New Girl escrita por BerryFabray


Capítulo 23
I'll Support You


Notas iniciais do capítulo

Olá meus leitores lindos *-* Como vão?! :D Serei breve, só quero saber mesmo o que acharam do ep da Prom! Quinn abrindo mão da coroa para Rachel, #faberryfeelings *-* haha Boa leitura!



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“– E agora?!”

Virei meu rosto para o lado e ao contrário do que pensava, não vi Rachel e então percebi que Santana também não estava. Não sei que diabos as duas estavam fazendo, mas como eu queria que ela estivesse ali, e ainda melhor, estivesse sóbria.

– Anda Quinn, é só um jogo! – Puck me puxou até que eu me ajoelhasse, então Sam ficou na mesma posição que eu

O fitei precisamente e percebi que ele tinha algo diferente no olhar. Talvez fosse coisa da minha cabeça, mas seus olhos brilhavam mais que o normal enquanto ele me olhava. Percebi quando ele respirou fundo e depois começou a se inclinar em minha direção.

– Eu não posso – Não deixei que ele se aproximasse de mim, pondo minha mão sobre seu peito – Ou melhor, eu não posso e nem quero.

Levantei-me rapidamente sem nem mesmo ver a reação dele, e fui em direção à cozinha, encontrando Santana e Rachel. Santana pegava várias garrafas de bebidas diferentes dentro na geladeira enquanto Rachel estava sentada à bancada, totalmente grogue, parecia que sua mente nem ali estava. Ela literalmente estava viajando.

– Aqui está Berry. Essas são de melhor qualidade, você vai gostar. Na verdade, do jeito que você está acho que vai gostar de qualquer coisa – Santana dizia, enquanto colocava algumas garrafas na bancada

Eu estava apenas assistindo as duas de braços cruzando quando ela me viu.

– O que foi Fabray?!

– Chega de bebida, não acha Santana? – Andei até que parei ao lado de Rachel, que me envolveu com os braços e encostou a cabeça sobre um deles

– Qual foi Quinn, mal começamos a festa!

– Essa festa pra Rachel acabou. Olha o estado dela! Acho que ela nunca bebeu tanto assim na vida.

Eu a fiz se levantar e se apoiar em mim. Saí puxando Rachel, mas fomos pelos fundos. Quando chegamos perto da piscina, lembrei de nossas bolsas.

– Rachel, não sai daqui, está bem? – Eu a coloquei sentada numa das cadeiras que ali estavam

Entrei rapidamente e subi as escadas na mesma velocidade. Peguei nossas bolsas e desci, só tendo tempo de ver Brittany agarrando Mike e os outros em volta gritando. Saí da casa e Rachel estava no mesmo lugar que eu deixei, mas com outra garrafa na mão.

– Porra, Santana não me ouve mesmo não é?

– Não foi a Santana que me deu isso, boba… – Sua voz ainda estava confusa

– Resolveu voltar a falar agora?

– Eu peguei ali, olha – Ela apontou para uma das mesas

– Está bem Rachel, mas já chega.

Tirei a garrafa da mão dela e a coloquei em um lugar qualquer. A fiz se apoiar em mim e então seguimos até o carro. Abri o mesmo, joguei nossas bolsas no banco de trás e a coloquei sentada no banco do carro, prendendo-a com o cinto de segurança. Dei a volta, e então entrei o meu lugar e saí com o carro.

– Porque estamos indo embora Quinn? Eu não quero ir embora – Agora ela falava que nem uma criança

– Porque é melhor pra você.

– Então nós vamos pra sua casa é?

Virei meu rosto rapidamente para ela e vi o olhar malicioso que ela trazia no rosto.

– Eu não tenho escolha a não ser levá-la para mim casa. Se eu te entrego na sua casa nesse estado, seus pais me matam. Na verdade, eu duvido que você tenha dito que vai dormir fora de casa, então você terá que ligar pra eles, pra avisar. O problema é que eu vou ter que falar com eles.

