Running Away From Hell escrita por GabanaF


Capítulo 10
Cap. X — Hanna


Notas iniciais do capítulo

Oi gente, como vocês estão? Espero que já tenha passado em vocês o efeito do último episódio por que em mim... Mas enfim, queria agradecer pelos reviews e recomendações, e resolvi adiantar esse capítulo por que semana que vem começa minhas aulas na faculdade e eu não sei realmente como vai ser, se terei muito tempo livre para escrever e tudo mais.
Ah, e hm, se vocês quiserem alguma ajuda para imaginar a Hanna, tentem vê-la como Amber Heard, uma atriz que eu admiro muito e para mim, uma das mulheres mais lindas que já pisou aqui na Terra.
Espero que vocês gostem!



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16 de Março de 2012

Plantation Boulevard, Lebanon, TN

07:03 PM

Sam tinha razão, aquela garota era... Uau.

Quinn a observou passar ao seu lado, hipnotizada, e sentiu um perfume de rosa invadir suas narinas. Seus olhos eram azuis, mas ela tinha plena certeza de que eles brilhavam de outra cor. O cabelo loiro estava solto, caindo como uma cascata sobre suas costas. Hanna era dona de um corpo memorável, suas curvas se destacavam nos shorts pequenos e na camisa três quartos que usava. Quinn percebeu que ela calçava botas de caubói de couro legítimo.

Notou também que não era só ela e Sam que estavam encantados com a presença de Hanna. A boca de Puck estava aberta; ele demorou alguns minutos para voltar ao normal. Santana exibia sua melhor face de puro desgosto, o que para Quinn significava que a presença da outra era tão grande que seus egos acabaram por se chocar.

— Então? — ela perguntou novamente, ignorando os semblantes impressionados dos garotos, sentando na ponta da mesa do aposento. — De onde vieram? O que estão fazendo aqui, no meu condomínio?

— Somos de Ohio — respondeu Quinn, já que nenhum dos outros estavam aptos a fazê-lo. — Há uma casa a quase dois quilômetros daqui, moramos lá agora. Viemos aqui para ver se achamos...

— Mantimentos. Entendi — interrompeu Hanna.

Quinn passou a língua pelos lábios, começando a se irritar com o ar superior da garota. Sentou-se na outra ponta da mesa sem convite e a encarou, aborrecida.

— É — falou com azedume. — Mantimentos. Imaginamos que ele estivesse vazio, se é que me entende.

A troca de olhares furiosa que seguiu entre elas foi interrompida por Santana batendo o punho na mesa, infelizmente tão irritada quanto às outras garotas.

— Está sozinha? — indagou diretamente à Hanna. — Quantos anos têm? Por que está carregando uma metralhadora no ombro? Onde a arranjou? E por que...?

— Santana! — interrompeu Sam, saindo de seu transe, mas não deixando de continuar a olhar para Hanna de relance. — Nós somos os convidados aqui, não devemos fazer tantas perguntas...

— Não, tá tudo beleza — disse Hanna com um sorriso amarelo. — Eu respondo as perguntas.

Quinn e Santana se entreolharam. Obviamente, precisam saber o máximo sobre Hanna, sua misteriosa metralhadora e de onde aquela beleza matadora tinha vindo. A pergunta maior, no entanto, era por que a garota estava sendo tão hostil, mas ao mesmo tempo tão acolhedora, com eles.

— Tenho vinte anos e havia outro garoto comigo, mas ele se transformou, não tem muitos dias. A metralhadora... — ela a colocou na mesa; Puck e Sam estreitaram os olhos com desejo — era do meu pai. Ele virou uma daquelas aberrações.

Hanna terminou e encarou cada um da mesa profusamente.

— Alguma pergunta a mais?

Santana meneou a cabeça, sentando ao lado de Quinn, olhando a garota mortalmente. Quinn não sabia o que pensar de Hanna. O gênio da garota batia com o da sua melhor amiga e com o dela. Se fossem inimigas, sinceramente não sabia qual das três perderia. Era melhor para todos que elas ficassem juntas do que separadas.

