Aconcheguei a cabeça no meu travesseiro e fechei os olhos. Notei que Cebolinha logo se deitou ao meu lado, porque o colchão se afundou um pouco mais quando ele pisou. Eu estava de costas para meu amigo e podia sentir sua respiração bater contra meu corpo, me fazendo suspirar cansada. Fitei o relógio e vi que já eram quase três e meia da madrugada. Revirei os olhos, fechando-os novamente.

She's starin' at me
I'm sittin' wonderin' what she's thinkin'
Nobody's talkin'
'Cause talkin' just turns into screamin'
And now is I'm yellin' over her,
She's yellin' over me.
All that means
Is neither of us is listening,
That we don't even remember
why were fighting.
Ela esta me encarando
Estou sentado '
querendo saber o que ela está pensando
Ninguém falando
Porque falar
só se transforma em Discussão
E agora estou a gritar Com ela,
Ela a gritar comigo.
O que tudo isso quer dizer,
É que nenhum de nos esta escutando
É que não se lembram
por que se zangaram.

Virei de barriga para cima. O silêncio dominava o local e eu podia ouvir a respiração de todos os meus amigos que ali dormiam. Meu coração acelerou e passou a bater sem compasso quando meu melhor amigo tocou minhas mãos, que estavam apoiadas em meu peito. Seus dedos estavam gelados e ele tremia um pouco. Rolei os olhos até ele, virando a cabeça. Suas pálbepras descansavam, fechadas e sua respiração era tranqüila. Não tive coragem de tirar suas mãos de cima de mim e as apertei com as minhas, as quais estavam um tanto quentes.

Percebi um sorriso, breve e encabulado, se desenhar em sua face, e sorri também, suspirando novamente. Descansei meus olhos quando ele roçou suas mãos às minhas, tentando se esquentar do frio. Droga, por mais que eu quisesse não conseguia ficar brava com ele. Apesar dele ser um traste e um galinha, tinha algum valor para mim, pois era meu melhor amigo. Mordi os lábios virando para o lado oposto de Cebola e ficando de frente para Marina. Pude ouvir ele pronunciar algo, mas não entendi muito bem, pois já estava no mundo dos sonhos, novamente.

Desta vez não sonhei com nada. Acho que minha cabeça já estava cansada de ter pesadelos macabros com beijos e mais beijos. Acordei com a claridade que atravessava a janela. Finalmente fazia sol e calor. Abri um enorme sorriso ao presenciar aquele maravilhoso dia que começava. Tentei levantar, mas algo me impedia. Eram os braços de Cebolinha que estavam jogados sobre mim, me deixando sem movimento. Sem pensar duas vezes, joguei-os para o lado, bruscamente, fazendo ele acordar.

- A-ai? E-ei Mô! Por que fez isso? - Não acredito que ele se fez de fingido.

Nothin'
(Fighting for)
Nothin'
(Crying for)
Nothin'
But we won't let it go for
Nothin'
(No not for)
Nothin'
This should be nothin' to a love
Like what we got.
Nada
(brigando por).
Nada
(chorando por).
Nada
Mas não vamos
Desistir por
Nada
(Não para não)
Nada.
Isto deve ser
nada para um amor
Tal como o que temos.

Não respondi, apenas o ignorei e me levantei, correndo até o banheiro para trocar de roupa e arrumei minhas coisas, colocando-as de volta a mala. Ao descer as escadas, vi que a galera, estando todos acordados, havia arrumado uma mesa maravilhosa de café da manhã. Mesmo estando sem fome, peguei uma maçã e dei um rápido tchau à todos eles, saindo pela porta da frente logo depois. Ao abrí-la, pude sentir a brisa beijar delicadamente meu corpo e eu suspirei, fechando brevemente os olhos. Estavámos no final de Junho e só restava uma semana para o fim das aulas e o começo das férias. Eu gostava do frio de Julho, mas aquelas chuvas já estavam dando no saco, literalmente. Felizmente, hoje fazia sol.

Sorri contente e caminhei rumo à minha casa. Minha mãe havia dito que me pegaria de carro, mas resolvi ir a pé, porque andar faz bem. Com a mala sendo sustentada por uma das minhas mãos, eu comia do fruto proibido com a outra mão livre. Não sei o porquê, mas hoje eu estava mais alegre, mais boba, mas acho que foi porque eu joguei tudo para fora e desabafei o que eu queria com meu melhor amigo. Já estava guardando aquelas mágoas fazia um tempo. Não estava tão longe da casa da Maga, quandou ouvi alguém me chamar.

- Mô! - Reconheci aquela voz.

I know sometimes
It's gonna rain...
But baby, can we make up now
'Cause I can't sleep
Through the pain
(Cant sleep through the pain)
Às vezes eu sei se
Vai chover ...
Mas, querida, é que podemos fazer as pazes agora
Porque eu não posso dormir
Com essa dor
(Não consigo dormir com essa dor)

Não respondi na hora e me virei olhando para ele. Estava ofegante - acho que era porque havia corrido - e apoiava as mãos sobre os joelhos. Tentei segurar a risada quando notei que ele ainda estava de pijama no meio da rua - se bem que além de engraçado, ele ficava sexy e gostoso vestido assim. - MAMÃE, ME LEVA NUM PSICÓLOGO POR FAVOR! - Vou tentar cumprir a promessa de que depois dessa tentarei controlar meu tezão incontrolável - droga.

- Oi Cê. - Disse tentando não rir.

- Tava indo embora sem falar tchau para mim, é? - Afê, havia esquecido de me despedir dele.

- Ah... Tchau. - Minha voz ficou mais séria.

- E meu beijo? - Não acredito que ele disse isso - Tá onde?

- Já tá apelando Cebola... - Tentei reconfortar a conversa.

- Tô nada! Anda, me dá um beijo! - Ele tá mandando em mim?

- Tá sim e...

Antes que eu pudesse terminar a frase, ele selou seus lábios no canto da minha boca, me dando um selinho meia lua. Como era de se esperar, eu me estremeci toda e acabei segurando sua nuca. Ele deslizou as mãos dos meus cabelos para minhas costas e se aproximou cada vez mais de mim. Pude sentir novamente sua respiração ofegar e meu coração acelerar. Ele riu enquanto eu tremia. Tentei escapar daquela situação constrangedora, arrumando logo uma desculpa.

Girl, I don't wanna go to bed
(Mad at you),
And I don't want you to go to bed
(Mad at me).
No, I don't wanna go to bed
(Mad at you),
And I don't want you to go to bed
(Mad at me)
Menina, eu não quero ir para a cama
(Bravo com você),
E não quero que você vá para a cama
(Zangada comigo).
Não, eu não quero ir para a cama
(Bravo com você),
E não quero que você vá para a cama
(Zangada comigo)

- Você ainda está de pijama e tá todo mundo te olhando. - Não acredito que disse isso, mas funcionou.

Ele riu maliciosamente e encostou seus lábios em meu ouvido.

- Na próxima você não escapa. - Ele disse quase gargalhando e correu para casa da Magali.

- Não vai ter próxima! - Berrei, mas acho que ele não ouviu, pois já estava longe.

Fim do 15º Capítulo.

Desculpem a demora, mas aí está mais um capítulo.
Espero que tenham gostado e por favor, mandem reviews :* kissu