Não sabia o que dizer, não sabia o que pensar. Ficava andando em ziguezague pelo quarto enquanto ele estava sentado no pé da cama esperando uma resposta.

 - Mal... Alisson, você pode me responder? – perguntou ele pela centésima vez.

Eu o olhava e me virava com rapidez com uma certa vergonha, sempre silenciosa continuava a ziguezaguear.

- Argh – resmungou ele e depois saiu do quarto como se fosse uma criança de 7 anos.

Eu fui à janela e vi um casal andando pela calçada de mãos dadas. Eles estavam tão felizes.

Desci a escada e fui até a cozinha, peguei um copo na prateleira branca que estava bem organizada por sinal, fui à geladeira e peguei o suco de manga que eu fizera antes do pedido.

Bebi um gole e respirei fundo.

- Tyler? – perguntei  e ele veio correndo até mim.

- O que? – perguntou ele esperançoso

- Eu... – hesitei – Não... Posso... – foi o que deu pra falar, assim que disse sai correndo pela porta, por sorte eu não fui atropelada.

[...] ( 3 horas depois)

Estava no centro, sentada na praça onde antigamente fazia o meu “show”. Vi uma lojinha aberta, com uma TV na vitrine, estava passando um filme. The Runaways, eu gostava de assistir aquele filme, o jeito que aquelas meninas levavam a vida, tão radical.

O meu celular tocou pela milésima vez, era Tyler – de novo –, eu não tive coragem de atender, o que eu iria dizer a ele? Que eu fugi com medo de aceitar? Que eu não queria?

Apertei o botão vermelho e coloquei o celular no bolso novamente. Ouvi um barulho de buzina atrás de mim, por um segundo entrei em choque achando que era Tyler, mas depois que me virei percebi que era um dos meus antigos clientes.

Joe, o cliente mais metido e rude que eu já ficara.

- Oi Verônica – Verônica era um dos muitos nomes que eu tinha – gostaria de um programinha, estou muito tenso, acabei de fechar um negocio de 2 milhões.

- Desculpe Joe – disse com educação, apesar dele não merecer – estou comprometida.

- Bela piada – disse ele rindo – agora entre no carro.

- Não Joe – respondi dessa vez nervosa, como ele pode achar meu relacionamento uma piada?

- Verônica, se você não entrar por bem, entra por mal – disse ele desafiador

- Eu já disse não.

Ele saiu do carro e me agarrou, colocou a mão sobre minha boca pra eu não gritar, eu mordi a mão dele e dei um chute nos “países baixos”. Depois disso sai correndo.

Corri, corri, corri até chegar em casa.

- Tyler? – gritei, mas ninguém respondia. Corri em todos os cômodos gritando-o até que eu subi até o quarto e o vi deitado lá.

Ele estava dormindo, me aproximei suavemente e murmurei em seu ouvido:

- Tyler? – ele abriu o olho bem devagar – Sim, eu aceito.

- Você aceita? – perguntou ele ao sentar – Tem certeza, hoje mais cedo...

Eu o interrompi e lhe dei um beijo, não existiria momento mais feliz do que aquele.