--Te amo … - ele murmurou ao ouvido dela enquanto os seus braços a rodeavam. – E vou voltar. – prometeu enquanto analisava todos os traços belos e perfeitos daquele rosto.

Ele não queria se despedir dela. Ela não queria se despedir dele. Queriam ficar como estavam até agora, juntos.
Ambos choravam.
Ele a apertou com mais força enquanto ela encostou a cabeça no ombro dele.
Naquele momento, eles desejaram ser diferentes. Ele desejou não levar a vida que tinha. Ser normal, como tantos outros adolescentes de dezassete anos. Mas acima de tudo, ele quis alongar aquelas férias, para que elas nunca acabassem.
Para que o amor deles nunca acabasse.
E ela desejava o mesmo. Acompanhá-lo naquela volta ao mundo e poder estar sempre disponível para ele, era o que ela queria.
Isso e puder tornar aquele Verão em algo infinito. Que durasse toda a vida.
Porém, ambos sabiam que isso não era possível.
Que aquilo era o fim.
Sabendo que estava na hora de partir, ele a beijou na testa e se afastou.
Mas antes, ela disse num murmúrio irresistivelmente doce:

--Também te amo. E esperarei.

Ele fez uma carícia leve com o polegar na cara da garota, olhando, bem no fundo aqueles tão seus conhecidos olhos azuis.
E ela retribui, com a mesma intensidade o olhar doloroso do garoto.
Ambos deram um sorriso fraco, tentando tornar aquele momento mais agradável.
No entanto, como pode uma despedida ser agradável?
Não pode.
Porque uma despedida implica a separação de duas pessoas.
E, aquela despedida em especial, era de duas almas que se amavam e que se queriam mutuamente, mas por razões da vida tinham que se afastar.
Ele se afastou de vez e subiu as escadas, degrau por degrau, com toda a calma do mundo. Com toda a tranquilidade do mundo. Seu coração apertava com força e ele fazia os possíveis e os impossíveis para não derramar mais lágrimas. Para não pensar que, quando aquele jacto descolasse, ela já não estaria mais com ele.
Ela viu ele subindo as escadas, degrau por degrau, sabendo aquilo que ele estava sentindo. Por que o mesmo se passava com ela. Era como se uma parte dela tivesse sido retirada de uma forma brusca e incurável, deixando no seu coração uma cicatriz. Ele, antes de o entrar no avião privado olhou para aquele lugar.
Todas as suas fãs gritavam. Mas eram gritos diferentes. Não eram aqueles histéricos a que ele estava habituado. Eram gritos dolorosos. Porque se havia alguém sem ser ela que o compreendesse, eram as suas fãs. E por isso ele gostava tanto delas. Por isso ele ia embarcar naquela porra de avião que lhe tiraria o que ele tinha de mais valioso: ela.
E por uma última vez, os seus olhares se cruzaram com aquela mesma intensidade. Com aquela tão conhecida corrente eléctrica. Com aquele calor tão reconfortante.
E, mais uma vez, ambos perceberam que a vida a partir daquele momento não faria mais sentido.
Ambos perceberam que a vida não era justa.
Ambos perceberam que tinham descoberto o verdadeiro amor.
Ambos perceberam que jamais voltariam a mar como tinham amado naquele Verão.
Ambos perceberam que tinham entregado a sua alma e coração para o receptor daquele olhar intenso.
Ele entrou e viu a porta se fechar atrás de si.
Ela viu ele entrar e a porta se fechar. E no mesmo instante quis gritar, quis chorar, quis perguntar porque o estavam tirando dela.
Porque a vida não era um conto de fadas?
Porque ele a estava deixando?
Porque era a coisa certa.
E ela sabia que aquilo custasse que ela não poderia fazer nada para mudar a situação. Para acabar com a dor que sentia.
Sentiu suas pernas tremerem quando o avião começou a andar para pegar balanço para descolagem. Sentiu seus olhos repletos de lágrimas. Sentiu sua alma se quebrar. Sentiu tudo isso, mais acima de tudo, sentiu que o iria continuar a amar. Não interessava onde ele estivesse ou quando.
Ela seria sempre Kensie Newton, e ele seria sempre Justin Bieber.
Duas almas tão diferentes, mais ao mesmo tempo tão iguais.
E ela simplesmente o deixou ir. Esperando e rezando para que ele um dia voltasse e lhe devolvesse todas as alegrias e tristezas que ela tinha passado naquele para sempre inesquecível Verão.

“Se você ama alguém, liberte-a. Se voltar, é porque essa pessoa é sua; se não voltar é porque nunca o foi.”