Running Away From Hell escrita por GabanaF


Capítulo 15
Cap. XV — Harvard


Notas iniciais do capítulo

Oi gente, como vocês estão? Espero que bem. Então, eu iria postar esse capítulo na segunda-feira, pois é o dia em que a fic faz três meses ~feelings~, mas como eu não consigo segurar capítulo, aqui está.
Eu queria agradecer a todos que leem a fic, muito obrigada de coração, esse povo louco que tá me acompanhando há três meses aqui - e talvez a mais tempo em outras fics -, meus sinceros agradecimentos. A fic não seria nada sem vocês.
Agora, depois desse momento meloso, aqui está o capítulo novo. Espero que curtem e vejo vocês lá embaixo :)



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02 de Abril de 2012

Quintal, Mansão do Sam, TN

06:07 PM

Quinn retirou a faca do crânio do walker, que se arrastou pela cerca e caiu no chão com um baque surdo. Limpou a faca na barra da calça e olhou para Santana, séria.

— Então era para isso que me convenceu a ficar com a Hanna? — indagou Santana, parecendo indignada. — Lembro que você sumiu o dia todo com Beth e Puck.

— Beth quase comeu um cogumelo envenenado — confidenciou Quinn, recorando do momento em que saíra da proteção da cerca para poder procurar flores para sua surpresa a Rachel. Se não fosse por Puck, Quinn não teria certeza se a garotinha continuaria saudável.

Fazia pouco mais de quatro dias que pedira Rachel em namoro. Nada mudara muito, a não ser o anel dourado no dedo da garota, tirado de um errante do lado de fora da cerca e lavado inúmeras vezes. Elas tentavam fazer pouco caso de tudo o que estava acontecendo, agindo normalmente, mas Santana e Puck não as deixavam esquecer. Sempre que Rachel aparecia no cômodo que estavam, os dois faziam piadinhas e fingiam cegar-se por um sol vindo do dedo de Rachel.

— Quisera eu achar um anel para Brittany — murmurou Santana chateada, empurrando para longe um walker, não antes de dar uma espiada nas mãos dele. — Esses dias para trás ela me pediu em casamento.

Quinn levantou a sobrancelha, surpresa, se distraindo e deixando ser pega por um errante. Assustada, se desvencilhou rapidamente da criatura e voltou com a faca para atacá-la. Santana permaneceu o tempo todo do ataque encarando Quinn sem expressão.

— Obrigada pela ajuda — disse Quinn mal-humorada, limpando a sujeira que o morto-vivo deixara em seu casaco.

Santana deu de ombros e continuou seu trabalho.

— Mas, ei! — ela exclamou animada. — Casamento é uma ideia interessante, por que não aceitou?

— Por que não tenho um anel — resmungou Santana enciumada.

Quinn ficou quieta, sentindo o rosto corar fortemente. Ela não devia sentir-se culpada por ter tido a ideia primeiro que a amiga, mas a sensação não saía de si. Santana e Brittany estavam juntas há mais tempo que ela e Rachel, muito antes de Quinn perceber que gostava de garotas. Era, de certa forma, injusto.

— E sua amizade com Hanna, hein? — Quinn mudou de assunto rapidamente após os minutos de silêncio começar a torturá-la. — Você tá andando demais com ela.

— Ciúmes? — retrucou Santana apontando a faca para Quinn com um sorriso maroto.

— Claro — respondeu a outra com desdém.

No fundo, Quinn estava um pouco mordida. Hanna era uma boa pessoa, e tinha plena certeza de que Santana ficaria irritada com ela sem razão nenhuma para sempre. Nunca que imaginaria as duas trocando palavras durante as tarefas, ou que passariam os enlatados durante o jantar tão polidamente. Ainda não acreditava muito no que acontecera nos últimos dias.

— Ela é bem legal, sabia? — comentou Santana, terminando de matar o último walker e avançando para os fundos da mansão. Quinn revirou os olhos e a acompanhou. — Hanna fazia faculdade de Medicina em Harvard.

Santana deu ênfase no nome da universidade como se valesse alguma coisa naquele mundo. O sussurro desejoso dela fez Quinn bufar. Tentou não dar ouvidos à faladeira que se seguiu, mas nos próximos minutos, enquanto exterminava os poucos errantes perto da cerca, Quinn ficou sabendo das aventuras de Hanna durante seu primeiro ano em Harvard.

— Você sabe que eu ainda sou sua melhor amiga, não sabe? — Santana indagou de mansinho ao chegar perto de Quinn depois que a tarefa estava completa.

Quinn deu um muxoxo, enfiando sua faca na bainha e afastando-se da cerca. Chegou perto da casa e abriu a torneira que ficava ali fora. Lavou as mãos, sabendo que Santana lhe encarava de forma divertida.

— Você sabe? — tornou a perguntar Santana, mal contendo o riso.

— Sei! — exclamou Quinn irritada, se levantando e fixando seus olhos na garota que dava risadas atrás dela. — Que porra.

Santana, ainda rindo, passou por ela, empurrando-lhe para que saísse do caminho. Quinn, emburrada, arremessou um pouco de água nela. Santana respondeu o gesto atirando em Quinn um jato mais forte.

