Eu: Eu tenho uma péssima notícia. Mas isso não dá pra falar pelo telefone. Eu tenho que te encontrar. –eu disse no telefone com André.

André: Tá bom. Onde você quer me encontrar?

Eu: Estou saindo daqui agora. Quando eu chegar, te ligo. Aí você vai pra minha casa.

André: Tudo bem. Até daqui a pouco. Beijos!

Eu entrei no ônibus e parti pra estrada de novo. Minha decisão estava tomada: transferência de faculdade.

Eu tinha conversado com Renata e ela não quis voltar pra São Cristóvão. Ela disse que estava feliz com sua faculdade e que ela iria tomar conta da “nossa casa” enquanto eu não pudesse voltar.

Descobri que a faculdade que eu iria me transferir é a mesma que a Sophia e a Luana fazem. Fiquei tão feliz sabendo que não iria ficar sozinha, que até dancei um pouco.

Depois de 1h, cheguei no Rio. Liguei pro André e ele disse que estava saindo de casa.

Na rodoviária, eu decidi ir a pé mesmo, porque eu estava só com a minha bolsa. Minha mala ficou toda na casa da minha mãe.

Cheguei em casa e enquanto André não chegava, arrumei mais roupas. No dia que fui pra São Cristóvão, eu não tinha pegado tantas roupas, mas agora eu iria pra valer. Pelo menos pelos próximos 4 meses.

A campainha tocou e eu fui atender.

-Entra aí. –eu disse para André.

-Eu estou um pouco nervoso... Acho que já sei o que tá acontecendo. –ele disse me olhando.

-Eu vou embora, André. Por um tempo. –eu disse séria.

-Podemos continuar nosso namoro. Sabe, eu posso te ligar todo dia, a gente saí fim de semana... –ele disse tentando me animar um pouco.

-Não, André. Acho que eu não quero isso. Eu acho que não estou preparada. Estou mais focada no meu pai. Então acho melhor não.

-Então você está terminando? –ele perguntou um pouco mais baixo.

-É, estou terminando. Eu espero que você entenda.

-Eu entendo, mas não queria terminar. –ele falou se aproximando.

-Não faz assim não. –eu disse me afastando. –Eu preciso me concentrar. Uma coisa de cada vez.

-Eu vou sentir sua falta.

-Eu também vou, André.

-Um último beijo? –ele perguntou se aproximando novamente.

Não resisti e o beijei. Mas beijei-o de uma forma diferente. Foi como se eu tivesse colocado todo o meu amor ali nele.

-Agora eu tenho que ir. –eu me afastei e peguei minha mala. –Até algum dia né?

-Eu vou lá embaixo contigo!

Me despedi de Renata (que já estava de volta no apartamento) e eu desci o elevador com André.

Quando chegamos lá embaixo, eu dei um beijo no seu rosto e peguei um táxi. Fui até minha antiga faculdade e pedi transferência. A secretária pediu o e-mail da faculdade que eu estava indo e eu passei. Ela disse que ia passar um e-mail com meu histórico. Saí da faculdade e peguei um táxi, fui pra rodoviária e peguei o ônibus novamente.

Fui direto pra casa pra arrumar as coisas no meu quarto. Guardei minhas roupas e meus livros. Olhei para o relógio e eram 14hs.  Passei na faculdade que estou me transferindo e conversei com o diretor. Ele disse que assim que recebesse o e-mail da minha faculdade, iria mandar outro para mim.

Voltei para casa e o almoço estava pronto. Almocei com a minha mãe e ela disse que a Sophia havia ligado.

-Ela pediu para você passar na casa dela depois. A Luana vai pra lá e você encontra as duas.

-Tá bom. Daqui a pouco eu ligo pra ela.

Subi para o meu quarto. Eu precisava fazer uma coisa antes de ir na casa de Sophia.

Peguei meu notebook e comecei a escrever. Com algumas palavras eu acho que consegui fazer o que queria.

Terminei de escrever e fui para o banheiro. Escovei meus dentes e a penteei meu cabelo.

Desci as escadas e avisei minha mãe que iria até a casa de Sophia. Saí de casa e fui andando a pé. Chegando lá, Luana atendeu a porta.

-A mãe da Sophia não está aqui hoje, então a casa é nossa! –comemorou ela.

-UHUUU! –eu gritei com as mãos no alto balançando. –Legal em? O que vocês estão fazendo?

-Bem, nós alugamos uns filmes. Acho que você precisa se distrair um pouquinho. –Luana respondeu e eu entrei na casa.

-Preciso mesmo. Mas onde está Sophia?

-Aqui! –a própria respondeu. Ela estava sentada no sofá vendo televisão. –Caramba, que saudades. –ela levantou e pulou em cima de mim com um abraço de urso.

-Também estava com saudades. –eu a abracei também.

-Ei gente, e eu? Ninguém sente minha falta não? –brigou Luana.

-Claro que sim, sua chata! Vem cá. –disse Sophia e Luana se aproximou nos abraçando.

-Nossa, só faltou a Renata mesmo aqui em? –eu disse.

-Como é que ela tá? –perguntou Sophia.

-Bem... –eu sentei no sofá. –Mas sabe, ainda estou triste com ela.

-Por que, Nath? O que houve? –Luana perguntou sentando do meu lado. Sophia fez o mesmo.

-Ela nem me contou do acidente. Aí isso me deixou triste né? Ela podia ter me ligado, mandado um e-mail, sei lá!

-Mas pense pelo lado dela, Nath. –agora era Sophia falando. –Imagina ela te ligando quando você estava na Bahia. Você iria ficar desesperada e procurar pelo primeiro voo para o Rio de Janeiro, não é mesmo?

-Verdade. –concordei.

-Mas vamos mudar esse humor né gente? Somos três solteiras e queremos curtir a vida! –Luana brincou.

-Como assim? O que aconteceu com o Rafael?

-Essa Nathália está muito ultrapassada! –riu Luana.

-Me conta, Sophia!

-Nós terminamos ué! Não ouviu a Luana falando que somos três solteiras? Então, eu terminei meu namoro.

Fiquei chocada!

-Mas ele era tão fofo com você!

-Exatamente, era muito mémémé... Não curto muito isso. Ele me ajudou mesmo quando quebrei o pé, mas fala sério né gente!

-Ai gente... E vocês não me contaram isso!

-Que tal irmos na rua? Podemos ligar pro Felipe e perguntar sobre alguma festa, sei lá! –opinou Luana.

-Quem é Felipe?

-Um amigo da Luana.

-Então liga. Porque hoje eu quero fazer alguma coisa. –eu disse.

“De: Nathália de Castro Oliveira

Para: Daniel Pereira Carvalho

30 de Julho de 2011

Assunto: Obrigada por tudo!

Querido Dani,

Quanto tempo não conversamos em? As férias já estão acabando e acho que nós não vamos mais nos ver.

Pois é, meus pais sofreram um acidente e eu tive que voltar pra casa deles. Minha mãe já está bem mas meu pai continua em coma.

Enfim, estou morrendo de saudades. Como estão as coisas aí? Curtiu as férias?

Ei, tenho que te falar uma coisa... Obrigada por tudo, ok?

Beijos,

Nath.”