Código Zero escrita por Rhyca Corporation


Capítulo 2
Capítulo 2 - Desafio de 24 horas




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  Jin começou me explicando como funcionava o teste. Ele seria dividido em duas partes: Na primeira eu teria que resgatar uma espécie de boneca no final do campo. Essa boneca seria algo como uma refém que os SLAVES teriam e ela teria que continuar “viva” até o final do teste. O problema é que essa boneca tem o tamanho de uma pessoa e ela não se mexia!

   A segunda parte é que eu teria que entrar na “base” deles sem ser descoberto até onde eu conseguisse. O terreno do teste seria uma espécie de deserto pedregoso com “torres” de pedra espalhadas numa área gigantesca.

 - Seu tempo será de 24 horas cravadas! Nem mais um segundo nem menos. – Jin continuou me explicando - Considere isso um combate real no qual o senhor pode perder a vida ao menor dos erros. As criaturas daqui não pararão caso o senhor esteja a ponto de perder sua cabeça. Eles não hesitaram se tiverem a chance então... Enfim, o básico é isso. A partir do momento que o senhor entrar, começaremos. Prepare-se.

 - Certo!

   O suor escorria pelo rosto antes mesmo do teste começar. Eis que eu coloquei o primeiro pé para dentro da cúpula e, quando eu entrei totalmente, a porta atrás de mim se fechou tornando-se uniforme com a paisagem desértica.

   Um silêncio tomou conta do lugar e, logo depois, um forte vento varreu o chão seco. O sol brilhava forte enquanto eu caminhava até sentir a presença de uma quantidade pequena, mas aparentemente forte de SLAVES.

   Rapidamente, me escondi atrás de uma das milhares de pilhas de rochas presentes ao longo do imenso deserto e fiquei aguardando até que eu pudesse saber a exata localização deles antes de fazer alguma coisa. De repente, ouvi um barulho de algo caindo bem atrás da pilha de pedras que eu estava. Cuidadosamente, tentei espiar para ver do que se tratava: Eram três SLAVES brigando entre eles. Pensei em aproveitar a chance e avançar de fininho até onde eu conseguisse, para poder me livrar deles.

   Tudo estava indo bem até que o terceiro pareceu me notar naquele lugar. Tampei minha respiração e voltei para onde eu estava escondido num movimento quase que instintivo.

   Depois de segundos perigosamente silenciosos, eles voltaram a brigar como se nada houvesse acontecido. Mas eu não poderia esperar naquele lugar até que eles parassem de brigar e resolvessem ir andando. Eu tinha que sair dali, afinal de contas, eu não sabia o quanto eu teria que andar até a base deles. Jin não tinha me dado 24 horas à toa. Provavelmente eu teria que andar muito até chegar ao local do resgate. E ainda teria a volta. Talvez, 24 horas fosse pouco para o teste...

   Foi ai que eu tive uma ideia: Meu poder já tinha se recuperado um pouco desde o incidente com o ritual, então, eu poderia usa-los para me ajudar.

   Bem, a minha habilidade consiste em cartas de baralho. As normais mesmo, com os naipes de Espadas, Paus, Copas e Ouros e dependendo do naipe que eu tiro, posso ter um efeito diferente da minha habilidade. Por exemplo: Com cartas do naipe de Espadas, eu posso causar danos externos ao oponente como um corte ou pancada. Com as do naipe de Paus, eu posso usar um ataque elemental de acordo com a minha vontade. Posso erguer uma muralha de gelo ou lançar bolas de fogo nos inimigos. Com as cartas de Copas eu posso causar danos internos como cortar uma veia ou órgãos. E, finalmente, com o naipe de Ouros eu posso aprisionar algo dentro da carta ou soltar algo que eu aprisionei.

   O nível do poder depende do numero da carta que eu tiro. Se eu tirasse um Nove de Espadas, eu posso causar mais dano do que se eu tirasse um Quatro de Espadas. Ou se eu tirasse um Ás de Copas seria melhor do que um Rei do mesmo naipe. Tudo dependia da minha sorte ao puxar as cartas.

   Minha ideia era usar minha habilidade para cavar um buraco e chegar à base em segurança. O problema é que eu não tinha ideia de para onde eu deveria ir. Então, seria mais útil guardar esse poder para usar mais tarde, quando eu já avistasse a base inimiga.

   Tendo analisado a situação com calma, pensei em aprisionar aqueles SLAVES e seguir adiante. Eu só teria que arrumar um jeito de me aproximar deles, porque eu não poderia lançar minhas cartas com todo o vento que castigava aquele lugar e eu precisaria que houvesse contato entre minhas cartas e os alvos para que o aprisionamento funcionasse.

