The Both Sides escrita por auter_delacor


Capítulo 2
Capítulo 2 - O nascimento da Herdeira




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Os dedos de Carlisle ficaram frouxos diante do lençol puído. Eve estreitou os olhos ao ponto de parecer um felino apreciando a presa. Diante daquela frágil menina, que mal podia se mover, ele se sentiu ameaçado como nunca se sentira antes. O porte altivo dos ombros dela cedeu. Finalmente se entregando a fadiga e fechando suavemente as pálpebras.

-Só não deixe ninguém tocar em minha filha, doutor. – sua respiração pesada se estabilizou e se transformou em um ressoar tranqüilo e leve. A mão dela relaxou sobre a de Carlisle, o médico ficou em seu leito até que ela estivesse completamente entregue, o que não demorou muito tempo.

A teia de veias azuis e verdes de seu pulso fino chamou atenção do vampiro naquele instante. Tirou uma seringa da maleta e coletou o sangue da forma mais delicada que pode. Eve nem sequer parecia ter notado. Lembrou de quando Bella estava quase a dar a luz. Precisava tirar Eve dali o mais rápido possível.

Quando ficou de pé e saiu do quarto Jacob não o aguardava mais na soleira da porta, e vozes irritadas ribombavam na sala de estar. Sam e Emily estavam discutindo com Bella. Edward tentava manter Sam longe da esposa, e Sam protegia Emily possessivamente. Seth se ocupava em manter Nessie longe da briga e Jacob se metia entre Bella e Sam.

-O que está acontecendo? Temos uma mulher grávida no outro quarto, essa gritaria não fará bem para o bebê. – Carlisle apelou para o bom senso e se interpôs na frente do alfa. – Não podemos simplesmente sentar e conversar tranquilamente?

-Primeiro – levantou o indicador no rosto do líder. – Vocês cruzaram o limite do tratado sem permissão. Segundo – levantou mais um dedo. – Sua nora sanguessuga quer levar a garota daqui. Ela é uma de nós, não vou deixar-la sob a guarda de vocês. – Bella estourou em uma gargalhada sarcástica.

-Ela não é igual a vocês Sam. Pelo que ouvi, ela é um tipo diferente de transmorfo. Está grávida, precisa de um médico, senão tem risco de morrer no parto! Deixe que levemos ela, a criança nascera saudável e a vida da mãe não se arriscará.

-Temos parteiras na reserva. Eve ficará bem.

-Não seja tolo! Não viu como ela está doente? Precisa de aparatos médicos, transfusão de sangue. Não há necessidade nenhuma de arriscar a vida de ninguém só para brincar de médico com duas vidas. – Bella elevou a voz a um grito esganiçado.

-Parem! – Carlisle ordenou perdendo a compostura.

Todos se calaram instantaneamente.

-Ela não irá com vocês. Se tiverem a audácia de tirar aquela menina do quarto... Eu juro... Guerra. – rosnou dando as costas a eles e puxando Emily consigo. Todos se entreolharam apreensivos.

-Vamos embora. – Carlisle murmurou.


–Ela não parecia estar delirando.

-Não creio que haja outro vampiro no mundo chamado dessa forma além de quem estamos pensando. – Alice falou sentada ao lado de Jasper, os dois recém haviam chegado, e como o dom de Alice falhava em relação à transmorfos, não pode ver nada.

-Aro Volturi nunca deixaria um transmorfo vivo. Nem que fosse gostosa como aquela deveria ser. – Emmet encolheu-se após receber um soco de Rosalie. Esme olhou para ele irritada.

-Concordamos que certamente é absurdo o que ela disse, mas Eve é frágil e inocente demais para inventar uma história dessas. Ela não parece saber muito sobre o mundo dos vampiros. A única forma de tirar isso a limpo é...

-Nem pense nisso Carlisle. – Edward e Alice falaram ao mesmo tempo. – Oh não Edward, ele já pensou e vai acontecer, posso ver os Volturi chegando! – Alice levantou-se de um salto apontando para o patriarca que se sentava na cabeceira da mesa.

-Chamar os Volturi para cá? – Renesmee arregalou os olhos.

-Eles não farão nada conosco, se explicarmos a razão da convocação, acho que eles poderão ficar curiosos. – o chefe tentou usar a racionalidade, sabia dos riscos daquilo, mas aquela criança era possivelmente o primeiro herdeiro Volturi, e mais cedo ou mais tarde eles saberiam de sua existência.

