Maria, Where Did You Go? escrita por Ldebigode


Capítulo 17
Hospital


Notas iniciais do capítulo

OOOOOOOOOOOOOOI k *--* tudo bom amores? Ta aí mais um capítulo pra vocês! Ó, eu vou começar a postar mais umas 8347321879812 fics, poisé heh/ UAHSUA ah, ta aqui uma foto de como eu imagino o lindo do John: http://27.media.tumblr.com/tumblr_m1cpneZvd61rs8mydo1_500.jpg fiquem à vontade pra imaginarem ele como quiserem, ok?
ah, e uma foto da menininha que aparece no fim do cap, a katy:
http://3.bp.blogspot.com/-dIMQkKf5zko/TjxMTwCggyI/AAAAAAAACs4/fkOIp-IPGz8/s1600/sindromededown.jpg
enjoy ♥



Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/184166/chapter/17

Acordei umas três horas da manhã sentindo meu estômago de cabeça para baixo.

O avião inteiro dormia. Havia um aviso para que todos colocassem seus cintos, estávamos passando por uma breve turbulência; por isso o avião chacoalhava tanto.

Encarei os saquinhos de vômito presos na cadeira, e senti necessidade de usá-los. Mas fiquei com um pouco de nojo. Soltei o cinto e caminhei, com dificuldade, até o banheiro, segurando em todas as cadeiras para não cair.

No exato momento que abri a porta do banheiro senti toda a cerveja que tomei de tarde voltar à minha garganta. Quando terminei de vomitar me senti bem mais fraca, mas senti um alívio imenso.

Voltei para minha cadeira e despenquei na mesma. Coloquei a cabeça no colo de Billie. Ele acordou – ligeiramente – e ficou mexendo no meu cabelo, o que me deu um pouco de sono, mas não adormeci. Graças à maldita turbulência. Do nosso lado havia um velhinho, de uns setenta anos, e me olhava como se eu fosse uma aberração. Até parece que nunca viu ninguém passando mal.

Depois de algumas horas, de manhã, finalmente chegamos à Los Angeles. A melhor coisa é respirar o ar poluído de Los Angeles depois de uma semana em um lugar tão bom como Oakland. Pois é.

- Bom dia – disse Billie, meio sonolento – você está bem?

- Não... Vomitei a noite inteira.

- Nossa, mas está melhor?

- Agora estou... Um pouco... Só meu estômago ainda dói.

- Bem, qualquer coisa que você precisar a gente passa numa farmácia.

- Não, não, nossa prioridade aqui é John.

Saímos do avião, pegamos as malas, e depois de toda a enrolação no aeroporto finalmente seguimos para a cidade. É, acho que eu sentia mais falta de L.A. do que eu imaginava.

- É aqui – falei, ao encontrar o hospital infantil St. Patrick – St. Patrick’s Hospital.

- Vamos. – ele disse, e segurou minha mão. Acho que eu comecei a tremer, de tão nervosa – fica calma, ele vai ficar bem.

Assenti e entrei. Logo na entrada vimos várias enfermeiras. Elas brincavam com algumas crianças, que pareciam ter algum tipo de doença. Não exatamente doença, mas pareciam crianças especiais... Como John. Acho que não mencionei. John tem síndrome de down. Em um grau muito baixo, mas tem. Isso não faz dele diferente, só especial. Ele é extremamente amoroso.

Andei até a recepção, e Billie foi ficar com algumas crianças. As enfermeiras primeiro olharam meio torto pra ele, mas depois que as crianças começaram a brincar com ele, elas nem ligaram. Achei aquilo muito fofo, e fiquei imaginando se algum dia teríamos um filho.

Sacudi a cabeça e lembrei o objetivo de estar ali. John.

- Oi, to aqui pra ver meu irmão, John Sketch – falei. A mulher da recepção tinha cabelos loiro-platinados e estava lixando as unhas. Olhou pra mim com um olhar de nojo, principalmente depois de ver minhas tatuagens – posso saber em que quarto ele está?

Ela abriu uma gaveta e ficou olhando umas fichas, separadas em ordem alfabética. Enquanto ela procurava, olhei para trás e vi Billie, brincando com uma garotinha. Ela estava em suas costas, e ele fazia de conta que era um avião. Ela parecia ter down também, e parecia muito feliz. Seu sorriso era lindo, não pude deixar de sorrir também.

