- Sue, pelo amor de Deus fiquei quieta menina. - a garota loira de cinco anos fez um bico. 

 - Mas, mamãe o papai Chris 'tá tocando, olha que legal... - sorri vendo seus olhos azuis que outrora ficavam verdes brilharem. 

 - Ok, meu amor, mas, eu toco melhor que ele né?! - falei brincando e ela riu. 

- Sim, minha mamãe toca bateria melhor que o mundo inteiro. 

 Primeiro show de volta dos meninos e, o local estava lotado. O que faz pensar que quando é fã de verdade você não abandona o amor pelos seus ídolos nem que passem tanto tempo parados. E era isso que aconteceu. 

 Sue pulava ao meu lado, estava amando. Filho de peixe peixinho é, realmente. 

 Estávamos em cima do palco, nos bastidores, viamos eles de lado. Aquilo me dava lembranças antigas de quando eu tinha minha rixa com o Andy, agora éramos amigos... Bons amigos. Ele nunca mais tentara nada comigo, na verdade, ele nunca mais ficou com ninguém. Ash tinha casado a menos de três meses com a Clare, e até o Coma estava namorando sério com a prima loira da Meg, a Rose. Mas, eu tinha planos para ajudá-lo.

 - Tia Liv! - minha filha sorriu olhando para trás. Virei-me e encontrei uma mulher de cabelos dourados no tom escuro e cacheados, com os olhos castanhos fitando tudo com cuidado. Usava roupas casuais e claras, nada fácil de encontrar em um show do Black Veil Brides.

 - Que bom que veio. - cumprimentei a professora da Sue.

Seu nome é Olive, tem a minha idade, uma velha mais nem tão velha amiga. Conheci ela no primeiro de aula da garota. 

- Ah, eu não ia vim... - sua voz suave, era algo que fazia qualquer um se apaixonar por aquela mulher linda que não precisava de maquiagem para ficar bonita. 

- Tia Liv, você já viu meus papais tocando? 

- Ah, sim... Eu sou uma grande fã deles querida, sabia que eu até tentei aprender a tocar guitarra. - ela falava e Sue abriu um grande sorriso. - Mas, creio que não tinha tanto talento. 

Ri imaginando aquela mulher tão parecida com a Taylor Swift de olhos escuros tocando uma guitarra loucamente. Uma cena um tanto engraçada.

- Sabia que você estava aqui. - nunca feliz tão feliz de escutar aquela voz dele. - Sua risada escandalosa, ecoou por todo o lugar. 

- Cale a boca, Andy. 

Ele sorriu, e me aproximei dele tentando borrar mais a mancha preta que se encontrava em sua bochecha.

- Jeremy já está pronto? - perguntei fitando os olhos azuis que ainda fazia minhas pernas bambas.

- Ele está no camarim gritando com o Jake, normal. - deu de ombros e ri. 

- É que coitado do Coma, está no palco a um tempinho fazendo sabe Deus o quê distraindo a plateia. 

- Ah, ele que pediu isso. - arregalei os olhos, porque sei o quanto depois os braços ficam doendo de tanto tocar. - Pois é, cara louco.

- Tio Andy. - Sue que até o momento estava tendo uma conversa animada com Liv deu atenção ao homem alto ao meu lado.

- Vem cá sua mini loira. - colocou ela no colo.

Olhei para Olive que estava parada ao meu lado, com o rosto vermelho de vergonha. 

Ah, sim. 

Ela é fã deles. 

- Andrew meu queridinho, conheça a professora da Sue, Olive Moore. - ele meneou a cabeça de lado e ela sorriu de leve. 

Olhei para ele que me fitou de um jeito engraçado, pedindo explicações. 

- Sue, porque você não vai apresentar Liv para o papai? - ela concordou abrindo um belo sorriso com seus dentes pequenos e Andy a colocou no chão puxando a moça pela mão. 

- Porque estou com um pressentimento quando você me apresentou sua amiga?

- Ora, vamos você achou ela bonita. - tentei sorrir mesmo que tudo que eu estava fazendo machucasse.

- Não tanto quanto você. 

Sorri sem graça.

- Desculpe, sai sem querer.

- Tudo bem. - falei prontamente.

