The Both Sides escrita por auter_delacor


Capítulo 11
Capítulo 11 - Vozes Indesejadas




Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/185652/chapter/11

O medidor do ritmo cardíaco lançava bips agudos pela sala marmorizada e clara. Esme detestava aquele cômodo, mas nas últimas horas não saia dele. Rosalie estava ajoelhada aos pés da maca e tinha os dedos presos no tornozelo frio de Psique. A mestiça estava inerte na maca, e sua cor era idêntica a dos lençóis pálidos.

         -Como ela ficará? – a voz de Rose era um fraco tenor que ecoou pelas paredes frias. Alice chegou do corredor trazendo uma bolsa de sangue. Carlisle conectou-a com uma veia no braço de Psique e o líquido começou a gotejar.

         -Demos um sedativo para manter-la calma, ela estava tendo alucinações fortes e seu coração estava muito fraco. Psique passou toda a noite a mercê da neve. Como ela disse antes de fugir, tem resistência ao frio, mas ficou inanimada diante dele, sem movimentar seu corpo. Acabou tendo alguns órgãos prejudicados.

         -O que isso quer dizer? – sussurrou.

         -A temperatura normal do corpo de um humano é trinta e cinco graus, mas Psique tem uma regularidade de vinte e sete. – falava enquanto calçava luvas e injetava algo nos tubos que se ligavam a ela. – Quando ficou fora na nevasca, à temperatura dela caiu para dezessete. Isso seria fatal em organismos mais frágeis. Seu interior foi severamente atacado, teve falha no funcionamento dos órgãos vitais.

         Carlisle mantinha uma frieza clínica, mas suas mãos tremiam enquanto fazia todos os processos e analisava Psique com cuidado e carinho. Ver-la naquele estado lhe fez lembrar a promessa feita a Eve, de quando era ela em uma maca. Sentiu-se um fracassado.

         -Mas a parte vampira dela esta restituindo tudo danificado. Pode demorar algum tempo, mas essa ingestão indireta de sangue humano pode acelerar a cura. Ela deve ficar bem em alguns dias. – respirou fundo e apoiou as mãos na maca enquanto sua cabeça tombava para frente cedendo. – Deus queria que eu esteja certo.

         -Você nunca erra em algum diagnóstico. – Esme tentou consolar-lo colocando as mãos em seus ombros. – Psique ficara bem Carlisle, sabe como nossa garotinha é forte. Logo estará acordada e falando sem parar como ela sempre faz. – deu uma risadinha triste.

         -Isso foi culpa minha Esme. – ele murmurou. – Errei de alguma forma? Faltou algo? – se virou para olhar-la nos olhos. – Dei tudo de que ela sempre precisou. Cuidei dela e lhe dei carinho, todos nos demos. Porque então ela sente esse vazio? Porque ela não consegue ser feliz entre nós? – havia um desconsolo incontável em sua voz.

         -Não... – os lábios endurecidos de Psique se moveram devagar, quase que sem emitir som algum. Todos se viraram ansiosos em sua direção. Carlisle e Esme seguraram suas mãos com força. Ela entreabriu os olhos e sorriu fracamente tossindo logo depois.

         -Não faça muito esforço meu bem. – o doutor disse.

         -Nunca fui tão... Feliz em toda... Minha vida... – apertou fragilmente os dedos do pai. Suspirou com dificuldade e fechou os olhos. O efeito dos calmantes a mantinha em um estado de semi consciência. – Vocês são os melhores pais que existem. – relaxou os dedos adormecendo novamente.

         Carlisle esboçou um sorriso e ajoelhou-se ao lado dela acariciando seus cabelos de seda dourada. Ficou de pé envolvendo Esme em seus braços e beijando-a longamente. Sentia-se pai novamente. Sabia o sentido da palavra orgulho naquele momento.

         -Ela ficara bem. – completou aliviado.

         -É claro que ela ficará bem. – Rosalie fungou se arrastando até estar ao lado do leito de Psique. – Ela é a garota mais forte que conheço. Se não resistisse, ninguém no mundo poderia. – Carlisle estava mais preocupado com a sanidade de Rose naquele momento. Sempre soube que ela era intensa. Amava intensamente, sofria intensamente. Rosalie sempre teve um complexo por não poder ser mãe, e durante os anos que Psique se ausentou, mergulhara em uma profunda depressão.

