New Girl escrita por BerryFabray


Capítulo 34
Put your arms around me and I'm home


Notas iniciais do capítulo

Chegamos ao final pessoas :( Último capítulo da fic, infelizmente. Apesar de acreditar fielmente que nem mesmo as mais bonitas e bem pensadas palavras ditas por mim possam descrever o quão interessante foi escrever a fic e o quão gratificante foi saber que vocês a liam e gostavam, prometo fazer os devidos agradecimentos ao final do epílogo, que ainda não escrevi mas prometo não demorar a escrever para postá-lo o mais rápido possível. Espero que gostem do rumo que dei a história. Como já perceberam, vivo num mundinho onde tudo se resume a romance! Pena que isso não acontece na vida real haha Espero realmente que gostem deste último, e também do epílogo, quando eu o postar. Aproveitem a leitura. Se me permitem um comentário, escrevi esse capítulo todo ouvindo a apenas duas músicas, pórem por repetidas vezes. As músicas no caso são duas versões de Glee. Everytime, cantada no 4x02 pela Melissa Benoist, e Never Say Never cantada no 4x01 pelo Jacob Artist. Duas vozes novas no Glee, mas que já me fizeram me apaixonar não só pelos artistas, mas pelos personagens. Aconselho que ouçam as musicas, ou então qualquer outra que acham que combine como nosso casal Faberry. Boa leitura :*



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— Kurt, o que significa isso? — A morena se levantou, indo até Kurt que ainda estava perto da porta, com uma expressão triste no rosto.

— Acho que está meio óbvio, não é? Ela veio. Ela está aqui. Quer dizer, pelo menos estava aqui há alguns minutos. Ela desistiu de Yale, e veio para Columbia. A carta de admissão dela chegou um pouco depois que voltamos para casa naquele final de semana.

— Espera, espera — Rachel ainda tentava entender tudo, mas não escondia o sorriso de felicidade por saber que Quinn estava em Ny — Ela está aqui?!

— Estava… — Kurt disse, fazendo o sorriso da morena sumiu — Ela veio comigo, na intenção de te fazer uma surpresa. Quando entramos no campus, vimos você e a outra garota. Primeiro se abraçando aparentemente de um jeito bem especial, e em seguida de mãos dadas.

— Não Kurt! — Rachel sentiu o desespero — Era a Lisa! Minha colega de quarto! Somos apenas amigas! Nada mais que isso!

— Desculpe Rachel, mas eu nem pude te defender. Mesmo com todas as dúvidas, e medo de que talvez você já tivesse seguido em frente com sua vida, ela veio até aqui atrás de você, e te encontra assim com outra garota.

— E onde ela está agora?! Eu preciso ir atrás dela Kurt! Preciso explicar que não foi nada disso que aconteceu!

— Creio que ela tenha voltado para o campus da Columbia.

— Você precisa me levar lá Kurt. Por favor! — Rachel quase se jogava sobre o amigo, implorando

— Ei, calma! Eu te levo. Mas pelo amor de Deus, vê se consegue sua garota de volta, está bem? Não agüento mais ver vocês separadas — Apesar do tom de brincadeira de Kurt, a morena mal deu ouvidos a ele. Pegou o colar e então puxou Kurt para fora do quarto. Enquanto passavam correndo pelo corredor, esbarram com Lisa.

— Rachel? Aonde você vai?!

— Desculpa Lisa, não posso falar agora… — A morena nem se deu ao trabalho de parar de andar e continuou puxando Kurt até que chegassem ao estacionamento, no carro dela.

— Agora você tem um carro?! — Kurt perguntou enquanto entrava no mesmo

— É… Não uso muito. Fazemos as coisas muito à pé por aqui… Mas esquece isso! E me guia até Columbia agora!

Rachel deu partida no carro e saiu rodando pelas ruas de Ny. Apesar do horário, o fluxo de carros ainda era grande. O que atrasou um pouco a chegada deles. Passados certo tempo, finalmente chegaram à frente do campus.

— Rachel, sabe que não podemos sair entrando assim, não é? — Kurt disse assim que saíram do carro

— Shh.. Não tem ninguém aqui essa hora, não está vendo? — Rachel o puxava campus adentro — Você sabe qual o quarto dela?