— Essa era sua casa? — indagou Quinn suavemente, depois que Hanna saiu do aposento e voltou minutos depois com algumas comidas enlatadas para os quatro. Ela não tinha reparado que estava com fome até ver as latinhas de batatas e espinafres.

— Era — confirmou Hanna, tirando um cigarro e um isqueiro do bolso, acendendo-o e pondo na boca. Quinn franziu a testa, mas estava se deliciando com a comida para protestar. — Vim para cá por causa das férias de primavera e acabei presa aqui. Pra sempre.

Hanna não conseguiu esconder o ressentimento presente em seu tom enquanto tragava seu cigarro. Ela observava os garotos comerem com um meio sorriso no rosto, que não passou despercebido por Quinn. Santana continuava a encará-la com raiva, porém Puck e Sam estavam ocupados demais com suas latas para reclamarem ou perceberem alguma coisa.

— Você fazia faculdade? — perguntou ao terminar sua parte da latinha e a jogando no meio da mesa, causando um barulho estrondoso. Acima disso, eram só ouvidos os sons de mastigação alto dos garotos.

— Medicina, terceiro ano.

Quinn fez as contas rapidamente em sua cabeça e notou que ela entrara na faculdade aos dezesseis anos. Assoviou, impressionada, o que causou uma risada em Hanna. No mesmo instante, seus músculos relaxaram e tudo ao seu redor pareceu brilhar mais. A risada de Hanna era o melhor som do mundo, parecia que anjos estavam ali junto com eles.

— Incrível que até nesse mundo as pessoas ficam assombradas com isso — ela murmurou revirando os olhos, o que fez Quinn sentir-se como uma grande idiota.

— Beleza, chega de papo! — exclamou Santana se levantando; ela mal tocara na sua comida enlatada. — Temos que ir embora, elas estão esperando.

Quinn, que observava Hanna tirar os cabelos brilhantes do ombro feito uma princesa, piscou e levantou os olhos para Santana. Por um momento terrível, esquecera-se de Rachel. Claro... precisava voltar para ela, Rachel estava sozinha na mansão.

— Elas? — repetiu Hanna, subitamente interessada.

— Nossas, hm, namoradas — Sam respondeu, as orelhas ficando vermelhas. — Somos um grupo de dez pessoas.

— Achei que vocês se namoravam — disse a garota, franzindo a testa. Sam e Quinn se entreolharam, a expressão aterrorizada e de puro nojo. Ela olhou para Quinn e Santana. — Vocês são lésbicas?

— Somos — respondeu Santana corajosamente, antes que Quinn o fizesse. — Algum problema com isso?

Quinn revirou os olhos: ela parecia querer provar algo a Hanna, o que basicamente sempre acontecia quando conhecia uma garota nova. Nenhum apocalipse mudaria aquilo nela.

— Nada — respondeu Hanna abrindo um sorriso amigável. — Só acho que vocês não deveriam ir agora. — Ela fez um sinal para a janela, onde os pingos de chuva começavam a cair. — Está chovendo e é noite. Deveriam esperar até o amanhecer.

— Concordo — aceitou Puck de bom grado, terminando de rapar sua latinha de legumes ao enfiar sua língua dentro dela.

Sam sorriu a Quinn, como se pedisse permissão. A garota apenas deu de ombros, estendendo os pés sobre a mesa. Se Hanna convidara-os a passar a noite, obviamente tinha espaço suficiente para eles. Sua única preocupação foi Rachel. Ela já dormira sozinha com os quatro em Lima antes, mas Rachel estava em coma e segura no hospital. Agora, a situação era diferente. Rachel estava muito bem acordada e ainda não conseguia dar um tiro direito. Só esperava que os outros protegessem a ela e a Beth.


17 de Março de 2012

Plantation Boulevard, Lebanon, TN

01:34 AM

— O que você acha dela? — murmurou Santana tarde da noite, deitada num colchonete ao lado de Quinn.

