Logo que o último sinal bateu, liberando todos, os corredores ficaram lotados, alunos e professores indo e vindo, em todas as direções. Rachel foi até seu armário e guardou seu fichário, quando sentiu alguém se aproximar.

- Eu ainda não me apresentei, Kurt Hummel - Ela reconheceu o garoto, da aula de Biologia

- Prazer, Rachel - Ela sorriu

- Kurt, vamos logo - Um voz grave foi ouvida, e um garoto bem alto e vestindo a jaqueta do time de futebol apareceu atrás de Kurt - Eu não me importo de dar carona, mas eu preciso ir logo pra casa -

O garoto disse, enquanto os dois o observavam.

- Tá Finn, eu só vou falar com Blaine, é rápido. Até mais Rachel - Ele disse a ela, e logo saiu, deixando os dois.

- Me desculpa, não queria atrapalhar a conversa - Ele disse

- Não, sem problemas - Ela se virou para o armário, mas logo se deu conta do que Kurt havia dito, e do que seu pai havia lhe falado no início do dia. Antes que o garoto pudesse se virar, ela começou a falar.

- Desculpa, mas .. você é o Finn? Finn Hudson?

- Sim .. eu conheço você? Quer dizer .. eu não me lembro de você

- Você não me conhece, meus pais conhecem sua mãe

- Espera, você é a Rachel?

- Isso - Ela deu um sorriso acanhado

- Nossa, eu devia ter te procurado hoje cedo, minha mãe me disse que você começaria aqui hoje, mas eu me distraí com o treino e também eu e o resto do time fomos assistir o treino das líderes - Rachel fez uma careta ao ouvir o comentário dele - Quer dizer, não que a gente estivesse espionando ou assitindo só pra poder olhar pra elas, é que a gente sempre faz isso ...

- Tudo bem .. você não precisa se desculpar ou se explicar - Ela o cortou, percebendo o quanto ele se perdia nas palavras com a intenção de se explicar

- Então, minha mãe pediu que eu te levasse para casa hoje

- Não, não é necessário .. - Ela fechou o armário

- É sim, eu insisto. Vamos - Ele passou ao lado dela e ela o seguiu até o estacionamento

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- Ei Quinn, podemos conversar? - Santana perguntou, enquanto as duas entravam no vestiário depois do treino extra das Cheerios

- O que foi? - a loira seguiu até o armário e pegou uma pequena toalha

- Porque chegou atrasada hoje? Pra seleção? 

Quinn parou por alguns segundos, pensando na melhor maneira de responder a latina.

- Ah .. eu, eu estava por aí ..

- Com a novata - Santana foi direta

- Fui obrigada. Depois que o Figgins "esqueceu" do pequeno acidente que nós três causamos na aula de química semana passada, eu meio que estou devendo um favor pra ele.

- Ah é? E desde quando cantar com ela está incluindo no assunto "mostrar a escola"?

Quinn se desesperou ao ouví-la. Mentir não era uma boa opção, era com Santana que ela estava falando, e por melhor que fosse a mentira, a latina descobriria fácil. Era melhor distorcer um pouco as coisas, mas sem mentir.

- Eu só fui mostrar o auditório, mas ela resolveu cantar .. - A loira evitava contato visual com Santana, disfarçava passando a pequena toalha no rosto

- Por mais difícil que seja admitir, a garota canta bem - Santana comentou, se sentando em um banco atrás de Quinn

- Ei, espera ai .. - Quinn parou e a encarou - Como você sabe que eu estava no auditório com ela? E que ela canta bem?

- Você estava demorando, Sue mandou eu ir atrás de você .. te procurei por todos os cantos, e acabei parando perto do auditório e ouvindo vocês.

- Falei pra ela ir ao glee club amanhã. Se ela entrar, vai ser uma boa ajuda para as Regionais.

- E foi só por isso que você cantou com ela, não é? - Santana se aproximou dela

- Claro Santana, que ideia. Que outro motivo teria? Eu hein, que pergunta .. A vontade de Quinn era entrar naquele pequeno armário e só sair dali quando Santana parasse de pressioná-la. Ela tinha medo de falar mais do que deveria e que por causa disso, a latina a pressionasse mais ainda.

- Só queria confirmar mesmo, por um momento, achei que você estava querendo ser amiguinha daquela novata - Santana cruzou os braços e saiu, deixando-a sozinha no vestiário

Quinn guardou suas coisas e também saiu. Assim que chegou ao corredor, ouviu seu nome ser chamado e quando se virou, viu Puck.

- Hey Quinn, conversou com a Santana?

- Hã? Sobre o que - ela continuou andando, e ele foi ao lado dela

- A festa, lembra? 

