27- Maybe a New Life.

Quando eu cheguei no orfanato, depois de catar as lembranças que eu tinha do lugar, concluí que ele não havia mudado muito. Eu fiquei no mesmo quarto de quando eu tinha 6 anos. Só que, daquela vez, não havia ninguém na outra cama. Eu acomodei minhas coisas em cima da cama e me sentei ali.

- Você vai ter de seguir alguns horários, ok? Quando sua liberação da escola terminar, você vai voltar a estudar normalmente. O jantar é daqui a pouco. – A dona do orfanato disse.

Assenti.

- Sim, senhora. – Falei.

Ela assentiu e me deixou sozinho para arrumar as minhas coisas. Não demorou para que eu arrumasse minhas poucas roupas no armário, meu notebook e etc, etc. Um sino tocou logo depois, avisando que o jantar estava sendo servido, e eu tive dificuldades de descer as escadas de muletas. Para minha surpresa, uma garota apareceu atrás de mim.

- Precisa de ajuda? – Ela perguntou, e eu reconheci aquela voz.

- Selena? – Perguntei, me virando, e a encontrando bem a minha frente. Ela abriu um sorriso. – O que você...

- Eu posso visitar você, sabia? – Ela perguntou. – Precisa de ajuda pra descer?

- Adoraria. – Falei, e ela me amparou pelas escadas até a sala de jantar. Ela não podia ficar mais lá, mas me prometeu que no dia seguinte estaria lá comigo, e eu percebi no jantar que eu não era tão anti-social assim. Eu até fiz amigos novos naquele dia. Todos órfãos como eu. Chaz, Ryan, Chris, Luna e Jessie eram da minha faixa de idade. Na sala eram cinco mesas separadas, e eu fiz amizade com todos da minha mesa. Todos tinham histórias tristes. Ryan foi abandonado na porta do orfanato quando bebê dentro de uma caixa de papelão pela mãe, que era uma mulher de vida fácil, e morreu quando Ryan tinha seis anos, estrangulada por um cliente. Chaz foi abandonado pela mãe, que tinha câncer e não podia cuidar dele. Ele morava no orfanato mas passava tempo com a mãe, até que ela morreu, quando ele tinha 10 anos. Ele tinha a mesma idade que eu. O pai de Chris matou a irmã dele, Caitlin, e a mãe, Debora, e depois se matou, quando Chris tinha três anos. Agora ele tinha um ano a menos que eu. Luna era espancada constantemente pelo padrastro, até que simplesmente não agüentou mais. Ela tinha 14 anos, e fugiu de casa com 10. O homem foi preso depois que ela tomou coragem e o denunciou. Jessie perdeu os pais num incêndio com oito anos, e tinha a mesma idade que eu, Chaz e Ryan.

- E você? – Ryan me perguntou. – Como veio parar aqui?

- Hum... – Murmurei. – Como eu explico? Eu... Tinha menos de cinco anos quando meu pai me tirou da minha mãe á força, quando eu ainda morava no Canadá, e me trouxe para Nova York. Ele bebia, tentou me violentar, e quase nos matou quando bateu com o carro. Me tiraram dele, e eu vim pra cá pela primeira vez. Então, eu fui adotado com seis anos. Mas... Aconteceram algumas coisas, e... E eu simplesmente fui devolvido.

- Sinto muito. – Jessie disse. – Como você... Quebrou as pernas desse jeito?

- Eu... Fui raptado. – Falei. – Gente barra-pesada. Queriam que eu falasse algo sobre meu irmão da minha família antiga, e eu não quis, então eles me bateram por dias, e acabaram quebrando minhas pernas.

- Quem é seu irmão? – Ryan perguntou.

- Curte corridas de T-180? – Perguntei. Ryan e Chris assentiram. – Ele é piloto. Sabe, Kendall Knight.

- Está brincando! – Luna disse. – Mesmo? Ele é demais!

Eu ri.

- Não, não estou. É, ele é bem legal. Tirando alguns surtos de egocentrismo, ele é legal. – Falei.