   Quase que instintivamente, eu avancei ao grupo puxando um Três de Ouros, que comportaria os três seres diante de mim.

   Quando capturei o primeiro, os outros dois estavam de costas e não me notaram até que eu chegasse perto do segundo. Durante a corrida para alcançar o segundo oponente, me preparei para dar um pulo que me faria cair com ambos os pés nas costa do segundo e assim eu pularia em direção ao terceiro para captura-lo.

   Agora só faltava o segundo SLAVE. Após a captura do terceiro, o SLAVE restante partiu para uma estocada perigosa com um dos seus braços pontiagudos. Numa manobra ousada, me virei para ele e coloquei a carta na frente do golpe que eu receberia, fazendo com que o inimigo fosse aprisionado, dando fim ao meu primeiro combate ali..

   Tudo aquilo havia me tomado uma meia hora. Pode parecer pouco, mas como eu não sabia quanto tempo ia demorar no resgate, achei melhor ir andando. Nada de comemorar a vitória.

   De certa forma, era tedioso andar por ali. Era um terreno desolado, sem muita coisa para ver.

   Com isso eu comecei a correr, tentando chegar mais rápido ao meu objetivo. Fiz isso durante umas 3 horas (com algumas pausas eventuais), até me deparar com uma multidão de SLAVES. Normalmente eles não socializam nem mesmo com a própria espécie, mas às vezes ocorre o contrário, e um certo grupo deles se junta em um bando. Bem, esse bando escolhe um lugar e o marca como seu território. Chamamos esse território de ninho.

   Havia um ninho adiante, o maior que eu já havia visto. Devia haver centenas de SLAVES ali. Seria praticamente impossível passar despercebido, e se eu fosse tentar exterminar todos eles, eu terminaria sem poder. Minha única chance residia no Joker.

   O Joker, sendo uma carta especial do baralho, também me dava habilidades especiais. Caso eu o pegasse, eu seria capaz de qualquer coisa. O problema é que só existem dois Jokers em um baralho, e a chance de eu puxar um deles era muito pequena.

   No entanto, aquela era minha única chance, e eu tinha pelo menos que tentar. Abri o baralho em um leque no chão e me concentrei. Levei alguns minutos escolhendo e quando puxei, o alívio: Lá estava o Joker, sorrindo pra mim.

   Encostei a carta em meu próprio corpo e me tornei imperceptível. Não estava invisível, mas poderia entrar no meio do ninho e gritar que ninguém iria me notar. Dessa forma, eu pude passar por ali sem ser atacado.

   Depois disso não demorou muito até eu achar a base, mas senti meu sangue gelar quando vi aqueles que estavam guardando-a. Haviam 5 GARGOYLES (gárgulas) ali. Os SLAVES eram os mais inferiores na cadeia "evolutiva". As GARGOYLES, que vinham depois deles, não podiam tomar forma humana como os SLAVES, mas eram muito mais poderosas. Eram criaturas grandes e negras, de olhos vermelhos e imensas asas, parecidas com as de um morcego. Estava claro que eu não poderia entrar na base sem derrotá-las, e o pior era que não tinha como saber se haviam mais delas lá dentro. Pelo visto, o meu plano de cavar um túnel até dentro da base havia ido por água a baixo! Seria o fim se eu chegasse lá e me deparasse com mais inimigos poderosos.

   Eu precisava pensar. Qualquer parcela de poder desperdiçada, por menor que fosse, podia significar minha morte, já que eu não estava com todo meu poder recuperado. Além disso, já estava escurecendo e eu havia desperdiçado muito tempo. Se eu demorasse mais, iria ficar realmente escuro e eu não poderia acender uma tocha, pois acabaria chamando a atenção delas.

   Acabei me decidindo por tentar dar a volta na base. Existia uma ínfima chance de não haver guardas na parte de trás. Obviamente essa volta seria de alguns quilômetros. Não podia passar muito perto, pois dizia-se que as GARGOYLES farejavam o sangue humano. Se meus cálculos estivessem corretos, eu estaria a salvo nos fundos da base, pois estaria contra o vento, e dessa forma não poderia ser farejado.

   Quando eu cheguei, não havia nenhuma GARGOYLES e ainda havia uma pequena rachadura pela qual eu poderia entrar.

   Estava claro que, se elas me descobrissem, eu estaria com sérios problemas, então eu teria que ser rápido no resgate. Procurei cautelosamente em cada uma das portas que passei daquele lugar imenso e redondo. No final do corredor havia um portão feito de ferro, mas com pequenos espaços entre as grades. Do outro lado do portão, havia uma luz fraca e, ao atravessa-lo, vi a boneca no meio desse novo lugar, também circular. Parecia-se muito com algum tipo de coliseu, porém estava completamente vazio.