- Claro, afinal todo mês tem essa maldita festa das Cheerios .. teria como esquecer?

- Você fala como se fosse uma coisa ruim. Qual é, a melhor festa de toda Lima. Nós, os jogadores, vocês, líderes de torcida e todos os populares dessa escola. Música, bebida ...

- Sexo - Quinn completou, num tom sarcástico

- Ah, essa é a melhor parte! 

- Puck! - Ela deu um leve tapa no braço dele, que só riu - Essas festas são sempre a mesma coisa. Já não aguento mais ..

- Então não vai ué

- Queria eu. Se eu não for, Santana me mata ou coloca todo o Lima Heights atrás de mim - Os dois riram 

- Olha, só é sempre a mesma coisa, porque você nunca faz nada.

- Ah, você quer que eu fique que nem você, Santana e Brittany? Bebem tanto que nunca lembram de nada no dia seguinte. 

- É bom, porque se eu tiver feito alguma besteira, não vou lembrar! Olha, eu prometo que dessa vez vai ser melhor. Eu vou ficar com você lá

- Você diz isso até alguma garota te dar algum tipo de condição ..

- Não, é sério. Somos amigos, amigos ficam juntos. Eu vou ficar com você lá, e a gente vai se divertir, ok? - Ele deu um leve sorriso

- Ta bom Puck .. tá bom - Ela também sorriu e deu um rápido abraço nele

- Nos vemos amanha - Ele beijou sua testa e saiu

Puck era um bom amigo para Quinn, apesar de ser um pouco impulsivo e se meter em encrencas demais, era uma boa pessoa. A amizade dos dois crescera bastante, mesmo depois do rápido relacionamento que os dois tiveram. Na verdade, não foi nem um relacionamento. Ficaram algumas vezes, mas logo perceberam que eram muito teimosos e cabeça-dura para darem certo, e além disso o carinho que eles sentiam um pelo o outro era mais algo de amigo, do que de namorados, por assim dizer.

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- Não precisavam ter me trazido em casa - Rachel disse, abrindo a porta do carro

- É caminho, não tem problema nenhum - Kurt respondeu do banco de trás

- Além disso, minha mãe pediu e não custava nada - Finn disse, saindo do carro e indo em direção à ela

Kurt deu um rápido tchau pra ela, e então Finn a seguiu até a porta.

- Mais uma vez, obrigada - Ela disse, pegando uma chave única no pequeno bolso da saia

- De nada - Ele sorriu, e logo uma musiquinha um pouco irritante foi ouvida pelos dois. Era o celular dele tocando

Ele atendeu e Rachel ficou apenas observando, tentando decifrar sobre o que ele falava e com quem, já que ele dizia coisas do tipo "Sim, ela está aqui comigo" e "Pode deixar, vou falar pra ela". Quando ele desligou, guardou o mesmo no bolso e olhou pra ela.

- Era minha mãe. Disse que falou com seus pais, e que vocês três vão jantar com a gente hoje. Eles vão direto do trabalho, e que você pode ir pra lá quando começar a escurecer.

- Mas .. eles não me falaram nada

- Acho que isso foi decidido agora. Faz o seguinte, eu venho te pegar aqui.

- Não precisa

- Não, eu faço questão

- É sério, não precisa. Eu tenho umas coisas pra fazer pela cidade antes, depois eu vou pra lá.

- Tudo bem então, nos vemos mais tarde - Ele sorriu e voltou para o carro
 

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O céu já havia escurecido. Era hora de Rachel ir ao jantar na casa dos Hudson-Hummel, mas antes ela queria fazer como sempre fazia nas noites em que seus a deixavam em casa sozinha. Um rápido passeio pela cidade, um copo grande de café e uma ida até a livraria de Jackie, antiga amiga da família. Rachel passou rapidamente pelo Lima Bean, comprou seu café e foi para a livraria.

- Achei que não viesse mais - Assim que entrou, Rachel ouviu a voz de Jackie

- Como sabia que eu vinha hoje? - Ela perguntou, se aproximando do balcão

- Falei com Hiram pelo telefone mais cedo, ele disse que você provavelmente viria aqui hoje porque eles chegariam em casa tarde

- Ah sim - Ela deu um leve sorriso - O que houve com o movimento hoje? - Rachel perguntou, dando uma breve olhada na loja

- Pelo horário, está tudo normal. Só tem uma menina aí, já é a terceira vez que ela vem aqui perguntar pelo mesmo livro, mas eu ainda estou encomendando alguns, então alguns exemplares realmente estão em falta.

- Alguém já levou o meu?!

