–Obrigado por terem vindo.- falava Mark, agradeçendo a todos por terem vindo no baile. A confusão havia acabado pela manhã apenas, então todos estavam morrendo de sono. Fubuki e Nitsuke tentavam confortar Suzuno, que tinha o rosto enterrado nas mãos, mas deixando os dedos abertos para que pudesse olhar mortalmente para Mark. Ele via que Mark não era o homem mais feio do mundo, pelo contrário, ele percebia que qualquer mulher poderia cair de amores pelo mesmo apenas olhando-o. E isso o deixava com mais raiva ainda. Sabia que, algum dia, ou alguma hora, conseguiria ter sua preciosa Miyuki de volta.

–E pensar que você não se lembra de nada…- falava Sandara, colocando uma mecha de cabelo para trás da orelha de Miyuki, que estava mais confusa que nunca… e chorando.

–Como eu pude ser tão imprudente? Se eu sonhasse que tinha acabado de terminar um namoro, eu jamais pensaria em me relacionar com o Conde.

–Você não tem culpa. Você bateu a cabeça e ficou com aminésia. Vai recuperar a memória. Nossos amigos vão chegar um dia e assim, você vai poder nos contar do que aconteceu. Enquanto isso, tem apenas que saber que eu sou sua melhor amiga e que você… o Suzuno…

–Ele é meu noivo?!

Sandara deu uma longa risada e disse:

–Quem me dera que o seu relacionamento estivesse tão bem a esse ponto; não. Vocês terminaram.

–Por quê? O Suzuno parece ser uma boa pessoa. Eu até que achei ele bem bonitinho…

Sandara se levantou e tocou na testa.

–Céus! Até com aminésia você cai de amores por ele?! Tem que ser uma maldição! Mas é melhor você saber agora do que mais tarde, como da última vez. Mas será que eu devo contar pra você? Logo eu?

Miyuki levantou-se e segurou o braço de Sandara.

–Por favor, me conte, Sandara. Se alguém deve me contar o que aconteceu, essa pessoa deve ser você. Melhores amigas devem contar tudo uma para a outra.

–Não me mate, mas… o Suzuno te traiu. Ele tem uma fama de namoradeiro, mas disse que parou quando vocês começaram a namorar. Alguns dias atrás, quando vajávamos para poder matar uma feitiçeira muito má, ela mostrou que alguns dias antes daquele, o Suzuno tinha beijado uma amiga nossa, a Reina.

Miyuki olhou para o chão e sentou-se no mesmo, sem se importar se era duro ou não. Sandara sentou-se ao seu lado e tocou em seu ombro.

–Me desculpe.

–Quer dizer que eu tinha um namorado, o tratava como a melhor pessoa do mundo e ele me traiu?

–Não gosto de dizer isto, mas sim. Infelizmente.

–Pelo menos você não precisa saber como é isso.

–Mas eu sei. E minha situação é pior que a sua.

–NANI?? Co-Como é possível?

–Aquele garoto de cabelos azuis, o Nitsuke, ele era noivo antes de nos conhecermos. Mas a noiva dele morreu de uma doença e um ano depois, nos conheçemos.

–Sandara, me descupe.

–Não se preocupe!

Mas, quando Sandara estava prestes a se levantar, três mulheres entraram no quarto, correndo. Elas praticamente se jogaram em cima de Miyuki, abraçando-a.

–Miyuki! Você está bem!- falou a de cabelos castanhos.

–Achava que iria precisar de uma bola de cristal pra achar você!- falou a de cabelos pretos, soltando uma risada logo depois de falar.

–Você é uma boa amiga. Eu não iria deixar você desaparecida!- falou a de cabelos azuis.

–Meninas!!- gritou Sandara, tirando todas de cima de Miyuki. -A Miyuki está com aminésia. Bateu a cabeça e não se lembra de nada. Miyuki, esta é Itzuko- disse Sandara, apontando para a garota de cabelos pretos.- esta é a Sakura,- apontou para a de cabelos castanhos.- e esta é a Lika.-finalmente apontando para a de cabelos azuis.

–Miyuki, como chegou nesta mansão?!- perguntou Lika, olhando pela janela.

–Não sei. Só me lembro de cair no meio da estrada e acordar aqui.