— Se eu não me enganei, lembro-me de ela ter comentado algo sobre o quarto 219 no segundo prédio de dormitório feminino e…

Kurt mal terminou sua frase e foi puxado por Rachel, que já havia identificado onde os dormitórios ficavam. Finalmente acharam o segundo prédio e entrarem pelo mesmo, subindo suas escadas rapidamente até alcançarem o segundo andar, exatamente no quarto 219.

Levada pelo desespero, Rachel praticamente socou a porta com todas as forças que teve, mas barulho nenhum além desse era ouvido. Kurt girou a maçaneta e riu de Rachel ao perceber que a morena se desesperava para abrir uma porta já aberta. Os dois ficaram parados um pouco depois do portal da porta, analisando o quarto. O quarto estava com a mobília perfeitamente arrumada, o que significava nenhum sinal de Quinn. O mesmo contava com duas camas de solteiro, mas apenas uma continha uma mala em cima, que estava aberta e algumas roupas jogadas ao lado da mesma. Kurt reconheceu a mala, pois era a mesma que havia sido trazida por Quinn.

— Ela não está aqui Rachel, é melhor irmos. Se nos pegarem aqui, isso pode nos dar problemas.

Rachel nada respondeu, apenas ficou ali, parada, fitando a mala de Quinn sobre a cama. Kurt precisou segurá-la pelo braço e puxá-la para fora do quarto, fazendo o mesmo caminho até que voltassem ao centro do campus.

— E agora Kurt?! — A morena abaixou a cabeça, levando as mãos ao rosto

— E agora você volta pra Nyada e tenta falar com ela amanhã… Esse campus é enorme. Sem chance de a encontrarmos hoje — Kurt se aproximou dela, tocando seu ombro

— Não! — Rachel levantou o rosto, revelando as lágrimas que já desciam por suas bochechas — Eu não posso ficar sem ela de novo Kurt. Sabe como foi difícil essa semana para mim? Tudo me lembrava ela. Exatamente tudo. E por causa de uma coisinha à toa, ela deve estar pensando que eu já a esqueci. Eu nunca faria isso, jamais. Eu preciso dizer isso a ela, antes que ela acabe fazendo a besteira de desistir daqui e voltar para Ohio!

— Então porque não diz isso pra ela agora?

Rachel percebeu que Kurt olhava para algum lugar por trás dela. A morena então se virou, e viu apenas a silhueta de Quinn, sentada em um banco perto de um jardim que dava a visão da grande área aberta do campus. Kurt assentiu e a morena entendeu a permissão. Rachel respirou profundamente e então andou na direção de Quinn, que estava de costas para ela.

— Quinn?

Rachel clamou por seu nome, e Quinn saiu de seus pensamentos ao ouvir a voz da morena. Viu os flashes do acontecido passarem por sua mente, e resolveu não se mexer, ou nem ao mesmo se virar.

— O que faz aqui? — A voz de Quinn denunciava as lágrimas que haviam caído de seus olhos, o que fazia Rachel sentir pontadas em seu peito, por causa da culpa.

— Eu precisava falar com você… Ver você. E dizer que nada daquilo que você viu era…

— Verdade?!

Rachel foi impedida de terminar a frase, pois Quinn ela se levantou e se virou para a morena. As dores da culpa atingiram Rachel mais ainda e de maneira mais dolorosa quando ela percebeu os olhos inchados de Quinn, as bochechas molhadas por lágrimas e a expressão deprimida em seu rosto.

— Eu já sei tudo que você vai falar. Que não é nada disso… Que são apenas boas amigas

Agora ela usava de deboche, o que fazia Rachel sentir um misto de emoções entre a culpa que já ocupava seu coração, e um pouco de revolta por ver o jeito um tanto pueril com que Quinn estava lidando com aquilo. A passos firmes, Rachel deu a volta no banco e ficou a sua frente.

— Quinn, me escuta — A morena segurou seus braços, mas Quinn virou o rosto, recusando a olhar nos olhos dela — Eu não tenho nada com a Lisa.

— Ah, então esse é nome da tal!

— Para com isso! Estou falando a verdade! Somos colegas de quarto. Apenas isso!

