Utopia escrita por tsubasataty


Capítulo 2
Capítulo 1




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Câncer de pulmão. Esse é o nome da doença que tenho.

Dez anos se passaram. Como o tumor foi descoberto ainda no estágio inicial, minha vida é controlada por exames e quimioterapia desde então. Mesmo com o cansaço e dores constantes, eu tentava ser feliz.

Estudo em uma escola comum desde os 6 anos. Na época, muitos se aproximavam de mim apenas por pena quando descobriram que eu estava doente. Isso era como uma facada que me perfurava sem piedade. Se querem ser meus amigos só porque estou doente, então não se aproximem. Não preciso de amigos assim.

Agora, no colégio, mesmo que minha turma seja unida, apenas minha melhor amiga, Heloísa, me entende. Estudamos juntas desde o 3º ano e somos amigas até agora. Ela parece tímida na sala de aula, como se usasse como refúgio seus longos cabelos negros e seus olhos verdes, que mais lembravam uma floresta oculta repleta de mistérios que chamam por você. Bastava, entretanto, que ela saísse daquele ambiente rodeado de livros para revelar sua personalidade alegre e vivaz. Quando eu estava com ela, algumas vezes, sentia certa tristeza me atingir... Eu não podia ser tão feliz assim.

Eu não sabia muito bem o que era viver. Estar vivo não é apenas ter um coração pulsando. É sentir na pele a emoção de conhecer o mundo - mesmo nas pequenas coisas -, é ser capaz de amar e aproveitar cada dia, pois ele pode ser o último.

Pelo menos, isso era o que eu imaginava sobre a vida.

Quando as férias chegaram, depois de um dezembro cheio de comemorações, eu e Heloísa marcávamos de ir a algum lugar todo dia e, numa sexta-feira, na primeira semana de janeiro, nós fomos ao clube. Eu não tinha passado muito bem a última noite, mas não disse nada a ela. As férias mal tinham começado!

Apenas um tempo depois, no momento em que terminamos de apostar uma corrida na piscina olímpica, foi que a Heloísa me fitou falando como eu estava pálida. Tentei parecer despreocupada já que não devia ser nada demais, só aquela dor no peito que me acompanhava sempre.

Passamos toda a tarde no clube e, mesmo a dor piorando cada vez mais, até me esqueci do câncer por algum tempo. Porém, foi quando paramos de nadar e trocamos de roupa para ir à lanchonete que tudo piorou.

Minhas pernas cederam quando eu menos esperava. Busquei por mais ar, mas nenhuma parte do meu corpo me obedecia.

Desabei no chão sem conseguir dizer nada à Heloísa. A última imagem que vi foram seus olhos me encarando aterrorizados e sem ter ideia sobre o que fazer.

Eu sabia que minha vida estava chegando ao fim. Podia sentir no meu sangue, na pele e na minha própria alma o dia em que tudo acabaria. Só não tinha certeza se estava pronta para isso.


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