— Xingar é errado, amor — disse Santana simplesmente.

Quinn suspirou fortemente, espirrando o resto de água que caía de seu nariz no chão. Tentou secar os olhos e observou suas roupas molhadas. Na sua frente, Santana se dobrava de tanto rir. Irritada, mas não perdendo uma perfeita oportunidade, Quinn empurrou a garota.

Santana parou de rir na hora. Olhou furiosa para ela e avançou alguns passos, sorrindo ameaçadoramente. Quinn fechou os olhos, esperando os socos e pontapés, porém, não aconteceu nada disso. Ao abrir os olhos outra vez, encontrou Santana com os braços estendidos na sua direção, dando a entender que queria um abraço.

— Vem cá... — pediu ela manhosa, mexendo as mãos de uma forma que pensava ser convidativa. — Não sou sua melhor amiga? Uma pequena prova de amizade.

Quinn revirou os olhos, mas não teve muito tempo para pensar: Santana lhe puxava para um abraço apertado. Sentiu a garota passar as mãos molhadas por suas costas num gesto carinhoso. De repente, foi como se todo o peso da liderança — mesmo que ainda não tivesse sido posta à prova — se esvaísse. Sempre se esquecia do efeito que Santana tinha sobre ela. Era quase como se ela fosse uma Rachel latina.

Logo se soltaram. Quinn viu Santana dar um sorriso sincero, o primeiro em dias para pessoas que não fossem Brittany Pearce. Apertou a mão da garota e disse:

— Nosso dia de folga começa a partir de agora! Anda, vamos para dentro comemorar!

Juntas, rindo, entraram na mansão.


02 de Abril de 2012

Cozinha, Mansão do Sam, TN

06:36 PM

— Ei, Santana! — exclamou Sugar assim que avistou a garota terminar seus serviços com Quinn de limpar a cerca. Parou-a no meio da cozinha, um tanto desesperada. — Posso falar com você um minuto?

— Agora? Por que eu e Brittany vamos...

Ela torceu as mãos, envergonhada, e corou fortemente. Pigarreou e correu para enxugar as mãos molhadas no pano de prato posto ali por Puck. Quinn deu uma risadinha.

— O que foi?

— Ah... hm... — Foi a vez de Sugar enrubescer. Ela se complicou nas palavras e acabou por deixar Santana um pouco irritada. A garota começou a fazer gestos para que andasse mais rápido com sua explicação.

Sugar respirou fundo, ainda indecisa entre contar ou não a ela o que havia acontecido três noites atrás com ela e Harmony. Quinn ainda estava no local, mas não tinha certeza se confiava nela da mesma forma que confiava em Santana. Entenda, Quinn era uma ótima garota, mas o problema era que Sugar preferia Santana.

Entretanto, presumia que elas já teriam alguma ideia do que teria acontecido, visto que Sugar agora era raramente vista com Harmony e também pega constantemente cochilando quando deveria estar fazendo suas tarefas.

A polidez com que Harmony lhe tratava fazia Sugar não dormir à noite, pensando. Ela não tivera a chance de se desculpar pelo beijo, pois a garota sempre fugia dela — e dormindo o mesmo quarto, sendo postas nas mesmas tarefas, era uma missão impressionante da parte da garota. Quando a conversa era inevitável, Harmony era sempre leviana e jamais falava de outra coisa além do clássico, “me passe o sal”.

— Eu beijei Harmony... — disse Sugar num suspiro só, ignorando a presença de Quinn no cômodo.

— Isso é ótimo! — interromperam Santana e Quinn em uníssono.

—... e ela agora tá me ignorando e...

— Isso já não é tão ótimo... — disseram as duas ao mesmo tempo.

—... eu não sei o que fazer! — terminou Sugar desesperadamente.

Santana suspirou, a expressão um tanto calma, como se quisesse conter uma risada. Sugar ficou irritada com o semblante da garota; ela sabia que, no mundo em que estavam vivendo, lutar pela sobrevivência era o essencial, mas ela não conseguia parar de pensar em ter, de fato, magoado Harmony. Não queria ter que morrer com a garota sentindo raiva dela para sempre.

— Isso é normal — disse Santana se aproximando dela e pondo a mão molhada em seu ombro. Quinn, de longe, assentiu. — Harmony provavelmente nunca beijou uma garota na vida e aqui estamos, no meio de uma apocalipse, e isso acontece. Mesmo sendo importante ter uma companhia por esses dias, ainda é algo estranho e incomum.

Sugar balançou a cabeça em concordância. Seu coração aliviara um pouco, mas ainda doía. Santana e Quinn deram sorrisos bondosos, e ela tentou retribuir, contida.

— Acho que Brittany não vai se importar se eu contar para você uma história — comentou Santana em voz baixa e animada, segurando Sugar pelos ombros e sentando numa das cadeiras da cozinha. Ela se ocupou no lugar na frente da garota e a encarou, risonha.

— Que história? — indagou Sugar desanimada, ainda pensando em Harmony.

— Ah, não. — Quinn soltou um muxoxo de impaciência e revirou os olhos. Pegou um copo de água e disse: — Estou fora, não agüento essa história outra vez.

