Código Zero escrita por Rhyca Corporation


Capítulo 23
Capítulo 22 - Ódio vs Orgulho




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As duas generais estavam frente a frente esperando pelo Jin que monitoraria aquela batalha. O burburinho do lado de fora da máquina era grande e podíamos ver pessoas apostando em qual das duas venceria. As garçonetes da área 3 trabalhavam a todo vapor, servindo bebidas aos curiosos dos diversos esquadrões.

Shishou já estava bêbado novamente e Darkreid o segurava para impedir que ele bebesse mais ou caísse de tanto cambalear. Finalmente o Jin chegou e foi logo ao controle da máquina.

– Vou programar uma arena que seja boa para ambas as partes. – Disse Jin enquanto digitava sem parar. – O que acham de uma cidade lotada de arranha-céus, parecida com Liester.

– Não vejo problemas. – Lewinsk respondeu.

– Por mim tudo bem. – Hidelgarde concordou.

– Então preparem-se. – O cientista falou apertando um botão verde.

A sala do interior da máquina ficou completamente azul com uma explosão de milhões de pequenos quadrados de pixels e foram rapidamente formando imensos arranha-céus entre as duas generais de modo que ambas não se vissem no final do processo.

A batalha estava começando.

Lewinsk aproveitou o momento longe de sua oponente para ir até o topo de um daqueles arranha-céus usando a habilidade “Flecha de Dionísio”. Essa habilidade permite que a usuária troque de lugar com a flecha que foi lançada no momento em que desejar, mas só funcionar se a flecha ainda estiver no ar, ou seja, sem contato com qualquer objeto.

Do outro lado da cidade, Hilda estava subindo alguns lances de escadas tranquilamente, como se não estivesse no meio de uma batalha. Pouco tempo depois, a rainha alcançou o topo de um dos prédios e simplesmente sentou-se no meio do grande terraço, como se estivesse esperando pela rival.

Não demorou muito até que Lewinsk encontrasse a serpente sentada e não pensasse duas vezes antes de disparar contra ela uma flecha carregada de puro ódio. Ao chegar perto da general do 3 a flecha entrou em combustão, esfarelando-se antes de encosta-la. A loura não se conteve e lançou mais algumas provocações para a inimiga:

– Querendo bancar a poderosa, Rhyca? Ah, por favor, me poupe desse seu orgulho exacerbado e dessa sua ceninha de super-heroína. Você é tão infantil.

– Você é loura burra ou só burra mesmo? – Revidou a serpente. – Primeiro me estapeia e depois me chama de infantil. Não achei que você fosse tão suicida... É verdade que sou quatro anos mais novado que você, mas pelo menos não sou rejeitada no amor. Se eu estalar os dedos, milhares de homens cairão aos meus pés, querida. Já você... – Hilda falou levantando-se.

Uma veia saltou na testa da arqueira.

– Ninguém te ama. – Lewinsk falou em tom de desprezo. - Eles querem o seu dinheiro, só isso. Ultimamente tem faltado muita mulher de qualidade no mundo. É por isso que os casamentos não duram muito. Muitas delas são iguaiszinhas á você. Uma mulher que só pensa em si mesma deveria está casada com seu umbigo!

– Já vi que você desistiu mesmo da sua vida, não é? Já falou mal até do meu dinheiro. Preciso acertar as coisas por aqui... E por o lixo em seu devido lugar. – Hidelgarde falou com um olhar terrivelmente assustador.

Ser encarado pela Rainha Serpente dessa forma era o suficiente para fazer qualquer um fugir daquele lugar sem nem olhar para trás. Mas Lewinsk estava decidida a enfrenta-la a todo custo.

As duas avançaram ferozmente, uma em direção à outra. A arqueira atirou algumas flechas enquanto Hilda as queimava na medida em que se aproximavam de seu corpo. Quando elas chegaram bem próximas, a loura puxou seu chicote e atacou a oponente na tentativa de amarra-la. Hilda usou seu fogo para derreter aquela arma, mas isso simplesmente não funcionou, fazendo com que a serpente fosse amarrada.

– Surpresa Rhyca? – A arqueira perguntou. - Mudei algumas propriedades do meu chicote para que ele não fosse tão vulnerável ao fogo. Eu sonhava com esse dia... Há dez anos que sonho com esse dia! – Berrou.