Chegamos a minha casa, e vi que todas as luzes já estavam apagadas. Passava apenas um pouco de meia-noite, e minha mãe provavelmente estava dormindo. Parei o carro em frente a garagem, e então sai do mesmo, assim como Rachel, mas eu logo fui até seu encontro e ela se agarrou a mim pela cintura. Abri a porta e então entramos em casa.

– Q, porque está tudo escuro?! – Rachel disse alto e a olhei de cara feia

– Minha mãe está dormindo! Fale baixo!

– Tá bom… Eu paro de falar, mas então me beije.

Ela começou a se agarrar mais em mim, tentando me beijar, mas eu me vi obrigada a virar o rosto cada vez que ela se aproximava.

– Rachel, se controla um pouco vai… – Pedi, enquanto a puxava escada acima

– Me controlar? Por quê?! Vai me impedir de falar agora?! – Pronto. Passamos de bêbada tarada para bêbada estressada.

Ela começou a falar alto de mais e eu só vi uma solução. Tomei lhe os lábios num beijo, mas ela tornou o mesmo mais urgente do que eu pensava. Quase caímos juntas enquanto entrávamos em meu quarto, mas quando finalmente estávamos completamente dentro dele, me separei dela e fechei a porta, trancando a mesma.

– Ei, vem cá! Parou por quê?

Quando dei por mim, Rachel me puxava e eu já estava colada nela novamente.

– Rachel, acho melhor você tomar um banho gelado e dormir um pouco.

– Eu não quero dormir, eu quero você.

Rachel atacou meus lábios ferozmente, e cada vez mais me puxava para si.

– Rachel, agora não… – Eu tentava dizer entre os beijos, mas ela não me ouvia

Não sei da onde ela tinha tirado toda aquela força, mas em poucos segundos já estávamos deitadas sobre a minha cama, e eu a tinha por cima de mim. Eu já senti uma de suas mãos em minha barriga, me arranhando por baixo da blusa. Sendo sincera, ter Rachel sobre mim, me agarrando daquela maneira não era ruim, não mesmo. Mas se eu não fosse forte e acabasse com aquilo ali mesmo, sabia onde aquilo ia dar, e eu não queria que as coisas acontecessem da maneira que estavam acontecendo.

– Chega, Rachel. Chega.

A tirei de cima de mim e então ela ficou ao meu lado na cama. Aproveitei a situação e me levantei, ficando à sua frente.

– É sério que você vai dizer não pra mim?

Seu temperamento estava completamente instável. Em segundos ela passou de tarada pra totalmente irritada.

– Eu não estou dizendo, eu já disse.

– Porque está fazendo isso comigo?!

– Você quer mesmo continuar? Quer mesmo que a nossa primeira vez seja dessa maneira? Porque sabe que se continuarmos, não vamos parar. Além disso, olha pra você! Está completamente bêbada!

– Eu não estou bêbada! – Ela se levantou gritando, e veio em minha direção

– Está sim! Porque eu sei que a Rachel sóbria, a verdadeira Rachel, não iria querer que as coisas entre nós acontecessem dessa maneira!

Excedi meu tom de voz mais do que deveria, eu literalmente gritei com ela e sua feição mudou de irritação para completa tristeza. Não sei por que, mas acho que só gritei com ela porque toda minha paciência já tinha ido embora, mas sei que isso não me dava direito de ter feito o que fiz. Ela passou rápido por mim e se trancou em meu banheiro antes que eu pudesse impedir.

– Rachel, abre essa porta! – Bati algumas vezes, mas ela não me respondeu

Lembrei-me que eu tinha guardado em uma de minhas gavetas, a chave reserva daquela porta. Abri a gaveta da minha pequena cômoda e peguei a chave, abrindo a porta rapidamente e encontrando Rachel sentada ao chão, de cabeça baixa.