Santana acompanhou ela sair com o olhar, soltando uma risada seca. Sugar acenou para Quinn enquanto ela saía, um pouco curiosa sobra a maldita história da garota na sua frente.

— Meu primeiro beijo. Quinn odeia, já ouviu um milhão de vezes.

— Eu não quero saber disso...

— Conheci ela no começo da sexta série, fazendo audições para as Cheerios — começou Santana sem dar ouvidos a Sugar. — Eu passei a sexta e metade da sétima série inteira com medo de me apresentar a ela. Nós fazíamos quatro aulas, além das Cheerios, juntas! Era terrivelmente tímida na frente dela.

Sugar quase explodiu em risadas. Uma Santana tímida era algo incrivelmente inimaginável em sua visão.

— Sinceramente? Eu a amava — Santana confessou abertamente, com a expressão sonhadora. Sugar imaginava onde aquela história toda daria. — Depois das férias de primavera da oitava série, tomei coragem e fui falar com ela. Era uma pessoa maravilhosa, se me permite dizer. Ficamos amigas rapidamente. Da mesma forma que eu adorava ela, ela me adorava.

“Eu a chamei para dormir na minha casa um dia. No começo da oitava série. E... uma hora, nós estávamos rolando no colchão, rindo e vendo High School Musical, e no outro...”

Santana soltou um suspiro apaixonado. Sugar franziu a testa, se perguntando por que a garota fazia tanto caso em esconder a identidade da pessoa, quando obviamente era de Brittany que falava. Mesmo assim, inclinou a cabeça pedindo a conclusão da história.

— Na época, não pareceu errado. Depois, foi ficando comum. Nem eu nem ela tínhamos experimentado outra coisa, sempre fora o certo.

Santana olhou para Sugar, ainda com o semblante sonhador.

— O fato é — terminou ela, séria — que, depois disso, eu beijei milhões de garotos e garotas (incluindo Sam, Puck e até a Quinn), mas nenhum deles me pareceu tão certo quanto Brittany.

Sugar estava ocupada demais processando a lista de pessoas que Santana beijara para captar a lição que ela tentava passar.

— Quinn?! — Ela riu. — O que ela queria beijando você?

— Queria saber se gostava mesmo de garotas. Brittany permitiu, então eu não vi nenhum problemas.

— E o que isso tem a ver comigo e Harmony? — perguntou Sugar arqueando a sobrancelha, lembrando-se da razão pelo qual fora procurar Santana em primeiro lugar.

Santana suspirou, dando uma risada.

— Tudo, Little Sugar! — Ela afagou os cabelos ruivos da garota, que vez uma careta confusa. — Harmony não tá acostumada por que ela já teve outras experiências e aposto que você também. Mas, se for o certo, vocês vão se acertar.

Sugar agradeceu com um aceno de cabeça. Santana sorriu e bagunçou mais uma vez os cabelos da garota. Antes que pudesse se levantar e anunciar que iria finalmente ver sua namorada, Brittany entrou na cozinha com a expressão preocupada, que se suavizou ao encontrar as duas garotas sentadas à mesa.

— Ei, Britt-Britt! — cumprimentou Santana animada enquanto a namorada ia até ela e lhe dava um selinho. — Foi mal, eu tava contando a Sugar sobre o nosso primeiro beijo.

— De novo? — indagou Brittany rolando os olhos. Para Sugar, disse: — Ela não pede a oportunidade de contar isso para todo mundo.

Sugar riu. Brittany, em pé atrás de Santana, passou os braços pelo seu pescoço e a apertou forte.

— Ela beijou Harmony e está tendo problemas para resolver isso — resumiu Santana para a namorada. Sugar, corando, bateu na mão dela sobre a mesa.

— Que ótimo! — exclamou Brittany. Sugar arregalou os olhos. — Digo, vocês vão se dar bem, tenho certeza disso.

— Obrigada.

Santana e Brittany se entreolharam daquela forma que Sugar aprendera a odiar desde que perdera o mesmo com Harmony. Descobriu, depois do beijo, e tempos pensando com si, que as duas possuíam o mesmo olhar; e observar outras pessoas fazendo o mesmo era relativamente deprimente.

— Quando vocês se casarem, podem me adotar? — pediu Sugar deprimida. As duas garotas riram.

— Claro — confirmou Brittany. — Mas Harmony terá de ficar em outra família.

— Do jeito que ela cantava Barbra algumas noites atrás, ela pode ser muito bem ser filha da Rachel — observou Santana, se levantando.

— Ah, ela é apaixonada por Barbra e essas coisas de musicais — respondeu Sugar emburrada. — Chega até ser irritante depois de um tempo.

Antes que Santana ou Brittany respondessem, no entanto, Rory entrou na cozinha acompanhado por Harmony. Santana levantou as sobrancelhas, surpresa, e logo murmurou algo para Brittany. As duas acenaram para Sugar e saíram do cômodo.

O coração de dela não teve tempo para processar as duas garotas saindo da cozinha. Os olhos estavam fixos em Harmony. Sua respiração ficou um tanto rarefeita. Tinha medo que a garota começasse a pegar talheres e tacar nela ou avançar e começar a bater na sua cabeça com a colher de pau, mas Harmony não fez nada disso. Surpreendeu Sugar por completo quando, na verdade, disse:

— Precisamos conversar.