— Não sabia que colegas de quarto se tornavam tão íntimas assim em apenas uma semana!

— Semana por acaso que você sumiu! Eu estava mal pela sua ausência e ela…

— Ah, já sei. Ela resolveu consolar você, não foi?!

— Claro que não Quinn. Não viaja, por favor!

Quinn se soltou das mãos firmes de Rachel, e então se virou, dando alguns passos na direção contrária.

— Eu achei que você tivesse se esquecido de mim… — A morena confessou e abaixou o rosto de acordo com que as lágrimas chegavam a seus olhos

— Esquecido de você?! — A loira se virou abruptamente e bateu no próprio peito — Olha pra mim Rachel, olha onde eu estou. Era pra eu estar em New Haven agora. Mas não. Estou em Nova York. Estudando em Columbia. Porque eu sabia que de nada adiantaria seguir meu sonho de ir para Yale, se o meu outro sonho, que é passar o resto da minha vida com você, não se realizasse. Então eu vim. Eu desisti de Yale. Por você. Pela gente. E você acha que eu me esqueci de você?!

Rachel perdeu o direito de resposta à medida que Quinn deixava mais lágrimas escorrerem por seu rosto.

— Você sumiu por uma semana e… — A morena tentou falar algo, mas não sabia o que mais dizer

— Eu estava resolvendo algumas coisas em Ohio, tive que recusar a bolsa em Yale e para isso tive que ir até New Haven, e depois tive que acertar algumas coisas aqui com a universidade. E desde o momento em que minha carta de admissão chegou, eu não tirei você do pensamento. A idéia de estudar tão perto de você me deu tantas idéias! Podíamos morar juntas, num apartamento que fosse perto das duas universidades, e então poderíamos viver em paz. Só eu e você. Então, quando eu vou à sua procura, vejo você de mãos dadas com outra pessoa! O que quer que eu pense? Eu só conseguia me ver como uma idiota que largou o grande sonho da vida dela por alguém que nem sequer se importava com isso.

— Isso é mentira! É obvio que eu me importo com você, Quinn! — Rachel tentou se aproximar, mas Quinn deu um passo para trás — Eu também não consegui parar de pensar em você esta semana. Pensei em te ligar, mas ao mesmo tempo não queria ser um peso na sua vida. Pensei que você estivesse em Yale. Realizando seu sonho, conhecendo gente nova.

— Eu? Conhecendo gente nova? Eu não preciso de gente nova na minha vida. Eu precisava de você. Só de você. Mas pelo visto, você não pensa do mesmo jeito, porque eu não fui suficiente!

— Quinn, pára! — A morena se deixou ser levada pelas ondas de emoções que corriam seu peito naquele momento, e sua voz saiu como um grito — Para com isso! Eu já te disse que não foi nada daquilo! Ela é minha colega de quarto! Nada mais! E eu não quero que ninguém seja algo a mais para mim, a não ser que este alguém seja você!

A loira ficou em silêncio por alguns segundos enquanto fitava Rachel. Sua respiração era forte, o peito subia e descia diante da adrenalina em seu corpo e da rapidez com que milhares de coisas passavam por seu pensamento.

— Eu te amo — Rachel disse com a voz chorosa, como última tentativa

Quinn mordeu o lábio tentando segurar as lágrimas que ainda insistiam em cair. Tentou as limpar com as mãos, mas os olhos ainda não negavam o choro. Então, ela se virou, ficando de costas para Rachel novamente.

This night is sparkling,

Don't you let it go.

I'm wonderstruck, blushing all the way home,

I'll spend forever wondering if you knew,

Quinn ficou sem reação ao ouvir a voz de Rachel, principalmente por reconhecer a música. A primeira música que haviam cantado juntas, no dia em que se conheceram. A loira sentia como se revivesse todos os sentimentos daquele dia. A ansiedade, o nervosismo, e ao mesmo tempo a alegria e aquele sentimento tão puro que sentiu ao ouvir a voz de Rachel pela primeira vez e por ter a sua voz e a dela se tornando uma só.

This night is flawless,

Don't you let it go.

