Capitão estava naquele restaurante chamado “Amigo Marinheiro” pela primeira vez. Estava jantando com o Prefeito e alguns de seus assessores. Ele tinha acabado de se levantar da mesa para tomar um pouco de “ar”, ou para simplesmente para que os assessores parassem de cuspir na cara dele enquanto falavam.

                Andou um pouco e viu uma cafeteira. Resolveu assim pegar um café. Assim que retirou o copo da cafeteira, ela disse:

                - Muito obrigado senhor.

                - De nada – ele disse sem perceber que estava falando com a cafeteira – espere... você disse isso?

                - Sim senhor – disse ela, prestando mais atenção nos guardanapos que estavam do lado dela.

                - Ah, tudo bem. Já vi tantas coisas esquisitas aqui... – Capitão disse, se encostando na mesinha em que a cafeteira estava. Ela olhou para Capitão, pensou um pouco e disse:

                - Ei, você não é o homem que navega com o Submarino Amarelo?

                - Capitão, muito prazer. Sou sim.

                - kkk muito prazer, sua fã.

                - Hã? Você é minha fã? Eu tenho fãs?

                - kkk claro que tem.

                - Ah que bom, assim eu sei que alguém reconhece meu trabalho.

                - kkkk eu sei como é isso sabe...

                Os dois ficaram quietos por um tempo, refletindo sobre a conversa. Então Capitão perguntou:

                - Você vem sempre aqui?

                - Eu trabalho aqui querido.

                - Ah bom... – disse ele. Antes que eles entrassem num silêncio absoluto novamente, ele perguntou – há quanto tempo?

                - Há vários anos. Longos e longos anos.

                - Longos anos? Não parece. Quantos anos você tem? – a cafeteira deu uma risadinha e disse:

                - Quantos anos parece que eu tenho?

                - Ah não, sou péssimo nisso...

                - Ah vai, chuta...

                - É que se eu dizer uma idade muito baixa, você vai dizer “eu não sou criança não!” e se eu disse uma idade muito alta, você vai dizer “ta me chamando de velha?!”

                A cafeteira riu, e então disse a sua idade. Que não vai ser mostrada nessa fic por certos motivos. O Capitão falou a sua idade também. E a cafeteira disse:

                - Oh... você é mais velho do que eu então.

                - E agora você vai dizer “e eu não namoro caras mais velhos!”

                - kkkkk eu não namoro caras mais novos. É...

                - Então... tenho chances com você não é? – disse ele, com uma cara de safado.

                - kkkk bem, ai depende.

                - Depende? Depende do que?

                - Bem... aonde você mora?

                - Ali em Pepperland. Na pirâmide do Submarino Amarelo. E você? Quer dizer...

                - Eu moro aqui mesmo ué. Como você acha que eu me locomovo? Tenho de ficar aqui mesmo. Dia e noite.

                - Nossa que triste. Então você é uma cafeteira e uma câmera de segurança não é?

                - kk engraçadinho... você é muito engraçado sabia? – Capitão ficou impressionado e disse:

                - Mesmo? Eu não acho... uma amiga minha diz até que sou rabugento e esquisito.

                - kkkk por que benzinho?

                - Ah, eu piloto um submarino de cor estranha, coleciono guardanapos, escuto umas músicas... que ela não acha legal.

                - Que banda você gosta?

                - Da... Banda dos Corações Solitários. Gosta deles? – então a cafeteira riu e disse:

                - Se eu gosto deles? EU AMO ELES. Eu tenho uns 5 CDs e LPs deles. Manchete de jornal, uma revista sobre eles. Tenho meu ingresso do show do Billy Shears...

                - SÉRIO? Eu nunca fui numa apresentação dele... – a cafeteira riu mais e disse:

                - Morra de inveja.

                - Você vai ver, esses ingressos vão pegar fogo – Capitão disse e fez cafeteira dar muitas e muitas risadas.

                E se fez mais um silêncio constrangedor. Os dois ficaram quietos, olhando para os lados. Capitão disse de repente:

                - Você tem quase minha idade, me acha engraçado, gosta do que eu gosto... quer casar comigo? – disse ele ironicamente, e a cafeteira riu muito.

                - Esse é o segundo pedido que recebo esse ano sabia?

                - Mesmo? E o que aconteceu?

                - Ah nada de mais. Ele pediu pra casar comigo mas... fugiu na ultima hora.

                - Hum... – disse Capitão – quem era ele?

                - Ninguém, ninguém... só um canguru.

                - Nossa, que legal. – ele disse, e a cafeteira riu de novo.

                - Você é muito legal sabia? O que mais você faz?

                - Eu... – Capitão pensou um pouco e falou – eu pinto quadros, já escrevi 4 livros, pulo da ponte de vez em quando, faço histórias em quadrinhos...

                - Histórias em quadrinhos? Que legal.

                - Quer uma amostra? – ele disse, e tirou do bolso um papel em que estava desenhado uma tirinha de quadrinhos. A cafeteira leu, e riu.

                - Você é muito bom sabia? – e o Capitão sussurrou:

                - ... diz isso pra mim de noite na cama... – a cafeteira e escutou e disse:

                - Ah safado... bem, depois de ver tudo o que você faz...

                - Eu também lavo louça, faço almoço, jantar, limpo a casa, arrumo sua cama...

                - Nossa! Casa comigo? – disse ela e riu.

                - Claro, que dia pode ser o casamento? – ele perguntou, olhando para ela.

                - Você está crendo mesmo nisso?

                - Você está?

                - Você está com medo de responder?

                - Você não vai responder?

                - Bem... – disse ela – depois de ver como você é multiuso... quem sabe...

                Então os dois riram juntos. O Prefeito avistou o Capitão, e o chamou de volta para a mesa. Capitão recusou, e ficou lá, com a cafeteira. Ficaram horas e horas conversando e flertando. Então o celular do Capitão tocou, era uma mensagem de que tinha um monstro enorme atacando Pepperland.

                - Minha querida, tenho de defender Pepperland agora. Eu vou, mas volto para te buscar ok?

                - Tudo bem meu amor. Fico te esperando.

                Ele começou a se afastar, mas depois voltou e disse:

                - Podíamos marcar um encontro não?

                - Claro meu doce.

                - Docinho.

                - Docinhozinho – e Capitão falou:

                - Tudo bem, quando e onde?

                - Aqui nesse restaurante e pode ser... amanhã?

                - Claro. Nos vemos amanhã então? Tudo bem?

                - Tudo sim amorzinho. Até.

                - Até – disse o Capitão, e saiu do restaurante.

                Mal sabia ele, que acabara de conhecer a mulher da sua vida.