local. — Dos dados da pesquisa?

Na sala do doutor Jackson.

— Isso é o máximo! — exclamou Brittany, olhando para as caixas de som. — Podemos ir à sala de controle?

— Não — Hanna e Quinn responderam em uníssono.

— Onde fica a sala desse tal Jackson? — perguntou Sam quando Hanna começou a mancar para o terceiro corredor, no sentido horário. Ela apontou para o caminho, fazendo uma careta ao pisar no chão com o pé machucado. Sentiu as mãos de Sam novamente passarem por sua cintura e apoiou-se nele automaticamente.

Quinn e Brittany vinham logo atrás deles. As luzes de emergência no rodapé do corredor lançavam sombras fantasmagóricas nas paredes. O ar condicionado enfraquecia de tempos em tempos, dando a Hanna a terrível sensação de que a energia terminaria logo.

Eles passaram por mais dois corredores, Hanna se dependurando em Sam contra sua vontade — o garoto não parecia querer soltá-la. Os passos ecoavam em seus ouvidos à medida que se aproximavam da sala de Nicholas. Embora Hanna soubesse que jamais veria o doutor de novo, o nó se prendia na garganta. Entrar no escritório dele lhe traria muitas lembranças.

Hanna cutucou Sam para que parassem e o garoto, a muito custo, a soltou. Ela limpou a fuligem da plaquinha presa à porta, sorrindo um tanto triste. Estavam perto do laboratório B11 que explodira, por isso as luzes no chão estavam tão opacas. O tempo que passara ali valera para muita coisa, pensou Hanna randomicamente. Engoliu em seco e abriu a porta.

O escritório continuava o mesmo de sempre, a exceção da cadeira vazia atrás da escrivaninha. Se Hanna forçasse a memória, poderia ver a si sentada na cadeira menos luxuosa, seus olhos brilhando, anotando freneticamente tudo o que um alegre Nicholas lhe dizia. Hanna entrou, mancando, estreitando os olhos para o milagroso notebook ainda ligado na mesa do doutor.

— Quanto tempo para o gerador parar? — indagou Brittany, indo na direção das prateleiras cheias de livros sobre medicina.

Antes de Hanna abrir a boca, contudo, o Computador respondeu:

Três horas e vinte e sete minutos.

— Mais um pouquinho e nós explodimos, hein? — comentou Sam ironicamente, tentando, sem muito sucesso, esconder o nervosismo.

Hanna não deu atenção. Teclava furiosamente, procurando pelos últimos arquivos da pesquisa. Ela mordeu o lábio, sinceramente curiosa. A que ponto a pesquisa teria chegado? Os cientistas haviam chegado à cura? Hanna suspirou, estreitando os olhos para a tela do computador. Onde doutor Jackson tinha escondido os dados?

Brittany estava espiando por cima de seu ombro, o que a deixava nervosa. Hanna sabia investigar qualquer dado naquele laboratório, no entanto, talvez, as habilidades de Brittany poderiam ser usadas naquele momento. Pelos comentários profissionais de Quinn e dos apaixonados de Santana, ela deveria possuir um talento enorme para tecnologia. Ela clicou em mais alguns itens, digitou senhas que lembrava, porém, nada de novo aparecia na área de trabalho.

— Bem ali. — O dedo de Brittany surgiu na sua visão, apontando para um arquivo que Hanna não reparara antes. — A data, olhe a data, de duas semanas atrás. Abra-o.

Hanna olhou para Quinn. A garota assentiu, como se permitisse a ideia de Brittany. Sam também acenou com a cabeça. Respirou fundo, e abriu o arquivo. Era formatado em um programa que só existia no CDC e mostrava dados médicos de pacientes tratado com o vírus. Os mesmos resultados da última vez que ela estivera no laboratório.

Ela continuou a explorar o arquivo enquanto os outros indagavam o que estava vendo e se tinha encontrado alguma coisa. Brittany gritou com Sam e Quinn, pois eles estavam atrapalhando a concentração dela. Queria falar para que todos parassem quando os zumbidos dos walkers recomeçaram em sua cabeça. Hanna massageou as têmporas, temendo o que isso poderia significar. Os errantes não poderiam entrar no prédio, nenhum tinha inteligência suficiente...

— Alguma coisa está acontecendo. — A voz de Quinn se sobrepôs às de Brittany e Sam. — Estão ouvindo?