Edward parecia ver seus pensamentos e aquiesceu a contragosto. Passou a mão pelos cabelos arrepiados e olhou para a esposa. Bella tinha os lábios presos em uma fina linha tensa. Parecia indecisa, mas não queria fazer a criança crescer sem pai, e nem escondida.

-A primeira coisa que temos que fazer agora é trazer-la para cá. Se a criança for realmente meio vampira, os quileutes não vão gostar nem um pouco quando ela nascer. – Rose disse torcendo os dedos finos. Edward sabia bem os pensamentos que habitavam aquela cabeça loira, Rosalie via naquele problema uma solução para seu desejo mais profundo.

-Apesar das razões, Rosalie está certa. Os lobos não perdoarão o nascimento de outra criança vampira, temos que trazer Eve para cá o mais rápido possível... – parou no meio da frase, os olhos estreitos, provavelmente ouvindo algo. – Ou talvez não haja tempo. – virou as vistas para o pai. – Eve acabou de fugir.

Carlisle havia partido a menos de uma hora, e nesse meio tempo Billy tento dar algo para que Eve comesse, mas nada parecia descer, ela cerrava os lábios para qualquer coisa que fosse posta perto de sua boca. Podia sentir a curiosidade de todos que se aproximavam dela, e isso deixava a criança dentro de si assustada.

-Está tudo bem minha pequena... – arrulhou repousando a mão sobre o ventre inchado. Sabia que o ser que estava por nascer levaria sua vida consigo, mas sentia que por ela, daria a vida dezenas de vezes. Alguma coisa dentro de seu coração dizia que seria uma menina, e que teria dentro de si a nobreza do pai. – Não deixarei ninguém te machucar.

Estava decidida por ir embora quando ouviu leves batidinhas soarem na porta de madeira. Desviou os olhos para o assoalho quando uma mulher jovem e de cabelos negros entrava no recinto. Possuía um cheiro característico, e Eve lembrou-se na hora do chamado imprinting que Adam havia lhe contado. Graças ao erro genético de seus descendentes lobos, sua raça não herdara esse problema.

-Eve? – a jovem sentou-se aos pés da cama da morfa, no mesmo lugar em que o doutor estivera. – Meu nome é Emily, estava curiosa para conhecer-la, sou... – foi interrompida de forma brusca.

-A... Esposa do alfa. – pronunciou esposa como que com asco. Emily se recurvou assustada, e deixou escapar um som assustado. Eve sabia que por trás daquele olhar inocente devia haver algo errado. – Vocês me olham como se eu fosse uma experiência científica.

-Não... Eu... – parecia sem graça enquanto colocava uma mecha atrás da orelha. – Contaram-me que uma transmorfa diferente havia surgido, e que estava grávida. Achávamos que morfas eram inférteis... – parou de falar, como que esperando por algo.

-Então é isso... – solta uma risada abafada e cética. – Vocês veem em mim uma possibilidade de ajudar as futuras morfas a procriarem, não é? – arqueou uma sobrancelha loira escura. Finalmente ergueu os olhos cinza para a índia. Ferozes como trovoadas. – Não somos da mesma espécie. Não se preocupe, só vim parar nesse lugar porque seu parceiro insistiu muito. E não fique com medo de que eu possa fazer algo com seus amigos, não passo de uma grávida inofensiva.

Emily arqueou as duas sobrancelhas e bateu nos joelhos.

-De onde veio? – perguntou baixinho.

-Da França. – Eve respondeu indiferente.

-Fala inglês tão bem... – comentou timidamente.

-O que quer saber de verdade Emily?

-Está tendo pensamentos errados sobre mim. – pareceu magoada.

-Vim a Washington somente em busca dos Cullen, não imaginava encontrar transmorfos por perto. – escorregou mais para cima dos travesseiros e seu rosto mostrou-se incomodado. – Pergunte o que quer saber logo e me deixe em paz. – pediu fechando os olhos.

-O pai da criança... Ele é um transmorfo como você? – se inclinou na cama ansiosamente. – Temos uma loba aqui entre nós, mas ela não pode ter impriting com ninguém. Tenho medo de ter filhas mulheres e que elas passem pelo mesmo sofrimento.

Eve engoliu em seco sem abrir os olhos.

-Já falei Emily, não sou da mesma espécie que seus amigos, nem temos impriting. Pode ir embora, por favor? Não sei se você sabe, mas grávidas precisam de descanso. – mostra desconforto extremo. Os olhos da mulher ficam turvos.