Embora Hidelgarde estivesse amarrada, sua boca estava livre. Livre para lançar um pouco mais de veneno:

– Você fala como se já tivesse vencido essa luta. Encare os fatos Lewinsk, você não pode me derrotar. Agora deixe de falar asneiras e vá sonhar quando eu te colocar de coma!

A general do nove não gostou do que ouviu e lançou a rainha contra uma das paredes de um prédio vizinho, fazendo com que Hilda atravessasse uma janela. Rapidamente, a serpente levantou-se e começou a correr, ainda amarrada. A loura não percebeu o plano da inimiga e simplesmente continuou segurando o chicote. Depois de Hidelgarde atingiu uma certa distância, Lewinsk foi puxada pelo chicote, e acabou caindo daquele arranha-céu.

Sem muitas opções a arqueira preparou uma Flecha de Dionísio e atirou em direção à janela que a oponente havia atravessado, trocando de lugar com o tiro no momento que alcançou a altura desejada. Ao entrar naquele andar, a loura percebeu que Hilda não estava mais ali e que provavelmente ela estaria escondida atrás de uma das várias paredes divisórias que haviam no lugar.

Aquele andar era uma grande sala com diversas paredes divisórias formando vários quadrados. Em cada quadrado havia uma mesa para computador, uma cadeira e um armário, formando assim uma pequena sala de escritório.

Lewinsk estava receosa e segurava firmemente o arco na mão. A tensão no ar aumentava na medida em que ela avançava e não encontrava a inimiga em nenhum dos mini escritórios. A loura acabou tendo uma ideia e a colocou em prática. Ela quebrou uma das janelas e saltou por ela como se fosse mergulhar. De cabeça para baixo, a general atirou naquela sala uma “Flecha de Ares” que ardia em fortes chamas. O impacto do tiro causou uma explosão, incinerando todo o andar.

Pulando de parede em parede, a arqueira chegou ao chão comemorando, pois achava que Hidelgarde havia sido derrotada com aquele ultimo golpe.

Uma imensa bola de fogo golpeou Lewinsk rapidamente, tirando-a do chão e lançando a general três quarteirões depois. Uma fumaça levantou-se sobre a profunda marca no chão que a bola de fogo deixou ao passar e, do meio dela, surgiu a serpente.

A loura mal conseguia se mexer e tinha algumas partes da roupa queimada, mesmo assim ela não deixou de demonstrar seu ódio acumulado:

– COMO VOCÊ PODE ESTAR VIVA, RHYCA?!

– Lewinsk, como você é ingênua. Esqueceu que também sou conhecida como a “Rainha do Fogo”? Você não esperava me derrotar usando meu elemento, não é? Não só crio chamas como também posso manipular qualquer outro fogo. É verdade que minha especialidade é o fogo dourado, mas o fogo comum, para mim é o mais simples de controlar.

– Não posso ser derrotada dessa forma! Nem por essa mulher! – A loura gritava descontroladamente.

– Claro que pode. – A serpente sibilou. – Vou te bater tanto que você vai se arrepender de ter nascido! Se sobrar alguma coisa, eu mando para a área 9 para que possam, ao menos, fazer um funeral descente. Se sobrar...

– Sua bruxa avarenta! Espero que você frite no fogo do inferno!

– No fogo? Tem certeza? – A serpente revidou.

– Exatamente! Ouvi dizer que velas derretem na presença de calor...

Dessa vez, uma veia saltou na testa de Hidelgarde. Havia boatos de que a rainha odiava ser chamada de vela, mas o motivo disso ainda era desconhecido. De certa forma, ela realmente parecia uma vela: Pequena, pele clara e manipulava o fogo. Como uma pessoa conseguia ter tantos apelidos? Espero que ela não consiga ler pensamentos...

Hilda ficou calada por um momento e logo depois começou andando em direção à oponente mantendo o olhar para baixo. Após um tempo, a serpente começou a correr, desta vez com a cabeça erguida e com uma expressão feroz no rosto.

Aquilo sim era muito mais assustador do que todas as outras expressões feitas pela Hidelgarde.