- Não, não. Fiquei tranquila, os seus preferidos eu sempre dou um jeitinho de guardar. Está no lugar de sempre, é só ir lá

- Tudo bem, obrigada Jackie - Rachel sorriu e começou a passear a passos lentos entre as poucas estantes que tinham ali. O lugar não era tão grante, mas era aconhegante e bem organizado. A morena adorava passar horas ali, entre livros de romance, drama e até algumas biografias de artístas dos quais ela gostava.

Enquanto passava entre as estantes, Rachel pode ver alguém do outro lado, sentada em uma das confortáveis poltronas que haviam ali. Mesmo com os cabelos soltos dessa vez, ela pode reconhecer quem ali estava, analisando a capa de um dos livros.

- "Um Dia", de David Nicholls ? Boa escolha - Rachel disse, então Quinn se virou um pouco assustada

- Desculpa, não era minha intenção te assustar

- Não, tudo bem - Quinn respondeu, com a mão do peito, sentindo o coração quase pulando - Eu acabei me distraindo aqui ..

- Porque não leva? É um ótimo livro.

- Já leu?

- Três vezes - Rachel se sentou a frente dela

- Nossa. 

- É, eu exagero um pouquinho - As duas deram risadas leves

- E você? O que veio comprar?

- Nada, na verdade. Eu sempre leio os livros daqui sem precisar comprá-los, só compro quando fico sem tempo de ler aqui e preciso levar pra casa. Jackie é um amiga de longa data dos meus pais.

- Jackie? - Quinn fez uma careta

- A dona .. 

- Ah sim

Um silêncio se instalou entre as duas. Quinn disfarçava olhando para o livro, enquanto Rachel tomava um gole de seu café.

- Café? Uma hora dessas? - Quinn perguntou, assim que reparou no copo que a morena tinha consigo

- Não tem hora pra café! - Novamente as duas riram, mas depois ficaram um pouco acanhadas

- Posso te perguntar uma coisa? - Quinn perguntou

- Claro ..

- Você vai mesmo no glee club amanhã, não é?

- Não sei .. não tenho certeza. Porque?

- Nada não, só curiosidade mesmo.

- Se cantar lá for igual ao que fizemos hoje mais cedo, deve ser bem legal.

- É .. - Quinn sorriu

- Desculpa perguntar, mas porque você entrou para o glee club? Quero dizer, na minha antiga escola, por mais que o coral fosse super talentoso, ninguém se importava com eles. Mesmo depois de terem ganhado várias competições, eles ainda eram os "estranhos" do colégio.

- Lá no Mckinley também é assim. Mas mesmo assim, ir para o glee club é a melhor parte do meu dia. 

- E ninguém disse nada quando você resolveu participar? Você é capitã das líderes de torcida, não devem ter aceitado isso muito bem.

- É exatamente como você disse, eu sou capitã das líderes. Por mais que eles não concordem com o que eu faço, ninguém diz nada. Acham que eu sou superior ou algo do tipo. No início era meio estranho, mas agora já acostumei. É fácil se acostumar com o que é bom.

- Você não era líder de torcida antes?

- Não, entrei para o grupo ano passado. No meu primeiro ano do ensino médio, eu era só mais uma garota estranha, que levava slushie no rosto quase todos os dias.

- Já ouvi falar sobre isso, dizem que é horrível.

- O gosto é bom, mas o cérebro fica congelado por pelo menos dez minutos, então não te aconselho a ir para uma aula de matemática depois de uma boa dose de slushie - Rachel deu uma longa risada, que fez Quinn se distrair um pouco

Assim que Rachel percebeu o jeito como a loira a olhava, ela corou, mas o momento foi interrompido pelo celular de Rachel, que vibrou em sua pequena bolsa. Quinn deu mais uma olhada no livro, evitando prestar atenção no que Rachel falava ao telefone, mas era quase impossível.

- Eu tenho que ir - Rachel disse, guardando o celular - Meu pai disse que eu já estou atrasada para o jantar

- Jantar de família? - Quinn perguntou, enquanto as duas se levantavam

- Na verdade não. Meus pais querem que eu conheça melhor a família do Finn.

- Finn? Da nossa escola?

- É, a mão dele é amiga dos meus pais. Porque o espanto?

- Não sabia que você era amiga do Finn - A palavra amiga foi dita por Quinn em um tom meio irônico

- Não sou amiga dele. Eu só o conheci hoje. Mas ele parecer ser uma pessoa legal.

- Só parece .. - Quinn foi em direção ao balcão e entregou o livro para Jackie

- Jackie, preciso ir - Rachel parou ao lado de Quinn, enquanto ela abria a bolsa para pegar o dinheiro

- Mas você não ficou quase nada - Jackie retrucou

- Eu sei, me desculpa, mas hoje não dá mesmo.

