Três

        -Ta parecendo que você está gostando de hoje. –diz minha mãe deitando do meu lado.

        -Hm, eu? Eu não, preferia estar em casa.

        -A é? E aquele garoto que foi falar com você?

        -A não, você também?

        -Ué, só to falando, não posso?

        -Não.

        -A fala sério, ele é bonito pô, não é?

        -É, mas eu não to nem ai, ele só perguntou se eu estava bem e aliás a gente nunca mais vai se ver e pronto.

        -Quem disse?

        -Eu sei ué.

        -Quem sabe vocês se esbarrem por ai...

        Minha mãe tem aquele instinto que toda mãe tem sabe, aquele que tipo, vai ficar frio, leva casaco e 5 min depois estamos batendo queixo, essa é uma das primeiras vezes, se não é a primeira, que quero que esteja certo, porém sou muito orgulhosa para admitir isso.

        -Hm, seu pai ta chamando, a carne ta pronta, quer?

        -Agora não, obrigada. –digo com um sorriso forçado no rosto, as vezes eu concordo com ela, talvez eu estou ficam uma aborrecente insuportável.

        O resto do dia se baseou na mesma coisa, eu as vezes jogava frescobol com Jéssica e as vezes dava uma pequena ‘’espiada’’ no Felipe só por curiosidade, ele ou estava jogando bola, ou estava nadando.

        -Espionando é? –diz Jéssica morrendo de rir.

        -Hã? Eu? Eu não, ficou doida?

        -Você sim, até parece que não percebi você ai sentada quietinha olhando o Felipe superlindo jogando bola, ahaha, acha que sou burra?

        -Quer saber? Acho sim, você ta doida, eu só to olhando a água.

        -Água? Água? Nossa, devia arrumar uma desculpa melhor heim.

        -Tudo bem, talvez eu estivesse olhando para ele, talvez!

        -Uhum, talvez, sei. Ta caidinha por ele isso sim.

        -Eu não, olha o que você fala, e você sabe por acaso alguma coisa disso? Não sabe.

        -Sei o suficiente pra perceber que você está ai caidinha pelo garoto.

        Bufo sem paciência, que garota mais enxerida, deixa eu olhar, olhar não arranca pedaço não.

        -Arranca sim.

        -O que?

        -Não duvido que você tava pensando ‘’olhar não arranca pedaço’’. –ela faz cara de nojo.

        -Como você sabe?

        -Leio mentes, ahá, duvido que tu sabia.

        -Aham, lê sim...

        -Você tava pensando alto, você disse o que tu tava pensando.

        -Disse nada.

        -Teimosa... Tudo bem, leio mentes, satisfeita?

        É, ela definitivamente consegue me tirar do sério, porém ela talvez tenha acertado a parte ‘’ Sei o suficiente pra perceber que você está ai caidinha pelo garoto’’ espero que ela e eu estejamos erradas, mas sabe, nunca mais vou ver ele mesmo!

        -I olha lá, parece que seu amorzinho ta indo embora... Ai que pena, não vai ter quem espionar.

        Logo me levanto e olho na direção que ele estava. Vejo ele se levantando pois estava desenhando na areia e se virado para mim, ele da um largo sorriso. Sinto minhas bochechas queimarem e talvez elas estejam corando, então me viro rápido e saio correndo para onde meus pais estão deixando Jéssica para trás.

        -Ou, me espera. –diz ela correndo atrás de mim.

        ...

        -Daqui a pouco estamos indo embora e vocês não comeram quase nada. –diz meu pai quando estávamos chegando lá.

        -Drina está meio ocupada.

        -Que? Eu não.

        -Ocupada? –diz minha mãe levantando as sobrancelhas.

        -É a gente estava jogando frescobol. –diz minha irmã com um largo sorriso, é, ela é muito safa.

        -Ah. Vão comer agora? –diz minha mãe engolindo a mentira.

        -Hm, agora sim. –digo super aliviada, Jéssica é uma peste!

        Comemos e depois não consegui, eu sou muito curiosa, muito mesmo, então fui ver o que estava escrito na areia, ou desenhado, não sei.

        -Aonde você vai? –diz Jéssica atrás de mim.

        -Ér, nada não.

        -Felipe, escrever/desenhar, areia?

        -Talvez.

        -Você é muito curiosa.

        -Sou mesmo.

        Quando chego aonde ele estava desenhando/escrevendo tomo um susto e fico em choque com o que vi.