– LEWINSK!! – Berrava a pequena general do fogo. - VOU ARRANCAR SUA CABEÇA, SEM SEQUER USAR MEU PODER!! PODE ME ESPERAR DEITADA MESMO!! VOCÊ NÃO VAI TER TEMPO PARA SE LEVANTAR, SUA PORCA IMUNDA!!

Essa cena era algo inimaginável vinda de uma pessoa fria e centrada como a Hilda. Se ela já era perigosa quando estava calma, imagine quando ela estava estressada!

A loura tentou se levantar, mas foi uma tentativa em vão. Lewinsk tremia freneticamente, pois conhecia a capacidade da rival. Foi um erro ter chamado a rainha do fogo da coisa que ela mais odiava.

– NÃO FUJA NÃO!! ESTOU CHEGANDO PARA TE MANDAR PARA O INFERNO PESSOALMENTE!! – Gritou Hidelgarde.

A serpente alcançou a oponente e se jogou em cima dela, distribuindo tapas e puxões de cabelo.

Fora da máquina, todos assistiam boquiabertos, com exceção de shishou que estava tão bêbado que mal se manteve em pé e gritava loucamente, torcendo por sua amiga:

– Briga de mulher! Briga de mulher! Tá vendo Shhhion? Era diiissho que eu tava falando. Vai Hilda-chan! Tô torceeendo por vochê!

Após algum tempo, percebi que o general Fallman também estava assistindo a luta e, provavelmente torcendo pela arqueira devido a sua feição aflita.

Também pude ver pessoas caídas no chão de tanto beber. Parecia que era um campo de guerra, não importa o lado que eu olhasse.

Enquanto isso, Hidelgarde continuava sua estranha batalha contra Lewinsk. Parecia uma briga normal entre duas mulheres que se engalfinhavam por algum motivo qualquer. Mas por trás daquilo tudo havia muita história... Dez anos de história...

Depois de se estapearem a ponto de ficar tontas e descabeladas, a rainha saiu de cima da rival enquanto recuperava o pouco da compostura que ainda lhe restava (ou não...).

– Há tempos que eu não brigava desse jeito. – Falou a serpente, penteando os cabelos com as mãos. – Agora vou brincar um pouco com você até que eu enjoe, vovozinha.

– Pretendo te vencer antes que perceba, sua ve... Venenosa.

Fazendo um esforço enorme, Lewinsk pôs-se de pé e ambas se afastaram num pulo recuado. A velocidade da loura não era a mesma depois do golpe da bola de fogo que ela tinha recebido. A dificuldade para se manter consciente era tamanha, mas a vontade de derrotar sua oponente a mantinha acordada.

– Não vai usar seu arco? – Disse Hilda.

– Não há como eu fazer isso. Eu o soltei quando aquela bola de fogo me acertou.

– Hum... Interessante. Então vamos lutar sem nossos poderes, e sem armas, só para ficar justo e você não ficar chorando no meu ouvido quando perder. Uma vez que você esteja sem seu chicote e seu arco, você fica inútil mesmo.

– Quem disse que eu fico inútil, Rhyca? – Falou a general do nove. – Também venho me preparando fisicamente para esse dia. Não sou uma profissional na luta corpo a corpo, mas consigo te vencer. Acho melhor tirar seu ego daqui antes que ele se quebre mais.

– Veremos.

A arqueira avançou contra a inimiga e começou com um soco simples na altura do estômago. Hilda colocou uma das mãos no pulso da rival e direcionou o golpe à sua esquerda, impedindo o ataque enquanto deslizava com dois passos até que alcançasse o rosto da oponente, golpeando-a com um soco com as costas da mão.

Lewinsk cambaleou com três passos para trás e logo em seguida, colocou as duas mãos no chão e girou com as pernas para cima e abertas, - como um passo do break. - atacando várias vezes a rainha.

Hidelgarde parou a sequencia com o braço esquerdo formando um “L”, onde o punho ficava para cima e rapidamente girou para a direita e golpeou a loura na barriga, fazendo com que a general do nove de desequilibrasse e caísse.

Os golpes duraram muito tempo. Ora Hilda bloqueava, ora ela levava um golpe. A mesma coisa aconteceu com a arqueira até que ela não aguentou se manter em pé e caiu de joelhos, apoiando-se com ambas as mãos.

