Você Estará de Volta escrita por VenusHalation


Capítulo 18
Capítulo 17 - Guerra




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– Venus acalme-se, eles se foram! – Artemis dizia de longe, não se atrevia a chegar perto. Desde o fim do ataque, Venus estava visivelmente perturbada. Não respondia direito a quaisquer que fossem as perguntas ou relatava nada com coerência. Isso era tão atípico que a rainha deu ordens diretas à Artemis para que a levasse para descansar. Missão que foi falhada, afinal a loira estava andando em círculos no próprio quarto e se recusava a obter o descanso.

– Você não entende, eles vão voltar! - A loira parou de uma vez e pendeu a cabeça para frente.

Tudo havia sido muito rápido. O aviso de Mars, a preocupação com o povo da lua, a preparação do exército, o confronto com os terrestres, a surpresa dos responsáveis pelo ataque... Tudo tão imprevisível, ela detestava não ter controle sobre os acontecimentos, ainda mais quando envolvia a segurança daquilo lhe era confiado.

Venus olhou para frente e encarou o seu guardião de cabelos brancos, estava machucado, mas não saia do quarto, tão fiel. Os olhos queimarem, as lágrimas escorreram e pingaram no chão como um goteira incontrolável, ao menos na frente de Artemis não era obrigada a esconder nada, principalmente a culpa.

– Foi tudo minha culpa, Artie... – Soluçou. – Se eu não tivesse acreditado neles, que eles eram bons... Se eu tivesse prestado mais atenção enquanto estive lá!

– Princesa, não é sua culpa. – Finalmente sentiu-se à vontade para segurar a garota em ambos os braços guiando-a para sentar na cama. Sabia que a palavra "eles" não era bem um plural. – O amor nos cega. – Concluiu em um suspiro enquanto agachava até a altura de frente para ela.

– Esse é o problema! Eu deveria saber melhor do que ninguém que poderia me cegar! – Apertou uma das mãos do companheiro sobre os ombros. – Olhe para você, você está ferido, meu exército está ferido, alguns estão mortos!

– Eu estou bem, eles ficarão bem e aqueles que se foram, sabiam do risco ao alistar-se... Quero apenas que respire fundo, agora. – Tentava acalmar a protegida de alguma forma. – Agora você tem de ser forte. O pior já passou, por enquanto.

– Eu não vou conseguir descansar. – Os ombros caíram.

– Tudo bem. – Acariciou os cabelos de Venus e colocou fios delicadamente atrás da orelha dela e a puxou para olhar para cima. - Vamos lavar o seu rosto e descer para fazer o relatório, está bem? É isso que você quer?

Aquiesceu ainda trêmula e confusa pelos pensamentos que a tomavam durante todo o processo silencioso em que Artemis a limpava, cuidava de suas feridas, a vestia e penteava os cabelos. O homem terminou seu trabalho e estendeu o braço para ela agarrar, Venus olhava tristemente o uniforme dele e os cortes rodeados de sangue seco. Queria que ele fosse embora, que ele fosse se cuidar, mas sabia que qualquer tentativa de pedir ao doce Artemis para fazê-lo seria inútil, sua lealdade para com ela podia ser equiparada a mesma que ela própria tinha com Serenity.

– Você acha que pode responder as perguntas da rainha, agora? – Perguntou calmamente.

– Sim, mas... – A expressão dolorosa ainda estava lá, parecia tão diferente da líder determinada que sempre fora. – Prometa-me que vai se cuidar, Artie.

– Para você, qualquer coisa, minha princesa. – Beijou o topo da cabeça dourada de Venus e a guiava pelos corredores.

Beijos eram os cumprimentos mais doces em muitas partes do universo, para um venusiano, beijos eram formas mais potentes de afeto, respeito e compreensão. Para Venus, o beijo de Artemis era a maior prova de lealdade e amor. Amava tanto seu guardião... Doía tanto vê-lo tão firme ao seu lado quando ela mesma parecia quebrada e sem conserto. Venus havia entregado seus beijos a alguém, este mesmo alguém que a tornava impotente diante da situação, alguém que a havia traído e causado uma dor tão intensa que ultrapassa até mesmo a dor física. Pensar em tudo que acontecera em tão pouco tempo, causava um sentimento de repulsa e uma vontade imensa de dar meia volta e trancar-se no quarto, mas Artemis mantinha seu braço no dela, mantendo aceso seu senso de proteção a Serenity e ao reino lunar.