02 de Abril de 2012

Cozinha, Mansão do Sam, TN

07:02 PM

Harmony tremia dos pés a cabeça. Ela não queria fazer isso, não mesmo. Sinceramente, não sabia o que Rory dissera que a fizera estar de pé no meio da cozinha com o semblante ansioso encarando uma Sugar perplexa na sua frente.

— O-o quê? — Sugar gaguejou, voltando a se sentar.

Ela não respondeu. Olhou para Rory, pedindo silenciosamente para que ele a tirasse daquela situação. Rory fora seu companheiro nos últimos dias enquanto tentava ao máximo ignorar as tentativas de aproximação de Sugar. No entanto, naquele momento, o garoto apenas deu um beijo em sua testa e desejou boa sorte em seu ouvido.

— Obrigada — murmurou ela amargurada enquanto ele saída do cômodo.

Voltou sua atenção a Sugar. A garota desviara o olhar durante a despedida de Rory e ainda permanecia com os olhos fixos numa panela ao seu lado com a expressão dura.

— O que foi? — perguntou Sugar novamente, encarando a panela de tal forma que Harmony chegou a ter pena do objeto.

Harmony podia sentir a dor em sua voz. Sugar não era mais a mesma garota que conhecera a pouco mais de um mês, sempre alegre e serelepe. Estava diferente. Temia que fosse sua culpa, e essa percepção doía mais que vê-la daquela forma.

— Nossa tarefa, lembra? — ela quebrou o silêncio e avançou uns passos na direção de Sugar, vacilante. — O jantar.

Sugar assentiu, se levantando e indo até o armário mais próximo. Pegou algumas latinhas de salsinha e jogou na mesa.

— Pronto — disse desgostosa. — O assunto de verdade, por favor.

Se Harmony não tivesse tão aterrorizada em razão do que estava prestes a dizer, teria rido. Ficou do outro lado da mesa, encarando Sugar fixamente, apertando a madeira tão forte que sua mão começara a doer.

— Me desculpe — disse Harmony rapidamente. Sugar franziu o cenho, provavelmente se perguntando o que ela falara. — Sinto muito — repetiu, falando no tom mais calmo que conseguia. — Pelo beijo e ter ignorado você essa semana. Fui uma idiota.

— Pode continuar — pediu Sugar, com a sombra de um sorriso perpassando por seu rosto.

Harmony abaixou os olhos. Talvez não tivesse machucado Sugar do tanto que pensara.

— Sugar, eu... — Harmony começou a dizer, mas parou. Respirou fundo, encarando a madeira da mesa vivamente. Segurou-a com as duas mãos, tentando obrigá-las a parar de tremer. — Sugar, eu acho que...

Ela parou outra vez. Ergueu os olhos e encontrou Sugar sorrindo para ela, como se soubesse o que a garota queria falar. Harmony a amaldiçoou de diversas maneiras por deixá-la sozinha num momento importante daqueles.

— Sugar, isso é sacanagem, você sabe o que eu quero dizer aqui! — gritou Harmony, batendo o pé no chão e cruzando os braços. Sugar caiu na risada. — Por favor!

— O que você quer que eu diga? — perguntou Sugar, parecendo sincera. — Que seus sentimentos em relação a mim são recíprocos? Que nós nascemos para ficar juntas e o apocalipse ajudou nisso? Que deveríamos nos beijar para provar...?

Sugar se calou; as orelhas ficando vermelhas. Harmony arregalou os olhos, impressionada com a quantidade de palavras ditas por Sugar que poderiam embaraçá-la. Passou os próximos minutos fitando a mesa novamente, até que uma ideia — uma louca e maravilhosa ideia — lhe ocorreu.

— Podíamos nos beijar — disse, quase que num murmúrio.

— O quê? — Sugar exclamou, indignada. — Você fumou?

— Para ver se sentirmos o mesmo — continuou, ignorando Sugar. — Se não sentirmos nada, voltamos ao normal.

— E se tiver alguma... — Sugar tossiu, constrangida — chama?

— Aí nós continuamos.

Harmony deu um sorrisinho malicioso. Atravessou a mesa numa velocidade recorde e, segundos depois, se encontrava ao lado de Sugar, arquejando nervosa e pondo as mãos delicadamente na sua cintura.

— Então essa é a hora em que a gente se beija? — indagou Sugar, com o rosto a centímetros de Harmony.

— Possivelmente.

Harmony não deixou Sugar retrucar: colou os lábios dela nos da garota. Prendeu Sugar mais perto de seu corpo, prensando-a contra a mesa da cozinha. Por pouco, não caem por cima dela. Sorriu durante o beijo, a sensação que ela tanto temia voltando a percorrer suas veias.

Quando pararam, Harmony ofegava. Olhou para Sugar, temerosa, ainda colocando-a contra a mesa. Abriu outro sorriso, mínimo, e disse:

— Então?

Sugar desviou o olhar, contendo o riso. Harmony se aproximou da garota mais um pouco — se é que era possível.