Hanna arranjara um quarto para os garotos e outro apenas para elas. Não havia camas em nenhum deles, à exceção do quarto de Hanna, então os quatro tiveram que se ajeitar em colchões. Ela suspeita que seu sentimento em relação à garota tenha se mostrado negativo demais, pois Santana era a única com um colchonete ralo e antigo: os outros se aconchegavam em colchões de mola gigantes.

— Muito boa... — ela respondeu sonhadora, e Santana revirou os olhos. Quando aquele “efeito Hanna” iria passar neles? Quinn tossiu, acordando de seu devaneio, e disse: — Quer dizer... Hm, eu acho que ela seria útil. A mulher fazia medicina.

Santana soltou um suspiro emburrado. Ela não gostara de Hanna, nem um pouquinho. Claro, ela era um anjo em forma de ser humano e os salvara de serem mordidos por walkers na parte da tarde. Mas isso não era um bom motivo para continuar a amá-la para sempre, como Puck, Quinn e Sam pareciam estar fazendo. Não confiava em Hanna, e não chegaria a confiar tão cedo.

— É... — fez Santana amargurada. Ela rolou no colchonete barato de Hanna, virando para o colchão de Quinn e deparando com a altura dele que as separava. — Eu não gosto dela.

Talvez tivesse soado como uma garotinha de fundamental ou por que ela estivesse meio drogada por causa da tragada do cigarro que Hanna lhe dera, mas, lá de cima, Quinn riu estupidamente.

— Ela é normal, Santana — retrucou Quinn, sua cabeça surgindo acima do colchão e assustando a garota. — Esquece, falou? Nós vamos acordar amanhã e ir embora. Sem Hanna, ok?

Mesmo à luz de velas, o sorriso e os olhos esverdeados de Quinn brilhavam mais que tudo. Santana fez bico, porém logo concordou.

— Agora, sobe aqui — sugeriu Quinn, batendo no colchão. — Sei que sou superior, mas não preciso mostrar todos os dias.

Riu por um instante, mas pulou sem hesitar a cama de Quinn. Só o fato de não poder sentir o chão fazia o colchão ser muito melhor que o seu colchonete furado. Ela pegou o travesseiro mofado e o colocou ao lado de Quinn. Não soube realmente dizer por quanto tempo as duas se olharam.

— Sabe, Santana... — disse Quinn após uns minutos, virando de barriga para cima, olhando pacificamente o teto feito de gesso — valeu.

Santana franziu o cenho. O tom de Quinn saíra num murmúrio, como se ela não quisesse ter falado e se arrependera bastante daquilo. Deu de ombros, continuando a deitar-se de lado e observando o quão concentrada Quinn estava em olhar para o teto, imaginando se Hanna dera um cigarro inteiro para ela escondido.

— Pelo quê? — Santana indagou quando o silêncio se tornou um pouco torturador.

— Por ter estado aqui, sempre. — A voz dela foi sumindo quase que no mesmo instante. — Só... obrigada.

Santana riu, aliviada. Se Quinn agradecesse primeiro e pedisse um favor depois, ela conheceria um pouco Lima Heights diretamente da primeira dama do bairro de Lima. Ainda assim, era uma hora estranha para Quinn lhe falar isso. Será que a garota continuava com medo do que poderia acontecer com o grupo? Será que Quinn não confiava plenamente em Hanna como demonstrara? Eram muitas perguntas na cabeça de Santana. No entanto, ela apenas sorriu e disse:

— De nada, vadia.

Conversas tocantes entre ela e Quinn, esse era o máximo que elas chegariam.


17 de Março de 2012

Cozinha, Mansão do Sam, TN

07:38 AM

— Devíamos mandar uma equipe de busca — sugeriu Rory determinado. — Eles estão lá fora, sem comida ou lanterna ou...

— Entendemos Rory — retrucou Harmony irritada. — Mas eu não acho que deveríamos enviar um de nós, eles vão voltar.