- O que queriam do seu irmão? – Jessie perguntou.

- Queriam que ele virasse rachador. – Inventei, mas não deixava de ser verdade. Eu não ia dizer simplesmente Eu sou do FBI e aqueles caras me seqüestraram por que queriam chips megapoderosos que estavam com meu irmão.

- Quem era a menina que estava com você? – Chris perguntou.

- Selena. – Disse. – Ela... É uma amiga.

- Amiga? – Ryan perguntou. Eu ri e garfei a salada que estava em meu prato.

- Tudo bem, talvez mais que uma amiga. – Confessei. Ouvi Jessie e Luna expressarem um Aaaawn..., e sorri. – Mas... Não é nada oficial.

- Ela é muito bonita. – Luna disse. – Como ela é? Como se conheceram?

- Numa viagem. – Falei. – Miami. Não vou dizer que foi amor à primeira vista por que não foi, mas... Eu comecei a gostar dela, mas fiquei com medo de que ela não correspondesse. Então... Ela simplesmente disse pra mim que me amava, e eu me declarei pra ela.

- Espera. – Chris tentou entender. – Você já se declarou pra ela?

- Sim. – Falei.

- Já se beijaram? – Jessie perguntou.

- Sim... – Falei. – Aonde estão querendo chegar?

- Já saíram juntos? Encontro? – Luna perguntou, me ignorando.

- Algumas vezes. Por quê? – Perguntei.

- Já... – Chaz, que ainda não havia dito nada, começou. – Fizeram?

- Não! – Quase gritei. Chaz riu da minha cara de surpresa.

- Ok, ok, brincadeira, brincadeira. – Ele riu. – Só queria ver sua reação.

Bufei.

- Por que essas perguntas todas sobre ela? – Perguntei.

- Por que você ainda não a pediu em namoro? – Ryan concluiu o pensamento. Eu encostei os dois dedos indicadores.

- Hum... Serve por que eu tenho 13 anos, e ela, 19? Isso caracteriza pedofilia. – Respondi. – E... Eu tenho medo da reação dela.

- Faz sentido. Pedofilia... Mas, você não quer?

- Sim, mas de acordo com a lei isso é errado. Eu... Acho que vou esperar eu fazer 14 anos, e eu fico livre disso. – Falei.

- Com certeza aí a fila vai andar. – Chaz disse. Eu o fitei com uma das sobrancelhas erguidas, mas ri e comecei a comer de verdade. – Eu estou falando sério, man! Ela é bonita, parece ser simpática, acha que uma gata dessas vai ficar sozinha por muito tempo?

- Ela não está sozinha. Ela está comigo. – Falei. – Só não estamos definitivamente namorando. Só isso.

- Que bonitinho... – Jessie disse.

Nós rimos e terminamos de comer em silêncio. Depois do jantar, eu fui para meu quarto. Abri minha mochila e a primeira coisa que caiu no colchão foi o mini modem que Kendall me deu. Usei-o em meu notebook para entrar na internet, e, assim que abri meu Skype, eu tinha as duas pessoas mais importantes da minha lista de contatos disponíveis. Kendall e Selena. Não demorou para que Kendall começasse uma conferência comigo e com Selena com nossas web-cams. Eu, de óculos, ainda machucado, ficava mais feio ainda com aquela câmera.

- Hey, man! – Kendall disse. – Como vai?

- Como está sendo o dia? – Selena perguntou.

- Queria estar em Miami. – Disse. – Falando nisso...

- Mirage nos ligou hoje falando do nosso pagamento! – Kendall disse. Eu ri.

- Quanto? – Selena perguntou. Kendall fez suspense.

- Adivinha, nerd. – Ele disse. Eu suspirei.

- 5 mil dólares? – Perguntei.

- Multiplique por 10. – Kendall disse. Arregalei os olhos.

- 50 MIL?! – Perguntei.

- 50 mil?! – Selena reforçou.

- Sim! Para cada um! – Kendall disse. Abri um sorriso. 50 mil dólares? Meu Deus, não era um sonho?

Tomara que não.