         -Deixe que ela descanse Rose. – Carlisle colocou a mão sobre o ombro dela. A vampira negou asperamente com a cabeça. Seus olhos estavam cravados no rosto novamente imóvel de sua pequenina. Agia com uma teimosia infantil. Ele se agachou ao lado da criação e murmurou. – Psique não está tendo controle sobre si mesma agora. Ela vai sugar a energia de tudo a sua volta sem que perceba. Você pode se ferir se ficar em contato direto.

         -Não posso deixar-la aqui sozinha. – choramingou caindo em prantos secos. Esme abraçou seus ombros e elevou-a gentilmente guiando-a até a porta. O médico olhou mais uma vez cada aparelho com um cuidado metódico, então saiu fechando a porta delicadamente.

         Psique sentia seu corpo vibrar enquanto absorvia tudo a sua volta em um frenesi saboroso. Não tinha qualquer decisão sobre seu dom, ele se revoltava como um animal há muito tempo enjaulado e faminto. Suas garras iam contornando cada ser vivente próximo e espremendo-o ao ponto da exaustão, da morte.

         Ela estava acostumada com a insaciável angústia que estava sempre rondando seu corpo. Já nem mesmo a sentia mais. A sede de poder que possuía era em parte por causa de seu dom, sede de vidas. Tentava canalizar toda tensão para outras coisas. Quando corria, por exemplo, e soltava descargas de adrenalina em seu cérebro ela parecia conseguir se acalmar.

         Mas os últimos meses haviam se tornado mais sofríveis do que todas as outras vezes. A tortura mental que tinha que manter para não permitir que sua parte obscura visse a tona, era sufocante. Os corações cada dia mais enervados e frenéticos, por razão do perigo que se aproximava, pareciam implorar por serem sugados.

         Travava batalhas diária em seu âmago sobre a possibilidade de uma vez apenas ceder às necessidades primordiais. O sangue não fazia sentindo em sua garganta. A comida era serragem em sua boca. Tinha ataques constantes de enxaquecas e febre. Doug começará a ficar preocupado, e Psique teve uma vontade gigantesca de contar-lhe tudo que acontecia. Mas teve receio que ele a achasse um monstro novamente. Não logo agora que conquistara sua confiança.

         Continuou resistindo o máximo todos os dias. Passava as manhãs e tardes de forma exausta. Quando dormia, ficava atenta a seus atos, mantinha sempre seu cérebro sobre vigilância, e as noites se tornavam mais cansativas que os dias em si.

         Psique fizera questão de continuar com seu trabalho na firma de advogados, apesar de reduzir sem tempo de trabalho para a metade. Seus colegas percebiam as mudanças de seu humor, que ia piorando cada vez mais.

Francine LePor era uma secretária que trabalhava a dois anos no mesmo lugar – ganhava um salário avantajado demais para pensar em uma mudança recente - e possuía um carinho mais acentuado pela mestiça, apesar das críticas enciumadas de suas amigas, sempre fazia questão de levar-la consigo em festas. Achava que a falta de harmonia em sua amiga não passava de algo momentâneo, e cogitou a possibilidade de uma festa animar-la.

Psique não saia a meses, desde que encontrara Doug estava enclausurada de casa ao abrigo. Francine praticamente a obrigou a colocar algo mais arrumado em seu corpo e sair com ela. Arrastou Psique até o Le Perfaite, uma boate no subúrbio famosa por sua rica clientela de diversos ciclos exóticos.

Estar em meio a dezenas, milhares de pessoas com vida transbordando pelos poros fez Psique perder a razão. Ela já não enxergava mais nada a sua frente além de energia desperdiçada. Francine a guiou até o meio da pista e as duas dançavam em êxtase. A humana encontrou com um grupo de amigos e deixou Psique sozinha na multidão.

Ela estava em casa.

Seus dedos vagueavam em todos os corpos que passavam perto o suficiente para que ela os alcançasse. Sentia as auras fluírem para dentro de si. Movia os quadris no ritmo da música e não poupava uma parcela sequer de sua sedução. Era soberana naquele lugar onde apenas a beleza era capaz ruir torres.

 Mãos circundaram sua cintura e a puxaram em direção a um peito firme. Ela sentiu na hora a tensão sexual em seus músculos rijos, como que um animal que se prepara para a caça. Uma boca quente afagou seu pescoço com um hálito convidativo. Psique já estava acostumada com o assédio dos homens, mas naquela hora não sentiu o mesmo desdém que sempre sentia ao ter um deles lhe avaliando.

Sentiu fome. Uma fome incontrolável.