Rachel enfiou o rosto entre os braços, suspirando cansada. O dia já amanhecera e ainda nenhum sinal de Quinn e dos outros. Ela sentia que Quinn não havia morrido ou se transformando em um dos walkers pela sua simples conexão com ela, mas começando a se preocupar. E se alguma coisa tivesse acontecido com Santana, Puck ou Sam? E se eles tivessem juntado mantimentos o bastante e não conseguiram chegar à entrada do condomínio até o anoitecer? Bem, ela pensou com um pingo de esperança, eles poderiam apenas ter passado a noite lá...

Rory, Harmony, Sugar, Mercedes e ela estavam em volta da mesa de jantar, exceto Brittany, que continuava encarando o lado de fora da janela da sala de estar, na mesma posição em que Rachel a encontrara pouco antes de dormir. Brittany não encarava àquilo como Mercedes ou Rachel, e isso a estava começando a deixá-la preocupada. Com certeza a garota não sairia de perto da janela até que visse Santana.

— Eu posso ir — se ofereceu Sugar. Rachel levantou a cabeça e a olhou, surpresa. Harmony revirou os olhos e pediu para que abaixasse sua mão. — É sério! Depois da Britt, acho que sou a melhor atiradora do grupo.

— Sugar, cale a boca! — ralhou Mercedes, finalmente falando. Ela servia os garotos com um pouco de cereal e água. — Não vamos mandar ninguém.

— Nenhum deles vai morrer — disse Rachel, a voz saindo rouca, porém resolvida. — Aqueles quatro são as melhores pessoas que já vi na vida, nenhum deles morreria por uma bobagem dessas de walkers. Eles são fortes, vão chegar daqui a pouco.

Harmony olhou para Sugar, satisfeita. Rory e Sugar pareceram se convencer com as palavras de Rachel. Ela engoliu em seco, também querendo ver alguma veracidade no que acabara de falar. Acreditava que Quinn viria, em alguma hora do dia ou da semana, mas durante a madrugada as opções ficavam cada vez mais ralas. Só precisava de um ponto, um lugar onde pudesse se conectar com ela, uma certeza de que ela voltaria para casa logo.

— E Brittany? — sussurrou Sugar minutos mais tarde, o silêncio sendo substituído pelo som de mastigadas. Rachel, que alimentava Beth, fitou a garota. — O que nós vamos fazer com ela?

— Dizemos pra ela esperar — resmungou Mercedes. Rachel tinha que admitir: aquela Mercedes não parecia muito com a garota poderosa que um dia conhecera. Aparentava sempre fraqueza e cansaço. — Nós estamos esperando.

— O que eu estou dizendo é, quem vai lá falar com ela — retrucou Sugar num sussurro, somente para Rachel.

Rachel suspirou e terminou de dar à Beth sua refeição. Ela não queria, mas sabia para quem que sobraria. Mercedes se irritava fácil e os garotos não tinham sensibilidade nenhuma. Comeu o resto que tinha no seu prato, ignorando o ataque matinal de risadas de Beth, e saiu até a sala de estar.

Mas Brittany não estava mais lá.


17 de Março de 2012

Plantation Boulevard, Lebanon, TN

07:29 AM

— Prontos? — indagou Quinn a eles.

Sam acenou com a cabeça. Ajeitou sua mochila nos ombros e deu uma última olhada para a casa de Hanna, onde a garota os observava pela porta da frente.

Ele não queria deixar Hanna. Não pela sua suposta paixonite por ela, mas simplesmente por que seria maldade. Ela sobrevivera sozinha algum tempo naquele condomínio, não era possível que não sentia falta de contatar humanos além dos mortos que transitavam ali. Além disso, Hanna poderia ser útil. A garota estava no sexto período de medicina, seria uma mão na roda para Rachel — que, mesmo alegando que estava bem, ainda poderia ter seqüelas do coma — ou Beth. Nenhum deles tinha alguma experiência com agulhas e medicamentos. Até Santana tinha que encarar: Hanna era mais que útil para eles.