–Mas então por que não vamos andar pela mansão. Estamos cansadas, mas relaxar em um dos jardins não é má ideia, não acha?- perguntou Sakura.

–Acho que sim.- falou Miyuki.

Mas quando todas estavam prestes a sair do quarto, várias criadas entraram no mesmo, segurando quatro vestidos. Eram, respectivamente, para Lika, Itzuko, Sakura e Sandara.

O primeiro era azul, tomara-que-caia. A borda da parte do busto era branca. Havia uma faixa branca que rodeava a cintura, o que tampava a união de duas fitas que faziam o detalhe da saia aberta. Por trás do vestido, a criada segurava um lindo sapato branco com lentejoulas costuradas no pano branco que o cobria.

O segundo era azul marinho, com mangas ¾, cheio de rendas brancas na ponta das mangas e na área do busto. Era um vestido simples, com uma saia bem aberta, sem muitos detalhes adicionais. Mas o que era a parte mais bonita do vestido era uma flor branca que havia sido bordada no meio do busto.

O terceiro era vermelho-sangue. Não tinha mangas, mas também não era tomara-que-caia. Possuía um pano transparente vermelho que cobria as clavículas e a região do busto. A parte que “cobria” o corpo era tomara-que-caia e a saia era bem aberta.

O quarto era lilás, sendo que o mesmo fechava com fios na parte das costas, o que fazia a parte do busto parecer um espartilho. As mangas apenas sustentavam o vestido, ficando bem justa nos ombros, sendo que as mesmas eram de um tecido branco transparente que não eram longas nem cobriam o busto (eram apenas alças grossas comuns). A saia era bem aberta, coberta por um tecido igual ao da manga.

–O senhor Kruger mandou que nós trouxéssemos estes vestidos para as senhoritas. Ele prefere que estejam bem confortáveis em sua casa.

–Hum… desculpe, mas eu só uso calças. Vestidos para mim apenas em dias de festa.

–O senhoro Korewa falou para o senhor Kruger sobre suas preferências de roupa, então ele pediu para que costurássemos uma calça por baixo das saias, para que a senhora ficasse mais confortável.- falou a criada que segurava o vestido de Sandara.

–O Nitsuke?- perguntou Sandara, surpresa.

A criada assentiu, o que fez todas olharem para Sandara, que cruzava os braços.

–Tanto faz. Apenas me ajudem a me vestir.- falou Sandara. As criada assentiram e, logo, todas estavam usando seus vestidos. Seus cabelos foram penteados e lavados, assim, todas ficaram bem bonitas.

–Agora podemos passear?- perguntou Sakura.

–Agora sim.- falou Sandara, sentada na cama, mal acreditando que poderia existir um vestido com calça por baixo.

–Eu vou matar você!!!- gritou Suzuno.

Mark não possuía guardas em sua mansão, já que sempre foi um mestre em artes marciais. Mas sabia que não era capaz contra um Guarda Real.

–Enquanto isso eu vou matar você!!- gritou Fukuda, correndo atrás de Suzuno.

–Acha que vai conseguir ficar com a Sandara??! Em seus sonhos… pós morte!!- gritou Nitsuke, dando um soco em Fubuki.

Burn apenas olhava para o céu, como se não estivesse havendo uma briga atrás de si. O vento batia em seu rosto e sentia que a qualquer momento iria dormir. Mas, quando olhou para o campo aberto atrás da mansão, quase saltou das escadas em que sentava. Deu um assobio que foi ouvido por todos, mas que não era para esse objetivo. Quando todos pararam quase se matando, viram Lika, Itzuko, Sakura, Miyuki e Sandara andando pelo campo, rindo como se fossem inocentes garotas. Todas estavam muito bonitas, o que chamou a atenção de todos os garotos.

–Bem…!- falou Fubuki, sem conseguir de olhar para as garotas.

–Como que…?- Suzuno também não sabia o que fazer.

–Eu vou passar mal…- falou Nitsuke, colocando a mão na testa.

–É por isso que eu adoro minhas criadas.- falou Mark.

