The Both Sides escrita por auter_delacor


Capítulo 3
Capítulo 3 - Rosalie torna-se mãe




Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/185652/chapter/3

Rosalie estava sentada no chão ao lado de Psique. A menina estava vestida impecavelmente com um vestido repleto de laços cor de rosa que um dia fora de Nessie. Seus cabelos já estavam compridos, e foram presos com fitas grenás combinando com a roupa. Mechas de diversos tons louros se misturavam com outros tons, criando em seus cabelos uma cortina em que a luz só parecia atingir alguns pontos.

         -Ro-sa-lie... Vamos Psique. Diga. Ro-se! – a vampira se inclinava no tapete felpudo para poder olhar nos olhos da menina. O bebê riu e bateu palminhas fazendo sons de alegria. Rosalie riu junto com ela. Os olhos de Psique se arregalaram e ela parou com uma infantil cara de surpresa.

         -Rosalie. – Edward surgiu atrás de Psique. A menina virou a cabeça e riu para ele. A família havia saído para caçar, e os dois ficaram na casa para cuidarem dela, na verdade Rosalie ficara para cuidar dela, Edward decidiu por ficar para poder conversar em paz com a irmã.

         -Qual o problema Edward? – ela perguntou irritada tentando atrair a atenção de psique de volta para ela com um chocalho colorido. Psique riu novamente, mas dessa vez foi uma gargalhada de pura diversão. – Ela tem uma voz linda. – falou sonhadoramente.

         -É uma meio vampira, tem que ter uma voz linda. – ele disse frio e distante. Bella provavelmente o estrangularia se visse a forma com que se referia a uma criança, mas estava remoendo aqueles pensamentos há dias até ter a oportunidade de falar a sós com a irmã, e sua irritação estava grande o suficiente para encobrir sua bondade.

         -Qual o problema com você? – falou ceticamente enquanto se levantava na defensiva. – Psique é apenas uma criança, porque está tão azedo? Mudou de ideia em relação à menina? Vai lançar-la aos lobos? – rosnou apoiando as mãos nos quadris.

         -Sempre soube que você era hipócrita Rose, mas achei que esse seu egoísmo mesquinho e desejo doentio de ter uma filha não continuariam depois do que fez com Bella. Percebo agora que por um bebê você poderia chegar até a matar uma mãe. - arreganhou os dentes inflando o peito.

         -O que eu fiz com Bella? – apontou para si mesma arregalando as pálpebras maquiadas. – Pareceu gostar depois de ver sua filhinha viva nos braços de sua nova esposa vampira! Quem é hipócrita agora? – o clima tenso estava tão pesado que podia ser apalpado.

         Psique começou a lançar aqueles gritinhos agudos de bebês, mas logo passou a chorar e bater o brinquedo em sua mão no chão. Os dois sentiram a fúria se dissipar naquele instante e voltaram os olhos preocupados para o bebê. Grandes lágrimas brilhantes rolavam por suas bochechas e seus lábios tremiam.

         -Não chore... – Rosalie se jogou no chão segurando-a com carinho contra seu peito. – Não chore minha pequena, titio Edward promete que não será mais mal. – embalava ela enquanto repetia isso e olhava com fogo nas pupilas para ele.

         Afastou-se dele indo em direção ao jardim. Psique tinha cinco dias de vida e já estava grande como um bebê de cinco meses. A vampira andava pelo jardim repleto de borboletas. Os insetos nunca se aproximavam dela, mas pareciam terem uma atração desmedida pela híbrida. Voejavam em volta das duas como que louvando-as.

         Psique ergueu os dedinhos gorduchos e esmagou duas borboletas gigantescas e azuis com facilidade. Olhou para a palma suja e franziu as sobrancelhas com nojo enquanto sacudia a mão tentando limpar-la. Rosalie ria deliciada, mas Psique parou de supetão e ergue os olhos para a orla da floresta, como que vendo algo.

         Alice e Bella se materializam de imediato entre as folhagens. Alice abre os braços e apressa o passo até estar com as pequenas mãos sobre as maçãs redondas da afilhada. Psique ainda tinha o cenho franzido, como que em uma ingênua confusão.

         -Não tencione sua testa desse jeito! Vai ficar com rugas!

         -Pare de exagero Alice. Psique nunca terá rugas nesse rostinho liso de marfim. – Rosalie balança Psique carinhosamente e limpa sua mão com um lenço que tira do bolso. – Ela será a menina mais bonita do mundo. Ela é a menina mais linda. – as duas ficam trocando gracejos enquanto Bella se aproximava.

