Haviam se passado três meses depois da morte dos meus pais, Charlie e Renée. Esse acontecimento me derrubou... De repente as duas pessoas que seguravam minhas mãos me mantendo em pé se foram, e de repente eu me vi sem saída, a não ser chorar e chorar...

Foi no dia 12 de maio, uma sexta. Meus pais como sempre, foram jantar fora. Era aquela coisa de não deixar o relacionamento cair na rotina. Eu iria ficar em casa de novo, estudando ou lendo. Diferente do que você deve pensar, eu não era e nem sou de sair para baladas e essas coisas. Eu prefiro um livro em casa a uma noite que provavelmente eu nem me lembraria mais no outro dia. Eu prefiro um cappuccino bem quente e forte da Starbucks a uma garrafa de Vodca. E meus pais pareciam ter orgulho por eu ser assim e por ter mente tão aberta para o meu futuro. Quero ir para Oxford ou Harvard. Mas meu principal objetivo é Stanford. Meu pai era chefe de policia de Forks e minha mãe tinha um hotel com meu pai. O The Swan Hotel tem várias filiais e é 4 Estrelas graças ao trabalho bem feito dos meus pais. Esse hotel nos deu a oportunidade de ter uma vida boa, com lazer e casa grande. Nós éramos ricos, obviamente, mas preferíamos usar o dinheiro com cuidado.Eu estava estudando normalmente na sala com comida chinesa, coca cola e com um filme qualquer de comédia romântica passando na TV. E então meu telefone toca...

Flashback – 12 de maio, 22h37.

O telefone tocou me despertando do mundo onde eu estava. Era assim toda vez que eu lia como naquela noite, era Orgulho e Preconceito. Jane Austen é incrível. Peguei o telefone enquanto tomava um gole do refrigerante.

– Residência dos Swans.

– Alô. Isabella Swan? – uma voz masculina e triste soou do outro lado da linha.

– Ela mesma, quem é?

– (um pigarro) Isabella, você poderia comparecer ao Hospital Municipal de Forks? – ele foi hesitante ao falar. Eu entrei em pânico.

– O quê? – gaguejei.

– Seus pais perderam o controle do carro e caiu penhasco à baixo... Sinto muito...

Eu senti um nó se formar na garganta, minha boca ficou seca e sentia aquela ardência pré-choro nos olhos. Eu nem ao menos sabia o que havia acontecido e já estava sentindo que coisa boa não era.“Oh, meu Deus!” “Por favor, se o Senhor realmente quer meu bem, por favor, que meus pais estejam bem”.

Essas eram as únicas coisas que eu pensava enquanto saia correndo atrás das chaves de casa, os documentos necessários e do carro e disparava para o hospital. Eu nunca dirigi tão rápido na minha vida!

Eu cheguei ao estacionamento, mais atrapalhada que o normal por conta da pressa, e sai correndo em direção aquele lugar onde evitara entrar o máximo que eu podia. Eu fui direto ao balcão onde tinha uma mulher com a aparência de uns 39 anos, ela tinha a expressão cansada e envelhecida.

– Boa noite.

– Eu quero saber onde está Charlie Swan e Renée Swan, por favor. – eu não estava com paciência de ser educada.

Ela começou a fuxicar num computador velho. O tempo que ela levou para uma pessoa desesperada foram eras. Quanto eu ia gritar com ela pela demora, ela começou a falar

.- Eles estão no terceiro andar no quarto 23 e 24. O que a senhora é dos pacientes?

– Filha.

– Oh – o semblante dela se entristeceu e eu tremi.

– Preciso dos documentos de seus pais para... – ela pareceu escolher as palavras certas – Deixe os documentos aqui e pode subir, chamaremos se precisarmos de mais alguma coisa.

Eu não respondi e sai e marchei rapidamente para o elevador. Os minutos pareciam horas, e o ar chegava cada vez menos aos meus pulmões. Eu tentava a todo custo me manter bem pois não estava confirmado que algo ruim aconteceu. Argh! É claro que a cada segundo que se passava estava mais confirmado aquilo que eu rezava para que não acontecesse. Deus não estava sendo justo me tirando as duas pessoas mais importantes da minha vida, não mesmo!

O elevador se abriu e no outro segundo eu me vi encarando as duas portas que fariam meu mundo desabar ou meu alivio ascender. Eu me prendia totalmente à segunda opção. Eu abri a porta do quarto 23 segurando a maçaneta com mais força que o necessário. E não havia ninguém lá. Meu coração disparou e eu fui direto para a porta 24. Nada. Então eu fui tomada por um desespero avassalador. Eu não sentia mais minhas mãos, minha boca estava completamente seca e eu tremia. Eu tremia tanto que meus dentes trincavam. E, enfim, deixei as lágrimas arrancarem o nó que estava na minha garganta, impedindo-me de respirar.

Oh não! Eles não me deixaram, eles não poderiam ter feito isso, eles sabem que eu preciso deles! Por favor, que a moça tenha me dado a informação errada e que eles estejam se recuperando!

– Moça, você está bem? Precisa de ajuda? – uma voz me fez pular de susto. Eu me virei e era um homem vestido todo de branco, ao que indicava ser médico, com aparência de ter uns 50 anos, cabelo totalmente branco.

– Eu... Eu... – eu disse intercalando entre olhar para ele e para a porta, sem conseguir falar.

Ele pareceu perceber e seu semblante entristeceu, como com a moça do balcão.

– Oh, não te avisaram? – ele não parecia saber como dizer.

– Não. O quê? O que aconteceu? – eu senti o nó voltando a ser formar na minha garganta.

– Eles não resistiram, a pancada foi forte demais, eles bateram a cabeça. Se foram ainda na ambulância. Eu sinto muito...

Não! O que eu faria agora? Oh, Deus!

Eu comecei a chorar convulsivamente. Deus acabara de tirar as duas pessoas que me mantinham em pé! E então tudo passou como um borrão. Eu passei aquele dia com Ângela, chorando e molhando a sua blusa.

Fim do Flashback.

E então esses três meses passaram como um borrão. Eu já não vivia mais, eu apenas existia...