— Impossível — respondeu Hanna, mesmo estando ciente de que os barulhos de walkers aumentavam em sua cabeça. Mantinha-se longe disso, permanecendo focada no arquivo. Infelizmente, coisa nenhuma era nova para ela. — Estamos trancados por dentro, ninguém entraria.

— A não ser que já esteja aqui — sussurrou Quinn.

Hanna bufou e fechou o arquivo. Tirou o notebook do carregador e o entregou a Sam. Quinn se aprumou para sair da sala, mas Hanna a parou. Tinha outra ideia em mãos. Ela conhecia Nicholas Jackson, e ele não era o tipo de homem que guardava tudo em um computador. “E eu não me lembro de na Grécia Antiga ter computadores”, ele dizia, “porém, todos conhecem as obras de Homero.” Ele não confiava em tecnologia, e criticava Hanna quase todos os dias por fazê-lo.

Pensando nisso, Hanna abriu as gavetas da mesa de Nicholas de forma violenta, o som da madeira quase se quebrando interrompendo os zumbidos em seu ouvido. Nas primeiras ela encontrou somente fotos da família de Jackson e alguns livros de ficção. Contudo, ao abrir a quarta gaveta, achou um caderno de capa vermelha com um pequeno bilhete a ela.

A respiração dela ficou fraca. O Computador tinha razão, afinal. O doutor esperava realmente que ela voltasse. Pegou o caderno e folheou-o, notando as imagens de errantes e uma grande quantidade de dados que ela jamais encontraria no notebook. Fechou-o e leu o bilhete em voz alta:

— “Para a minha melhor orientanda, espero que você ache o que a humanidade inteira procura — Nicholas Jackson.”

— Responsabilidade demais para uma garota de vinte anos, hein? — disse Sam solidário, dando tapinhas no ombro de Hanna.

— Vamos embora — ela retrucou, se desvencilhando do garoto. A cada minuto que passava ali, mais lembranças surgiam e ela não podia viver disso. Guardou o caderno por dentro de seu casaco e mancou até a porta, perguntando: — Quanto tempo para tudo explodir?

Três horas — respondeu o Computador quando Quinn saiu da sala por último e fechou a porta delicadamente.

— Imagina quando isso aqui estava lotado de pessoas? — pensou Brittany em voz alta, correndo para acompanhar os outros. — Eu não teria ficado surpresa se o Computador tivesse enlouquecido com essas vozes vindas de todos os lugares.

— Nós tínhamos um comunicador preso ao ouvido — disse Hanna arfando. Mesmo com o tornozelo machucado, ela teria de ir à frente. Os zumbidos dos walkers haviam parado, e estava agradecida por isso. Ela vira a forma que Quinn estava agindo, completamente perdida e até um pouco sonolenta. Eles não precisavam perder mais uma pessoa para à loucura.

— E se você não o usa, ele ecoa pelo prédio — completou Brittany, derrapando para virar no próximo corredor. — Demais!

Poucos minutos mais tarde, o grupo chegou ao átrio. Ela parou de chofre, assustada demais para atirar no único morto-vivo que cruzava o corredor à sua frente. Quinn atravessou na sua frente, determinada, e atirou antes mesmo que o walker notasse a presença dos quatro. Após o som de sua pistola tivesse sido escutado até pelas cinzas dos cientistas, Hanna a agradeceu com um aceno de cabeça. Quinn apenas assentiu e revirou os olhos.

Alguém devia ter se matado, pensou Hanna ao seguir Quinn para a saída, sem saber que voltaria à vida. Pelo macacão, um funcionário do departamento de limpeza que não possuía família nenhuma e decidira ficar no prédio sem a permissão dos cientistas. Hanna engoliu em seco, pedindo para que o Computador abrisse a porta de saída.

A sorte aparentemente estava ao lado deles, pela primeira vez em muito tempo. Não havia nenhum walker a vista. Franziu a testa, mas não reclamou. Ela aceitou a ajuda de Sam para entrar no carro, o peso do caderno inesperadamente aumentando em seu casaco. Algo lhe dizia que Nicholas deixara muito além do que a tal cura. Havia, também, algo que faltava muito por aqueles dias: esperança.

— Pé na estrada, S. Pearce — disse Quinn, quebrando o silêncio. — Vamos chegar à mansão antes que o CDC exploda.


05 de Abril de 2012

Old Lebanon Dirt Road, Nashville, Davidson, TN

10:42 AM

Sam espiou novamente o caderno de Hanna e virou o rosto antes que a garota percebesse. Conseguiu identificar a foto de um morto-vivo, a pele amarelada e o sangue coagulado em vários pontos do corpo. Exprimiu uma careta de nojo e ouviu Hanna dar uma risadinha.