— Eu acho que... — Sugar se perdeu nas palavras, e nos olhos de Harmony. — Talvez tenha sido, hm...

Harmony calou Sugar novamente com um selinho, começando a distribuir beijinhos pelo rosto dela e descendo até o pescoço. Ela não conseguia parar. Alguma força imaginária a fazia seguir em frente, fazia querer tomar o corpo de Sugar só para si e não soltá-la nunca mais.

— Harmony... — chamou Sugar, soltando um gemido após uma mordida dolorosa que a garota dera em sua bochecha. — Ok, Harmony, acho seu argumento muito válido, por favor, menos.

Sugar conseguiu soltar-se do aperto da garota e, em um impulso, quase foi parar estatelada no chão. Harmony percebeu o que estava fazendo e virou-se para Sugar, de repente envergonhada.

— Longe demais? — indagou, corando.

— Um pouco — admitiu Sugar, corando. — Seus sentimentos em relação a mim estão bem claros, eu acho.

Harmony riu. Ela se jogou em cima da mesa, balançando os pés, olhando Sugar com admiração.

— Eu gosto de você — disse. — E você gosta de mim.

— Possivelmente — Sugar desviou o assunto, dando uma risada. — Estamos resolvidas? Posso beijar você quando eu quiser?

Harmony deu de ombros. Logo sentiu a presença de Sugar invadir seu espaço, abraçando-lhe fortemente. Acariciou seus cabelos ruivos e beijou-lhe o topo da cabeça. Deixou que Sugar deitasse a cabeça em seu ombro, não tão preocupada quanto antes. Com Sugar, Harmony sabia que conseguiria ultrapassar tudo aquilo.


02 de Abril de 2012

Sala de Estar, Mansão do Sam, TN

09:42 PM

Aqueles garotos eram o máximo. Hanna se impressionava cada dia mais com eles. Mesmo não sabendo praticamente nada da vida, eles lutavam todos os dias para sobreviver naquele inferno, fazendo coisas que nem ela, seu pai ou George haviam conseguido.

Hanna tinha uma grande decisão nas mãos desde o dia em que Sam a permitira ir para aquela mansão com eles. Quase um mês depois, ainda não sabia o que fazer. Durante a noite, seu cérebro ardia de tanto pensar nos prós e nos contras de contar o que sabia para eles.

Ela vira aqueles garotos construírem uma cerca feita de entulhos e pedaços de madeiras mofadas vindos do porão; os vira enterrar a companheira e celebrar, no minuto seguinte, o fato de acharem uma latinha de Coca achada nos fundos de um armário velho. Eles poderiam ser novos e não conhecer a área do Tennessee direito, mas eram mais inteligentes e úteis que seus antigos companheiros de condomínio. Pelo menos Sam e Quinn não a deixaram passar fome.

Observou Santana conversando com Quinn e Puck a um canto enquanto Brittany fazia piadinhas que atraíam fortes risadas de Rory, Rachel e um surpreendentemente feliz Sam. Tudo à luz de velas, pois a gasolina destinada ao gerador estava acabando. Harmony e Sugar deveriam estar no quarto; ela as vira passar às escondidas pela escada quando ninguém estava olhando.

— Santana? — chamou Hanna quando se cansou de concordar e fingir dar risada das piadas de Brittany.

Os olhos de Santana brilharam na sua direção. Hanna tinha uma admiração enorme pelo jeito da garota de ser, mas depois que deixara escapar que gostava dela, Santana passara a conversar com ela diariamente, em praticamente todos os momentos em que não estava com Brittany. O que ela tinha a dizer era interessante, mas Hanna sentia que preferia ficar sozinha e em silêncio quando fazia suas tarefas. Ela não gostava muito de ser o centro das atenções — mesmo que qualquer coisa que ela fazia naquela casa parecia atrai-la a isso.

— Quinn? — Hanna chamou também, fazendo Santana soltar um suspiro magoado. — Posso falar com vocês um instante?

Era isso. Perguntara o pior. Era agora ou nunca. Será que as coisas mudariam? Seria tratada como uma traidora? Não queria saber. Mas ela teria. Engoliu em seco, pela primeira vez não tão confiante das coisas que deveria ou não fazer.

— Claro. — Quinn franziu o cenho. Ela sabia, Hanna pensou. Sabia que algo estava lhe perturbando desde quando chegara ali. Não era nenhum segredo.

Quinn se levantou. Ela cochichou algo no ouvido de Rachel e deu-lhe um beijo na testa. Hanna assistiu à cena, esquecendo um pouco o que estava prestes a dizer. Dentro do mundo em que estavam, Quinn e Santana tinham sorte em encontrar outras pessoas. Perguntava-se sempre se haveria uma pessoa para ela lutando contra walkers naquele momento, louco para encontrá-la.

Ela gostava de Sam. Bastante. Desde o primeiro momento em que o vira, deitado, sofrendo para escapar dos errantes durante a primeira aventura deles no condomínio.

Ficara triste quando descobrira que ele tinha namorada, mas, ao ver Mercedes, descobriu que jamais teria chance. Os dois se amavam demais. Hanna não tiraria proveito da morte da garota, decidiu assim que haviam enterrado o corpo.

