Quem diria... É exatamente como pensavam. Como queriam? Não. Ardendo no quente do fogo que domina seu novo lar, estão aqueles que quiseram o mal... E aqueles que quiseram o bom sem poder fazer isso. Abandonados no inferno, com o inimigo de seu criador. Não há muito o que ser dito. Aqueles julgados revoltados e estranhecidos estão ali. Suando sob o calor que sempre criaram. Mulheres e homens, corpos perfeitos, perdição da mente maliciosa e do corpo da puberdade... Alí agora desfrutam de seus prazeres do passado que com certeza, não foram poucos. Ou queimam seus olhos em raiva profunda, por terem feito o máximo pelo que não conseguiram. Perderam toda a sua vida...

Gritos, risadas, lágrimas, amores, cortes, sangue, pancadas, hematomas, feridas, arranhões, queimaduras, lesões, dores... Eles gostam. Estão assim pelo próprio querer ou estão aprendendo a gostar. Uma dose de erro acompanhada de arrependimento... Outra dose de perda e um pouco mais de escuridão... Escuridão? Não, eles estão em chamas. Há muita luz por ali, ao contrário do que todo mundo pensou. Luz que queima, que maltrata... Que trás lembranças. Ações voluntárias em dupla ou não, prazeres perdidos e novamente recuperados, é assim que vivem. Passado, passado, passado... Bom passado, inspirador, feliz, curtiram muito bem. Não se arrependem de absolutamente nada que fizeram. Ou de absolutamente tudo. Depende do nível de quem está lá.

Todos sem roupas algumas, corpos preto carvão, definitivamente preto-carvão, por conta do fogo que passa na pele de todos sem causar dor. Imunidade? Não, costume. Um incêndio que durou muito tempo, suas vidas, em suas mentes e pensamentos. Mas não havia importância, já que a malícia era o ponto destaque. Vontade e desejo, ação e atração, toque e reação... Tudo o que o homem ama. Com corpos esculturais deitados à seda que cobre um colchão qualquer, olhos presos no que gosta e simplesmente pensamentos ao inferno.

A vida toda é uma escuridão, nada faz sentido. Idiotas! Se rendem ao primeiro erro que vem e dão seu corpo em troca de liberdade, sua mente em troca de abismos... Não há mais olhos azuis, são todos completamente negros. Aí sim não há mais desigualdade. São todos ossos, todos cinzas, todos em uma única sincronia de cor... O inferno. Não é tão ruim assim quanto a maioria pensa ser. O cemitério nunca foi caminho do inferno. O único caminho é o querer de cada um...

Nada comprova, mas tudo mostrar. Talvez o inferno seja a melhor escolha. TALVEZ. Afinal, todos pecamos, todos erramos, mentimos, xingamos... E se não há tolerância, que eu o céu venha a falir. Não tem jeito, não há escapatórias. Todos já erramos e sem mais. Se há perdão, que ele seja dito. Se não há, que continue escondido. E que os merecedores, que continue abandonados.

A injustiça reina. Onde o merecido é tirado para o que ele quer. Nem sempre as coisas são o que parece ser... Porque isso, talvez seja a melhor escolha.