A humana franziu a face desfigurada e foi embora batendo os pés e tentando esconder a hostilidade em seus olhos. Eve ficou parada se concentrando na sala logo do outro lado da casa, tinha a audição aprimorada e conseguia ouvir cada suspiro.

“Tem alguma coisa errada com ela... Eve esconde algo”

A criança se contraiu em seu ventre, como que se encolhendo ao sentir perigo. Eve sabia que seu segredo estava a ponto de ser revelado, e pelo ódio que aqueles seres alimentavam de vampiros, se soubessem que seu bebê era filho de um... Estariam perdidos.

Esticou o corpo ficando de pé, e andando devagar até a janela de parapeito baixo. Haviam vestido-a com um vestido de linho branco e cru, tirando a roupa que usava há meses. Sentou na batente com cuidado e passou uma perna de cada vez jeitosamente. Quando seus calcanhares despidos tocam a grama molhada, correu o mais rápido que consegue em busca do odor vampiro.

Eve tinha o costume de viver sem sapatos, estava constantemente se transformando, e carregar-los era difícil. Nas últimas semanas - em razão da gravidez - não podia estar mudando de forma, então seus pés se acostumaram com a proteção. Agora eles sangravam e estavam repletos de farpas em suas superfícies sensíveis. A floresta começou a se fechar, ficando cada vez mais cerrada.

-Calma meu amor... Já estamos chegando... – o cheiro deles estava cada vez mais próximo, a casa já estava aparecendo por entre as folhagens. Mais alguns passos. Só mais alguns. Eve repetia como um mantra. Sentiu as primeiras contrações atacarem seu organismo.

Um solavanco a fez parar. Calculava ter andado penosamente por dois quilômetros, superando suas expectativas de sobrevivência. Colocou a mão sobre onde à menina se mexia. Abraçou a barriga e sentiu seu rosto ficar molhado por lágrimas salgadas.

–Ah pequenina... – choramingou se sentando no chão para recuperar o fôlego. – Mamãe já andou tanto, ela está tão cansada... – encostou a cabeça na árvore em que se apoiara. A brisa gelada secando as gotículas de suor em sua testa. – Não desisti. Irei até o fim. – balbuciou ficando de pé com dificuldade.

Começou a andar enquanto se apoiava em tudo ao alcance das mãos. Suas palmas começaram a sangrar como os pés, criando uma crosta de sangue seco. Sua coagulação era veloz, mas o esforço em razão do bebê fizera seus anticorpos perderem a eficiência.

Vou morrer. O pensamento pesou em sua mente enquanto ela sentia o corpo tombar no chão de terra e a consciência se esvair como fumaça. Estava terrivelmente atemorizada com a possibilidade de levar consigo a vida de quem tanto amava, mas seu corpo não respondia a nada.

–Socorro. – o pedido saiu de seus lábios como um sopro lento.

Mãos frias alisaram seu rosto erguendo-o. Então levantaram seu corpo do chão e carregaram ela velozmente por um cataclisma verde e borrado. Uma luz forte e branca a cegava. Tentou levar a mão para cobrir os olhos, mas seus braços estavam repletos de fios ligados em suas veias.

–Aguente Eve, agüente firme. – a voz de Carlisle soou longínqua.

–Os batimentos estão lentos demais Carlisle. – Alice apertava a mão de Eve enquanto Bella se ajoelhava do outro lado da jovem. – A criança tem que ser tirada agora. – praticamente ordenou afastando os cabelos dela de sua testa. – Shhh... Ficará tudo bem. – cantarolou tentando acalmar-la.

Os fatos que se seguiram foram confusos, e a mãe pouco via do que acontecia. Sentia seu corpo quente, como um motor que trabalha por tempo demais. Tremores se apossaram de seus ossos enquanto sentia a lucidez vazar junto com seu sangue.

–Hemorragia. Ela está com hemorragia interna.

–A criança já está quase saindo.

–Conter o fluxo...

–Sangue demais...

–Menina... É uma menina... – Bella ofegou enquanto apertava a mão da mãe. – Eve, ela é linda. Tem os seus olhos. – a morfa ofegou, sentindo seu corpo vacilando. – Aguente firme Eve, por sua filha. – Bella implorou beijando a mão dela. Sentia-se tão compadecida por ela, como se tendo uma visão de seu passado.