I'm wonderstruck, dancing around all alone,

I'll spend forever wondering if you knew,

I was enchanted to meet you.

Please don’t be in love with someone else

Please don’t have somebody waiting on you


Vendo que Quinn não esboçou reação alguma, Rachel lutou contra tudo que sentia naquele momento e principalmente contra tudo que sentia desde que a loira havia entrado em sua vida. A morena simplesmente deixou o colar sobre o encosto do banco e se virou, respirou fundo e à passos arrastados, seguiu na direção de Kurt, que acompanhava tudo de longe.

— Rachel… — Kurt murmurou seu nome assim que a amiga se aproximava dele

Rachel parou ao lado dele e pegou em uma de suas mãos, passando para ele as chaves de seu carro.

— Preciso ficar um pouco sozinha

Foram as únicas palavras da morena. Rachel abaixou a cabeça e passou por Kurt, andando em direção à saída do campus. Kurt viu-se de mãos atadas, então apenas a observou sair. Pensando um pouco na situação, Kurt virou-se novamente e viu Quinn parada a certa distância, apenas observando a cena, com o colar de Rachel enrolado entre os dedos. Kurt sentiu uma ira subir-lhe a mente e andou decisivo até Quinn.

— Você vai mesmo fazer isso?!

— Fazer isso o que? — Quinn passou uma das mãos nos olhos ainda úmidos

— Ela foi embora Fabray! Acorda!

Quinn sentiu-se afrontada pelo jeito um tanto prepotente com que Kurt direcionava as palavras para ela.

— Você acha que eu não sei?! — Seu tom era alto e agressivo — Você acha que foi fácil pra mim?! Primeiro ir embora, depois revirar minha vida toda de cabeça para baixo para vir atrás dela e me decepcionar dessa maneira?! E agora, ela vem aqui e quer que eu acredite que ela não tem nada com aquela garota?!

— Mas ela não tem! Acorda! Você acha que ela viria aqui se tivesse?!

— Acho!

— Mas eu não acho. Eu conheço a minha amiga, e acredito em tudo que ela me disse. Ela não tem absolutamente nada com aquela garota. Mas quer saber? Eu acho que pode ter. Quem sabe aquela garota está começando a gostar dela? Você vai mesmo abrir mão de tudo que você tem com a Rachel por causa desse maldito mal entendido?

— Mal entendido? Eu vi o jeito que aquela garota olhava pra ela, está bem?! E você também!

— Não, eu vi mais que você. Eu vi alguém que te ama e que estava arrasada por ter que viver em NY sem você.

Kurt deixou de lado o tom hostil e realmente abriu o coração pra Quinn. A loira também desistiu da pose de durona, daquela máscara que ela colocava para fingir não sentir nada e deixou que as palavras ditas por Kurt literalmente se infiltrassem no lugar mias profundo e especial de seu coração, um lugar onde ela guardava o sentimento por Rachel à sete chaves.

— Eu entendo que seja mais fácil agir assim. Talvez você até acredite que vá sofrer menos a deixando ir, mas não vai. Além disso, eu sei que mesmo tendo vindo para cá, a coisa que você mais teme é que acabe ficando entre ela e os sonhos que ela tem e que precisa realizar, mas isso não vai acontecer — Kurt era sincero e compreensivo nas palavras e a loira apenas o ouvi com o coração apertado e os olhos já marejados a aquela altura da conversa — Eu sei que ela veio para cá atrás de seus objetivos e sonhos, mas eu também tenho certeza de que a maior parte do sonho de viver aqui nessa cidade e de ser alguém na vida fazendo o que ela ama, também só vai existir se ela estiver com quem ama. E esse alguém é você Quinn.

Ao ouvir a última frase dita por ele, Quinn desabou em lágrimas e apenas se jogou nos braços dele, que a envolveu em um terno abraço.

— Não faz isso com ela, e principalmente com você mesma — Kurt se separou dela, segurando seus braços — Vai atrás dela agora. Diga que a ama, e nunca mais a deixe, ou eu te caço no fim do mundo Fabray!