Ela havia deixado de ser virgem três meses depois de ter certeza que não poderia ferir ninguém por estar em contato direto com sua pele. Psique não encarava o sexo como nada mais que algo instintivo. A sobrevivência. Depois de ter abandonado Seph, havia jurado não se envolver emocionalmente com ninguém, mas não deixaria o fator sexo fora de seus interesses. Ela queria apenas diversão, tinha sempre que queria.

Mas desde que havia se tornado uma mãe adotiva para três dezenas de crianças abandonadas, tinha se esquecido completamente a sensação maravilhosa de ser desejada. De ser mulher. Havia perdido sua sanidade e noção do certo ou errado há horas atrás, estava a ponto de por em prática o maior erro de todos os anos de loucuras que fizera.

Seu nome era Jan, ela podia ver os pensamentos dele escaparem pelo contanto entre suas línguas. Suas mãos acariciavam as costas de Psique em um misto de fúria e cobiça. A libido dela atingia limites astrológicos enquanto se rendia ao anseio mais primordial de algum ser.

Não importava se era humano, vampiro, lobisomem, transmorfo, animal, todos sempre teriam aquela necessidade básica. Algo que nunca os abandonaria. Psique já estava no carro dele, e não tinha noção nenhuma de quanto tempo passara conversando com ele. Não prestava atenção a nada que fazia a não ser na aura saborosa que o contornava.

Estavam em seu apartamento, arrancando as roupas um do outro. As mãos de Psique explorando seu peito esculpido. Ela sentia seu corpo implodir com o êxtase, tudo ribombar dentro dela. Era como se sua fome não pudesse diminuir. Um buraco negro que sugava tudo avidamente. Estava plena quando caiu de lado na cama bagunçada.

Ergueu a mão e viu o brilho contornando-a. Sorriu satisfeita enquanto passava o braço pelo tronco de Jan e adormecia com todos seus membros vibrando.

Psique acordou sentindo a ponta dos dedos formigando e uma estranha amnésia de onde estava. Olhou em volta sem reconhecer o lugar. Uma brisa incômoda denunciou sua nudez. Notou só depois de se levantar um corpo igualmente nu a seu lado. Levou à mão a cabeça culpando-se pelo acontecido e praguejando mentalmente.

Vestiu-se rapidamente com as peças espalhadas pelo chão. Gostaria somente de se lembrar de tudo, sentia que havia sido drogada. Avistou a última roupa jogada do outro lado da cama. Inclinou-se por cima do desconhecido para pegar-la, e antes de seus dedos poderem segurar sua blusa, sentiu o coração acelerar.

Uma expressão vaga desenhava os traços másculos e pálidos. Seus olhos estavam esbranquiçados, como se houvesse um véu leitoso em suas pupilas um dia castanhas. Ele estava gelado, e seu coração parado, um sorriso doentio e sereno em seus lábios. Psique tapou a boca horrorizada impedindo-se de gritar.

Sua primeira vítima humana.

Vestiu-se e saiu correndo do loft caramente decorado, mas parou ante a porta. O lugar estava todo com seus rastros, não podia se dar ao luxo de deixar todas as evidências imortais para que mortais descobrissem.

Pegou uma toalha no banheiro e começou a limpar tudo em que tocara. Estava suando quando terminou o serviço de limpeza. Impediu o fluxo subir-lhe a garganta quando notou ter dormido abraçada a um cadáver. Abriu a porta e saiu vagarosamente de dentro do apartamento, lágrimas nos olhos.

Não havia porteiro, o que facilitava, testemunhas de sua estada ali não seriam boas. As ruas parisienses estavam nubladas e frias quando ela estava livre. Sentia um estranho torpor de culpa se apoderar se todo seu corpo. Era uma assassina. Sou um monstro.

Pediu demissão do cargo, e como da primeira vez em Forks, trocou de telefone e não deu desculpas a ninguém. Francine a procurou no duplex, mas Psique foi vaga ao informar sua volta à cidade natal por motivos pessoais. Mudou-se para uma casa modesta perto do esconderijo, e se isolou completamente do contato humano.

A fome voltou na semana seguinte.

A mestiça estava a dois dias em coma. Por assim dizer.

         Carlisle dizia que era somente uma forma de seu corpo se defender, que ele se excluía do mundo ao redor para poder se reestruturar calmamente. Ela estava relapsa de tudo ao seu redor, então não podia comedir os danos que seu poder causaria aos que estivessem por perto. Portanto era recomendada a mínima proximidade possível.

         Ele era um médico sublime, mas estava errado em seu laudo. Carlisle não tratava de uma humana naquele momento, mas sim de uma híbrida com poderes além do imaginado ou previsto. Psique podia sentir e ouvir tudo a seu redor. Escutava até o que não era dito.