–Dou minha vida pela da minha filha alegremente... – sorriu debilmente para a luz. Virou os olhos para a vampira, sua testa estava molhada de suor e seus cabelos cobertos de folhas. – Prometa que não deixara nenhum daqueles lobos malditos tocarem em minha filha... Prometa. – apertou os dedos de Bella.

Se pudesse chorar a vampira teria os olhos âmbar molhados. Renesmee se materializara atrás da mãe, tinha as duas mãozinhas repousadas em seus ombros, apertando-os em conforto. Olhava a menininha contorcendo-se banhada em sangue com uma fria distância.

-Prometo. Prometo que eles não farão nada a ela. – a vampira teve profunda compaixão por aquela mulher, que em desespero confiara sua filha a uma completa estranha. – Amarei ela como amei a minha filha.

-Eve está morrendo... – Carlisle sussurrou ao cortar o cordão e aninhar a menina nos braços. – Rosalie. – entregou a criança nas mãos da vampira. Rose segurou o bebê com amor explícito nos olhos, estava a ponto de levar-la para longe, mas Edward segurou seu cotovelo.

-Deixe que a mãe segure a filha. – rosnou. Rosalie não disse nada, apenas aproximou o bebe do rosto de Eve. A jovem riu ofegante, ergue os dedos para a menininha e alisou seu rosto.

-Psique... – balbuciou.

-Carlisle. – Alice disse de dentes trincados.

–Estou tentando. Estou tentando! – começou a gritar perdendo toda sua compostura enquanto tentava reanimar o coração que estava cada vez mais devagar. – Resista Eve! Resista. – grunhiu socando o peito dela. O som continuou do medidor de batimentos ficou gravado em sua mente. Tombou a cabeça para frente. – Sinto muito...

Esme envolveu o marido em um abraço por seus ombros. Recostou a cabeça nas costas dele acariciando seu braço, tentando confortar-lo de alguma forma. Apenas ela sabia como ele não suportava perder alguém. Havia um sorriso de pura paz em seus lábios.

Bella parecia inconsolável da mesma forma. Os olhos arregalados e fixos fitando o corpo inerte e pálido de Eve. Levantou-se apaticamente e apertou Nessie contra seu peito, os lábios separados de onde escapava um filete pesado de ar. O bebê se contorcia no colo de Rosalie, sem nenhuma mancha de sangue e nenhum som de choro. Os cabelos alvos como a neve.

Alice ficou de joelhos diante da mulher. Tão jovem e fresca como uma flor que desabrocha pela primeira vez. Tocou os cabelos dela. Seu rosto era como nácar liso e imutável. Fechou os olhos vazios dela com delicadeza.

Ninguém sabia o que dizer, ou fazer ao certo. A quietude era apenas quebrada pelo ocasional gemido da nova órfã. Bella alisou os dedos dela, viu uma corrente dourada enrolada em seu pulso. Uma redonda medalhinha de ouro com o desenho de uma flor de lis. Pureza.

Edward abraçou seus ombros e a aconchegou em seu peito. Os dois ficaram apertados nos braços um do outro até que Alice começasse a limpar lentamente o sangue de sua pele bronzeada e cadavérica e tirar os trapos do antigo vestido de linho branco, agora vermelho.

Bella não queria se afastar do corpo, e ficou observando Alice pentear os longos cabelos de ouro, passar um pano molhado em seus braços e pernas, trocar suas roupas por um vestido azul de corte perfeito, cruzar suas mãos sobre seu peito e fazer o sinal da cruz. Bella não imaginava que Alice fosse religiosa.

–Devemos sepultar-la. Ela merece um velório decente. – sussurrou.

–Há uma clareira aqui perto, podemos fazer as últimas homenagens a ela lá. Arranjar uma lápide. – ninguém notará a presença de Jacob no canto extremo da sala.

–Sim... É uma boa ideia. – Bella murmurou.

Alice realizara tudo no mesmo dia. Em menos de duas horas de morte, Eve estava sepultada em uma pequena campina repleta de frésias brancas e flores selvagens. Um retângulo de mármore róseo foi cravado no chão, de maneira funda o suficiente para que ninguém o profanasse.

Carlisle estava desolado diante das inscrições modestas. Somente o seu nome, nem tinham certeza de quantos anos ela tinha na hora da morte. A culpa que residia em seu coração gelado o fustigava. Nunca iria se perdoar ou esquecer aquela garota. Já perdera outros pacientes, mas ela foi diferente.

