Utopia escrita por tsubasataty


Capítulo 19
Capítulo 18




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-Sério?!! - nem consegui conter minha euforia - Onde?!

Falando aquilo, eu devia estar parecendo uma criança quando acaba de ganhar um presente surpresa.

-Você não viu ontem o cartaz na confeitaria?

-Não... - Eu tinha me distraído tanto com a pintura e o que tinha para vender que, sinceramente, não havia reparado em nenhum cartaz.

-Estamos contratando alguém para trabalhar no caixa durante a tarde.

Um sorriso iluminou meu rosto.

-E você me contrataria, dona Vera?

-Está contratada!

Meu queixo quase caiu. A abracei rapidamente em agradecimento e tentei me recompor depois.

-Quando eu começo?

-Amanhã, mas você pode ir agora comigo para aprender algumas coisas já. como pesar os produtos e marcar os preços, por exemplo.

-Agora? - eu tinha acabado de conseguir um emprego, só que já tinha marcado de me encontrar com a Heloísa. E ela nem sequer havia aparecido ainda.

Vendo minha preocupação, dona Vera acrescentou:

-Se você não puder ir agora, vá daqui uma hora então.

-Ok! E obrigada, mesmo, dona Vera.

Ela mostrou um sorriso sincero e se levantou para ir embora. Me despedi dela e voltei a me sentar no banco.

Os minutos foram se arrastando e nem sinal da minha amiga. Isso começou a me preocupar. Quando vi que já eram quase três horas, dei uma busca rápida ao redor da praça para ver se a encontrava.

Nada. Nenhum sinal dela.

Consultei novamente o relógio e vi eu não podia mais esperar. Cheguei à confeitaria pensando em inúmeras ideias plausíveis para o sumiço de Heloísa. Tudo bem que era quase impossível ela ter esquecido ou não achado o caminho. Pelo menos essas duas ideias estavam fora da lista.

Vi dona Vera atendendo um homem de terno marrom e fui até ela. Dona Vera me dissera que antes de tudo, para atender as pessoas, era preciso boa educação. Isso não seria problema. Ela me mostrou a tabela de preços dos produtos e como pesá-los, como abrir a caixa registradora e passar e gravar os preços no computador. Também, por norma dali, nada de celulares durante o trabalho (eu nem tenho mesmo) e muito menos papo furado com algum conhecido. Basicamente, era isso. Mesmo sendo meu primeiro emprego, não achei nada que pudesse ser tão difícil assim.

Depois de quase duas horas, como não tinha mais nada para fazer, fui para a frente da loja só para ver o movimento da rua. Mesmo sendo o meio de janeiro, época em que a cidade ficava relativamente mais vazia por causa das pessoas que estavam viajando, naquele dia havia vários carros e pessoas passando pela rua. Uma imagem que reparei ao longe foi de alguém - não consegui ver direito quem era - andando apressado. Quando ela passou por algumas lojas e se aproximou da confeitaria foi que vi quem era.

Heloísa.

Ela estava com uma expressão de assombro e olhava para os lados toda hora, como se procurasse desesperadamente por alguma pessoa. Dei um passo para fora da loja e isso foi suficiente para ela me ver. Minha amiga parou e me encarou fixamente, como se me chamasse e precisasse de mim. Aquela expressão me assustou. Sem tirar os olhos de Heloísa, falei para dona Vera que já estava indo e corri até minha amiga.

Ela estava pálida e tremendo.

A segurei pelos ombros e perguntei o que tinha acontecido. Heloísa pareceu hesitar. Ela não sabia se me olhava ou encarava o chão. Já com uma sensação de pânico me consumindo, fiz novamente a mesma pergunta e a segurei pelos ombros. Ela ficou ainda mais pálida, mas decidiu acabar com aquele seu silêncio:

-Eu fiquei sabendo hoje mais cedo. Tava a maior confusão. Nem sei como você ainda não descobriu - ela parecia estar tentando se acalmar, porém só o que conseguiu foi ficar ainda mais pálida - São seus pais, Camila. Eles se mataram.


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