         Da mesma forma que escutara os pensamentos de Seth ao procurar-la, ela captava os pensamentos deles em outros cômodos. Psique imaginava que tinha relação com o fato de ter encostado de raspão em Edward enquanto se movimentavam na mesa de reuniões. Não chegou nem a ser um toque, ele só encostou o braço despido na pele dela por menos de meio segundo. Isso foi o suficiente para doar parte de seu dom a ela.

         Psique percebeu que era um martírio ter a cabeça dos outros totalmente aberta para seus ouvidos. Ela não sabia definir se eram seus pensamentos, ou os de Alice em sua mente. Pegava-se planejando o conjunto de porcelanas para colocar na cristalera da cozinha. Lembrando da última vez que se alimentara de um urso das montanhas. Do próximo jogo de beisebol. Ninharias que eram importantes para alguém que não ela.

         Queria arduamente que tudo aquilo acabasse, que ela acordasse e tivesse somente a paz mental de sua cabeça. Os dons que ela sugava não duravam nem uma semana, quanto mais um minúsculo toque como o que tivera com Edward, mas dessa vez estava durando demais. Ela calculava cinco dias naquela maca, e queria gritar, mas a morfina deixava ela totalmente inativa de tudo.

         Rosalie ignorava os conselhos de Carlisle e vinha se sentar ao seu lado enquanto tricotava um cachecol e ficava falando bobagens que às vezes acalmavam o fulgor de Psique. Mas às vezes ela queria trucidar Rosalie por compartilhar com ela seus desejos sexuais com Emmet.

         No sétimo dia em seu estado inativo, ela já não suportava mais Jasper calculando a velocidade necessária que seu bastão devia atingir a bola para que Edward não fosse capaz de pegar-la. Ele fazia isso todos os dias. Não suportava a ideia de perder para alguém mais jovem que ele. E Psique estava começando a se sentir meio Jasper. Prestava atenção nas estratégias dos jogos de xadrez que Bella e Edward tinham, com uma intensidade desnecessária.

         Renesmee ficava trancada o tempo todo no quarto, não pensava apenas, ela tinha questão de colocar em alto e bom tom suas críticas e resmungos. E ter Jacob... Urgh, todo maldito dia desejando beijar Renesmee, era a pior parte. Queria com todo seu ser que Edward pudesse ler sua mente e perceber que ela precisava de conselhos, mas o escudo de Bella era impenetrável em sua cabeça.

         Rosalie começou a ficar impaciente com a demora na recuperação de Psique, e passou a indagar-lo se não havia algo de errado sendo feito. Carlisle afirmava com pouca convicção, repetindo todo o diagnóstico para Rosalie mais de uma vez. A vampira não engoliu, mas se calou. Bem... Se sua boca não emitia sons, seus pensamentos faziam uma balburdia desmedida.

         Fizera questão de se sentar perto de Psique e segurar sua mão. A mestiça se compadecia do sofrimento da mãe de criação, mas sofria de ume terrível angustia com os gritos mentais dela. Rose não queria que seu tormento se pronunciasse em voz alta, mas a cabeça fervilhava. Ela melhorara. Ela piorara. Acordara logo. Nunca mais despertara. O que fiz de errado? A culpa não é minha. A culpa é minha. Se algo acontecer a ela... Nada acontecera a ela.

         Era um mar de tormento e indecisão. Psique sentia-se sedenta, faminta. Queria gritar. Desejava destroçar uma garganta com as próprias mãos. Enterrar os dentes em um pescoço pulsante. As mãos se encurvaram em garras aflitas. Rosalie notou o movimentar e ficou radiante, Psique nunca se movera nos dias de sono.

         -Carlisle! Ela se mo... – exclamou alegremente, mas sua voz foi interceptada por um grito desesperado. A mestiça se contorcia na maca com a cabeça presa entre os dedos, como se tentasse arrancar-la. Psique queria arrancar-la. Era como se dedos afundassem seu crânio enquanto vozes sepulcrais se difundiam umas por cima das outras.

         Edward sentiu na hora as barreiras cedendo a uma pressão esmagadora. A mente de Psique invadiu sua cabeça em uma enxurrada dolorosa. Dezenas de vozes ocupavam um lugar em que só caberia uma. Ele sabia bem a sensação do início. Correu para o quarto onde ela se debatia aterrorizada.

         -Ela esta convulsionando? – Alice perguntou aflita.