Entraram na sala particular da rainha quietos e foram recebidos pela mulher de semblante calmo e encantador sentada na mesa do conselho só. Selene fez um pequeno sinal com as mãos para Venus, o que foi suficiente para que a senshi abandonasse Artemis – não sem antes beijar sua testa e fazê-lo entender que era importante que ficasse bem – e chegasse mais perto.

O príncipe terrestre correu furtivamente pelos corredores do castelo. Seus generais haviam ficados distantes nos últimos dias e naquele dia em especial haviam desaparecido, assim como notícias de sua amada, descobrira logo em meio à burburinhos de empregados e soldados mais baixos sobre o recente ataque a lua, sentiu os joelhos falharem ao pensar que algo poderia ter acontecido a Serenity. Correu até o campo de treinamento para constatar tal informação e viu seus Shitennou voltarem e organizar os exércitos e correrem com os feridos em direção a mulher ruiva que os curava instantaneamente, tudo em absoluto silêncio.

Endymion sentiu a força esmagadora e desconfortável que brotava daquele lugar, pensou que coisa poderia ter colocado seus homens contra a lua e, mais ainda, agirem sem seu consentimento. Buscou seus generais mais uma vez na multidão e eles estavam ajoelhados diante da mulher. O príncipe terrestre chegou mais perto e viu os olhos ofuscados e verdes dos seus homens, algo estava errado.

– Eu quero Endymion! – Beryl gritou.

– Sim, minha rainha. – Malachite disse entre os dentes.

O príncipe correu o mais rápido que pode. Aqueles não eram, nem de perto, os seus homens. Ele parou no meio da floresta fechada que cercavam seu reino, respirou fundo tentando concentrar seu pensamento e esquecer a garganta seca pelo esforço. A princesa o havia ensinado, com sua própria magia, à ir furtivamente à lua – ato que nem os próprios generais ou senshi tinham conhecimento – em poucos minutos ele estava dentro do quarto branco e puro de Serenity esperando-a voltar.

As sailor senshis finalmente estavam todas juntas na sala sentadas em volta a mesa do conselho juntamente de Selene e Serenity. A rainha escutou atentamente cada uma delas contar a sua parte da batalha, o que viram, quem viram, quantos perderam. Até mesmo estimativas de quantos conseguiram matar e segurar o avanço.

– O soldado que me atacou, ele disse que o poder do cristal de prata era por direito terrestre. – Mercury olhou sobre os cílios para a rainha.

– A Aliança de Prata perdeu sua confiança em Elysion. – Selene concluiu, era impressionante que mesmo nessa situação ela ainda conseguia ter tanta calma. – Não bastasse o risco em que minha filha foi colocada anteriormente, esse ataque reforçou minhas suspeitas sobre o poder maligno que se instala naquele planeta.

– Mãe... – Serenity gemeu baixinho. – Não consigo acreditar que eles fizeram isso deliberadamente...

– Nem todos tem o coração tão puro e bom como você, princesa. – Jupiter cruzou os braços.

– Mas eu sei que Endymion pode explicar, eu sei. – A voz da princesa denunciava um choro embargado.

– Explicar? – Mars apertou os lábios. – Ele poderia tê-la matado!

– Ele nunca faria isso! – Serenity levantou e apoiou-se com os dois braços sobre a mesa. – Ele nunca me machucaria!

– Do que você está falando, princesa? – Mars ralhou e levantou-se da mesma forma, trocando farpas com sua protegida. – Você mal o conhece!

– Eu o conheço a muito tempo! Eu o amo!

– Você acha que o ama por causa de alguns encontros às escuras? – A morena deixou o veneno e raiva saírem nas palavras.

– Não! Há muito mais que vocês não sabem, vocês não entendem... – Lágrimas desceram dos olhos cristalinos.

– Do que você está falando, filha? – Selene, pela primeira vez, mostrou o tom curioso.

– Diga à elas, Venus! Diga que ele jamais faria isso! – Retrucou lançando um olhar a senshi loira.

As outras senshis e a rainha esperaram a resposta vir, Venus umedeceu os lábios e respirou fundo como se fosse a pergunta mais normal do mundo. Fechou os olhos por um período e se levantou com calma, fazendo o som da cadeira ruir por toda a sala.

– Eu não vou dizer nada, princesa. – Juntou as mãos na frente do peito como uma reza e finalmente teve coragem para olhar para a rainha. – Nada além do que se eu não tivesse permitido, nada disso estaria acontecendo. – Limpou a garganta antes de continuar. - Minha rainha, eu acompanhei Serenity por meses indo a Elysion, não algumas semanas como disse, Mars. Eu os vi construir um romance e a ideia do casamento foi totalmente minha, pois, queria ver Serenity feliz. Eu não cumpri meu dever e minha promessa e assumo meu erro. Peço perdão pelo meu erro e vou entender totalmente se vossa graça achar que eu não devo mais pertencer aos exércitos.