— Em razão a isso... — começou Sam, torcendo as mãos, nervoso. Ele apontou a cabeça na direção da porta da casa de Hanna. — Eu acho que devíamos levá-la.

Santana o encarou como se o garoto fosse louco. Puck abriu um sorriso safado, meneando a cabeça em concordância. Quinn, por outro lado, somente deu de ombros, virando-se para a rua. Sam estreitou os olhos. Pelo jeito ele não era o único que tinha uma queda por Hanna.

Ele não podia evitar. Hanna era a garota mais perfeita que ele já encontrara na vida. Ela tinha uma forma estranha de fazê-lo sentir-se péssimo sobre si e na mesma hora consolá-lo. A garota misturava o mal e o bem num único corpo, era de certa forma excitante.

Sam amava Mercedes, desde sempre. Amava mesmo. Mas Hanna possuía algo que o fazia esquecer-se de tudo ao seu redor.

— Nem a pau! — exclamou Santana, olhando de relance à porta, onde Hanna continuava parada, encarando-os. — Eu não gosto dela. Não vou deixar que ela chegue perto da minha Britt.

— Santana, ela é hétero, pelo amor de Deus — retrucou Puck com um claro desejo na voz. — Nós temos quartos livres. Não vejo nenhum contra-argumento.

Quinn parou na metade da rua e voltou seu olhar para eles. Ela passou a língua pelos lábios, olhando novamente para Hanna. Sam acompanhou seu olhar. Hanna parecia se divertir com a indecisão deles.

— E ela é quase formada em medicina — acrescentou Sam, olhando para Santana, esperançoso. — Imagine o seguinte: Brittany tá passando mal, nenhum de nós sabe o que é. Ela está morrendo, o que você faria? O que restaria pra gente fazer?

Santana bufou. De longe, Quinn sorriu animada, pois Sam tinha acabado de tocar no ponto fraco da garota: sua namorada. Ela ajeitou a mochila carregada de utensílios nos ombros e empurrou Sam da frente dela, olhando diretamente para Hanna.

— Tem dez minutos para arrumar suas coisas — disse emburrada. Hanna sorriu contida. — Você vem com a gente.

Hanna piscou para Sam, agradecida. O garoto sentiu borboletas no estômago. Perguntou-se quanto tempo levaria para estar perto dela sem sofrer um ataque cardíaco por causa de sua beleza. Olhou para Quinn, mas ela estava com o semblante distante, provavelmente pensando em Rachel outra vez.

Cinco minutos mais tarde, depois que Quinn e Santana acabaram com dois walkers escondidos atrás das lixeiras, Hanna saiu de casa carregando uma mochila de acampamento nas costas e uma maleta branca com uma cruz vermelha na mão. Parou bem perto de Santana, apenas para provocá-la, e disse com um sorriso sedutor:

— Estou pronta... antes do tempo que você propôs.

Os olhos de Puck brilharam. Sam tinha plena certeza do que ele pensara, e não era nada muito ingênuo. Quinn revirou os olhos e pôs a mão nas costas de Sam, o forçando a andar. Santana fez o mesmo com Puck. Hanna, por outro lado, sacudiu os cabelos loiros ao vento da manhã e caminhou por contra própria.

Se Hanna já causara muita encrenca ali, o garoto pensou, ela iria causar muito mais quando chegassem à mansão.


17 de Março de 2012

Plantation Boulevard, Lebanon, TN

07:40 AM

Brittany poderia ter pensado que esperaria Santana para sempre na janela da sala de estar, mas estava terrivelmente errada.

Ela não era garota de esperar. Essa coisa era apenas para Rachel e Mercedes. Brittany era menina de ação. Não ficaria parada, olhando o tempo ficar cada vez mais escuro, enquanto sua namorada estava presa em algum lugar a poucos quilômetros dali. Ela agiria. Iria fazer com que Santana se orgulhasse dela.