   Ao chegar perto do centro do coliseu, senti a presença de algo realmente forte se aproximando. Sem muitas opções, coloquei os braços da boneca por cima dos meus ombros, e corri em direção ao portão. Uma estranha figura se colocou a minha frente, bloqueando a minha passagem.

   Era uma das maiores GARGOYLES que eu já havia visto. Sua pele era uma espécie de couro escamoso, quase como uma pele de cobra. Seus olhos eram de um escarlate flamejante, com pupilas em fenda. Quando ela rugiu para mim, pude ver sua língua bifurcada e suas presas pontiagudas. Aquela criatura era, sem sombra de dúvidas, uma máquina criada para matar.

   Rapidamente, me virei de costas para aquela coisa assustadora e corri em direção ao outro portão de ferro, localizado do lado oposto ao que entrei. Ao chegar perto, me deparei com outra GARGOYLE deixando-me encurralado.

   Minha única opção agora era lutar. No entanto, eu sabia que aquelas duas criaturas iriam consumir muito do meu poder, talvez todo ele. E ainda haviam outras cinco lá fora. Qualquer erro custaria minha vida.

   Sem hesitar, puxei a primeira carta do meu baralho e acabei tirando um Sete de Copas. Com essa carta eu poderia feri-los internamente com uma força média. Ainda sem parar de correr, atirei a energia da carta que eu havia tirado. Eu já poderia fazer isso pelo fato de eu estar dentro de um lugar fechado, onde o vento não me atrapalharia nos ataques de longa distância.

   Mesmo que o ataque fosse relativamente forte, não surtiu efeito algum na GARGOYLE. A energia simplesmente ricocheteou na pele dela. Eu precisaria usar algo mais forte. Era hora de puxar outra carta. Mas antes que eu fizesse isso, senti um golpe pesado em minhas costas. A primeira GAYGOYLE havia me atacado, e eu podia sentir o sangue escorrer do machucado.

   Sem muita opção, eu puxei minha segunda carta: um Oito de Ouros, uma carta de aprisionamento. Eu consegui fazê-la tocar na segunda criatura bem no momento em que ela me mordeu, abrindo um ferimento profundo no meu ombro. Embora o Oito de Ouros fosse uma carta forte, não conseguiu aprisionar toda a fera, levando apenas metade dela. Nenhuma criatura pode sobreviver com meio corpo, e dessa forma eu consegui destruir uma das criaturas. No momento em que parte dela foi levada, o restante virou pedra, fazendo a GARGOYLE se tornar uma estátua.

   Se uma carta de nível oito só conseguiu levar metade dela, eu teria que puxar uma carta com um numero dezesseis. Impossível!! O máximo que eu conseguiria seria um treze, a não ser que...

   Nesse breve momento, eu desviei de um golpe violento da GARGOYLE restante e assim, bati minha cabeça contra umas pedras. Assim que eu me levantei, puxei duas cartas. Era nisso que consistia minha ideia: Usar duas cartas para fazer uma combinação, aumentando a força do golpe.

   Tirei um Oito de Espadas e um Quatro de Paus. Não era uma combinação muito forte. Tive que puxar uma terceira carta: Um Valete de Espadas! Como a carta de Paus não era muito forte, as de Espadas dariam suporte a ela, aumentando o dano.

   Escolhi o elemento gelo, que seria bom contra criaturas de pedra. Esperei uma aproximação da GARGOYLE para usar meu novo golpe. Não poderia me arriscar a errar e perder um ataque desse nível. Era uma façanha arriscada, pois caso eu me atrasasse para usar o golpe, poderia ter sérios danos (Não que eu já não estivesse danificado até a alma...).

   Quando a fera deu uma investida furiosa contra mim, rolei no chão para escapar do ataque e, ao mesmo tempo, atacar tocando as cartas na pata dela.

   Houve uma espécie de explosão gelada e quando tudo acabou, eu vi o monstro congelado até os ossos na minha frente. De repente, o gelo começou a rachar, me assustando. Eu não tinha mais energia alguma, não poderia mais lutar. No entanto, quando o gelo estilhaçou, levou junto a criatura, acabando com a luta mais difícil daquele dia.

   Me levantei com dificuldade, sentindo tudo girar. Tinha perdido muito sangue, e agora estava prestes a perder a consciência. Em um esforço sobre-humano, eu coloquei a boneca nas minhas costas e me arrastei até a porta de saída do teste que surgiu diante da mim.

   Do outro lado da porta eu vi o rosto do Jin, preocupado e feliz ao mesmo tempo, e depois desmaiei.


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Notas finais do capítulo

Reviews, Pleeeeeeeeeease!!!!!!!!!! T-T



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