Dava para ver a dor nos olhos de Sam todos os dias, a expressão tristonha dele quando dizia boa noite e subia sozinho para o quarto — e tudo o que Hanna queria fazer era englobá-lo num abraço e dizer que tudo terminaria bem. Era horrível a sensação de total impotência que ela tinha nessa situação.

— O que foi? — Santana estalou os dedos na sua frente enquanto se acomodava na cadeira roubada da cozinha que ficava no quarto de Hanna. — Oi?

— Foi mal — desculpou-se Hanna, saindo de seu pequeno transe. Ela se afastou um pouco para que Quinn pudesse sentar ao seu lado na cama.

Seu quarto estava uma bagunça, como sempre. Roupas sujas que ainda não mandara lavar estavam jogadas a um canto; o notebook, sendo amassado na cadeira por Santana; a cama lotada de travesseiros e edredons, por causa de seu terrível medo de ficar sozinha para sempre; além de sua caixa de Primeiros Socorros aberta com os instrumentos espalhados por todos os lugares. Ela sinceramente não sabia como os outros mantinham os quartos tão arrumados.

— O que foi? — Quinn repetiu a pergunta nervosamente.

Ela respirou fundo. Era agora ou nunca. Preferia muito o nunca, mas aquilo era algo que todos precisavam saber — ou pelo menos, em primeiro lugar, Quinn e Santana.

— Eu disse à Santana que estudava em Harvard antes desse inferno — começou ela, torcendo as mãos. — O que é verdade — Hanna acrescentou ao ver o olhar arregalado de Quinn para ela. — Entrei com 16 anos por um monte de razões sem importância. O negócio é que, mesmo sem querer, eu era um gênio. A melhor da turma, sempre convidada para palestras fora do país e essas coisas. Minhas primeiras Férias de Primavera eu passei no Brasil por conta da universidade. Era o máximo estudar lá, e eu lamento muito por vocês jamais terem essa experiência.

Santana e Quinn bufaram ao mesmo tempo, como se lutar contra mortos-vivos até a morte fosse algo mais legal que terminar os estudos propriamente. Hanna soltou uma risada seca.

— Como melhor aluna da turma, eu tinha muitos privilégios. Por exemplo, eu tinha acesso a algumas pesquisas que rodavam os Estados Unidos inteiro. Umas eram realmente idiotas — sinceramente, não sei como alguns deles conseguiram o dinheiro do governo para elas. Outras, por outro lado, eram... fodas.

Quinn prendeu a respiração.

— Fodas... como? — indagou Santana pausadamente.

— Do tipo — ela respirou fundo — que criam apocalipses zumbis.

Fez-se um silêncio sepulcral. Ninguém falou por longos minutos. Ela passou a analisar suas unhas pessimamente cortadas com atenção, desejando se afundar no chão e nunca mais voltar.

— Você está dizendo... — começou Quinn, mas Santana terminou para ela, furiosa:

— Que você viu essa desgraça nascer e não fez nada?! Que você trabalhou com os cientistas desse inferno e não fez porra nenhuma para impedir?!

Quando ela percebeu, já estava cara a cara com Santana, o rosto da garota horrivelmente ameaçador e próximo do seu. Quinn tentou empurrá-la de volta a cadeira, mas Santana continuava firme.

— Eu tinha acesso a algumas informações, nada demais — disse Hanna calmamente. — Nenhum governo de nenhum país deixaria uma garota de vinte anos olhar em seus arquivos completos, mesmo sendo ela surpreendentemente inteligente.

Quinn assentiu, atordoada. Santana finalmente se afastou dela, se jogando na cadeira de tal maneira que Hanna ficou impressionada pela garota não ter caído.

— Se você sabia de alguma coisa, por que insistiu em ter aquele walker no quintal, então? — perguntou Quinn, confusa.

— Para tentar descobrir o que eu não sabia — respondeu Hanna, dando de ombros. — Não deu muito certo.

— Com certeza não — Santana disse com azedume.

— E o que é que você sabe? — indagou Quinn, ignorando Santana, curiosa.

Hanna não respondeu imediatamente. Fixou os olhos no rosto preocupado de Quinn. Após alguns minutos, desviou o olhar e disse:

— Sei que deveria ser uma cura para o câncer. Os caras disseram que estavam estudando há anos. E, há mais ou menos um ano atrás, começou a dar certo em algumas pessoas. O projeto era interessante, recebia milhões do governo.

— Como você conseguiu entrar? — Santana perguntou. Hanna imaginou que ela já estava voltando ao normal, pois parara de tremer de raiva, embora ainda bufasse periodicamente.

— Contatos, muitos contatos. Precisei tirar “A++” três semestres seguidos em todas as matérias. No começo do ano passado, finalmente consegui. Conheci alguns pacientes que eles tinham curado. Toda essa baboseira de entrar no laboratório e observar o trabalho dos caras, que vocês não entenderiam, era maravilhosa para mim.

Hanna parou. Ela se lembrava perfeitamente do primeiro dia que entrara no laboratório. Todos os frascos e jalecos brancos lhe chocavam. Poderia ser a melhor da turma, mas ainda faltava muito para chegar aos pés daqueles caras. Dentro do laboratório, observando-os trabalhar, chegou à conclusão do que realmente queria: ajudar as pessoas, mudar o mundo em passos pequenos, salvar vidas.