Eles estavam chegando ao local onde haviam estacionado o carro de Quinn após quase uma hora e meia de completo silêncio, parando ocasionalmente para coletar alguns galões de gasolina nos automóveis abandonados pelo caminho. Também passaram pela fatídica galeria da noite anterior apenas para aproveitar o pequeno mercado que havia por ali. Quinn e Hanna ficaram no carro enquanto ele e Brittany pegavam o que podiam carregar nos braços.

Quinn insistira em passar em uma loja de armas que vira durante a ida, reclamando que suas munições estavam quase no fim. Hanna se animou, já que a sua metralhadora (aposentada no arsenal da mansão) precisava de alguns cuidados. E, mesmo depois de todas as “compras” — Brittany preferia chamar assim a roubo, obrigando todos os outros a fazerem o mesmo —, o tempo que levaram ao Cadillac foi relativamente curto. Não havia muitos walkers a vista.

— Você seria um péssimo espião — ela disse, erguendo os olhos a Sam e sorrindo bondosamente. — Se quiser perguntar o que está aqui, pergunte.

— Alguma coisa interessante? — indagou Quinn antes dele. Sam a olhou irritantemente pelo retrovisor.

— Está mais para um diário — respondeu Hanna com um suspiro. — Ele diz que sente falta da família e de mim, mas que vai continuar as pesquisas para que...

Hanna parou de ler de repente. Arregalou os olhos para o caderno, mal se atrevendo a respirar. O garoto tocou de leve em no braço dela, se perguntando se estava em choque ou alguma coisa do tipo. Ela parecia realmente aterrorizada.

— Hanna...? — chamou Brittany hesitante.

—... para que eles possam voltar a viver no mundo de antes — ela murmurou. Olhou para Sam. — Sabe o que isso quer dizer?

— Não — Sam disse, corando à intensa troca de olhares entre ele e Hanna.

— Existe um lugar. Um local para onde a família dele fugiu. Onde podem ter sobreviventes.

O silêncio veio cortante. Ninguém parecia querer comentar a nova possibilidade de sobrevivência. Sam e Quinn se entreolharam pelo retrovistor, ambos preocupados, mesmo com a expressão esperançosa. Ele conteve um sorriso. Um lugar onde tudo poderia ser (quase) como era antes... Há menos de um mês, ele chamaria de louco qualquer um que levantasse essa probabilidade. Mas agora... era mais um objetivo para a jornada deles.

— Estou nas primeiras páginas — Hanna disse roucamente. — Nicholas pode mencionar o local daqui a pouco. Afinal, se ele queria que salvasse a humanidade, deveria me dar o endereço de onde eu pudesse fazê-lo.

Sam assentiu em concordância. Quinn, porém, perguntou:

— Ele não diz claramente nada sobre o lugar, estou certa? Por que, pela forma que falou, não parece que Jackson está mencionando algum local.

— Não, não parece mesmo — concordou Hanna, pigarreando. Ela voltou algumas páginas, apertando os olhos para que pudesse ler um parágrafo que Sam custara a entender de cabeça para baixo, minutos antes. — Mas escute isso: “Já faz três semanas que deixei minha família. Eles estão bem, eu tenho certeza. No lugar em que estão, serão tratados perfeitamente bem.”

— Ele pode estar falando do Céu — Brittany se intrometeu. Virou a esquina de uma avenida; de lá, já se podia ver o muro de proteção que o exército tinha construído. — Muita gente faz isso quando um parente morre. Eu sei que eu fiz, imaginei meus pais em um lugar melhor.

Sam não poderia negar: também pensava que os pais e os irmãos mais novos estavam num lugar calmo, em uma espécie de Terra dentro da Terra — como Aslam fizera com Nárnia no último livro das crônicas. Essas pessoas dentro dessa pequena Terra seriam felizes para sempre, sem se preocuparem com mais nada. Estariam mortas para os terrenos, mas viveriam eternamente felizes.

— Não podemos aumentar nossas expectativas em nada — bufou Quinn, encostando a cabeça na janela do carro. — Nada.

— É uma possibilidade — retrucou Hanna, sem realmente prestar atenção. Estava focada demais no caderno de Jackson para ver alguma coisa ao seu redor.

— O mundo está cheio de possibilidades — a outra contrapôs, fria. — No nosso caso, porém, são todas ruins.