– Rachel, me perdoa – Me ajoelhei a sua frente – Me perdoa por ter gritado. Eu só… Perdi a cabeça, eu acho.

– Você nunca tinha gritado comigo daquele jeito antes

Sua voz era baixa e ela parecia ter chorado. Acho que o efeito da bebida estava começando a passar, pois o que ela falava realmente tinha sentido, mas todo esse jeito sentimental talvez ainda fosse algum resquício das tantas garrafas de vodca.

– Me perdoa, eu errei. Por favor, me perdoa

Levantei sua cabeça até que ela olhasse para mim. Seus olhos estavam um pouco vermelhos, e marejados.

– Eu só me alterei um pouco. Eu jamais faria isso de verdade com você. Eu te amo, lembra?

Ela deu um sorriso leve e então se jogou em mim, me abraçando forte.

– Vem, você precisa de um banho e depois de uma longa noite de sono.

Nos levantamos e então ela novamente se jogou em meus braços e eu apenas a envolvi.

– Consegue tomar banho sozinha?

Ela apenas balançou a cabeça negativamente. Desci uma de minhas mãos que estavam em suas costas até a base da mesma, onde o zíper da saia que ela vestia se iniciava. Desci o fecho até o final, até que sua saia caísse ao chão. A separei um pouco de mim e fazendo uso de meus polegares, ergui sua blusa até a mesma estivesse sobre as minhas mãos, então eu a coloquei de lado. Pedi que ela terminasse de tirar sua roupa, e eu apenas a auxiliei quando preciso. Eu sabia que se abaixasse meu olhar por um momento, a visão seria ótima, afinal o corpo de Rachel era muito bonito, isso ninguém podia discordar. Mas naquele momento, eu não me sentia como uma namorada cheia de desejos ocultos ou algo do tipo, mas me sentia como uma namorada amiga, que precisava dar apoio, carinho e principalmente muito amor e paciência. Empurrei o vidro e a coloquei dentro do Box. Liguei na água gelada e ela se encolheu um pouco. Deixei que ela mesma tomasse seu banho, apenas fiquei ali, observando para que ela ficasse bem.

– Fica um pouco com a cabeça debaixo d’água. Isso vai ajudar a combater a dor de cabeça. Não sai daqui, vou pegar uma roupa pra você, está bem?

Assim que ela assentiu, eu me retirei do banheiro. Abri meu armário e separei umas roupas para ela. Quando voltei ao banheiro ela já estava fora do Box, enrolada na toalha. Peguei outra toalha que tinha ali pendurada, e enxuguei seu rosto de um jeito delicado que a fez sorrir.

– Como se sente?

– Com dor de cabeça, e sono – Ela respondeu calmamente, piscando os olhos de maneira lenta

– Então termine de se arrumar. Já separei uma roupa para você, está pendurada ali. Enquanto isso eu vou preparar a cama pra você.

Saí do banheiro e fui em direção a cama. Ajeitei alguns dos travesseiros para que ela ficasse confortável e dobrei o edredom até o final da cama para que ela pudesse se deitar, e depois se cobrir. Logo ela saiu do banheiro, vestindo um de meus pijamas, o qual eu havia separado para ela, com os cabelos molhados sobre um dos ombros e os olhos já se fechando de sono. Ela se sentou na cama, e eu apenas fiquei fitando-a, enquanto ela se deitava. A ajudei a se cobrir e então me abaixei a sua frente.

– Dorme bem, e descansa.

– Você não vem? – Ela me perguntou, já com os olhos fechados

– Mê dê só alguns minutos. Também vou tomar um banho rápido e já me deito com você, está bem?