— As pesquisas avançaram rapidamente — continuou ela com o olhar distante. — Pelo pouco que eu soube, eles estavam prontos para torná-la pública. Mas aconteceu algo. Um dos pacientes... ele morreu. Os cientistas tentaram descobrir o que era, mas antes que pudesse, o cara voltou dos mortos. Zumbi.

“Ninguém acreditou muito. Era impossível que alguém pudesse morrer e nascer novamente. Vocês devem lembrar disso... — Hanna disse para Quinn e Santana, que assentiram lentamente. — Os mortos ressurgindo e blá, blá, blá. Sedentos de sangue e todas essas merdas.”

Hanna parou outra vez. Ela observou Quinn e Santana trocarem um olhar tenso. Hanna não era permitida a dizer onde todo esse inferno havia começado, mas nas circunstâncias, tinha plena certeza de que os cientistas mortos dentro do laboratório não iriam se importar.

— Você lembra? — perguntou Santana, mas não era para Hanna. Olhava na direção de Quinn. — Os noticiários diziam que esse negócio de walkers havia começado no centro do país. Depois que se alastraram.

Quinn virou-se vagarosamente para Hanna.

— Por acaso onde os cientistas trabalhavam era...?

— Sim — respondeu Hanna com um suspiro. — O Tennessee era a morada da cura para o câncer.


03 de Abril de 2012

Quarto de Quinn, Mansão do Sam, TN

07:14 AM

— Você vai mesmo contar a eles? — indagou Rachel no ouvido de Quinn na manhã seguinte. Ela ainda parecia meio chocada com a informação que Quinn dera durante a madrugada.

— É necessário — disse ela soltando um suspiro pesado. Apertou mais Rachel contra seu corpo. — Hanna contou a nós primeiro por que confia mais na gente. Mas não deixa de ser errado não contar. Aposto que Santana contou a Brittany.

Rachel assentiu, entrelaçando seus dedos nos de Quinn. Ainda estavam deitadas na cama, embora passasse das sete da manhã. Quinn podia ouvir o movimento se intensificando no primeiro andar, inclusive os gritos em espanhol de Santana para Rory por causa do café da manhã. O berço de Beth estava em seu quarto; a garotinha continuava dormindo profundamente.

As notícias de Hanna espantaram Quinn horrivelmente. Saber que estavam próximos do marco zero de onde todos aqueles zumbis haviam nascido era aterrorizante. Fazia o fato de eles terem fugido de Lima para lá quase um ato de muita má sorte. Perguntava-se quando o grupo poderia respirar em paz por pelo menos uma semana inteira.

— Talvez seja hora de levantarmos — comentou Rachel quando Beth começou a espernear em seu berço.

— Não, espera um pouco! — exclamou Quinn manhosa, tentando apertar Rachel contra si enquanto a garota tentava se desvencilhar. — Beth vai dormir de novo, temos tempo.

Rachel revirou os lhos, tirando as mãos de Quinn da sua cintura. Beth chorou mais alto. Quinn permaneceu deitada na cama estendida completamente sobre ela, observando Rachel ir até o berço de Beth e pegá-la no colo. A menina coçou os olhos, cansada, e deitou a cabeça na curva do pescoço de Rachel. Ela tinha que admirar a facilidade com que a namorada lidava com Beth.

— Mama — grunhiu Beth ao olhar para Quinn por cima do ombro de Rachel, estendendo os braços para a cama.

— Eu acho que ela gosta mais de você — disse Rachel um tanto entristecida ao dar a garotinha para Quinn.

— Que nada, ela também chama o Puck desse jeito — replicou ela dando de ombros. — Beth é imparcial.

Rachel riu, sentando-se na cama. Beth caíra ao lado de Quinn, apertando sua mãe e aparentemente voltando a dormir. Sendo seu dia de folga, Quinn poderia passar o dia inteiro com a filha. Tinha, contudo, decisões a tomar, e isso provavelmente levaria o dia inteiro, com as pessoas lhe importunando sobre os resultados de seus pensamentos. No final, saberia que não teria muito tempo para desperdiçar naquele dia.

Seus olhos encontraram os de Rachel. Sempre esquecia o anel brilhante no dedo dela e pensava no tempo antes do coma, quando ela era a garota do Finn e Quinn era simplesmente a garota apaixonada pela melhor amiga, sem nenhuma chance de ficar com ela. O apocalipse a fizera perder os pais, a irmã, Finn e muitos outros, entretanto, ganhar Rachel quase que compensava todas as perdas.

Sorriu. Rachel se arrastou pela cama, chegando perto de Quinn e lhe dando um selinho calmo. Quando ia se afastar novamente, contudo, Quinn não permitiu, soltando-se com cuidado de Beth e englobando a garota entre seus braços.

Rachel voltou a beijá-la, agora com mais intensidade, deitando em cima de Quinn. Suas pernas se encaixaram perfeitamente na cintura da garota. Rachel se inclinou, permitindo a passagem da língua de Quinn por seus lábios, ofegando um pouco ao sentir as mãos dela alisarem por baixo de seu pijama suas costas.

