No dia seguinte, acordei em cima de Nico. Sim, literalmente em cima dele. Acho que dormimos sem perceber. Ele estava em seu décimo sono, e eu não quis acordá-lo. Peguei um papel em sua mesa e deixei-lhe um bilhete. Saí e fui tomar café.

Pov. Nico

Quando acordei, não vi Hanna. Olhei em volta. Percebi um pedaço de papel em cima da mesa e fui ver o que era. Um bilhete.

"Nico, meu fofinho, super gatíssimo, safadinho e gostosão. Acordei em cima de você, levantei, saí e você nem percebeu. Você tava dormindo tão profundamente que resolvi não te acordar. Enfim, você não poderá me ver até a noite. Isso mesmo, nada de me ver até o baile. Quero te surpreender. Esteja lindo! Beijos da sua namorada linda, inteligente, cheirosa e maravilhosa, Hanna."

Eu ri e guardei o bilhete em meu bolso. Fui para o pavilhão tomar café, mas não a vi. Ela estava se escondendo de mim, obviamente. Não liguei. Iria valer a pena quando eu a visse no baile. Fiquei um pouco ansioso, mas aí lembrei que não sabia dançar valsa e a ansiedade desapareceu.

É verdade, eu não sabia dançar valsa. Fiquei preocupado, até que me lembrei da pessoa perfeita para me ajudar...

- Dançar valsa é bem simples. - Disse Paty, do chalé de Afrodite. - Você deve deixar que a música guie seus pés.

Paty era dançarina profissional. Sabia dançar vários estilos, desde valsa até break dance. Se tinha alguém no mundo que poderia me ajudar, era ela.

- Tá bom, deixar a música guiar meus pés. O que mais? - Perguntei.

- Basicamente, seja delicado e...

- Espera. Você tá pedindo para um filho de Hades ser delicado? - Eu disse, levantando uma sobrancelha.

- Eu sei, parece impossível. - Ela disse, fechando os olhos e balançando as mãos. - Mas tente. Acho que você consegue.

- Acha. Que ótimo. - Brinquei, e ela riu.

- Eu sei que você consegue. Finja que eu sou a Hanna. - Ela disse.

- Não dá, porque aí eu teria que te agarrar loucamente. - Brinquei de novo, e ela riu.

- Você entendeu. Chega de gracinhas, agora. - Ela disse.

- Tá bom. Hã... me concede essa dança... Hanna? - Perguntei, estendendo uma mão.

- Será uma honra. - Ela disse, e pegou minha mão. Passei um braço por sua cintura e começamos a dançar. Eu estava super descoordenado, então larguei sua mão e comecei a fazer a dança do robô. Ela riu.

- Nico! Pára com isso! - Ela disse, ainda rindo.

- Por quê? É bem mais fácil que essa valsa aí. - Eu disse.

- Mas vai ser "essa valsa aqui" que as pessoas vão dançar no baile, e não a dança do robô. - Ela disse, fazendo aspas com os dedos.

- Tudo bem. Vamos lá, então. - Eu disse.

Depois de muito tempo, acho que aprendi o básico. Foi uma manhã divertida. Paty era uma garota legal. Não o tipo de garota legal que você quer beijar e agarrar, mas o tipo de garota legal que você quer ter por perto para dar boas risadas. Não que ela fosse feia, obviamente. Ela era uma filha de Afrodite, portanto, era adorável. Tinha cabelos morenos levemente encaracolados, olhos castanhos e um ótimo corpo. Não que eu tenha ficado reparando, mas... Vocês entenderam.

Fui almoçar, ainda sem ver a Hanna. Se eu a conheço bem, ela deve ter pedido a Thalia para buscar algo para ela comer no chalé, só para não "estragar a surpresa".

Treinei bastante depois do almoço com alguns filhos de Ares. Eles eram os melhores lutadores, então era bem difícil ganhar deles. É o tipo de desafio que eu adoro. Fazia muito calor, então tirei a camisa. Fiquei imaginando a cara da Hanna se me visse ali, suado e sem camisa. Eu acho uma besteira, mas é o tipo de coisa que ela acha "sexy e selvagem", como ela mesma disse uma vez. Eu ri ao pensar nisso, me desconcentrando. Acabei com um corte na cintura, mas ignorei. Nem estava doendo tanto.

Depois da luta, comecei a sentir a dor do corte. Fui para a enfermaria, e lá, um sátiro me deu um pouco de néctar, fazendo com que o corte desaparecesse. Fui para o meu chalé e tomei um bom banho. Abri o armário e encarei o smoking preto que meu pai me dera, especialmente para o baile. Sim, o Rei dos Mortos me dera um smoking para eu usar em um baile. "Bizarro" é a única palavra em que consigo pensar para descrever isso.

Pov. Hanna

Eu estava muito ansiosa. Tomei dois banhos, fiz babyliss em meu cabelo e peguei meu vestido no armário. Ele era perfeito. Era rosa claro, tomara que caia, balonê e tinha um lindo laço na cintura. Puis o vestido e calcei uma sapatilha, pois dançar de salto não seria nada fácil. Deixei meus cabelos soltos. Fiz uma maquiagem leve, mas encantadora. Me olhei no espelho, e fiquei surpresa. Eu estava acostumada a ver uma garota linda, mas dessa vez, vi uma garota maravilhosa. Ou melhor, fabulosa. Afinal, eu era Hanna Manson.