Por isso, quando Rachel passou pela sala de estar na direção da cozinha a fim de comer seu café-da-manhã, ignorando-a completamente, Brittany acomodou sua pistola no coldre, conferindo se tinha balas suficientes no carregador, e saiu porta a fora, à procura de Santana.

Ouvira Rory e Sugar sugerir que deveriam montar uma equipe de salvamento, mas aquela ideia era idiota. Brittany não poria em risco nenhum deles. Se encontrasse Santana, tinha certeza de que acharia os outros, então não haveria muito problema em sair sozinha. Era uma viagem curta, afinal de contas.

Pensou em ter ouvido alguém gritar seu nome, mas ignorou. Eles ficariam muito felizes se trouxesse os outros de volta. Para ela, era uma coisa muito simples: matar um walker se o vir, ou abraçar Santana se a encontrar — e ela iria encontrá-la.

Saiu da propriedade de Sam com a mente em alerta, olhando para frente ao mesmo tempo em que tentava manter os olhos nas laterais. De um lado, via-se outras mansões, incrivelmente maiores que a que vivia. Do outro, não havia nada além de grandes plantações e uma pequena floresta mais ao fundo. A vizinhança seria um lugar bonito e sereno, se a maior possibilidade de errantes estiver escondidos não fosse ali.

Brittany franziu a testa ao parar numa encruzilhada, tentando se lembrar por qual caminho viera, há quase dois dias. Tinha certeza que havia passado com o Cadillac de Quinn pelo condomínio. Uma vez que descobrisse a direção, era só seguir em frente. Quando decidira tomar o caminho da esquerda, um barulho vindo da estrada da direita a fez virar rapidamente o pescoço.

Seria... conversas? Brittany encarou o nada, um pouco assustada, se perguntando se já estava tão obcecada em encontrar Santana que começara a ouvir sua voz. O barulho veio no começo como sussurros calmos, mas à medida que eles se aproximavam, e ela apertou os olhos para distinguir as sombras no meio do nevoeiro da manhã, ficou claro que as vozes não estavam nada tranqüilas.

Duas vozes gritavam. Na verdade, elas esperneavam. Brittany identificou Santana imediatamente. Uma ou duas — que lhe parecia de Quinn e Sam — tentavam conter as outras, mas sem nenhum sucesso. Numa mão, Brittany queria realmente saber com quem sua namorada estava brigando tão violentamente, mas pela outra (o lado que tomou conta dela no mesmo instante em que ouvira a voz de Santana), tudo o que Brittany fez foi gritar por Santana, animada.

— Esperem — disse alguém, provavelmente Puck. As duas vozes pararam de discutir. — Vocês ouviram isso?

A neblina se dissipara quase por completo, deixando para Brittany à mostra Sam e Puck tentando conter a garota mais bonita que ela já vira na vida, e Santana. Quinn estava no meio delas, como outro modo de tentá-las fazer parar de brigar.

— Me solta! — exclamou Santana ao ver a namorada. Abriu um sorriso enorme e se desvencilhou de Puck para correr até ela.

Brittany sentiu o impacto forte de Santana contra seu corpo, mas nem se importou. Santana estava de volta, pensou feliz enquanto colava os lábios nos da garota, abraçando-a tão forte que chegava a doer. Ela podia sorrir novamente, comer alguma coisa, dormir abraçada com ela outra vez. Sentia-se plenamente feliz naquele momento.

Após soltar Santana, Brittany notou que Sam ainda segurava a menina bonita e que Quinn olhava para o lado, talvez pensando na sua garota na mansão. Puck sorriu para elas, a expressão safada tomando seu rosto.

— Espero que você fique menos agressiva perto da sua namorada, Santana — resmungou a garota passando por elas e lançando um olhar bondoso a Brittany.

Santana quis avançar para ela, porém Brittany a impediu. Olhou a garota nos olhos e estendeu a mão.

— Brittany — cumprimentou. Tinha certeza de que iria ouvir a história de como os garotos a haviam encontrado mais tarde, mas sua mãe sempre lhe ensinara a ser legal com as pessoas novas.