Assim que Quinn pegou o dinheiro, Rachel foi mais rápida e empurrou de leve a mão dela

- Coloque na minha conta, Jackie. Depois eu passo aqui e te pago - Rachel disse, e Quinn rapidamente balançou a cabeça em negativa

- Não, não. Não posso aceitar

- É feio recusar presente sabia? - Rachel disse, de uma forma que fez Quinn rir - Além disso, gosto de estimular a leitura nas pessoas. 

Quinn não respondeu nada, apenas a ficou olhando de um jeito bobo.

- Tchau Jackie - Rachel disse, indo em direção à porta

Quinn pegou o livro, agradeceu e as duas saíram, parando em frente a loja.

- Não precisava mas .. obrigada - A loira disse, guardando o livro na sua bolsa e vestindo seu casaco.

- Não há de que. Só me diga depois se gostou mesmo - Rachel sorriu - Nos vemos amanhã

A morena saiu andando e Quinn apenas ficou olhando para ela, até que ela virasse a esquina. Rachel tinha algo que Quinn não sabia explicar. Elas tinham se conhecido hoje, mas para a loira, parecia que já se conheciam a vida toda. Rachel era totalmente diferente das pessoas com quem ela geralmente andava, e ela achava isso incrível.

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Alguns poucos minutos depois, Rachel chegou a frente da casa dos Hudmmel. Se aproximou da porta e tocou a campainha, e logo Kurt apareceu.

- Oi Rachel - Os dois se cumprimentaram rapidamente e seguiram até a sala de jantar

Todos já estavam devidamente sentados em seus lugares, inclusive seus pais.

- Com licença - Ela disse, e todos a cumprimentaram de longe

- Por que a demora? - Leroy perguntou, se levantando e ficando a frente dela

- Oras, vocês não estavam em casa .. tomei meu café e fui na Jackie, como sempre faço

- Disso eu sei, mas a gente tinha marcado aqui Rachel, falta de educação deixar os outros esperando

- Eu sei pai, me desculpe. Eu ia só pegar um livro para levar pra casa mas acabou que .. - Nesse momento, ela lembrou da imagem de Quinn a observando na livraria

- Mas acabou que o que? - Leroy perguntou, curioso

- Acabou que eu fiquei conversando com a Jackie e me distraí, desculpa 

- Tá, tudo bem. Venha, vou te apresentar ao pessoal - Leroy pegou o pulso dela e os dois se aproximaram da mesa

- Carole, então .. Essa aqui é a Rachel - Leroy disse, e Carole se levantou, cumprimentando-a

- É um prazer finalmente conhecê-la - Carole disse, simpática

- O prazer é meu - Ela respondeu - Finalmente? Porque?

- Seus pais, falam muito de você, mas como ficamos afastados durante um tempo, não tive a oportunidade de te conhecer antes. Esse é o Burt, meu marido - Burt se levantou e rapidamente a cumprimentou - Podem se sentar, já vou servir o jantar

Rachel deu a volta na mesa, e se sentou entre Finn e Hiram, já que era o único lugar vago.

O jantar foi tranquilo, mesmo Rachel não dizendo quase nada durante todo o tempo. Leroy, Hiram e Carole contaram algumas histórias que viveram juntos há alguns anos, e todos ouviram com interesse.

Quando já era bem tarde, os Berrys decidiram que já era hora de ir. Se despediram e agradeceram, então foram levados até a porta por Finn. Leroy e Hiram deram um rápido tchau para o rapaz e logo seguiram para o carro, que estava parada logo a frente.

- Então, até amanhã - Rachel disse, gentil

- Sabe, se você quiser, posso te levar para o colégio amanhã.

- Não, eu não quero atrapalhar ..

- Que isso, você já é quase da família, olha como nossos pais se dão bem.

- Eu moro perto, não me incomodo de ir a pé, sério ..

- Mas eu me incomodo. Passo na sua casa amanhã, é só esperar - Ele sorriu

Ela ficou quieta, olhando o rapaz entrar. Era bom não ter que andar para o colégio, mas ela não ficava confortável em ir de carona, ainda mais com um garoto que ela mal conhecia. Mesmo que seus pais fossem amigos, e por mais que ele não parecesse má pessoa, a morena não podia deixar de ter um pé atrás com ele toda vez que lembrava o jeito com que Quinn falara dele. Rachel andou até o carro dos pais, que seguiu rápido para casa.

Assim que chegaram, ela correu para o quarto, tomou um banho e se deitou, sem nem dar a oportunidade aos pais de perguntar como tinha sido seu primeiro dia no Mckinley, mas é claro que antes de realmente pegar no sono, alguns pensamentos invadiram sua mente, e ela chegou a conclusão de que o dia tinha sido mil vezes melhor do que ela achava que seria.