Os dois deram leves risos entre as lágrimas. A loira o abraçou mais uma vez, sussurrando um “muito obrigado” em seu ouvido. Assim que se afastou dele, Quinn correu. Correu o máximo que pode. Correu com tanto esforço que ia bem rápido, fazendo com que o vento jogasse seus cabelos para trás e o casaco caía de seus ombros. O percurso até a saída era longo, o que dava a Quinn a esperança de encontrá-la. Já ofegante, sentindo o coração bater forte não pelo esforço físico, mas pela vontade de encontrar Rachel, Quinn continuou a correr e quando fez a última curva ao redor do dormitório, viu o grande portão aberto e Rachel de costas, já passando pelo mesmo.

A loira não pensou duas vezes e chamou pelo seu nome com toda a voz que possuía. Parecia que pelo seu desespero, seu volume vocal havia ganhado poder, fazendo com que sua voz ecoasse por aquela parte do campus, até que chegasse aos ouvidos de Rachel. A morena teve como seu primeiro impulso parar de andar. Os lábios ficaram entreabertos e os olhos mais vigilantes assim que teve a noção de que quem chamara por seu nome era Quinn. O pensamento de se virar logo se passou por sua mente, mas a hesitação teimava em falar mais alto. O que faria se virasse? Se depararia com Quinn novamente para sentir toda a desilusão novamente? E o que ela queria afinal? Falar mais das coisas que já haviam falado e então destruir Rachel por dentro definitivamente?

Mesmo não querendo se virar, Rachel sentiu a presença de Quinn atrás de si mesma. S como se a mente não tivesse mais controle sobre seu corpo e o mesmo se virou num único movimento, e os olhos da morena puderam perceber que Quinn estava andando em sua direção, a pouquíssimos passos dela. A expressão no rosto de Rachel ainda demonstrava a surpresa de ver a loira ali, mas ao mesmo tempo, o ar de desapontamento que trazia consigo desde que havia começado seu caminho em direção à saída do campus ainda era sensivelmente visível.

— Eu sei que você provavelmente não quer me ouvir, e talvez enquanto andava até aqui tenha decidido que vai me tirar da sua vida completamente, mas eu preciso te dizer que…

— Você não precisa dizer nada — Rachel interrompeu a fala da loira, dando dois passos para trás — Tudo que você precisava dizer já foi dito. Foi duro ouvir, mas eu ouvi. E por incrível que pareça, entendo seu lado. Você não me quer mais, não importa quantas vezes eu diga que te ame. Então o que me resta, a não ser ir embora e virar-me ao avesso tentando tirar você de mim?

Quinn abaixou o rosto por alguns segundos, refletindo rapidamente sobre toda a situação e como aquilo poderia ter sido evitado se a reação dela diante daquilo tudo tivesse sido diferente, mas quando seu rosto se reergueu e seus olhos não só se encontraram, mas se encontravam presos ao de Rachel, Quinn viveu a sensação de um filme passando diante dos seus olhos. Todos os momentos com Rachel corriam sua mente, os bons e os ruins. As experiências vividas, os beijos, as risadas, os abraços, as músicas e até mesmo o choro que por algumas vezes se fez presente na relação das duas.

A vontade e o impulso, mas principalmente a saudade e o amor de Quinn fizeram com que a loira desse os passos necessários na direção de Rachel para que estivesse exatamente à frente dela, e então levou as duas mãos até suas bochechas e a puxou para si, colocando seus lábios sobre os dela. A reação de Rachel foi levar as duas mãos até os braços de Quinn, talvez para afastá-la, mas fazendo isso, ela iria contra tudo que sentia.

Mesmo não se afastando, Rachel continuou surpresa com a ação de Quinn e manteve os olhos abertos enquanto os lábios de Quinn apenas ficavam parados sobre os seus. Percebendo sua inércia, a loira se afastou, descendo as mãos lentamente de seu rosto, porém, mesmo assim, Rachel conseguiu ver o colar levemente enrolado entre seus dedos.

— Eu… Eu não entendo — Rachel admitiu — Primeiro você diz tudo que diz e agora volta aqui e me beija?

— Eu sei que é confuso, mas me perdoa. Só a idéia te ter alguém com você que não fosse eu, ou que você pudesse estar se esquecendo de mim e se apaixonando por outra pessoa, me fez entrar em desespero.