— Ok, o que houve com você? — perguntou Sam, explodindo. Ele conhecia Quinn, sabia que era naturalmente impetuosa e irritante, mas desde que acordaram, a garota simplesmente não estava agindo em seu normal. Ela havia sido o pino inicial para que pudessem ir a Nashville, e agora estava ali, com a expressão jururu e arranjando picuinhas com o mundo inteiro. Nem matar walkers ela parecia interessada em fazer.

— É aquele pesadelo da madrugada? — indagou Brittany, dando mais algumas voltas no volante para estacionar estrategicamente perto do buraco onde, poucos metros dali, Sam conseguia enxergar o Cadillac.

Ela corou e não respondeu até que todos estivessem fora do carro, carregando os itens que haviam pegado pelo caminho até o automóvel.

— Estou com um mau pressentimento — Quinn disse enquanto ajudava Sam a carregar a caixa de remédios que haviam conseguido no hospital psiquiátrico (e que fundamentalmente possuía tudo o que eles precisavam). — Sobre voltar à mansão.

— Por quê? — Sam perguntou, confuso. — Vamos ver os garotos, vocês verão suas namoradas, qual é o problema?

Quinn suspirou, depositando as caixinhas cheias de balas para a sua pistola no porta-luvas do Cadillac. Sam avistou um walker tentando passar pelo muro desmoronando e arrancou-lhe a cabeça. Ele franziu a testa, em dúvida. No dia anterior, o buraco quebrado na muralha dava apenas para passar um carro de uma vez só, mas agora, observando-o mais atentamente, o muro aumentara assombrosamente. Perguntou-se o que teria acontecido, porém, antes que pudesse levantar a questão às garotas, Quinn disse:

— Eu sonhei que a Rachel tinha se transformado. Não sabia como nem quando, eu só olhei para trás e ela tinha virado walker. Foi a pior sensação que tive desde que ela desmaiou enquanto viajávamos para cá.

Sam ficou calado. Santana contara-lhe do desespero de Quinn na estada delas na reserva florestal em Ohio. Jamais chegara a perguntar pessoalmente a Quinn, mas sempre soube que não devia, mesmo sendo seu melhor amigo. Aquele tipo de dor — a perda, a sensação de nunca mais ver o mais o amor da sua vida novamente — não era nem acessível a ele. Apenas os infelizes que tinham visto saberiam dela.

Hanna se aproximou de Quinn, o caderno do doutor Jackson em mãos, e apertou-lhe o ombro solidariamente.

— Ei, ela está bem, não se preocupe.

Quinn concordou descrente, colocando o último galão de gasolina no porta-malas. Fechou ele com uma batida forte e forçou um sorriso a Hanna, sem respondê-la.

— Eu dirijo — ela disse, o brilho no olhar lembrando a Sam certa líder de torcida que ele namorara uma vez. — O carro é meu, afinal.


05 de Abril de 2012

Prowell Lake Road, Lebanon, TN

11:00 AM

Brittany sequer reclamou; pulou no banco de trás antes de Hanna e deitou a cabeça no colo de Sam, se contorcendo para ter uma posição confortável. Ele riu, lançando um olhar rápido ao relógio em seu pulso. Eram onze horas em ponto. Faltava pouco mais dez minutos para que o CDC virasse cinzas, quarenta quilômetros atrás deles.

— Ei, alguém mais notou a falta de zumbis durante o trajeto? — Brittany perguntou, sinceramente preocupada.

— Eu — respondeu Sam, erguendo a mão estupidamente. Hanna também levantou a dela, os olhos pregados no caderno de Jackson. Pelo retrovisor, ele viu Quinn balançar a cabeça.

— Talvez eles apenas foram para o outro lado da cidade — Quinn disse. Mesmo a quase cento e cinquenta por hora e um sorriso idiota ter dominado seu rosto, o olhar dela continuava triste. Bem, ele pensou, do jeito que a garota estava dirigindo, em minutos estariam na mansão e ela poderia beijar e abraçar Rachel Berry o quanto quisesse. — Hanna, não há como a explosão nos atingir, certo?

— Não — respondeu a garota. — Estamos bem longe, e, a não ser que os cientistas tenham usado uma bomba de hidrogênio, ou uma atômica, acho difícil morrermos por causa dela. Os zumbis que tiverem na região, eles sim, podem sofrer sérias consequências.

— Morrer novamente? — sugeriu Sam, rindo da própria piada. Hanna parou de ler para encará-lo com raiva. O garoto corou e começou a observar a paisagem do lado de fora do Cadillac, que passava rápido aos seus olhos, devido à velocidade que Quinn corria. O desespero dela de ver mais uma vez a namorada estava deixando-o atormentado.