Ela assentiu então eu me levantei, indo diretamente ao banheiro. Optei também por um banho gelado, afinal eu também tinha bebido, mas nada comparado ao resto. Meu banho foi rápido, e logo me arrumei, vestindo meu pijama. Destranquei a porta e dei uma última olhada no corredor. Nenhum sinal de minha mãe, o que era bom. Pensei que ela pudesse ter acordado ouvindo eu e Rachel falando alto. Novamente tranquei a porta, apaguei as luzes e me deitei, cobrindo-me. Até pensei em abraçá-la, mas ela já estava dormindo, então preferi ficar no meu lado da cama mesmo. Antes que eu pudesse cair no sono, ela se virou e me abraçou, dando um leve sorriso.

– Está acordada? – Perguntei

– Eu não dormiria a menos que você estivesse aqui do meu lado.

Beijei o topo de sua cabeça e me entreguei ao sono.

XXXXXXXXXXXXX


– Quinn! Acorda! Quinn!

Ouvi algumas batidas fortes na porta que me fizeram acordar. Pisquei algumas vezes até que o sono fosse embora de vez, então eu finalmente entendi o que estava acontecendo. Desci o olhar e vi Rachel deitada ao meu lado, ainda dormindo profundamente. Reconheci a voz de minha mãe ma chamando novamente.

– Quinn, ande! Abra logo esta porta!

Levantei o mais rápido, logo destrancando a porta mas a deixando entreaberta, de maneira que minha mãe visse somente a mim.

– Oi mãe – Sorri forçadamente – Bom dia!

– Quinn, sem brincadeiras desta vez. Estou com Leroy, o pai da Rachel, no telefone lá em baixo, e ele está desesperado porque ela saiu ontem e ainda não voltou!

Senti-me culpada. Depois de tudo que aconteceu quando chegamos em casa, eu apaguei completamente da minha mente o fato de ligar para os pais de Rachel e avisá-los. Olhei um pouco sem jeito para minha mãe, e abri completamente a porta. Percebi que ela olhou um pouco assustada ao ver Rachel dormindo em minha cama, e os lençóis bagunçados indicavam que eu também havia dormido ali.

– Acorde-a e desçam para tomar café da manhã. Eu direi aos pais dela que ela está aqui.

Sem reagir muito, ela saiu e desceu as escadas. Eu apenas fechei a porta e me dirigi até a cama, me aconchegando ao lado de Rachel novamente.

– Rach, acorde – Distribui alguns beijinhos em seu ombro e ela começou a se mexer

– Bom dia

Ela me disse sorrindo, mas ainda de olhos fechados. De maneira lenta, ela se virou, ficando deitada de frente para mim e só então abriu os olhos.

– Tem coisa melhor do que acordar olhando pra minha namorada? Eu duvido

Retribui o sorriso e a beijei calmamente, pousando uma de minhas mãos em seu rosto.

– Rachel, eu acho ótimo ficar assim com você logo pela manhã, mas temos que resolver algumas coisas.

– Que coisas?

– Seus pais. Estão vindo para cá.

De repente sua expressão ficou séria.

– Que?!

– Eles ligaram desesperados, procurando por você e minha mãe disse que você estava aqui. Tem problema?

– Não… Claro que não. Eu só…

– Vai me dizer que não se lembra das coisas que aconteceram ontem à noite?!

– Lembro! Quero dizer, só algumas coisas me falham a memória um pouco. Mas eu me lembro bem de praticamente tudo.

– Então você se lembra o porquê de eu ter te trazido para cá, não é?

Ela fez um careta.

– Essa é exatamente a parque de qual me esqueço.

– Você estava indo pela cabeça de Santana e bebendo mais do que devia. Então eu te tirei de lá, e te trouxe pra cá.

– Ah sim. Acho que me lembro bem do resto…

– Então se arrume rápido e vamos descer. Seus pais já estão chegando, e minha mãe já está lá em baixo preparando nosso café da manhã.