- Eu sei, o que está tentando fazer e agradeço.

Estreitei os olhos e frizei meus lábios. 

Ele estava recusando.

- Andy, você tem que seguir sua vida, faz tempo que não vimos você saindo sem que seja um de nós...

-  Você não entende, eu sou feliz desse jeito. Estou feliz vendo você feliz.

- Mas, eu não estou feliz vendo você assim. - falei rispida.

- Eu não quero brigar com você por isso.

Relaxei os ombros, como sempre sou cabeça quente.

- Também não...

Colocou sua mão em meu ombro apertando levemente. Vendo por outros olhos, aquilo era um toque sútil, sem efeito nenhum, mas, para nós dois aquilo era muito.

- Então não me peça para ficar com alguém, eu te amo e mesmo assim te machuquei. - suspirou cansado. - Imagina o estrago que eu poderia fazer com ela.

- Você amadureceu, eu estou confiando em você. Sei que não fara nenhuma besteira. 

- Sei que para você eu não signifiquei nada...

Ele sempre dizia aquilo. Sempre dizendo que nunca significou nada para mim, aquilo machucava, machucava muito. Uma pequena mentira que durante esses anos cresceu, e até cogitei a ideia de ser verdade, mas, no fundo sabia que era uma grande blasfêmia criada pela minha mente pertubada.

- Eu te amo. - soltei de supetão fazendo-o arregalar o olho pela forma firme que eu disse. - Sempre te amei, por isso estou fazendo isso... Vejo você triste, sozinho sinto-me culpada por isso, sei que sou a culpada, penso que fazendo isso estarei ao menos me redimindo um pouco por tudo.

- Mas, você disse... - tirou a mão de meu ombro e soltou ela com tudo ao lado de seu corpo.

- Eu menti... 

Ele me olhou sério e depois suavizou sua expressão. 

- Você mentiu para não me sentir tão culpado, estou certo? - um leve sorriso estampou o seus lábios tingidos de vermelhos. - Seria muito mais fácil fazer você acreditar que nunca gostei de você, na época era uma boa teoria, agora parece idiota. - ri pelo nariz. - É agora, que você briga comigo...

- Não vou fazer isso, eu te amo demais para perder tempo com coisas assim. - sua mão parou em meu rosto colocando uma mecha loira rebelde atrás de minha orelha. - Você que deveria me odiar e, não tentar me fazer feliz, tudo que lhe fiz foi mal, e ainda recebo sua compaixão de troca. Sei que não sou merecedor de tudo isso, mesmo que eu não esteja com você, ver seu sorriso todos os dias é gratificante, é o que me faz acordar todas as manhãs sabendo que está bem, mesmo que não seja ao meu lado. - meus olhos ardiam pelas lágrimas que queriam sair, as palavras ditas por ele, eram tão sinceras. Fazia meu coração bater forte, o contato de sua mão em meu rosto dava um frenesi enlouquecedor. Sua respiração próxima me fazia esquecer de tudo. - Sinto-me idiota, por ainda não entender ao certo o porque de sempre ser tão boa comigo, ainda me desejar bem.

- Eu te odeio Andrew. - minha voz saiu e as teimosas lágrimas desceram, ele foi rápido e limpou elas delicadamente com o polegar. - Eu te odeio tanto, que foi por esse sentimento tão estranho que me fez me apaixonar por você. - Sorri, vendo sua cara de confusão. - Tudo que me fez sofrer, todas as noites que eu chorei sentindo sua falta, me martirizando por confiar em você. Porém, foi tudo isso, que me fez ver que o mundo não é um conto de fadas, nada é perfeito ou imperfeito. A vida é um grande aprendizado. E as coisas que eu mais odeio em você foi o que me fizeram te amar. Apesar de tudo que aconteceu, as reviravoltas que teve em nossas vidas, nunca se esqueça; eu te amo agora e para sempre, não importa se estamos juntos ou separados. Sempre será você. Então me prometa, seguira sua vida, como eu segui a minha. 

Ele selou seus lábios em minha testa. E com ela ainda em contato com minha pele ele falou:

- Faço isso por você, sempre será nós dois...

- Sempre. 

FIM.