— Como você foi capaz de pensar que eu faria isso? Você viu como a despedida foi difícil pra mim, achou mesmo que em uma semana eu me apaixonaria por outra pessoa?

— Eu sei que não, mas na hora, fiquei confusa.

— Confusa? — Rachel se virou, dando alguns passos — Isso faz parecer que você duvida do que eu sinto.

— Não! Claro que não! Eu só… Tive medo de que pudesse existir outra pessoa pra você. Mas eu não te culpo por isso. Eu estava ausente. Sei que a responsabilidade é minha. Além disso, se aquela garota realmente estiver sentindo algo por você, eu não a culpo. Quem não sentiria?

Rachel virou apenas o rosto, deixando que Quinn visse o pequeno sorriso formado em seu rosto diante do comentário dela.

— Eu não preciso repetir tudo que eu acho e sinto em relação à você. Porque você já sabe — Quinn disse, se aproximando dela novamente — Mas mesmo assim, eu quis provar que o que eu sinto é forte demais pra me fazer mudar minha vida inteira só pra que você permaneça nela. Por isso eu vim pra cá. Mas o fato de eu estar aqui não me deixa feliz. O que vai me deixar feliz e saber que eu estou aqui, mas eu estou com você. E quero que você esteja comigo também. Eu quero andar de mãos dadas com você por NY, quero ir a Nyada assistir suas apresentações sempre que possível, quero estar do seu lado quando você receber a notícia do seu primeiro papel na Broadway, quero morar com você aqui mesmo, num lugarzinho só nosso. Quero tudo que eu possa ter na minha vida desde que você esteja nela. Mas principalmente, eu quero você.

O tom sincero de Quinn deixava transparecer que as palavras ditas por ela viam realmente do lugar mais profundo e especial de seu coração, mas Rachel continuou parada, na mesma posição de antes. Sem mover um músculo sequer, a morena ouviu tudo que foi dito, e mesmo sem grandes reflexões, pois as mesmas não eram necessárias quando se tratava de Quinn, a certeza lhe invadiu o peito por fim.

— Rachel… Diz alguma coisa, por favor — Quinn pediu como última esperança de Rachel se manifestasse diante de suas palavras

Rachel se virou para Quinn, mantendo o olhar baixo e a loira então se preparou para ouvir o pior. Em questão de segundos, a morena levantou o rosto e ofereceu a Quinn aquele sorriso que acendia o coração da loira sempre que ela o via. Rachel pegou a mão de Quinn onde o colar estava a trouxe para perto de seu pescoço. Quinn, ainda sem entender direito, viu Rachel afastar os cabelos que estavam caídos sobre os ombros e então finalmente captou a mensagem, e deixando aquele sorriso bobo tomar-lhe os lábios, ela passou as mãos pelo pescoço de Rachel e travou o fecho do colar.

Assim que o mesmo já se encontrava perfeitamente em seu pescoço, Rachel passou rapidamente a ponta dos dedos pelo pequeno pingente, como se o acarinhasse. Quinn continuava fitando a morena, e sem saber muito que reação esboçar, continuava parada à frente dela. Quando Rachel parou de dar sua atenção ao colar e voltou a olhar para Quinn, a loira sentiu o impulso de beijá-la novamente, mas tinha medo que, como da primeira vez, ela não correspondesse.

Rachel leu a expressão no rosto de Quinn, e teve a exata certeza do que a loira pensava, e principalmente, do que ela faria. Então, sem pensar duas vezes, Rachel sorriu novamente e levou as mãos até as bochechas de Quinn e juntou-se a ela, beijando-a como queria ter feito há muito tempo. De início, Quinn se viu sem reação, mas logo assimilou que o desejo de ter Rachel de volta havia finalmente se realizado. A loira passou os braços em torno do corpo de Rachel, trazendo-a mais para perto e a reação de Rachel foi subir os braços até os ombros de Quinn e envolvê-la por ali.

— Eu também quero você. E quero tudo que você me disse. Desde que seja com você — Rachel disse, sem afastar seu rosto do de Quinn

— Me desculpa se eu…

— Shh… — Rachel impediu que Quinn continuasse a falar — Não tem pelo o que se desculpar. Já acabou. O que importa é que agora estamos aqui, juntas. Então esquece isto, e só me beije.