Levantei-me e fui ao banheiro, fazendo minha higiene rapidamente. Troquei minha roupa e quando saí Rachel já estava trocada também. Assim que eu saí, ela entrou no banheiro, então eu resolvi descer logo. Cheguei à cozinha e encontrei minha mãe preparando bacon, o que significava que para mim o dia já começaria bem. Eu só não tinha certeza se Rachel comeria, então resolvi preparar alguma outra coisa.

– Como foi a festa ontem? – Minha mãe perguntou sem sequer me olhar

– Foi boa – Respondi sem muito entusiasmo

Alguns segundos de silêncio e ela voltou a se pronunciar.

– Você não tem nada para me contar? – Desta vez, ela parou o que fazia e se virou para mim

– Talvez – Achei que fosse a resposta mais conveniente

Ouvi os passos de Rachel na escada, e então minha mãe desviou seu olhar de mim.

– Depois que Rachel for embora, nós iremos ter uma conversa.

Eu apenas assenti, foi minha única reação.

– Bom dia Sra. Fabray – Rachel apareceu na cozinha, dando um sorriso torto

– Bom dia Rachel. Já te disse para esquecer essas formalidades, está bem? – Minha mãe sorriu de maneira convidativa – Vocês podem se sentar a mesa, já irei servir o café.

Passei rapidamente pela minha mãe e segui Rachel até a mesa.

– Está tudo bem? – Ela me perguntou baixo enquanto sentávamos

– Isso depende.

– De quê?

– De seus pais. Eles devem estar furiosos, principalmente comigo.

– Claro que não! Por que motivo eles estariam irritados com você Quinn?

– Foi na minha casa que você dormiu sem avisar a eles, lembra? Além disso, a culpa não foi sua. Você mal sabia o que estava fazendo. Eu que esqueci completamente de avisá-los.

– Ei, para com isso! – Ela pousou sua mão sobre a minha – Você me ajudou. Eles acabariam com a minha vida se soubessem o quanto eu bebi noite passada.

– Se eles não podem saber, o que vai dizer?

– Simplesmente que eu quis dormir aqui, e você deixou. Fique tranqüila, não vai sobrar pra você.

– Mas eu também não quero que dê problema para você.

– E não vai. Prometo.

– Aqui meninas – Minha mãe apareceu trazendo algumas coisas e num movimento rápido, Rachel tirou sua mão da minha

Mamãe colocou algumas coisas sobre a mesa e então saiu. Esperei que ela voltasse para tomar café da manhã conosco, mas isso não aconteceu. Comemos em silêncio, e na cozinha eu só escutava o barulho da pequena televisão. Nosso silêncio foi bruscamente interrompido pelo alto e estridente barulho da campainha. Eu e Rachel automaticamente nos levantamos, e então minha mãe apareceu, indo até a porta e abrindo a mesma.

– Sr. Berry, é um prazer finalmente conhecê-lo

– Igualmente Sra. Fabray – Os dois se cumprimentaram

– Entre, por favor.

– Agradeço, mas deixarei para uma próxima. Hiram está em casa nos esperando. Não irei demorar.

Rachel e eu finalmente demos alguns passos a frente, de maneira que seu pai pudesse nos ver. Ela andou até ele e o abraçou, e ele pareceu ter ficado mais aliviado do que irritado. Aproveitei esse momento dos dois e peguei a bolsa de Rachel, a qual ela já havia trazido para o andar de baixo e deixado sobre meu sofá, e esperei que eles se separassem para que eu a entregasse a mesma.

– Muito obrigado Judy – Rachel agradeceu, dando um breve abraço em mim mãe, que a abraçou sorrindo

– Desculpe o incômodo mais uma vez, Sra. Fabray – Leroy disse e mais uma vez apertou a mão de minha mãe, e então sorriu para mim, me surpreendendo – Até mais Quinn.

Ele se virou, e levou Rachel consigo. Nem um abraço ou pelo menos um sorriso de despedida eu pude dar a ela. Minha mãe fechou a porta e voltou em silêncio para cozinha. Guardei algumas das coisas que estavam à mesa e levei as outras para a cozinha. Quando finalmente resolvi subir para meu quarto, ela apareceu.