- Moça? – a mulher da recepção chamou – John Traver Sketch?

- É, isso mesmo – Traver é o sobrenome de minha mãe. Eu não o tenho.

- Corredor 4, quarto 28. Primeiro corredor à esquerda.

- Ok, muito obrigada – falei, sorrindo. Ela me olhou com repulsa.

Andei até Billie. A menininha havia o derrubado no chão e estava fazendo cócegas nele.

- Ei, crianção – chamei – vou ver o John, tá? Nos encontramos depois.

Ele se levantou, sério, segurando a menina no colo.

- Quer que eu vá com você?

- Acho melhor eu ir sozinha primeiro... Depois eu te encontro – cheguei mais perto, olhando nos olhos da menininha – e como é o nome dessa princesa aqui?

- Fala seu nome pra ela – disse Billie, sorrindo para ela. Ela escondeu o rosto nas mãos – vamos, fala seu nome! Senão eu vou ter que falar, hein!

- Katy – ela disse, sorrindo envergonhada. Ela não tinha um dos dentes da frente, devia ter uns seis anos, era muito fofa. – e o seu nome, qual é?

- É Maria – falei, apertando sua mão – muito prazer, Katy.

- Prazer, Maria!

- Agora eu tenho que ir lá ver meu irmãozinho, tá, Katy? Mas já, já, eu volto pra brincar com você.

Ela sorriu, escondendo novamente o rosto nas mãos. Dei um risinho e segui para o corredor 4.

Estava com medo do que poderia ver lá. Haviam muitos pais sentados em cadeiras ao lado das salas, muitos deles chorando. Pelo que eu via na janela de alguns quartos, as crianças, de no máximo oito anos, cheias de tubos, respiradores, soro, eu sabia que John não devia estar muito melhor do que aquilo.

Quando achei o quarto 28, meu coração falhou uma batida. O quarto de John não tinha janela. Coloquei a mão na maçaneta, mas quando ia entrar fui impedida por uma voz um tanto familiar.

- Ei, o que está fazendo?! Só médicos podem entrar, e... – ela parou de falar. Acho que tinha me reconhecido.

Aquela mulher de cabelos Chanel, terno e aparência séria estava diante de mim de novo. Uma mulher que um dia eu chamei de mãe.

- Filha...? – ela disse, gaguejando.

- Oi... Cassie. – me recusei a falar “mãe”.

Ela me abraçou com força.

- O que está fazendo? – falei, soltando-me dela.

- Abraçando minha filha que não vejo à quase um mês.

- Eu vim ver meu irmão – falei, fria, abrindo a porta do quarto 28.

Quando pisei dentro do quarto, entrei em choque. John, aquele pequeno menino de quase sete anos, cheio de tubos, tomando soro na veia, no respirador. E o eletrocardiograma não mostrava que John estava bem.

Tudo começou a girar. Só de ver o meu bebê ali, naquela cama, entre a vida e a morte, meu mundo caiu. Tentei correr para abraçar John, mas meus pés não saíam do lugar. O quarto parecia de cabeça para baixo. Alguém me agarrou, achei que fosse Cassie.

- John... John – eu tentava gritar, mas a voz não saía.

Senti tudo apagar. Alguém me segurou no colo e me levou pra fora.

(...)

- John! – acordei gritando. Não tinha sonhado, mas pensei ainda estar no quarto 28.

- Calma, calma – disse Cassie, segurando minha mão – tá tudo bem. John está bem.

- Está mesmo?

Ela hesitou em responder, então eu soube que não estava tudo bem.

- Onde está Billie? – perguntei, olhando em volta. Estávamos perto da recepção, no mesmo lugar que estávamos quando eu e Billie chegamos.

- Quem? – disse Cassie, revirando os olhos.

- O garoto que estava comigo. Que falou com você no telefone.

- Ah, sim. Eu não o conheço pessoalmente.

Revirei os olhos e fui procurar por ele. Procurei onde estavam aquelas crianças mais cedo. Agora não tinha quase ninguém lá, só ele, aquela garotinha; Katy, e mais umas duas crianças. Katy estava no colo de Billie, e ele lia uma história pra ela.