Bella estava em situação semântica, o peso da promessa abaixava seus ombros, em guardar a segurança da criança que agora estava usando as roupas de Nessie repousada no colo de Rosalie sem ter nenhuma noção de que enterrava sua mãe. A menina era tão adorável quando Renesmee era quando nascera, mas todos podiam sentir um status quo diferente nela.

-Singular a forma com que você se apegou a Eve, sem nem conhecer-la direito. - Jake dissera em voz baixa mais tarde do mesmo dia, usava um conjunto completo de peças pela segunda vez em uma tarde. Não eram palavras debochadas, apenas curiosas.

-Na hora em que a vi naquele estado semi-vivo... Foi como se eu voltasse no passado e me enxergasse. A forma com que eu sacrifiquei tudo pela vida de Nessie, ninguém havia me entendido naquela hora. Todos me culpavam por querer dar minha vida. Eve fez a mesma coisa pela filha, deu a vida por ela. – comentou melancolicamente abaixando os olhos.

O céu começou a ruir sobre eles. Trovoadas cortaram as nuvens e iluminaram toda a floresta. Uma garoa fina e insistente começou a cair, sendo instantaneamente substituída por uma chuva torrencial que encharcou as roupas de todos. Rosalie já havia partido com a menininha, e agora Bella corria ao lado de Renesmee e Edward de volta a casa.

A vampira devolve um último olhar para a lápide que se erguia em um rosa pálido entre as camadas de verde e pontinhos coloridos de flores. Suspirou e envolveu a mão da filha em um aperto entristecido. Quando chegaram em casa os cabelos estavam grudados em seus rostos e mal era possível ver a mansão por entre o manto chuvoso.

Os humores estavam encolerizados demais para que pudessem tomar decisões importantes, mas Carlisle insistiu que se reunissem para decidir o que fariam em relação ao pai da menina. Sentados, todos ouviram o relato de Jacob sobre a reação dos quileutes ao saberem toda a história. Estavam realmente irritados.

-Não deixarei ninguém encostar um dedo nela. – Bella estava irredutível. Nem mesmo precisavam discutir algo para que a decisão se tornasse clara. A única coisa que atemorizava a todos era a necessidade que Carlisle mostrava em deixar Aro a par do nascimento da híbrida.

-Eles não precisam saber Carlisle, e mesmo se souberam, irão querer matar-la da mesma forma que quiseram com Renesmee. – Rosalie apertava o bebê entre os braços e defendia sua opinião com unhas e dentes. Vira naquela oportunidade a chance de finalmente ter sua filha tão desejada.

-Aro é o pai da menina, tem o direito de saber. E mesmo porque já sabendo que Nessie não é nenhum risco, levarão em conta que a menina também não deve ser. – Carlisle parecia irremediável de sua decisão.

Ninguém tinha coragem de contrariar a decisão do líder, mesmo todos discordando. A criança foi colocada sobre a mesa, e brincava distraidamente com uma boneca antiga de Nessie. Seus olhos eram grandes e expressivos, com o cinza tempestuoso que um dia sua mãe teve.

Somente em olhar para ela, qualquer um se derreteria. Ninguém em sã consciência conseguiria ferir algo tão inocente e puro. A menina já estava grande, e era como se eles pudessem ver-la crescer. Carlisle disse que por ter duas partes imortais seu crescimento seria mais rápido.

-Temos que decidir o nome... – Alice murmurou.

-Antes de morrer... – Bella disse. – Eve disse um nome. Psique.

-Psique? – Rose testou o nome em sua língua.

-Não sabemos bem o que significava para ela, mas é um nome belo.

-Significa alma. – Edward sussurrou sentindo-se assustado com o poder de persuasão que ela exalava. Somente em olhar-la ele já se sentia compadecer. Ela seria poderosa, e isso sempre seria perigoso. Carlisle pareceu vacilar ao olhar a menina de perto, mas tentou manter a ideia.

-Chamaremos os Volturi, se eles não a quiserem... – o chefe disse sem tirar os olhos da criança. – Nos mesmos trataremos de criar-la, fizemos uma promessa. – olhou para a nora. – Não é Bella?

-Sim. – concordou confiante. A medalha de ouro em sua mão cintilou, esticou-se e repousou o colar sobre o corpinho gorducho e delicado de Psique, ela pegou o pingente com os dedos infantis e mordeu alegremente.

Cumprirei minha promessa, nem que me custe à vida.

-Estarei garantindo que não precise de tanto. - Edward apertou a mão dela. Entreolharam-se e um sorriso mútuo cresceu em seus lábios enquanto a criança ria em direção a eles.




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