Oito anos depois...

Eu estava em meu apartamento com Thalia. Sim, nós dividíamos um lindo apartamento em Nova York. Ela fora expulsa da caçada de Ártemis por paquerar um garoto há uns cinco anos. Vesti um casaco e calcei minhas botas, fazia frio lá fora. Peguei as chaves do meu carro e gritei para Thalia:

- Estou de saída!

- Aonde você vai, Hanna? - Perguntou ela, mesmo sabendo a resposta.

- Você sabe, idiota. - Eu disse. Amor de amiga é uma coisa linda.

- Usem camisinha! - Brincou ela, enquanto eu saía do apartamento. Revirei os olhos e ri.

Desci pelas escadas, estava sem paciência de esperar o elevador. Peguei meu carro na garagem e dirigi pelas ruas que eu conhecia tão bem. Estacionei na calçada do prédio dele. Desci do carro e entrei no prédio, indo direto para os elevadores. Não me preocupei em me identificar na recepção, pois eles já estavam acostumados com minhas visitas. Apertei o botão do quarto andar no elevador. Quando as portas se abriram, andei pelo corredor até o apartamento quarenta e sete. Usei a cópia da chave que ele me dera e entrei.

- Oi, Han! Chegou cedo. - Ele disse, sentando-se no sofá. - Não que isso seja uma coisa ruim.

- Oi, Nico. - Eu disse, sentando-me ao seu lado e dando-lhe um beijo.

- Como foi seu dia? - Ele perguntou.

- Foi... monótono. Eu e Thalia fizemos uma torta. - Eu disse, e ele riu.

- É... o verão nunca mais vai ser o mesmo agora que estamos velhos demais para ir para o Acampamento. - Ele disse, lembrando os bons tempos.

- É verdade. Era legal. - Eu disse. - As lutas, as risadas, as noites no seu chalé... 

Olhei maliciosamente para ele, que sorriu. Nós nos beijamos e deitamos no sofá. Comecei a tirar sua camiseta mas ele me impediu.

- Espera. Tenho uma coisa pra você. - Ele disse, e se levantou.

Pov. Nico.

Fui para o meu quarto e abri o armário. Avistei a pequena caixa de veludo preto, e meu coração deu um salto. Eu estava muito nervoso. Não que eu tivesse dúvidas sobre sua resposta. Eu imaginara essa cena tantas vezes em minha cabeça... Eu a amava. Era o certo a fazer. Já estávamos com vinte e três anos, e nos conhecemos com treze. Peguei a caixinha e voltei para a sala, prestes a dizer as palavras que mudariam minha vida para sempre. Olhei para Hanna.

- Nico? Aconteceu alguma coisa? - Ela perguntou, observando meu rosto aflito.

- Aconteceu. Aconteceu, que em um belo dia no Acampamento Meio-Sangue, eu conheci a garota mais linda do mundo. Aconteceu, que eu me apaixonei por ela. Aconteceu, que eu me encontrei perdido todas as vezes que estava sem ela. E aconteceu, que eu quero passar o resto da minha vida com ela.

Seus olhos se encheram de lágrimas. Me aproximei dela, peguei sua mão e me ajoelhei. Abri a caixinha, revelando uma linda aliança de ouro com o meu nome em seu interior. Ela sorriu.

- Hanna Manson, você aceita se casar comigo?

Pov. Hanna

- Nico... eu... - Murmurei, sem saber ao certo o que dizer.

Não me entendam mal. Eu o amava. Eu o amava desde o dia em que nossos lábios se encontraram pela primeira vez. Eu o amava, simplesmente por ser quem ele era. Cada momento a seu lado, cada toque, cada risada, cada lágrima, cada abraço, cada beijo... Estavam todos em minha memória e em meu coração. Aquele garoto solitário, de pele branca e cabelos negros, que se tornara tão especial para mim, agora estava ajoelhado à minha frente, me pedindo em casamento. Ele queria mesmo passar cada dia do resto de nossas vidas junto a mim.

- É claro que eu aceito! - Eu disse. Ele se levantou e nós nos beijamos.

- Eu te amo. - Ele disse.

- Eu também te amo, Nico. Para sempre.

Pois é. Ele roubou meu coração, então eu roubei seu sobrenome.