- Billie – falei, minha voz saiu quase um sussurro. Ele colocou Katy no chão, falou alguma coisa para ela e correu para me abraçar.

- Tá tudo bem? E como ele tá?

- Ele não tá bem, Billie – falei, com lágrimas nos olhos teimando em sair – ele tá cheio de tubos, tá no respirador, o coração dele tá quase parando, eu não sei se ele vai...

- Ele vai ficar bem – disse Billie, me interrompendo e logo depois me dando um selinho.

Ele se virou para Katy e lhe deu um beijo na bochecha, dando boa noite e despedindo-se.

- Vou dormir aqui hoje – disse minha mãe, quer dizer, Cassie quando nos aproximamos.

- Cassie, este é Billie. Que você falou no telefone. Billie, Cassie. Minha... mãe.

- Oi! Prazer – disse Billie, simpático, apertando a mão de Cassie – eu sou Billie.

- É... Prazer – disse ela – disse ela, com nojo.

Revirei os olhos. Billie entendeu.

- Você tá péssima, Maria – ele disse, colocando uma mecha do meu cabelo atrás da minha orelha – você precisa dormir.

- Não preciso não – falei – eu vou ficar acordada até o John sair daquele quarto.

Ele me abraçou, e eu comecei a chorar, involuntariamente. Percebi que estava encharcando sua camisa, então me separei dele.

- Billie... E o que vai acontecer se ele... – Billie me interrompeu com um selinho. Minha mãe não aprovou muito.

- Vamos dormir. – ele falou, me pegando no colo. Tentei hesitar, mas no momento que encostei minha cabeça em seu peito, adormeci.

Logo, comecei a sonhar.

Eu estava em um bosque, uma colina. Era muito lindo, a grama era verde brilhante, o céu estava azul e haviam pequenas margaridas por todo o lugar. Comecei a caminhar. Estava descalça, com a mesma roupa que estava usando quando cheguei ao hospital. Avistei uma árvore ao longe, e havia um garotinho sentado embaixo dela. Apertei um pouco os olhos, e vi; não era um garotinho qualquer, era John!

- John! – gritei, antes de sair correndo em sua direção. Ele correu para mim também, mas parou na minha frente. Eu o observei. Ele estava saudável, corado, sorrindo. Usava uma calça jeans meio velha, estava descalço e usava um casaco verde – que um dia foi meu, e ele dizia que dava sorte.

- Meu John – falei, me agachando e ficando da sua altura – como eu senti saudades, meu pequeno.

- Você foi embora... Por que você foi embora, maninha? – ele disse, como se tentasse entender.

- Eu fui uma egoísta – falei, o abraçando – eu nunca mais vou te deixar.

- Jura juradinho? – ele perguntou, estendendo o dedo mindinho.

- Juro juradinho.

Ele me deu um beijo na bochecha e eu o abracei mais forte. Eu não queria mais que tudo que aquilo fosse real, mas eu sabia que não era.

De repente, o céu azul ficou cinza. A chuva começou a cair, e ventou muito forte. John ficou pálido e foi desaparecendo aos poucos.

- John?! – eu gritava – John, está me ouvindo? Por favor, responda, está me ouvindo?

- Você me abandonou, maninha.

- Mas... Eu jurei que não faria de novo! Me perdoa, John!

Ele se virou para a direção da árvore e a apontou.

- Tá vendo aquilo, maninha? – ao longe, enxerguei uma caixa embaixo da árvore – É o meu coração.

- Não, John! – gritei, mas minha voz não saiu.

- Cuide dele. Cuide porque eu não posso mais cuidar.

E ele desapareceu. Me perguntei como um menino de seis anos e meio poderia falar daquele jeito. Mas naquele momento eu só queria trazê-lo de volta.

Caminhei até a árvore. Embaixo dela, onde a chuva não a alcançava, havia uma pequena caixa preta. Me agachei e a segurei.

Abri.

Dentro dela, para meu desespero, havia um coração.

Um coração que havia parado de bater.


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!


Notas finais do capítulo

Tenso esse capítulo né? muito sad T-T chorei litros T-T mas espero que tenham gostado, no próximo capítulo as coisas vão melhorar! Quero reviews , hein U____U UAHSUA
amo vocês~
xoxo L