         -Vocês não tomam jeito. Encheram o ego de Renesmee, e vão transformar essa menina em uma mimadinha. – belisca a ponta do nariz bem desenhado dela. Edward se aproxima em passos comedidos e com o rosto severo. – O que aconteceu? – olha dele para a loira. – Brigaram de novo não é? Sabem que não podem brigar na frente de bebês, eles são muito sensitivos!

         -Onde está Nessie? – Edward perguntou ignorando-a.

         -Já deve estar chegando com Emmet e Jasper, eles decidiram seguir um pouco mais para caçar algo maior. Renesmee estava com um apetite extraordinário hoje. Temos que prestar mais atenção com a regularidade da alimentação. – Bella respondeu tomando Psique dos braços de Rosalie e a balançando suavemente.

         Girou nos calcanhares parando diante de uma roseira branca, e se seu coração ainda estivesse em pleno funcionamento, teria dado uma guinada. Um gigantesco e ameaçador lobo preto surgia do mesmo lugar da onde ela e Alice tinham vindo. A matilha estava bem atrás de seus flancos.

         Bella deu um passo para trás e apertou Psique em seus braços.

         -Vá para dentro. – entregou-a para Rosalie e ordenou. A loira nem teve tempo de ser petulante, tomou a menina protetoramente em seu colo e seguiu para casa antes que alguém a impedisse. – O que estão fazendo aqui? – grunhiu retesando os músculos.

         -Nada que não esperássemos. – Edward cochichou se posicionando ao lado da esposa e da irmã. Bella estava a ponto de ter uma síncope raivosa e pular sobre os lobos quando Renesmee aparece sendo seguida por Jacob e os dois tios.

         -O que esta havendo aqui? – ela gritou parando entre os lobos e os pais. Jacob se posicionou de frente a Ness, contra os irmãos de raça. Os dentes brancos reluzindo arreganhados em defesa de sua paixão. O lobo negro se emaranhou entre as folhas verdes e voltou vestindo uma bermuda rasgada. Os cabelos aparados acima dos ombros e os olhos negros presos com fervor na híbrida escondida do lado de dentro.

         -Entreguem a... Coisa. – disse com desprezo explícito.

         -Não vamos entregar ninguém a vocês. – Bella vociferou dando um passo a frente. Edward segurou seu braço impedindo de saltar na direção do bando. – Quem vocês pensam que são para vir aqui pedirem isso? Será que não aprenderam da outra vez?

         -Temos um trato com você.

         -Esse trato não inclui a vida de uma inocente!

         -Sabe de quem ela é filha? – estreitou os olhos em fendas.

-Está dizendo, que aquele bebê, essa criança indefesa, tem que ser morta? Apenas por causa de quem é seu pai?

-Ela é um risco para todos.

-Assim como acharam que Renesmee era um risco. E veja: ela não é!

         O silêncio se prontificou no jardim entre as duas partes. Vampiro fitando lobisomem. Uma espécie contra a outra, tudo por causa da mediadora entre as duas. Nessie tinha as mãos apertadas sobre tufos de pelos de Jacob, crendo que assim o impediria de saltar sobre eles.

         Os lobos atrás de Sam pareciam incomodados. Batiam suas grandes patas no chão provocando tremores descuidados. Bella se mostrava irremediável de sua posição, os pés cravados no chão orgulhosamente, como se estivesse em defesa do sangue de seu sangue. Sam puxou o ar com força de forma contrariada.

         -Acolhemos aquela... Transmorfa – deu uma pausa cheia de asco. – Em nossa reserva. Abrimos nossas portas para ela. No entanto, ela mentiu, e nos deixou na ignorância sobre o fato de estarmos colocando toda nossa comunidade em risco. Se Eve ainda vivesse, ela mesma pagaria pela felonia, mas, como ela não esta mais entre nós, concordamos que a filha deve responder pelos crimes da mãe.

         -Querem que um bebê de cinco dias seja levado a julgamento, e executado, apenas porque vocês ficaram irritadinhos com o fato de Eve ter-los feitos de bobos? – desdenhou. – Pelo que Renesmee e Jacob me contaram; vocês praticamente arrastaram Eve para a casa de Billy. Ela mostrou sua total intenção e vontade de vir conosco, vocês não permitiram. Arquem com seus erros. Daqui, Psique não sai.