— Hanna — ela respondeu, apertando a mão de Brittany com um sorriso amigável. — Prazer.

Elas ficaram se encarando, Brittany sentindo o olhar ciumento de Santana sobre ela, até Sam dizer animado:

— Que bom! Você já conheceu uma das meninas, vamos logo para que você possa ver as outras, e o Rory.

Hanna assentiu, caminhando ao lado de Brittany.


17 de Março de 2012

Jardins da Frente, Mansão de Sam, TN

07:50 AM

Rachel gritara por Brittany até que suas cordas vocais começassem a tremer. Recusava-se a sair da propriedade, então o máximo que alcançara fora a cerca fraca que os rondava. Ela podia distinguir Brittany de longe, caminhando determinada da direção do condomínio. Gritou mais algumas vezes, mas Brittany já estava longe. Ela não escutaria.

Ela apertou a cerca feita de arame farpado, sentindo os espinhos atravessar sua mão. Fez uma careta de dor. Ela não poderia ir atrás de Brittany. Sua confiança estava abalada, pois Quinn ainda não voltara, mas em algum lugar, Rachel sabia que se Brittany fosse atrás deles, os quatro voltariam.

Soltou-se do arame farpado, observando um lastro de sangue sair da palma de sua mão. Fechou-a num punho, contendo-o. Ouviu Sugar sair da mansão, sua voz escandalosa chegando aos seus ouvidos como uma forma de calmante. Brittany estaria fora por alguns minutos, atrás de suas garotas, isso significava que estava no comando?

— Onde está Brittany? — indagou Harmony, que vinha junto com Sugar carregando Beth, ao parar ao lado de Rachel. — Ela fugiu?

— Não — respondeu Rachel, olhando para frente determinada. — Ela foi buscá-los.

Harmony e Sugar assentiram. Rachel olhou para elas de relance, imaginando se Brittany estivesse certa, se as duas haviam nascido uma para a outra. Bom, naquele mundo, qualquer tipo de carinho e atenção era melhor que nada. Se apegar a alguém era uma das maneiras de não se sentir tão desesperado, de ter alguma razão para viver.

Os minutos passaram vagarosamente. Rachel não viu nenhum sinal de Mercedes ou Rory perto das três, então simplesmente presumiu que a garota se irritara mais uma vez, e que o menino estava cuidando de seu cassetete — ele o havia deixado brilhando na noite anterior, mas sempre parecia encontrar algum defeito. Harmony brincava com Beth, fazendo caretas enquanto Sugar ocupava seu tempo girando sua pistola entre os dedos, apontando-a para o nada e fingindo atirar.

— Por que vocês não vão para dentro? — perguntou Rachel mais tarde, observando com a sobrancelha arqueada Sugar rolar no chão enlameado do jardim, imaginando ser um agente da CIA.

— Ah, qual é Rachel, a gente sabe o que você tá passando — disse Harmony, vigiando Beth enquanto a garotinha caminhava aos tropeços pelo jardim. — É sempre bom ter alguma companhia. Além disso, se a gente voltasse para dentro, Mercedes brigaria com nós para fazermos a mesa.

Ela suspirou voltando a pegar a garotinha no colo. Beth reclamou um pouco, ameaçando chorar, e Harmony a deixou brincar com a lama outra vez. Rachel observava tudo com um olhar distante, preso na rua da mansão, o sol começando a queimar em sua cabeça.

— Ei! — exclamou Sugar um tempo depois, apontando a pistola para a estrada, ainda deitada no chão. — Não são eles, bem ali?

Rachel avistou silhuetas ao longe. Se não fosse Quinn e os outros, então elas estariam bem ferradas. Mas... havia outra pessoa com eles. Identificou Brittany e Santana abraçadas mais distante dos outros. Sam e Puck conversavam com a silhueta desconhecida, e Quinn, andando o mais longe possível dos meninos.

