Malibu Vodka escrita por Caroline Marinho


Capítulo 5
Afogo as mágoas em um banheiro público


Notas iniciais do capítulo

Agora Ashleyhavia passado dos limites. Estava se enchendo de bebidas alcoólicas com uma garota que ao menos sabia o nome. Será que isso iria dar ceto?



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Tive muitos momentos em minha vida. Momentos bons, momentos péssimos.

No momento anterior eu era a substituta particular que perdeu a virgindade e o melhor amigo por causa de um canalha.

E nesse novo momento da minha vida eu estava me embebedando com uma desconhecida em um banheiro público escolar.

Estávamos agachadas em um canto do banheiro dividindo uma garrafa de vodka e eu ao menos sabia o nome dela. Eu estava tonta e ao menos sabia quantos dedos haviam na minha mão. As imagens tremulavam e tudo rodava.

A garota ao meu lado estava sofrendo uma crise de riso só por ver a bebida balançar dentro da garrafa.

E então ela virou a garrafa de uma vez e engoliu tudo, sem deixar nadinha para mim.

-- Poxa. -- resmunguei, em prantos -- Acabou a vodka.

A garota me encarou, com um sorriso sacana.

-- Acha mesmo que eu deixaria a fonte secar? -- começou a se levantar, jogando a garrafa no lixo -- Tem mais seis garrafas de onde esta veio.

Quando ela entrou no box, uma dor no peito me veio (coisa de bêbado), então voltei a chorar, como se fosse uma garotinha querendo um pirulito de cereja.

-- Eu sou uma idiota! -- gritei -- Eu... Eu fiz besteira Gina... Posso te chamar de Gina?

-- Ah, não fica assim, Ashley! -- ela disse, me entregando uma garrafa cheia e com outra na mão -- Toma, essa é só sua.

-- Ninguém vai pegar a gente, não?

-- Claro que não, isso é seguro. Ninguém vai saber do nosso segredinho.

Bem, ela respondeu minha pergunta. Mas naquele momento o que eu entendi foi isso:

-- Claro ninguém que é isso nosso, seguro do vai segredinho não saber.

Eu comecei a dar gargalhadas e quando consegui parar (uns dez minutos depois) respondi:

-- Você fala embaralhado.

Tente imaginar um bêbado falando "embaralhado". Sai algo tipo: "embalaradado".

Então eu ouvi um barulho. Dessa vez não era coisa de bêbado. Tinha mesmo alguém perto do banheiro. Então ouvi passos, um de salto alto e outro de sapatos velhos. Dava para perceber por causa do barulhinho que fazia sempre quando o sapato repousava no chão: " iinc, iinc".

Sério, até bêbada eu era boa nisso.

E então aconteceu. A diretora Beck apareceu, apertando milhões de vezes o botãozinho da caneta. Alexia estava logo atrás dela com um sorriso debochado no rosto.

-- Eu disse que elas estavam aqui. -- Alexia pronunciou.

-- Não acredito. -- a diretora resmungou.

-- Acredite, seu sapato velho faz um barulho que dá pra escutar de quilômetros de distância. -- respondi -- iinc, iinc, iinc...

-- Cale a boca! -- a diretora gritou. -- Serão suspensas! Se não quiserem ser expulsas!

-- Eu prefiro ser suspensa! -- Gina zombou. Por que a chamei de Gina?

--Que idiota. É óbvio que nenhuma de nós quer ser ecspulxa.

-- Senhorita Evans...-- disse a diretora, tentando se controlar.

Enquanto a diretora estava em temperatura suficiente para fritar um ovo, Gina e eu ríamos sem parar e Alexia parecia bolar um plano para acabar conosco.

-- Expulsa elas diretora! Elas são umas lerdas.

-- Cale a boca traidora! -- ordenei -- Eu não dedei para a diretora que você já deu uns pegas em vários tarados no vestiário masculino. Você diz pra todo mundo que isso que você carrega na garrafinha de água mineral é água, mas aquelas seguidoras puxa-saco que você chama de amigas já contaram para todo mundo que é vodka.

Alexia ficou me observando horrorizada, que era a mesma forma que a diretora olhava para ela.

-- Vocês três vão para a detenção agora! -- a diretora gritou.

-- M - mas.. Não! Eu não fiz nada. -- Alexia disse, gaguejando -- Elas que devem ser punidas...

-- Vão! -- a diretora ordenou.

Alexia saiu, batendo os pés e gemendo de raiva. Eu não conseguia me levantar, e acabei cambaleando. Gina, por outro lado se levantou numa boa, e me puxou pelo braço.

-- Vamos, sra Black Benson. -- Gina disse, debochada.

-- Se quiser usar só o Benson, tudo bem. -- respondi, rindo.

Neste momento eu a observei, me assustei e disse a coisa mais idiota de todas:

-- Nossa, Gina. Não sabia que tinha uma irmã gêmea. Ela é igualzinha a você.

-- Meu nome é Natasha, sra Benson.

Irônico, pensei. Bebendo Natasha no banheiro com a Natasha.

Depois disso só me lembro de ter acordado no carro dos meus pais, com o sinto de segurança mal colocado e baba escorrendo na minha bochecha.

-- Onde eu estou? -- perguntei.

-- No paraíso dos elefantes, dãã.

E esse garotinho com dois dentes a menos sentado ao meu lado era Kylle. Meu querido irmãozinho.

-- Cale a boca, pirralho.

-- Não acredito que foi expulsa. -- meu pai disse, com as mãos no volante.

-- Eu não fui expulsa, pai. Fui suspensa.

-- Saber disso não me ajuda em nada.

-- Por quantos dias? -- indaguei.

-- Uma semana.

-- Grande merda -- resmunguei, virando a cabeça para a janela.

Ótimo. Estava chovendo em um dia nublado. Minha mãe parecia chorar no banco do passageiro.

E nesse mais novo momento da minha vida eu estava me trasformando na ovelha negra da família.

E acabei dormindo de novo.

Continua...


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Notas finais do capítulo

E no próximo capítulo...
"- Nathan? - chamei.
Ele parou, sem ao menos se virar.
- Sinto sua falta.
- Por que não consigo acreditar? - respondeu. E então voltou a andar, sem falar mais nada."