         O líder estreitou os olhos perigosamente, um rosnado baixo escapou de sua garganta. Deu dois passos para trás percebendo que realmente haviam perdido daquela vez, estavam em maior número, mas não se arriscariam por puro orgulho. Algo dentro dele o fazia ter certeza que teriam outra oportunidade de vingança.

         -Controlem o monstrinho de vocês e tudo ficará em paz... Por hora. – saltou se transformando no ar e adentrando a mata, deixando para trás apenas um rastro de mata destroçada. Seus seguidores abaixaram as orelhas, mostrando seu contragosto, mas se moveram atrás do alfa rapidamente. O último a restar foi Paul.

         Bella sentiu suas pernas bambearem, e tombaria se Edward não apoiasse com delicadeza seu cotovelo. Ela recostou a cabeça em seu peito e fechou os olhos, aliviada. Tive medo Edward. Pensou pesarosa. Em resposta ele beijou seus cabelos.

         -Você quase provocou uma guerra mamãe, apenas por causa de uma... Desconhecida. – a voz de Renesmee estava baixa e cheia de indignação, como que se acusando Bella de uma terrível heresia. Arregalou os olhos castanhos se aproximando dos dois.

         -Ela é uma pobre órfã, Renesmee. Precisa de nossa ajuda. Fiz uma promessa à mãe dela. Não me conhece nem um pouco se acha que quebrarei esse juramento. – se soltou do marido. – Tivemos sorte, as duas, de ter um homem e uma família que nos amava e zelou por nós. Eve não teve isso, ela lutou por meses, sozinha, para manter a vida da filha.

          -E agora ela passou a bola. Deixou todas as responsabilidades sobre nós. Fez você e vovô Carlisle se sentirem culpados para que nunca abandonassem a menina. Foi tudo um plano elaborado. Ela já chegou procurando pelos Cullen. – disse como se tivesse toda razão do mundo.

         -Fingiremos todos que não ouvimos as barbáries que você disse, minha filha. Apenas quando, e se, for mãe um dia, entenderá que moveríamos mundos por nossos filhos. Daríamos tudo por eles, inclusive nossas vidas, se assim soubéssemos que seria melhor. Porque, acima de tudo, nos os amamos.

         Passou reto pela jovem e seguiu para dentro da casa levando com ela o marido. Edward nada fez a não ser lançar um olhar reprovador para a menina que gerara a vida. Renesmee ficou parada, pasma, com apenas a companhia de seu lobo.

         -Eles estão cegos Jake. – murmurou acariciando a cabeça sedosa do grande animal. – Enfeitiçados por aquela coisinha. Você viu. Mamãe quase saltou sobre Sam, como se defendendo a própria filha. – suspirou olhando por cima do ombro. Rosalie jogava a menina para cima na companhia de Alice e Esme. – Que deus as faça perceber a loucura que as acomete. – resmungou voltando para a floresta.

         Jacob lança uma olhadela para Psique que ria afável. Espirrou balançando a cabeçorra e indo atrás de Renesmee.

O resto da manhã transcorreu irrequieta. Carlisle recebeu uma ligação hesitante de Esme, contando-lhe todo o confronto com os lobos. Logo depois de colocar o telefone no gancho ele já estava voltando para casa. Queria notificar os Volturi o mais rápido possível, mas Rosalie conseguiu convencer-lo há esperar um pouco mais, observar como Psique interagia, para poder pelo menos ter alguma ideia de como seu organismo funcionava.

         Renesmee ficou fora por toda a manhã e tarde, chegando em casa quando começava a anoitecer. Seus lábios estavam em regime de indiferença calada, mas seus olhos a entregavam. Seus gestos eram enciumados, mas Bella fingia não notar. A última coisa que desejava era mais desavenças.

         Jacob observava tudo de perto. A mestiça não lhe agradava, mas também não causava desagrado, mantinha-se por perto apenas por sentir que Nessie precisava. Os dois estavam, peculiarmente, sempre juntos. A companhia de Jacob às vezes inquietava Renesmee. Ela sentia que ele queria mais do que ela poderia conceder, e preferia se afastar vez ou outra, mas foi como se Psique finalmente os unisse.

         Foi em uma particular manhã de verão, quente e úmida, que Jasper recomeçou a sentir sentimentos obtusos entre os dois. Ele sempre soube da falta de amor que havia da parte dela, mas, dessa vez, Renesmee parecia cultivar emoções estranhas em relação ao lobo.

         -O que está havendo Nessie? – parou diante dela, impedindo-a de fugir. A sobrinha ergueu os olhos de forma ingênua. Franziu as sobrancelhas arruivadas e um sorrisinho inocente surgiu em sua face perfeita.

