Dama de Sangue escrita por samgray


Capítulo 8
O segurança


Notas iniciais do capítulo

Cansei de perseguições, de medo e de olhos malignos. Vamos deixar o clima um pouco mais animado, por enquanto. Hora de um pouquinho de diversão. Haha, esperem para ver.



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O passear das nuvens percorreu os olhos da menina até que o despertador gritasse a chegada das oito horas. Bastou um pequeno toque para que Heitor começasse a se espreguiçar, lentamente pela cama. Ampliava os braços largamente em direção aos céus e balançava o pescoço como uma criança sonolenta. Lembrando-se da presença da namorada, fazia um bico, pedindo um celinho e o recebia prontamente. Abraçaram-se longamente e curtiram juntos o calor durante o cafá-da-manhã. Não houve nada mais que algumas frutas e umas fatias de pão com manteiga, o suficiente para acomodar o estômago de ambos.

Mas o tempo correra rápido, logo já era hora do homem seguir ao trabalho. Era já segunda-feira e o emprego era-lhe um mal necessário. Não podendo cuidar da namorada e com alguma falta de verbas, Heitor chamou um de seus primos para que servisse de segurança enquanto estivesse fora. Assim que o homem chegou, o outro se foi, depois de se despidir, trajando camisa e calças sociais.

– Não sei se você se lembra de mim... - o garoto que acabara de chegar e que não devia ter mais de dezoito anos mostrava-se um pouco envergonhado.

Livia o observou da cabeça aos pés. Via a franjinha da cabeleira loira, o par de tênis, os grandes óculos de lente mais ou menos escuras mostrando uns olhos tão azuis que qualquer luz poderia ser capaz de cegá-los, mas, principalmente, o corpo magrelo, um tanto quanto desajeitado. Não que o achasse ruim, mas já supunha que se alguém precissasse ser defendido seria ele e não ela. Apesar do desemprego e do sedentarismo, a mulher contava com alguma força, nitidamente, por menor que fosse. Enquanto o menino, com suas pernas compridas e seu jeito estiloso, aparentava mais um modelo que um segurança.

– Meu nome é Ryan... - dizia fingindo não se importar com os olhares de desgosto da moça e colocando as mãos no próprio bolso - Fomos apresentados no casamento de Thiago com Lilly... Se lembra?

– É... - Livia torceu os lábios, fingindo puxar pensamentos de sua lembrança, mas realmente concentrada em adivinhar se ele seria capaz de defende-la - eu acho que não.

A mulher cruzou os braços, inquieta. Sentia que Ryan cumpria mais o papel de babá do que deveras de segurança. O mais provável era que Heitor concordasse com o policial e tivesse medo de que ela fizesse alguma loucura. Besteira... Livia não se sentia louca e não estava.

Ryan sentou-se ao seu lado, analisando o silêncio e esperando que houvesse algo para conversarem. Não havia. Desconcentrado, seguiu ele em direção a cozinha, buscando assaltar a geladeira. Livia aproveitou a brecha para pegar o celular em seu bolso, lembrando-se que, apesar dela já ser uma adulta, era possível que seus pais estivessem um pouco preocupados.

Mas esqueceu-se do que faria, assim que notou um aviso de nova mensagem pulsando junto àquela tela. A curiosidade cresceu e quando menos esperava já estava rindo do SMS recebido "E, então? Pronta para viver esse dia como se fosse o último? Haha, te espero hoje mesmo. Te consegui um convite de graça por aqui. Você vem, já confirmei, sem falta. Bjs, Valentine."

Para onde iriam e o que fariam naquele encontro, seguindo a ideia da amiga, já estavam certo. Era do feitio de Valentine gostar das festas e da agitação das noites; mas não era exatamente do gosto de Heitor que sua namorada se encontrasse em ocasiões assim. Viu-se, logo, dividida entre seu amor, repleto dos entediantes compromissos, e a amizade, naturalmente mais divertida. Comparar compromissos com diversões chegava a ser desonesto. Para agregar peso, por bem ou por mal, Heitor não estava presente e não chegaria tão cedo...

A decisão estava tomada. "Só tenho de driblar a babá que me arrumaram... Ideias?", enviou para a amiga e esperou por um típico plano genioso da temida e destemida Valentine.


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