A idéia de recusar o pedido de Rachel não cruzou a mente de Quinn por um momento sequer. Dando um breve sorriso, Quinn juntou os lábios ao dela novamente e sentiu-se preenchida por um sentimento bastante diferente daqueles sentidos durante a discussão anterior. Como a loira gostava de exemplificar quando se trava de Rachel, era como se os encontros de seus lábios com os dela fossem a união do que há de mais verdadeiro no mundo, e aquilo causava uma paz de espírito em Quinn que quando explicada, não deixava a entender tudo que realmente significava.

— Achei que teria que trancar as duas em uma jaula até que se acertassem…

As duas afastaram os rostos para ver Kurt parado ao lado delas, e logo deram um breve sorriso diante do comentário feito por ele.

— Eu juro que minha intenção não é estragar o momento de vocês — Ele continuou — Mas já viram que horas são?! Rachel, se descobrirem que não estamos no dormitório à essa hora, isso pode nos causar problemas…

— Eu também já deveria estar em meu quarto — Quinn disse

— Se quiser, pode pegar meu carro e voltar Kurt — Rachel apertou o corpo de Quinn contra o seu — Eu não vou agora.

— Rachel! Mas…

— Ela pode ficar comigo Kurt. Não há problema nenhum. Seremos cuidadosas para que ninguém descubra.

— Isto me cheira a encrenca… Mas como eu sei que nada do que eu diga vai fazer as senhoritas mudarem de idéia, é melhor eu ir.

Kurt despediu-se das duas rapidamente e saiu em direção ao carro de Rachel. A morena estava de costas para Quinn, observando a saída de Kurt, e quando novamente se virou, viu que Quinn tirava o casaco que vestia.

— O que foi? — Ela perguntou

— Tome — Quinn colocou-se por trás de Rachel e pôs o casaco sobre seus ombros

Voltando a ficar a sua frente, Quinn puxou o capuz do casaco até que o mesmo cobrisse a cabeça de Rachel por completo.

— Ouvi dizer que os monitores fazem rondas noturnas pelos corredores. Assim vai mais fácil de despistar o fato de que você não é daqui.

Quinn pegou Rachel pela mão e a guiou até seu quarto no dormitório feminino. A morena tentava fazer alguns comentários, como por exemplo avisar que Quinn estava apertando demais eu pulso ou que a puxava muito forte, mas sempre recebia um ‘shhh’ vindo de Quinn. Quando finalmente chegaram ao seu quarto, Quinn passou a chave na porta, com medo que alguém acabasse entrando por algum motivo.

— Desculpe a bagunça, não tive muito tempo de fazer nada — A loira jogou as roupas que estavam do lado de fora para dentro da mala e colocou a mesma sobre a pequena poltrona de canto que havia ali.

— Não há problema algum. Er… Quinn…

— Diga? — Quinn se virou para Rachel enquanto tirava a blusa que vestia, revelando seu belo abdômen

— Você… — Rachel não viu problema algum em checar seu corpo, mas logo voltou a falar — Não tem colega de quarto?

— Ainda não. Parece que a menina que seria minha companheira acabou desistindo da vaga, então a pessoa que a substituiu ainda não chegou.

A loira então tirou as calças jeans escuras que vestia e foi até sua mala, pegando seu pijama. Percebendo que Rachel a olhava demais, a idéia maliciosa de provocá-la logo invadiu sua mente, e ela não vestiu o pijama. Deixou sobre a cama e se sentou ali também, chamando Rachel para se sentar ao seu lado. Muitas idéias maldosas vieram ao pensamento, mas antes de qualquer coisa, havia uma coisa que Quinn sentia necessidade extrema de perguntar.

— Posso te perguntar uma coisa? — A loira perguntou assim que Rachel se sentou ao seu lado

— Claro. Qualquer coisa.

— Como é a sua colega de quarto?

— Como assim?

— Ah, como ela é com você. Como ela te trata…

— Quinn, isso de novo? — Rachel reclamou

— Não, juro que não. É apenas curiosidade.

