Semanas se passaram e eu continuava ali, em São Cristóvão. Meu pai não dava sinal de vida de jeito nenhum. O Diego (médico do meu pai) tentava de várias maneiras fazê-lo acordar e explicava pra gente várias possibilidades do que tinha acontecido com ele. Mas eu odeio Ciências, ou seja, não decorei nada do que ele disse.

Todos os dias eu dormia no hospital com o meu pai. De vez em quando, eu ligava para André, e ele dizia que estava morrendo de saudades. Naquele momento, eu tinha preocupações maiores. Eu sentia falta dele, mas o meu pai era muito mais importante. Eu tinha que dar apoio a ele e a minha mãe.

A última semana de Julho chegou, Minha mãe disse que era melhor eu voltar para o Rio pois as aulas iriam começar novamente.

-Não vou voltar, mãe. Não vou. –eu dizia.

-Minha filha, como você vai estudar? Me diz.

-Não sei, mas eu não estou preocupada com isso agora. Se eu tiver que ficar aqui com vocês, eu vou ficar!

Ela desistiu de discutir comigo porque estávamos no hospital e lá não é um lugar agradável para discussões.

Naquela noite, eu fiquei deitada no sofá e pensando. O que eu iria fazer da minha vida? E se eu tivesse mesmo que voltar para o Rio? Minha mãe tinha razão... E agora, o que fazer?

Diego entrou no quarto, fazendo sua visita diária. Eu apenas sorri e ele sentou do lado do meu pai.

-Nathália, desculpa ser intrometido, mas sem querer ouvi sua conversa com a Carolina. –ele disse aplicando alguma coisa nas veias do meu pai e então ele olhou pra mim.

-Qual parte? –eu perguntei assustada.

-A da faculdade. Eu não ouvi nada demais, relaxa.

-Ah tá. Pois é, eu nem sei o que fazer.

-Por que não pede transferência? Sabe, pra essa faculdade aqui perto do hospital. Eu me formei ali.

-Parece simples, mas não é. Eu tenho uma amiga que mora comigo, não posso deixa-la sozinha.

-Ela é de lá?

-Não. Ela tem família aqui também.

-Vê se ela quer transferência também. Pode ajudar. Aí você fica perto da sua mãe e acompanha o tratamento do seu pai.

Eu respirei fundo.

-Pode dar certo. Obrigada.

-De nada. –ele sorriu e eu também. Fechei meus olhos e adormeci.