– Quinn…

– Oi mãe – Me virei para ela

– Podemos conversar?

– Claro – Dei um sorriso, mas eu já podia sentir o nervosismo percorrendo todo meu corpo

Sentei-me em um dos sofás, e ela se sentou à minha frente.

– Existe algo que queira me contar Quinn?

– Não… Acho que não – Tentei não expressar minha inquietação e nervosismo

– Tudo seria mais fácil se você se abrisse comigo sem eu precisar perguntar, mas parece que isso não vai acontecer, não é?

Permaneci em silêncio.

– Quinn, você sabe que além de sermos mãe e filha, somos mais do que isso, não sabe? Somos amigas. Isso significa que você tem abertura comigo para me contar qualquer coisa. Desde a coisa mais banal até algo extremamente pessoal. Você sabe disso, não sabe?

Eu apenas assenti, já sabendo onde aquela conversa acabaria.

– Então, eu preciso te perguntar uma coisa, e preciso que você me responde com o máximo de sinceridade.

– Claro mãe, pergunte.

Por um momento me arrependi de ter dito isso.

– Você e Rachel. O que acontece entre vocês?

– Mãe…

– Por favor, Quinn. Seja sincera comigo.

Tentei respirar fundo e pensar calmamente no que dizer. Não dava mais para omitir o fato de que eu e Rachel estávamos namorando. Antes era apenas omissão de fatos, agora seria mentira se eu negasse. Mas como dizer? Como dizer a sua mãe, que não é o tipo de católica obcecada, mas tem sua moral baseada no que a igreja diz, que você é lésbica? Não é o tipo de coisa que diz casualmente, do tipo “Hey mãe, bom dia! Sou lésbica, sabia?”. Tudo precisava ser dito com o máximo de cautela possível. Eu tinha certeza de que minha mãe não se viraria contra mim, ou passaria a me odiar ou qualquer outra coisa do tipo, porque para minha felicidade, nossa relação de mãe e filha era bastante satisfatória. Eu já sabia o que tinha que dizer, só precisava encontrar o melhor jeito de dizer. Digo primeiro como tudo começou ou conto logo que estamos namorando?

Uau, eu acabei de dizer um monólogo em pensamento para mim e mesma. Quando dei por mim, minha mãe já me encarava um tanto impaciente graças a minha demora com a resposta. Abaixei a cabeça por um momento, respirando fundo e tentando trazer junto com o ar, toda a coragem que ainda me faltava. Finalmente levantei a cabeça e encarei minha mãe.

– Somos amigas.

– Quinn…

– Me deixe terminar, mãe. Por favor.

Ela continuou a me fitar, parecia tentar adivinhar o que eu ia dizer.

– Somos duas amigas, que descobriram uma na outra, uma coisa nova. Um sentimento novo. É um sentimento que me faz sorrir quando eu ouço a voz dela, quando eu a ouço cantar. Tudo que eu vejo, até as mínimas coisas, me lembram ela. Eu não consigo mais ficar longe da Rachel, e se por acaso, um dia eu for obrigada a fazer isso, vai ser o pior dia da minha vida, e eu tenho certeza absoluta que eu nunca serei a mesma sem ela. E eu sei também, que esse sentimento que eu sinto, é recíproco. Eu não só gosto dela mãe, mas eu a amo. Eu encontrei na Rachel, alguém em quem eu posso confiar acima de tudo e de olhos fechados. Alguém a quem eu entreguei meu coração completamente e não me arrependo disso em nenhum momento. Confesso que estive um pouco perdida no início. Deixei-me levar pelos outros em relação a nós duas. Deixei que pessoas ficassem entre nós, mas isso nunca mais vai acontecer. E não importa com quantas pessoas eu tenha que discutir por serem simplesmente homofóbicos ignorantes. Eu vou sempre defendê-la, com unhas e dentes, e principalmente com todo o meu coração. E ninguém, eu digo ninguém, vai destruir o que nós temos. Desde o primeiro dia em que eu a vi, eu sabia que Rachel era a pessoa certa pra mim. Ou melhor, era a única pessoa para mim. E eu quero, e vou passar o resto da minha vida com ela.