Os próximos minutos seguiram silenciosamente. Brittany apontou para o relógio quando faltavam cinco minutos para a explosão do CDC e Quinn foi obrigada a parar o Cadillac. Eles desceram e olharam para a cidade de Nashville, um enorme ponto cheio de prédios e que um dia foi a morada para seres humanos, não zumbis loucos por cérebro.

Sam ouvia o pé de Quinn bater impaciente no asfalto. Sentara no capô do carro ao lado de Brittany, a cabeça da garota pendendo em seu ombro. Hanna não parecia muito interessada, lançando apenas olhares vagos à bela visão que tinham de Nashville, ainda lendo freneticamente o caderno de Jackson.

Ele esperava coisas boas vindas daquele doutor, vinda da maluca viagem. Um dia e meio e parecia que metade do mundo que conheciam havia se detonado para outro abrisse em troca. Obviamente deveria ser a melhor barganha que eles teriam feito até aquele dia, porém ele sabia não devia se colocar esperanças demais em uma bandeja só.

— Isso. É. Demais! — Brittany exclamou quando um som fraco de explosão chegou a eles.

Segundos depois, a bela manhã de sol fora substituída por uma grande bola de fogo que se apoderou da visão deles. Mesmo de longe, (muito longe) um décimo do calor que os errantes nas proximidades do edifício estariam sofrendo chegou ao corpo de Sam. Ele não fazia ideia de que tipo seria a tal bomba, mas de fato era bem poderosa.

— Vamos embora, são apenas mais dez minutos até a mansão. — As mãos de Quinn estremeceram de animação e Sam teve de controlá-la para que a garota não saísse correndo. — Aposto que Rachel deve estar enlouquecendo ao ver essa explosão de longe.

Quinn deu uma risadinha, sentando no banco do motorista. Sam, de repente, não queria deixá-la dirigir o Cadillac. Engoliu em seco, pois a sensação de Quinn que algo não daria certo ao chegar à mansão tinha se apoderado dele.

Enquanto embarcava no banco de trás junto de Brittany, tudo fez sentido para ele. O grande número de walkers no dia anterior; a manhã seguinte, onde todos haviam desaparecido misteriosamente; e o buraco no muro aumentado. Uma manada havia fugido de Nashville e seguido o caminho para a mansão.

Como os zumbis poderiam ter sido tão rápidos, jamais chegaria a saber. Tentava fazer as contas mentalmente de quantos eram na noite anterior e no quanto poderiam ter saído, contudo, era impossível. De acordo com Hanna, durante a viagem de ida para Nashville, os cidadãos da Grande Nashville chegavam a um milhão e meio. Nenhum deles não teria nenhuma chance contra somente a metade dos walkers, imagine a população inteira?

— Quinn? — chamou Sam, a cabeça ainda doendo pelos cálculos e as descobertas. Com alguma sorte, a manada não teria virado para os lados da mansão. Ficava, de certa forma, escondida, até mesmo para os walkers estupidamente rápidos da cidade. Engoliu em seco ao não ouvir resposta da garota; já estavam na esquina para a estrada da mansão. — Uma manada saiu da cidade. A falta de walkers é plausível. Os zumbis detonaram o muro para poderem sair.

A freada brusca do Cadillac quase o jogou para fora do carro. Ele olhou para a motorista, indignado, mas Quinn não prestava atenção em seu discurso ou se ele tinha machucado. Olhava fixamente para frente, em choque. Hanna fazia o mesmo. Brittany e Sam se entreolharam, sem saber o que estava acontecendo. Ele saiu do carro e seu queixo caiu.

A mansão estava em perigo, tal como Quinn previra.



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Notas finais do capítulo

O que vocês acharam? Algumas partes ficaram corridas demais, eu sei. Eu tentei sintetizar tudo e acabou não saindo muito bom ~suspiros~
Mas, bem, eu agradeço a quem leu e espero que vocês deixem seus reviews com recomendações, xingamentos e, é claro, elogios.
PS: Quando o Sam pensa em as Crônicas de Nárnia, ele fala do último livro, A Última Batalha, praticamente durante os últimos parágrafos, onde todos os "merecedores da verdadeira Nárnia" deveriam viver para sempre. Ou algo do tipo, por que eu tendo entender, mas sempre acabo falhando miseravelmente KKK
Mas enfim, beijos para vocês e até o próximo capítulo :*