         -Hã?

         -De uns tempos para cá você vem sentindo coisas confusas em relação a nós. Acho às vezes até, que você está sentindo raiva. Mas o que mais me preocupa são seus sentimentos em relação a Jacob. Antes você só sentia amizade em relação a ele, agora tenho captado coisas estranhas.

         -Está enganado titio, vai ver seu dom está ficando meio confuso, e precise de férias. – deu de ombros revirando os olhos e passando reto por ele. Jasper ficou parado observando-a partir, uma estranha satisfação emanando da menina.

Os dias transcorreram de forma contínua, e era como se Psique tivesse sempre um novo avanço. Carlisle calculava que na proporção que Renesmee crescia 2,4 anos mortais, por um ano normal, Psique cresceria mais que o dobro, e em cerca de três anos e meio estaria na maior idade. Observar Psique era como assistir um vídeo com o tempo acelerado.

Todos estavam encantados com ela.

Seu corpo rechonchudo espichava enquanto começava a perder o redondo da primeira infância e ia ganhando novas formas. O rosto recebia traços maternos, herdando as maçãs proeminentes da mãe, na medida em que os cabelos louros lhe desciam as costas emoldurando a face em ondas suaves. Possuía olhos intensos, que emanavam uma ardente austeridade enquanto dançavam em nuances azulados.

         Psique se tornava uma menina adoravelmente bela.

         Na quarta semana de vida começou a andar, nem mesmo aprendeu a engatinhar. Da mesma forma que Renesmee, Psique ficou de pé ao observar atentamente Alice bailar pela sala. Rosalie ficou parada em êxtase. A híbrida piscou os olhos, como que surpresa demais para notar o que acontecera. Então começou a andar com uma graça despreocupada, e singularmente, madura.

         O verão começava a se toldar em um outono dourado. As folhas se tingiam de amarelo, e toda paisagem ia mudando gradativamente. Psique começou a mostrar um interesse crescente nos jardins de Esme, e passava tardes inteiras com Rosalie e a matriarca entre as roseiras. Em uma dessas tardes, enquanto Carlisle observava obstinado sua esposa em crescente alegria ao lado da menina, um sentimento diferente apossou seu coração.

         -Está repensando sobre a decisão em relação aos Volturi? – Edward se materializara ao seu lado. Os braços cruzados na frente do peito. Bella e Renesmee haviam saído para visitar Charlie, e ele ficara.

         -Sei que, como líder, não posso ser controverso. Minhas decisões têm que ser definitivas... Mas é como que de uma hora para a outra... Tenho bambeado Edward. Ver Esme feliz dessa forma, tendo a filha que sempre desejou... É egoísmo da minha parte. – murmurou resignado.

         -Seria egoísmo consigo mesmo se privar dessas alegrias Carlisle. Não há nada de errado em mudar de ideia. E nem mesmo sabemos se Eve já não contou para Aro sobre a filha e ele recusou. Todos concordamos, inclusive o senhor, que pode ser arriscado convocar os Volturi.

         -O que sugere que eu faça então? – demonstra dúvida.

         -Deixe que Psique se torne adulta, então ela decide se quer conhecer ou não a família. Não demorara tanto. Em três anos ela já estará velha o suficiente para saber o que deseja. – afirmou. Carlisle nada disse, apenas voltou a admirar a família que parecia tão feliz.

         Naquele mesmo dia ele comunicou ao clã de sua decisão. Rosalie não podia se aguentar de tanta alegria, e Renesmee quase não agüentou de tanta cólera.

Mesmo amadurecendo com rapidez, Psique insistia em não falar nada. Carlisle achava que devia ser um distúrbio em razão da perda prematura da mãe. Rosalie quase teve uma síncope raivosa depois de escutar o veredicto.

         -Dou todo o amor necessário para ela! Não é por falta de uma figura materna que ela se sente assim.

         -Nenhum de nós disse que ela não tem amor o bastante, Rosalie. Ela tem carinho de todos nós, é claro, mas é exatamente essa grande variedade de “mães” que a deixa confusa. Psique pode ser um bebê de poucos meses, mas já entende muitas coisas.

         A vampira simplesmente não aceitava o fato de não ser suficiente para Psique. Ensinou-a a ler, e escrever, e quando ela já estava grande o bastante para alcançar as teclas, passou a dar-lhe aulas de piano. Ela tocava com uma maestria que só se podia adquirir com anos. Era um orgulho para todos.