Disse isso num fôlego só, as palavras pareciam sair de maneira involuntária. Quando eu finalmente terminei, respirei fundo algumas vezes enquanto minha mãe me olhava um pouco assustada.

– Mãe, diz alguma coisa. Por favor.

– Eu não tenho o que dizer Quinnie. Não depois de tudo que você disse, e principalmente por causa do jeito que você disse – Ela fez uma pausa, que me deixou mais nervosa ainda – O que quer que eu diga diante de tanto amor?

Senti minha cabeça dar um nó. Por mais que eu soubesse que minha mãe não explodiria, que apoio todo era esse?!

– Só pelas coisas que você me falou, fica mais do que óbvio que você ama a Rachel. Confesso que estou um pouco surpresa, nunca imaginei que você…

– Gostasse de garotas?

– É – Ela fez uma careta

– Mas essa é a questão mãe. Eu nunca senti o que sinto pela Rachel por ninguém, e sei que não vou sentir.

– E há quanto tempo isso vem acontecendo?

Resolvi contar tudo à ela. Desde o início. Ela até pareceu bastante interessa, e até chegou a me dar uma leve bronca quando contei o que havia ocorrido na festa das Cheerios. Ficamos um bom tempo conversando sobre isso, até que ela resolveu ir para a parte mais desconfortável do assunto.

– Além de mim, quem já sabe?

– Todos do Glee Club, e agora, você.

– Então os pais da Rachel ainda não sabem de nada?

– Ás vezes eu acho que eles desconfiam, mas preferem não se meter.

– Mas vocês pretendem contar, não é?

– Sim. Eu só não sei quando.

– Filha, eu não quero ser estraga-prazeres, ou muito menos que pareça que eu estou contra você. Mas as coisas daqui por diante serão mais difíceis. O preconceito infelizmente é muito maior do que a consciência das pessoas.

– Eu sei mãe. Mas eu estou disposta a enfrentar isso tudo por ela, e sei que ela também enfrentará isso tudo por mim se for preciso.

– Só me promete uma coisa…

– Claro

– Promete que vai ser feliz com ela? Porque é isso que eu quero, ver você feliz Quinnie.

Recebi um largo e confortador sorriso de minha mãe, o que fez meu coração pular de alegria. Era tão reconfortante saber que ela me apoiava dessa maneira.

– Eu já sou feliz com ela, mãe. Feliz demais – Retribui o sorriso

Ouvimos o som da campainha preencher nossos ouvidos.

– Está esperando alguém? – Minha mãe perguntou

– Não, você está?

– Não.

– Deixe que eu atendo.

Levantei-me e me dirigi até a porta, e assim que abri a mesma dei de cara com…

– Santana?!

– Ei Fabray, será que dá pra gente conversar agora?!

Ela saiu entrando, e se deparou com minha mãe se levantando do sofá.

– Tia Judy!

Sério Lopez?! Tia Judy? Minha única reação foi levar uma de minhas mãos até minha testa e balançar a cabeça enquanto via as duas se abraçando.

– Eu vou sair pra deixar vocês mais à vontade – Minha mãe disse, mas logo foi cortada por Santana

– Que nada, deixe que eu e Quinn vamos subir. Anda Quinn!

Mal tive tempo de fechar a porta e já senti Santana me puxando escada a cima. Quando chegamos ao meu quarto, ela fechou a porta, cruzou os braços e me encarou.

– Que foi?

– Agora que eu estou completamente sóbria, você poderia me explicar o que foi aquele ataque lá na festa? Você praticamente saiu arrastando a Berry casa a fora!