Nessa hora surgiu Swan, que segurou sua general antes que caísse completamente ao chão.

– Por favor senhorita Rhyca, poupe minha general. – Ele falou com lágrimas nos olhos.

– N-não p-precisa. – Falou Lewinsk cuspindo um pouco de sangue. – Ainda posso lutar.

– Claro que não! Deixe de besteiras e vamos para a enfermaria. Seu estado está realmente grave. Nem sei como ainda se mantém de pé. – Disse o assistente preocupado.

– Deixa de ser cabeça dura e dê ouvidos ao seu assistente! Podemos continuar isso depois. Já estou satisfeita com esse resultado. – Disse a pequena general serpente, dando as costas para os dois e saindo daquele local.

Todos que assistiam ficaram pasmos diante de tudo que viram. Já eu estava de cara emburrada por que outra luta entre generais tinha sido novamente interrompida. Mas achei que a Hilda tomou uma decisão sábia. A Lewinsk ficaria, sem dúvida, “fora do ar” durante algum tempo, mas mesmo assim, tudo voltaria a ser como sempre foi.

Era o que eu achava antes de receber minha próxima missão...

Uma semana se passou desde aquele confronto e tudo corria normalmente. Tive umas missões no meio da semana, mas nada complicado. Até que fui chamado até a área 11 juntamente com todos os outros generais e seus respectivos assistentes.

Haviam algumas pessoas ausentes, como a Pan, que embora estivesse se recuperando, ainda não podia sair da cama. Logicamente, Lewinsk também não estava presente, mas Swan estava lá, pronto para passar todas as informações para ela.

O líder parecia bastante agitado, olhando longamente para uma grande pilha de papéis. Estávamos lá às cegas, não tínhamos a menor ideia do que estava acontecendo. Quando percebeu que todo mundo já havia chegado, o senhor Manson se levantou e começou a falar, a expressão bastante grave:

– Senhores, convoquei esta reunião porque tenho uma notícia importantíssima para falar a todos vocês.

A tensão parecia aumentar a cada segundo.

– Recentemente, recebi notícias do meu esquadrão particular de espionagem. As notícias eram referentes ao antigo general Richie Blover.

Vi a Rainha Serpente estreitar os olhos, emanando uma aura de puro ódio.

– Foi confirmado... Que Richie Blover está vivo, e se encontra preso nas masmorras de Gehenna!

Uma onda de choque varreu toda a sala, e pouco depois começou um burburinho, todo mundo falando baixinho entre si, até que Hilda-sama se levanou com tanta raiva que eu poderia jurar que estava saindo fagulhas do corpo dela:

– Isso é impossível. Eu mesma confirmei que ele estava morto, e queimei o laboratório onde ele estava ao pegar Azazel.

Vi alguns olhares acusadores, enquanto o líder voltava a falar:

– Também não sei como isso aconteceu Rhyca, mas agora que sabemos disso, é nosso dever resgatá-lo.

– Não é minha obrigação. Por mim ele pode continuar apodrecendo em Gehenna. - A rainha cuspiu, fervendo de raiva.

– Que tipo você é Rhyca? - Fallman perguntou, exasperado. - Ele foi seu noivo!

– Cale-se seu idiota, você não tem nada a ver com isso!

– Isso é... É verdade? - Shishou perguntou.

Me surpreendi ao perceber que o shishou estava chorando, embora tivesse um grande sorriso no rosto. Me lembrei que eles eram grandes amigos, e fiquei feliz pelo meu mestre.

– Já defini um grupo que irá resgatar Blover. Schiffer, Walker, Hoshitake e Bruce, quero vocês quatro prontos para partir em uma semana. Vão, e tragam o general do seis de volta.

De repente todos começaram a comemorar, com uma alegria tremenda. Era claro pra mim que Blover era muito querido por todos. Já Hidelgarde-sama se retirou intempestivamente da sala, os dentes cerrados em fúria contida. Ao meu lado, shishou se acabava de chorar, tamanha era a felicidade dele. Eu também estava feliz, mas o medo já me assaltava. Invadir Gehenna... Eu não achava que tinha poder suficiente para isso. Iria usar toda essa semana para treinar, quem sabe assim, minhas chances de sobrevivência aumentassem um pouco...


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