Os garotos foram lentamente se aproximando e, em menos de dez minutos, todos já estavam conversando. Sandara ficava abraçada a Fubuki, sendo que Nitsuke ficava escorado em uma árvore, querendo quebrar o rostinho de Fubuki. Miyuki ficava entre Mark e Suzuno, que ficavam trocando olhares mortais, o que assustava á pequena garota. Itzuko e Lika ficavam conversando. Burn ficava apenas olhando para Sakura, agradeçendo por alguém estar usando vermelho.

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Pela noite, todos estavam fazendo alguma coisa em duplas. Porém, todos eram observados por alguém.

No jardim de inverno, Sandara ria e conversava com Fubuki como se fôsse a melhor coisa coisa do mundo. Em certo ponto da noite, Fubuki pegou uma rosa que crescia e deu para Sandara, que a cheirou, sentindo seu doçe aroma.

–Espere um minuto. Vou pegar um pouco de água para nós.- disse Fubuki, dando um beijo no rosto de Sandara.

Ela se levantou e olhou para trás, vendo o céu estrelado. Mas ao mesmo tempo, olhou para a rosa. Gostava muito de quem lhe dera, mas sabia que não o amava como amava seu antigo namorado. Nunca entendeu isso. Como pode odiar uma pessoa e amá-la ao mesmo tempo? De repente, ouviu uma voz vindo por trás de si.

–Sandara?

Se virou e cruzou os braços.

–O que você quer?

–Nada. Apenas entregar uma carta da rainha.- Nitsuke deu uma carta a Sandara e se virou. Mas quando estava prestes a ir embora, ela falou:

–Só isso que você veio fazer aqui?

–O que acha que eu posso querer fazer aqui?

–Não se faça de idiota! Acha que eu não sei que você quer brigar comigo?! Acha que não sei que ainda ama a Seiko?!

–Acha que eu ainda a amo?

–Claro! Por que nunca teria me contado sobre ela?! Se tivesse me contado isso assim que nos conhecemos, eu teria perdoado você!

–Ah é?! Vou te mostrar o quanto eu amo a Seiko!

De repente, Nitsuke segurou o braço de Sandara e a puxou para si. Seu outro braço rodeou sua cintura, enquanto a mão que segurava seu braço tocava levemente no rosto dela. Sandara, no início, ficou assustada, mas depois, seu braço caiu e retribuiu o beijo. Logo em seguida, a rosa que segurava caiu no chão.

Quando se separaram, Sandara deixou que lágrimas caíssem pelo seu rosto. Não eram lágrimas de tristeza, mas de felicidade. Mas, quando olhou para o lado, viu que Fubuki havia deixado as duas taças com água caírem no chão. Logo em seguida, ele saiu correndo.

–FUBUKI!- mas Nitsuke segurou seu braço. Sandara virou o rosto para ele e lhe deu um tapa muito bem dado.

–Pare com isso Sandara! Você já gostou de mim. Eu me lembro bem, Sandara. E eu sei que você ainda gosta de mim!

–Foi quando eu não sabia quem você era, Nitsuke!- Sandara, desta vez, chorou de tristeza e disse: -Por que você fez o que fez comigo? Eu gostei de você, lhe tratei como a rainha trata o rei, e eu venho a descobrir que você era noivo antes de me conhecer?! Você nunca gostou de mim de verdade!

–Sandara, eu sempre gostei de você! Eu sem…

–CALE-SE! Eu não quero ouvir mais nada!!- gritou Sandara, saindo correndo do jardim de inverno.

Nitsuke olhou para o chão e pegou a rosa. Depois disso, sentou-se no banco e tocou na testa.

–Ao invés de melhorar as coisas, só piorei tudo. Mas eu sei. Sei que agora a Sandara vai voltar a gostar de mim. Não vou forçá-la a nada, mas ela voltará para mim por que quer. Jamais por que a forçei.

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–O que está acontecendo?- perguntou Miyuki, olhando por cima do ombro.

–Deve ser a Sandara e o Fubuki. Vi o Nitsuke se indo na direção do jardim de inverno.- falou Suzuno.

–Algum dia aquele jardim vai virar um campo de batalha.- falou Mark, tocando na testa. Ele se virou para Miyuki, que estava pegando um lírio e perguntou: -O que gostaria de fazer?

–Não tenho certeza. Tem algum lago por perto?

–Tem um lago, mas é um pouco pequeno.

–Pode ser!

–É. A Miyuki adora lagos. Saberia disso se conhecesse ela melhor.