         -Não... Não entendo. Está sentindo dor. – o doutor conteve os braços de Psique com as mãos e procurou um sedativo em meio à confusão que ela causara. Ela arregalou os olhos atemorizada com a possibilidade de estar presa aos pensamentos dos outros novamente. Sentia seu crânio rachar.

         -Não Carlisle. Não a sede novamente. – falou seriamente. – Bella. – chamou pela esposa. – Use seu escudo na mente de todos. – ela se mostrou confusa. – Agora. – ordenou. Dois segundo depois Psique relaxou o corpo e caiu exausta nos lençóis. Sentia tudo latejar.

         -O... Obrigada. – sua cabeça tombou arfante.

         -O que houve? – Bella perguntou.

         -Psique sugou meu dom, ela estava ouvindo os pensamentos de todos nós durante esse tempo. Sei como pode ser terrível no início, e ela nem podia pedir ajuda. Os calmantes não permitiam que falasse. – se ajoelhou ao lado do rosto molhado de suor. – Sei que é doloroso, mas preciso que se concentre Psique, vou te ensinar a suportar.

         -Nunca passa? – murmurou.

         -Nunca. Se aprende a conviver, mas não se acostumara. – a voz dele estava com uma maciez sensitiva. Afastou um cacho de seu rosto suavemente. – Concentre-se no batimento de seu coração. Escute apenas ele. – sussurrou como que cantando.

         Bum. Bum. Bum. Era ritmado. Como o leve bater das asas de uma borboleta branca em uma imensidão azul. Frágil e quebradiço, mas ao mesmo tempo divino. Psique fechou os olhos devagar.

         -Foco em sua respiração. O ar entrando em seu pulmão. – o timbre sedoso guiava seus passos como uma luz no fim do túnel. Sentiu o ar fresco penetrando suas narinas e descendo pela garganta em direção a sua corrente sanguínea. Harmonia. Essa era a definição. – Bella, vá soltando o escudo devagar, um de cada vez, cinco segundos entre cada um. – disse sério. Voltou-se para a mestiça. – Continue concentrada.

         Meu deus, Psique... Fiquei bem minha querida. Tenho que pelo menos diminuir meu fluxo de pensamentos. Ah droga, ela esta sentindo dor novamente. Rosalie. Sua cabeça era particularmente melodramática. Seria difícil se acostumar.

         Pensamentos calmos... Flores. Um campo florido. Céu azul. Sangue doce... Não. Ela está sem se alimentar a bastante tempo, pense em coisas melhores. Hã... Sol. Emmet. Estar dentro dos pensamentos dele não era incômodo, chegava a ser divertido.

         Ela parece péssima. Não... Ela deve estar ouvindo isso. Não se preocupe meu amorzinho, depois daqui vamos fazer compras em um lugar bem reservado. Sem muitas cabeças para ouvir. Alice sorriu silenciosamente. Psique flexionou os dedos sentindo tudo em sua mente indo para o lugar certo.

         Deve estar faminta. Agora que ela come posso fazer suas comidas prediletas. Será que gostará da torta de maçã que fiz? Esme era tão amável por fora quanto por dentro. Ela nascera realmente para ser mãe. Ou quem sabe morrera para ser mãe.

         Peculiar. A cabeça de Jasper era singularmente silenciosa. Sempre tão calculista, conseguia até escolher os pensamentos que surgiriam. Psique se sentiu mais admirada. Moveu as pernas com lentidão.

         Ficara tudo bem Psique. Carlisle olhava preocupado para a filha.

         Concentre-se Psique. Sei que consegue. Edward a estimulava mentalmente. Finalmente veio a cabeça de Bella. Chegou lenta e desordenadamente. Os pensamentos dela já eram por si só escondidos, com esforço os deixou fluir.

         Sente-se melhor?

         -Tudo gira. – balbuciou. Ergueu o tronco se sentando sobre os olhares atentos. Notou a falta de algo. Franziu o cenho e esfregou os olhos tentando se recordar. – Onde estão Jacob e Renesmee? – finalmente se lembrou.

         Edward já havia se acostumado totalmente com a falta da mente da filha próxima, com o alvoroço do despertar de Psique, ninguém notou a falta de sua presença vinda no segundo andar. Ele respirou fundo trincando o maxilar juntamente com Bella.

         -Onde estão eu não sei, só sei que arranjaram um grande problema.


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!




Hey! Que tal deixar um comentário na história?
Por não receberem novos comentários em suas histórias, muitos autores desanimam e param de postar. Não deixe a história "The Both Sides" morrer!
Para comentar e incentivar o autor, cadastre-se ou entre em sua conta.