A morena pensou um pouco de responder, pois qualquer comentário mal formulado poderia trazer de volta à tona toda aquela discussão decorrente do assunto “Lisa”.

— Ela é ótima. Er, quero dizer, uma pessoa ótimo. Me recebeu bem desde o primeiro dia. Foi simpática e gentil comigo. Acho que posso dizer que somos amigas. Porque a curiosidade?

— Nada. Só queria saber o quão bem ela te tratou enquanto eu não estava por perto…

— Olha… — Rachel pôs os braços sobre os ombros da loira — Ela me tratou bem sim. Mas nem ela nem ninguém vai um dia me tratar e me fazer tão bem quanto você.

— Parece que a saudade por ter ficado uma semana longe de mim, te transformou em uma romântica incorrigível… — Quinn sorriu, brincando com ela

— Eu sempre fui romântica — Rachel levantou o olhar, gabando-se de si — Mas posso ser muito mais do que romântica se você quiser

QUINN’S POV

Rachel se inclinou em minha direção e beijou-me. Beijou-me intensamente. Com a ansiedade e cuidado do primeiro beijo, e a paixão e entrega do último. Com minhas mãos em sua cintura, levantei sua blusa. E esse foi apenas o primeiro passo, até que toda sua roupa estivesse caída pelo chão de meu quarto. Em poucos minutos estavam novamente naquela intíma situação. As pernas entrelaçadas, corpos completamente colados e os lábios num encontro inacreditavelmente perfeito.

Como já dizia uma de minhas músicas preferidas, “You put your arms around me and I’m home”. E era exatamente assim que eu me sentia. Como se aquele fosse o lugar onde eu pertencia. Onde eu deveria ficar agora, onde eu deveria ficar amanhã. Onde eu deveria ficar pelo resto da minha vida. E mesmo já sabendo o que era ter Rachel em meus braços daquela maneira, esta vez era diferente. Tentei juntar os mais diversos pensamentos, mas mesmo assim não consegui distinguir o que diferenciava aquele momento dos outros. Mas mesmo sem saber ao certo, tinha uma suposição. Talvez tudo parecesse diferente, porque realmente estivesse diferente. Estávamos em outro lugar, uma esfera completamente diferente. Acho também que estávamos mais maduras. Diante de todos os terremotos e oscilações que ocorreram em nosso relacionamento, havíamos ficado de pé. E principalmente, tínhamos ficado juntas. Mostramos a todos que um dia duvidaram do que sentíamos e de que daríamos certo. Porque ali estávamos nós. Juntas. Não mais em Ohio, não mais no Mckinley, não mais no Glee Club.

Eu não era mais aquela Quinn Fabray. A líder de torcida perdida na vida, que acreditava que seu mundo inteiro seria capaz de se resumir em um uniforme vermelho, um rabo-de-cavalo e um status de popularidade. Eu era mais. Agora, eu era muito mais. Eu era eu. Finalmente, eu era eu. Havia me encontrado. Encontrado meu verdadeiro eu, que estava adormecida dentro daquela figura pueril que eu adotava no ensino médio. E o mais importante de tudo isso, é que eu não era a pessoa quem havia acordado esse meu lado. Rachel era. Ela havia me acordado para a vida, mas principalmente para o amor. Havia me feito entender o verdadeiro significado da palavra ‘companheirismo’. Não era simplesmente ter alguém do seu lado, mas sim ter alguém dentro de você. Alguém que não te saísse do pensamento, alguém que fizesse valer à pena. Uma pessoa pela qual você abriria mão de tudo de mais importante que possuísse apenas para não tê-la longe. É. Essa pessoa era Rachel.

Analisando tudo isso, realmente crescemos juntas. Crescemos, amadurecemos, alcançamos novos horizontes, traçamos novos objetivos. E o mais importante. Continuamos juntas. E mesmo já sabendo da importância que ela tinha na minha vida há muito tempo, nunca havia tido tanta certeza do que ela era até aquele momento. Ela era minha casa, meu lar. Meu porto-seguro. Seus braços eram um lugar para o qual eu correria sempre que necessário. E junto à ela, mesmo que em NY, em Ohio ou em qualquer outro lugar do mundo, é onde eu vou querer estar pelo resto de meus dias.



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