–Pelo menos não fui eu que traiu ela.- falou Mark.

–Eu não traí ela!!- gritou Suzuno. -Foi a Reina que tropessou e caiu em cima de mim! SEM QUERER!!

–PAREM!!–gritou Miyuki. Ela cruzou os braços com os dois e disse: -Vamos para o lago. E não quero ouvir vocês brigando de novo esta noite.

De longe, era uma cena engraçada, já que Miyuki não era muito alta e tanto Suzuno quanto Mark tinham altura aproximada de 1,70m.

Ao chegar no lago, Miyuki viu que havia um bote de madeira branca com dois lugares para pares. Miyuki sentou-se na ponta e, quando Mark e Suzuno começaram a brigar para sentar ao seu lado, Miyuki gritou para que os dois se sentassem nos lugares a sua frente. Os meninos pegaram os dois remos e começaram a remar.

Quando já estavam no meio do lago, Miyuki avistou algo se mechendo, mas não era um peixe. Ela pediu para que os meninos se aproximassem, o que a fez ver uma pequena raposa que se afogava. Pegou a raposa e a acalmou. Isso fez com que sua roupa ficasse molhada, mas nada de mais. Ao olhar para a raposinha, uma imagem veio á sua cabeça. Reika, lhe atacando, enquanto batia a cabeça e corria para algum local.

De repente, a raposinha começou a tentar se soltar, o que fez Miyuki cair no lago, não querendo ver a raposinha se afogando novamente.

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–Miyuki! Acorde!- falava uma voz que reconhecia perfeitamente por três anos. -O que vocês fizeram!?

Tanto Suzuno quanto Mark, Sandara, Nitsuke, Fubuki, todos estavam em volta de Miyuki, que continuava desmaiada. Sandara encostou a cabeça no peito da amiga e falou:

–Ela está viva, mas não respira. Deve ter água nos pulmões! Alguém precisa fazer respiração boca a boca.

–EU FAÇO!- gritaram Suzuno e Mark ao mesmo tempo. Os dois começaram a discutir, o que fez Sandara puxar uma katana e colocar entre os dois.

–Se minha melhor amiga morrer por causa das suas discurções, eu mato os dois!! Agora, quem vai fazer vai ser o Suzuno. Sei que você estava cortejando a Miyuki, Mark, mas o Suzuno era o antigo namorado dela e faz parte da Guarda Real, então ele sabe como fazer.

Suzuno empurrou Mark para o lado e se inclinou sobre Miyuki. Jamais queria vê-la nesse estado, mas ela parecia dormir, o que o fez sorrir e pensar:

Vai ficar tudo bem, Miyuki.

Suzuno se inclinou mais ainda e uniu seus lábios aos dela. Depois, quando voltou seu corpo para trás, viu que Miyuki estava tossindo, votando ao normal. Quando ela abriu totalmente os olhos e viu Suzuno em cima dela, com todos em volta, corou mortalmente e deu um tapa em Suzuno.

–Baka!! Como ousa me beijar depois de me trair?!

Suzuno deu um sorriso de orelha a orelha e abraçou Miyuki.

–Você voltou ao normal! Arigato!!

–O que… aconteceu?- perguntou Miyuki.

Sandara se aproximou por trás e tocou em seu ombro.

–Pelo visto a Reika te atacou e você ficou com aminésia. E você se envolveu com o Conde Kruger.

Miyuki olhou para Mark, ainda se lembrando de tudo que havia acontecido e olhou para o chão, com vergonha do que fez. Ela falava para si que gostava de Mark e que sua aminésia tinha sido boa por um lado, mas a segunda parte não era verdade. Até com aminésia, se apaixonara por Suzuno, e isso era algo que queria, mas não podia mudar.

Suzuno e Sandara a ajudaram a se levantar e assim, Lika falou:

–Garotas, vamos levá-la para o quarto. A Miyuki precisa descançar.

–O que ela e a Sandara precisam é de uma morte bem lenta. Já me atrapalharam demais. O resto de vocês poderá morrer depois.

Ao ouvirem isso, todos congelaram em seus lugares. Ao olharem para trás, viram Reika parada em cima do telhado do jardim de inverno, com um sorriso largo, mas fúnebre ao mesmo tempo.