Busca pela Verdade escrita por azul


Capítulo 2
Uma espada indica um caminho


Notas iniciais do capítulo

Ao colocar uma arma na mão sentimentos antigos percorrem o jovem Soujirou.



Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/18568/chapter/2

 

A lama se acumulava pela estrada de terra que recebia a chuva sem cerimônia. Soujirou andava devagar remoendo velhos pensamentos. Entre as nuvens pode distinguir as cores de um pálido arco-íris. Como uma coisa tão colorida se formava no meio da chuva cinzenta?

Os três homens que o estavam seguindo se aproximaram um pouco mais. Um jovem solitário como Soujirou de rosto tão inocente atraia a atenção de alguns assaltantes incautos. Fazia tempo que percebera os espíritos agressivos em seu encalço. Sem se preocupar prosseguiu pela estrada cada vez mais deserta daquela região montanhosa.

Quando não havia mais sinal de outros passantes ou casas os três se aproximaram a passos apressados de Soujirou que se virou sorridente para o bando.

- Posso ajudá-los?

Os três pareciam bem confiantes. Todos tinham facas ou pequenas espadas na cintura. Um deles já a empunhava ameaçadoramente quando falou:

- Sem brincadeiras garoto. Passe-nos tudo rápido que ninguém se machuca.

Alguns meses atrás os três estariam mortos sem ao menos saber o que os atingira. Agora Soujirou hesitava em matar até mesmo esses pequenos vermes incomodos. Correu para perto dos três sacou a espada que estava na bainha de um deles e colocou no pescoço do que o ameaçara antes que qualquer um pudesse reagir. E falou para o tremulo assaltante.

- Se quiserem dar ordens escolham melhor seus alvos.

O bandido largou a arma.

- Desculpe. Não queria...

- Apenas larguem as armas, vão embora e parem de me seguir.

Os três obedeceram e Soujirou ouviu um deles sussurrar enquanto se afastava.

- Demônio...

Que irônico ser chamado de demônio por bandidos. Moveu a espada com leveza. Fazia tempo que não segurava uma arma de forma ameaçadora. O ar sibilou com a velocidade de seus movimentos. Então o som de um trovão distante fez ele parar.

A culpa de tudo isso era da arma. Enquanto as pessoas estivessem armadas elas se sentiam no direito de invadir o território umas das outras. Matar, impor, todo esse pensamento, essa energia, provinha das armas. Não das armas propriamente ditas, mas do espírito combativo. Era ele, o espírito comativo, que o colocara nessa situação. Tinha dedicado sua vida a arte da espada e ela não lhe retribuiu o favor. Muito pelo contrário a espada só cortou seu coração. Irritado jogou a espada curta longe no meio do mato.

A seus pés as armas dos outros bandidos afundavam numa poça de lama crescente. Enquanto alguém tivesse armas haveria luta, e sempre alguém teria armas, logo a luta não cessaria nunca. E tendo luta haverá perdedores, haverá sofrimento, haverá pessoas que não queriam matar matando, haverá sempre um Soujirou Seta num mundo horrível de matar ou morrer.

Um grito ecoou de seu corpo para competir com outra trovoada gigante. Seu olho ficou úmido. Demorará tanto para chorar e agora.... Olhou para onde havia jogado a espada curta e ficou absorto. Era impressão sua ou, no meio daquela mata fechada, havia uma trilha? Uma trilha ali, no meio das montanhas e da mata, exatamente onde jogara a espada? Realmente havia um caminho. Desceu um aclive de terra e lama escorregadia com facilidade até o início da trilha.

O caminho parecia meio disfarçado, alguns detalhes indicavam que quem passou por ali não queria chamar atenção. Mesmo assim se sentiu atraído. Um relâmpago cortou o céu e no meio da mata a lâmina que jogara brilhou como um farol dizendo: “Venha”

Será que finalmente a espada resolveu lhe retribuir o tempo que lhe dedicara?

 


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!




Hey! Que tal deixar um comentário na história?
Por não receberem novos comentários em suas histórias, muitos autores desanimam e param de postar. Não deixe a história "Busca pela Verdade" morrer!
Para comentar e incentivar o autor, cadastre-se ou entre em sua conta.