Rachel abriu um sorriso; Harmony a empurrou, em uma tentativa de forçá-la a ir ao encontro de Quinn. Sam acenou para elas, apontando para a pessoa nova, uma garota — e uma das garotas mais bonitas que Rachel já vira.

Mas Rachel não teve muito tempo para apreciá-la. Quinn acabara de notá-la e vinha na sua direção, tão calmamente que a irritou um pouco. Tinha um sorriso maroto brincando em seus lábios e, assim que chegou perto o bastante, englobou Rachel em seus braços tão forte que ela pensou que Quinn a quebraria ao meio.

— Estou vendo que sentiu minha falta — observou Rachel com uma careta, apertando as costas doloridas.

Quinn apenas sorriu, se aproximando para dar-lhe um selinho. Rachel se abraçou a ela novamente, louca para contar sobre todos os momentos entre elas no período antes do coma que havia se lembrado durante a noite, só não sabia como.

— Quem é aquela? — indagou Rachel, apontando para a garota nova, que agora cumprimentava Harmony e Sugar. Santana a olhava com desprezo, mas as meninas pareciam hipnotizadas. De longe, ela era perfeita. Mas de perto... era dez vezes mais.

— Aquela é a Hanna — Quinn respondeu, entrelaçando sua mão na de Rachel. — Estava no condomínio, acredita? Fazia medicina. Sam achou que ela seria útil.

Rachel assentiu. Quinn sorriu mais uma vez, a tranqüilidade e a paz exposta em sua expressão acalmando Rachel imediatamente. Nos braços dela, podia finalmente se sentir em casa.

SPQR — ela murmurou, por fim. Ela imaginou que aquela sigla iria significar para Quinn alguma coisa, afinal as horas forçadas aprendendo latim tinham que funcionar para algo.

Senatus Populusque Romanus — disse Quinn, franzindo a testa. — Rachel, por que você tá falando latim? Você nem sabe o que isso... — E a compreensão invadiu seu rosto; Quinn deu um sorriso vitorioso e levantou a no ar. Ela revirou os olhos; a garota simplesmente gostava de comemorar tudo. — Eu não acredito! Você se lembrou das aulas? Do que mais você lembrou?

— A gente escreveu uma música para cantar no primeiro dia de aula do último ano... — Rachel começou a contar nos dedos quando a garota a soltou, rindo da felicidade de Quinn — Você me deu aulas de latim mesmo sabendo que eu era péssima na língua; tivemos várias conversas sobre como Finn arruinaria minha vida, sobre como ele me pressionava para transar. E... eu obriguei você a ver Funny Girl oito vezes durante o verão.

Quinn meneou a cabeça em concordância.

— Dez, para ser mais exata — retrucou. Ela abriu um sorriso. — Não mencionando as outras vezes depois do início das aulas.

Rachel abraçou Quinn novamente. Ao olhar para o lado, viu Puck dar em cima da garota nova, Hanna; Mercedes beijar Sam com vontade, como se tivesse que provar alguma coisa; Sugar e Harmony brincando com Beth, rindo estupidamente; e Brittany e Santana escapando para dentro da mansão, esperando não ser seguidas. Pensou que Rory ainda deveria estar nos jardins do fundo, lustrando seu cassetete, já que ele não estava à vista.

Ela deu de ombros, sentindo os lábios de Quinn grudar nos seus apaixonadamente. Rachel sorriu entre os pequenos beijos que a garota lhe dava. Com suas lembranças de volta, cada carinho que Quinn fazia parecia ter um significado maior, pareciam mais afetuosos, mais... Não sabia como descrever.

Era como se estivesse finalmente completa.



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Notas finais do capítulo

O que vocês acharam? Hanna satisfez suas expectativas? E a Brittany saindo para procurar sua amada? Eu tive alguma dificuldade em escrever o capítulo, eu particularmente gostei dos momentos Quinntana, tenho que admitir que estou meio apaixonada por elas juntas KKK
Espero reviews de vocês contando suas opiniões, beijos e até o próximo capítulo!