         Psique alimentava-se normalmente como humana, tinha um gosto singular para os pratos que Esme fazia, e um apetite voraz, mas não escondia sua preferência por sangue. Carlisle sempre a levava para caçar esporadicamente, nunca permitindo que sua sede ficasse muito forte, tinha um receio terrível de que o sangue humano a atraísse mais do que deveria.

         Todos se compadeciam da culpa que ele sentia, mas só Esme o entendia completamente. Não era apenas a culpa que o fazia se tornar um pai exemplar para Psique, ele tinha uma necessidade gigantesca de suprir a vida humana que acreditava ter perdido. Só a criação daquele clã já provava sua sede por família.

         Os dons de Alice não faziam efeito em Psique, mesmo estando acostumada com a cegueira que Renesmee causava, ficava extremamente frustrada ao lado da órfã. Havia visíveis diferenças na ablepsia que as duas causavam. Renesmee era uma completa e vazia escuridão, sem nenhum som ou sensação. Já Psique, era como uma caverna mal iluminada, não se podia ver nada, mas havia um constante gotejar no fundo, quase um zumbido. Quanto mais se ia em direção ao zumbido mais se perdia nas galerias.

         Ela andava pelos gramados com Bella e Psique. O outono já estava se esvaindo à medida que as árvores ficavam desnudas e o frio chegava silencioso e sinuoso, apossando-se pouco a pouco dos resquícios do calor. Nessa altura, já não havia quase nenhuma planta viva nos quintais, mas Psique insistia em ficar durante horas perto da natureza.

         -Está vendo aquele pássaro logo ali Psique? – Bella ria apontando para uma grande ave que pulava em suas pernas fininhas entre as roseiras senis de Esme. – Sabe como se chama? – inclinou o tronco até olhar nos olhos da menina. Ela negou balançando a cabecinha. – Alma de gato.

         Psique ergueu os olhos com curiosidade, e um sorriso tímido tingiu seus lábios de rosa. Estava no sexto mês de vida, e aparentava estar no auge de seus três anos. Era uma criança astuta e inteligente o suficiente para perceber que era diferente.

         Edward surgiu pelo mesmo caminho em que elas vieram. Os olhos escuros demonstravam a possível sede que o afligia. A vampira sorriu e acenou com a mão esquerda, enquanto sua direita mantinha os dedinhos da mestiça presa perto de si.

         -Hei. – ele acenou para as três. Passava os dedos pelo cabelo nervosamente. Fitou Bella e um sorriso cansado cresceu infertilmente em seu rosto. – Será que posso conversar a sós com Bella e Alice, Psique? – perguntou delicadamente encarando os olhos instigantes da menina. A criança fez que sim e saiu pelo caminho em que viera.

         -O que houve? – Alice deu um passo nervoso à frente. Olheiras de um púrpura escuro contornavam seus olhos, estar perto de Psique lhe dava um cansaço tremendo. Bella tinha uma expressão inalterável em seu rosto, mas a fadiga estava explicita em suas pupilas.

         -É sobre Psique. – murmurou se aproximando.

         Bella estava subitamente atenta.

         -Não tem percebido como a companhia dela se torna... Exaustiva às vezes? – franziu o cenho de forma confusa olhando por cima do ombro. – Como se ela sugasse parte de nossas energias. Tenho sentido sede cada vez mais cedo, e todos nós temos estado mal-humorados ultimamente.

         -Está se referindo a uma espécie de dom? – Alice estava tão atenta quanto Bella.

         -Talvez sim. – mexeu os dedos freneticamente. - Esses sintomas tem sido constantes em todos nós menos em Nessie. Eu e Carlisle nos atentamos a isso, é como se as mãos dela fossem venenosas e nos sugassem. Ainda estamos observando, mas tenho receio que talvez vocês possam... Não sei. Serem levadas a um nível de exaustão...

         -Já entendemos Edward. – Bella cortou-o asperamente. Não gostaria de admitir, mas o marido tinha parcial razão. Ela estava se sentindo cansada há dias, a sede chamava cada vez mais cedo. Observa Psique dentro de casa treinando passos de dança que via na televisão com Rosalie.

         Suspira transtornada.

         -Vamos manter em observação. – fale solícita. 


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!




Hey! Que tal deixar um comentário na história?
Por não receberem novos comentários em suas histórias, muitos autores desanimam e param de postar. Não deixe a história "The Both Sides" morrer!
Para comentar e incentivar o autor, cadastre-se ou entre em sua conta.