– Eu fiz o que achei certo. Ela já estava muito bêbada, de um jeito que eu aposto que nunca ficou na vida!

– Era uma festa! Era de se esperar que ela ficasse bêbada, não acha?

– Eu fiz o que achei que estava certo, no meu dever como namorada.

– O seu dever como namorada era ter ficado lá se divertindo ao lado dela.

– Acredite em mim, ela não se arrepende de ter vindo comigo.

– Espera, espera! Pelo jeito que a Berry estava ontem isso só pode significar uma coisa! – Santana me deu aquele olhar malicioso, acompanhado de um sorriso

– NÃO! Pare de pensar besteira Lopez!

– Para Quinn, não precisa mentir para mim! Vai diz aí, a Berry é boa de cama afinal?

– Santana, não aconteceu nada! Tudo bem que por ela até teria acontecido, mas eu não quis.

– Você não quis?! – A risada sarcástica de Santana foi estridente – Eu duvido! Eu sei que os amassos de vocês são quentes, e é apenas uma questão de tempo pra que isso aconteça, se é que já não aconteceu.

– Não Santana. Não aconteceu. Ela estava completamente bêbada ontem à noite, e por isso me atacou. Mas eu recuei, é claro. Não quero que as coisas aconteçam dessa maneira entre a gente.

– Você e seu maldito romantismo, Fabray.

– Eu sei que ela concorda comigo está bem.

– Menos quando está bêbada, não é?

– Bom, isso é um caso a parte… – Demos uma rápida risada – Mas agora senta aqui, tenho que te contar uma coisa

A puxei até que ela se sentasse na cadeira, de frente para mim, que estava sentada à cama.

– Contei à minha mãe.

– Sobre?

– Sobre meu namoro com a Rachel…

– Sério?! Eai?! O que ela disse?

– Acho que de início foi meio complicado pra ela entender, e até aceitar, mas acho que agora está tudo bem.

– Mas e a Rachel, já sabe disso?

– Não – Mordi o lábio – E não sei se ela vai gostar de saber.

– Sugiro que você ligue pra ela agora mesmo, e diga o que aconteceu.

– Você tem razão.

Estendi minha mão até a mesinha e peguei meu celular. Disquei o número de Rachel e depois do terceiro toque, ela atendeu.

– Oi amor – Eu disse, recebendo uma virada de olhos de Santana

– Hm, gostei disso – Percebi o tom alegre na voz de Rachel

– Do que?

– Você me chamando de amor.

– Farei isso com mais freqüência, prometo – Recebi uma risada muito gostosa de ouvir por parte dela

– Olha que eu cobro hein…

– Pode cobrar – Dei um sorriso e quanto olhei Santana, a vi sussurrar algo do tipo “Diz logo”

– Rachel, será que teria como a gente se ver mais tarde?

– Pior que não. Meus pais não vão me deixar sair hoje de maneira alguma!

– Então acho melhor eu falar por telefone mesmo…

– Aconteceu alguma coisa Quinn?

– Não… Quer dizer, aconteceu… Mas não acho que seja nada muito diferente, ah enfim…

– Quinn, diz logo, por favor.

– Está bem. Então, depois que você foi embora, minha mãe pediu pra conversar comigo, o que acontece às vezes, afinal somos amigas, mas…

– Quinn, pare de me enrolar!

– Está bem. Eu contei a ela sobre nós duas.

– O que?! – Seu tom já havia mudado

– Contei a minha mãe sobre tudo, sobre nós duas, nosso namoro e etc.

Esperei por uma resposta ou qualquer reação que fosse, mas nada veio, a não ser o silêncio do outro lado da linha.

– Rachel?!

– Você fez o que Quinn?! – Seu tom de voz agora era mais rude, ela parecia um tanto irritada e surpresa ao mesmo tempo.

É, eu tinha feito besteira.



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