– Venus... – Mercury levou uma das mãos a boca.

Mais uma vez o silêncio mortal tomou conta da sala. Venus manteve a pose altiva e séria, esperando o parecer da rainha. Observou Serenity chorar e soluçar quieta, Mars a encarar como uma presa, Mercury arregalar os olhos e Jupiter franzir o cenho em total compreensão.

– Querida Freya. – Por fim, Selene falou. – Você é uma guerreira excepcional, eu confio em você, eu imagino que deva ter sido muito difícil. – Curvou um lábios em um pequeno sorriso. – Na verdade, é muito difícil escolher entre dever e amor, não há do que se desculpar.

– Rainha Selene... – Pelo tom de voz de Selene, Venus podia jurar que ela não estava falando de seu amor por Serenity, mas sim de que a rainha sabia bem mais do que queria contar.

– Você é a escolhida dos meus exércitos, você os treinou e conseguiu fazer o inimigo recuar. – Completou. – A espada sagrada escolheu a você, não fui eu. Diga-me: Depois de tudo isso, o que você, como líder, tira dessa conversa?

– Todos eles são uma ameaça. – Ergueu o queixo e, naquele momento, a líder das sailors senshi estava de volta. - Estamos entrando em uma guerra.

Beryl estava sentada em seu trono, a voz de seu poder negro ria em satisfação e glória. A insanidade a havia tornado orgulhosa do ato cometido por, agora, seus generais. O exército lunar estava enfraquecido, além disso, a senshi do amor estava fraca por fora e por dentro.

– Não o encontraram? – Perguntou entre os dentes.

– Não, minha rainha. – Jadeite respondeu prontamente.

– Procurei por toda parte, existem apenas rastros de sua magia. – Ziocite concluiu.

– Temo que ele tenha ido para lua, minha rainha. – Neflite foi o último à falar.

– Tudo bem... – Jogou os cabelo ruivos para trás e conteve a raiva.

– Acha que ele pode avisar os lunares, rainha Beryl? – Malachite perguntou respeitosamente.

– Isso não me assusta. – Estou o pescoço.

– Do que fala, vossa graça? – Malachite adiantou-se antes dos outros.

– O líder de um exército quebrado é a ruína de todo ele. – Falou baixo e se levantou, olhando diretamente para os quatro shitennou ajoelhados diante dela.

– O próximo será definitivo, minha rainha. – O homem de cabelos platinados disse em voz rouca e levemente dolorosa em consequência da outra consciência dentro de si, o que Beryl notou.

– General Kunzite... – A ruiva chegou mais perto e tomou o rosto com ambas as mãos olhando profundamente em seus olhos. – Você ainda luta, aí dentro? – O corpo do homem estremeceu em suas mãos. – Deve ter sido horrível ver a decepção daquela mulher, não é?

– Cale a... – Malachite torceu o corpo, Kunzite quase havia conseguido voltar por segundos.

– Você é forte, querido. – Levantou as mãos e acariciou os cabelos prateados. – Tenho uma surpresa para você. – Estalou os dedos.

O cetro negro flutuou até as mãos da rainha, ela abaixou o grande cristal no topo até o general, o objeto cintilou e começou a mostrar uma imagem turva que aos poucos se estabilizava. Danburite apareceu entre os soldados lunares, fora recebido Venus, havia entrado no quarto da senshi e depois quebrou as proteções e portões da órbita, desfazia uma por uma, enfraquecendo-as com magia das trevas. Kunzite, preso, observou e tentou encontrar qualquer sinal nos olhos do soldado que o traíssem, não viu nada, o homem era ele mesmo.

– "Porco imundo..." – Soou dentro da própria cabeça, se pudesse sentir seu corpo agora, com certeza seu coração estaria disparado e as veias pulsantes.

– O amor nos deixa tolos, general. – A raiva continuou e se aproximou até quase tocarem os narizes. – E Danburite está doente de amor. – Sorriu de lado e aos poucos mostrou os dentes. – Temo que tenhamos de trazer meu Endymion de volta...


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Notas finais do capítulo

Nem demorei, né?
Porém, estamos na reta final!
Fiquei alguns dias escrevendo esse capítulo pq ele não ficava satisfatório de forma alguma. >3
Enfim, queridos leitores fantasmas: APAREÇAM!
Fora isso, não esqueçam os reviews