Ela não queria continuar; sentia Beth cochilando pacificamente a seu lado, e traumatizá-la com a visão dela e de Rachel se beijando não estava, tecnicamente, em seus planos. Ao recuperar os sentidos depois da marca enorme que Rachel havia deixado em seu pescoço, ela tentou se desvencilhar educadamente dela — não que tenha dado muito certo. Rachel se agarrava à Quinn de tal maneira que a deixava sem ar.

— Lucy Quinn Fabray! — gritou Santana, socando a porta com ferocidade. Rachel deu um salto e caiu ao lado de Quinn, assustada. — Você e o hobbit, parem de transar e desçam agora!

Santana bateu na porta outras três vezes antes de descer. Quinn levantou a sobrancelha para Rachel, somente para depois cair na risada com a expressão aterrorizada dela. Até Beth, incrivelmente, soltou uma risadinha sonolenta.

— Vamos trocar de roupa e descer — disse Rachel enrubescida.


03 de Abril de 2012

Cozinha, Mansão do Sam, TN

07:40 AM

A expressão atordoada dos outros garotos não deixou Quinn aproveitar a última fatia de bacon restante em casa. Contar a história de Hanna uma segunda vez a deixara mais perturbadora. Por sorte, tivera a ajuda de Santana e a própria Hanna, complementando detalhes que esquecia.

— Estamos infectados e morando a menos de cem quilômetros do ponto zero — resumiu Puck. — Como somos sortudos.

— Claro — concordou Rory sarcástico. Ele olhava desejoso para o prato de Quinn. — Mesmo depois de a sociedade cair, ainda somos um bando de perdedores.

— E azarados — acrescentou Sugar. Quinn notou que a mão dela estava pousada delicadamente sobre a de Harmony. Pensou no final da tarde do dia anterior e teve um pressentimento que a história péssima de Santana e seu primeiro beijo deveria ter ajudado de alguma forma.

Quinn pigarreou ao terminar sua refeição. Olhou para o prato vazio e soltou um suspiro. Era o último bacon que comeria em semanas, talvez até na vida. Ela não guardara nenhum outro pedaço — esconder aqueles dos outros moradores da mansão já fora difícil. Ela continuava se perguntando como Santana quase que todos os dias aparecia com uma latinha de Coca durante o jantar.

— Estou pensando em ir a Nashville — disse Quinn, esquecendo-se dos bacons.

Rachel arregalou os olhos para ela. Santana prendeu a respiração enquanto Sam deixava cair a colher com que comia seu enlatado. Hanna não falou nada, apenas permaneceu encarando Quinn sem nenhuma expressão no rosto.

— Você enlouqueceu? — Puck verbalizou o pensamento de, pelo que Quinn sabia, metade das pessoas no cômodo. — Estamos bem aqui, não temos razões para se arriscar de tal forma.

— Eu posso oferecer meu GPS — disse Brittany calmamente com um sorriso escárnio.

Santana virou-se para ela, perplexa.

— Sofremos pra caralho para chegar aqui, perdemos metade do nosso grupo e conseguimos superar. Não vou perder essa tranquilidade novamente.

— Nós nunca teremos tranquilidade — disse Hanna sombriamente. — Ainda não entenderam?

Um silêncio constrangedor caiu. Quinn sentia os olhos de Rachel nela. Estava desapontada, magoada. Não acreditava que ela se oferecia mais uma vez para se jogar no mundo do lado de fora da cerca. Quinn murmurou um pedido de desculpas, encarando o chão, duvidando que Rachel houvesse escutado.

— Eu voto por irmos — Sam quebrou o silêncio. Fazia tempo que Quinn não ouvia dele tão enérgica. Sorriu ao garoto orgulhosamente.

— Nós não vamos — contrapuseram Puck e Santana em uníssono.

— Vamos votar — sugeriu Harmony secamente. — Nós não somos uma democracia? Não queremos continuar humanos? Então votemos.

— Eu ainda estou em dúvida, não posso votar agora — reclamou Rory, confuso.

Quinn assentiu, tentando manter a calma sobre a discussão que se instaurara sobre a mesa. Procurou ajuda nos olhos de Rachel, mas ela estava ocupada demais dando comida a Beth para prestar atenção. Bufou, irritada, e soltou um grito ensurdecedor, e teve certeza de que os walkers lá fora tinham ouvido também.

— Vocês têm até o fim da tarde — ela estipulou, se levantando. — Decidam e farei o que vocês quiserem.

Terminada sua fala, saiu da cozinha com os punhos tremendo.


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Notas finais do capítulo

E aí, o que vocês acharam? Mais uma vez, não resisti e meu shipper Quinntana interior falou mais alto e escreveu a primeira parte KKK E me perdoem qualquer falha na narração, ok?
Nos quadrinhos, não há respostas para a dizimação em massa da população e a transformação deles em zumbis, então eu peguei uma parte do filme "Eu Sou A Lenda" - que é ótimo, recomendo - e a pus. Espero que ninguém aqui que leia The Walking Dead fique bravo.
Espero reviews de vocês e muito obrigada por estarem aqui nos últimos três meses :*