A Preferida escrita por Roli Cruz
Notas iniciais do capítulo
Outro capítulo! ^^
– Alô? – Eu atendi meu celular enquanto o doutor me explicava alguma coisa chata sobre os relacionamentos entre pais e filhos.
– Jenny? – A voz que eu mais conhecia soou do outro lado.
– Que foi pai?
– Onde você está mocinha? – Eu podia até imaginar a cena: Meu pai em casa com a piranha da Margareth do lado. Ele todo nervoso por não saber onde a filha estava e a mulher fazendo massagem nas costas dele. Estremeci só de pensar nisso. Credo.
– No consultório do doutor Nicholson. – Eu respondi inocentemente.
– Ah. – Ele murchou instantaneamente.
– Onde o senhor pensou que eu estava? – Eu sorri enquanto o médico me olhava curiosamente.
– Não sei... Eu... – E então eu escutei uma voz feminina vindo do outro lado.
– Pai. – Eu disse com toda a calma que consegui acumular. – A megera está aí com você?
– Quem? – Ele perguntou inocente.
– A Margareth. A puta que me pariu. – Eu perdi a calma com ele fingindo ser burro.
– Olha o jeito que fala sobre sua mãe! – Ele repreendeu e eu pude ouviu uma risada fina. A idiota estava rindo... De mim. Toda a raiva se acumulou e eu perdi totalmente o controle, pouco me importando se o doutor iria achar ofensivo ou não.
– Olha pai. Eu espero, sinceramente, que o senhor um dia possa entender uma coisa; Essa retardada metal que está do seu lado. Não é minha mãe. – Eu falei lentamente, como se estivesse falando com alguém que tinha problemas. – Por favor, compreenda. Ela não é, e nunca vai ser a imagem materna para mim. A Martha é uma mãe melhor do que essa aí já foi. E se ela quisesse mesmo o meu respeito e amor, ela devia ter pensado duas vezes antes de me abandonar na sua porta. E eu espero que essa mulher desprezível esteja ouvindo tudo o que eu digo, porque estou dizendo de coração. – E então eu desliguei o aparelho.
– Você está bem? – O doutor me perguntou depois de algum tempo.
– E-Estou. – Eu gaguejei. – Aquela mulher me tira do sério. – Suspirei e coloquei o celular novamente na bolsa.
– É... Eu percebi. – Ele me olhava assustado.
– Desculpe pelas coisas que eu falei...
– Não. Tudo bem. – Ele sorriu. – Acho que eu faria a mesma coisa no seu lugar.
Meu rosto se iluminou:
– É mesmo?
– Bom... – Ele deu um meio sorriso. – Acho que um pouco mais educadamente, mas ficaria com raiva do mesmo jeito.
Eu sorri. E ficamos assim. Aproveitando o momento de concordância.
Depois de alguns minutos em silêncio, o médico se fez ouvir:
– Você não quer mesmo falar sobre ela? – Ele me olhou com seus olhos castanho-esverdeados.
– Não. – Eu respondi decidida. – Não vale à pena.
– Tente. – Ele encostou as costas na poltrona e cruzou os braços.
– Isso é um desafio? – Eu estreitei os olhos.
– Se a carapuça serve. – Ele deu um sorriso torto, fazendo-me arquear uma sobrancelha.
– Ok. Sobre o que você quer que eu fale?
– Vamos fazer assim. Nós dois temos três perguntas. Eu as faço para você e vice e versa. Isso vai ser um jeito para nos conhecermos melhor.
– Tá. Você começa? – Eu perguntei.
– Com prazer. – Ele sorriu novamente e começou: - O que aconteceu para te deixar com tanta raiva da sua mãe?
– Bom... – Eu suspirei. – Pode, por favor, chamá-la de Margareth?
– Tudo bem. O que aconteceu para te deixar com tanta raiva da Margareth? – Ele repetiu.
– Fácil. Quando eu tinha três anos aquela vagabunda me abandonou. – Eu sorri como se aquilo fosse a coisa mais normal do mundo. – Minha vez de perguntar.
– Vá em frente. – Ele assentiu.
– Você tem medo de que algum dia, alguém possa te decepcionar? – Eu encarei seus olhos e ele pareceu um pouco desconfortável.
– Sim. Tenho medo sim. – Ele respondeu calmamente. – Eu já fiz muitas escolhas erradas na vida e temo que algum dia, alguém que eu chame de amigo, me apunhale pelas costas.
Fiquei em silêncio por alguns minutos, tentando decifrar a expressão do psicólogo. Era uma mistura de dor e angústia.
– Bom. É minha vez. – Ele sorriu, afastando toda a insegurança que dominava seu rosto segundos atrás.
– Pergunte.
– Como ela abandonou você? Deixou em um orfanato?
– Na verdade, ela me deixou enrolada em um cobertor, na porta de um jogador de futebol americano de 17 anos. – Eu olhei para minhas próprias mãos. Nunca tinha contado isso para ninguém, nem para Piper ou Andrew. – Ele era o namorado dela. – Eu enfatizei o era. – Minha vez. Eu sei que isso não é uma pergunta digna, mas eu gosto de saber. – Eu sorri.
– O que?
– Qual o seu nome? – Eu perguntei indiferente.
– John. – Ele respondeu sorrindo. – Não parece ser nome de um doutor. Então eu prefiro o Dr. Nicholson.
– John é um nome bonito. – Eu retribuí o sorriso. – Um dos maiores gênios da música tinha esse nome.
– John Lennon? – Ele juntou as sobrancelhas.
Eu assenti.
– Bom. Sua vez de perguntar, John.
– Você gostou mesmo, né? – Ele riu descontraidamente. Eu concordei e ele perguntou sobre minha relação com Margareth. Eu fui curta e grossa:
– Eu tenho vontade de meter a mão na cara dela toda vez que eu a vejo. – Pelo menos eu fui sincera.
– Que profundo. – Ele ergueu as sobrancelhas, espantado. - Sua vez.
– Essa é minha última pergunta. – Eu o encarei.
– Então faça valer à pena. – Ele disse.
– Ok. – Eu suspirei. – Fora o meu pai ter te obrigado a me ligar, tem algum outro motivo para eu estar aqui hoje? – Eu perguntei me lembrando de Piper e da secretária, Christine.
Eu nunca pensei que um médico poderia ficar corado no seu próprio escritório. Na verdade, quem fica assim são as pacientes às vezes. Mas lá estava John Nicholson, todo vermelho e sem graça.
– Você poderia escolher outra pergunta? – Ele sorriu timidamente, alisando o cabelo castanho claro.
– Não. – Eu estreitei os olhos. – John, tem algum outro motivo para eu estar aqui hoje?
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E entãao?? Como tá? Ruim? Bom?