As glórias do High School escrita por Milla Maia


Capítulo 2
CAPÍTULO 1 – Bem-vinda, Caloura!


Notas iniciais do capítulo

Olá!
Aqui está o primeiro capítulo!
Boa leitura =)



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                - Então quer dizer que vocês não fizeram a lição de casa? Ninguém? É bastante curioso que isso tenha ocorrido, já que não há só quarterbacks e líderes de torcida despreocupados nesta classe. O que você tem a dizer, Srta. Brandon? – Em apenas três dias lecionando em Forks High School, Isabella já havia percebido que, basicamente, a estrutura discente do colégio havia se mantido: ainda havia brutamontes nos Spartans, líderes de torcida desmioladas, nerds e alguns roqueiros/góticos (a distinção não era muito clara) adeptos ao monocromatismo dark. A pequena Alice Brandon era nerd e gótica, ou seja, totalmente confiável. Pelo menos, era nisso que a professora iniciante acreditava...

                - Srta. Swan, sinceramente? A sua última lição foi patética. Nós estamos no último ano, não na primeira série. – Alice Brandon demonstrou firmeza ao confrontar a professora de Literatura Inglesa. A garota de 17 anos, com uma estatura abaixo da média e uma compleição física e traços faciais delicados, usava camadas e mais camadas de sombra preta sobre as pálpebras, batom roxo e era exageradamente pálida. Suas roupas de grife eram inteiramente pretas.

                A turma riu do comentário de Alice.

Enquanto soltava um risinho irônico, Jasper Whitlock – o capitão louro e clichê dos Spartans – levantou-se.

                - Sabe quando foi a última vez em que eu li um livro, Srta. Swan? Bem, eu nunca li um livro em toda a minha vida! Eu poderia ter conseguido alguma resenha na internet, mas você não indicou exatamente qual era o livro da vez. Esse é o seu trabalho, ou não?

                - Oras, Sr. Whitlock, eu já esperava isso dos quaterbacks desmiolados. Já estive no colegial, afinal. O que muito me surpreende é que alunos disciplinados como Alice Brandon, Angela Weber e Tyler Crowley estejam compactuando e participando dessa sabotagem coletiva e descabida. É uma atitude infundada, vocês sabem.

                - A sua didática é péssima, professora. Até a Sra. Goldenberg conseguia disfarçar a incompetência dela melhor do que você. – Kate Denali, a pequena e adorável irmãzinha de Tanya, agora uma líder de torcida não tão adorável, foi categórica.

                Isabella estava a ponto de arrancar os cabelos.

Os alunos do primeiro ano haviam se comportado bem em todas as aulas que já havia dado nos seus três primeiros dias de trabalho. Os alunos do segundo ano haviam se mostrado um tanto quanto receosos e mantiveram-se quietos, calados e apáticos em todas as aulas. A classe do ano Junior também havia se mostrado estranhamente inerte. Por fim, ela não havia formado uma opinião muito concisa sobre os alunos do último ano – pelo menos até aquele momento. Eles haviam respondido às suas perguntas sobre qual havia sido o último assunto abarcado nas aulas da antiga professora, Sra. Goldenberg (que, pelo que Bella se lembrava de seus tempos em Forks High School, era uma megera excêntrica e com uma voz particularmente esganiçada), e haviam aparentemente prestado atenção às suas explicações sobre o Romantismo britânico, na segunda-feira.


Explanou sobre Lord Byron, seus poemas românticos repletos de senhoras casadas e sátiras implícitas à hipocrisia da alta sociedade que, aparentemente religiosa, era, de fato, altamente libertina. Falou entusiasmadamente sobre Mary Shelley e seu emblemático romance de terror gótico Frankenstein. Ela então pediu que eles escrevessem um pequeno texto, que deveriam lhe entregar na próxima quarta-feira, fazendo um apontamento crítico sobre as principais características do Romantismo em algum livro que já houvessem lido – de Byron, Shelley a Oscar Wilde e Austen. Ela sabia que eles já haviam lido pelo menos um daqueles autores, afinal, quem ainda não o havia feito? Todos os alunos do primeiro ano haviam lido Emma, em outubro do ano anterior, no primeiro bimestre. Eles já estavam em janeiro, pelo amor de Deus!


                - Oh, é claro. Vocês realmente podem falar sobre a minha competência didática ou sobre a falta dela após não terem feito a lição... Só gostaria de relembrá-los que, como a Srta. Brandon categoricamente afirmou: vocês estão no último ano, meus caros! Vai ser bem divertido ver vocês tendo os seus pedidos de admissão universitária sendo recusados em virtude das baixas notas em Inglês e Literatura Inglesa. Na verdade, não! Não será nada divertido e eu não vou permitir que vocês façam isso. Vocês não me conhecem. Eu não os conheço. Mas vocês irão fazer o texto que eu solicitei e entregá-lo amanhã. Caso não entreguem a lição, vocês perderão 10 pontos e, possivelmente, terei que convocar os pais de vocês para um conversa séria.

                Enquanto discutia com os seus alunos, Isabella andava descontrolada por toda a sala, passando as mãos pelo cabelo vezes sem conta. A professora de Literatura Inglesa estava vestida com uma saia lápis azul marinho e uma delicada blusa de seda branca. Como sempre, não havia saltos em seus sapatos, que eram sapatilhas confortáveis e pretas.

                - Não entendo vocês... – Ela havia pressionado o topo do nariz entre o indicador e o polegar de uma das mãos e fechado os olhos, enquanto continuava caminhando quando aquilo aconteceu: a porta começou a se abrir, após uma breve e baixa batida; Isabella pisou sobre uma folha de papel que estava sobre o piso encerado da sala e, ao dar o próximo passo, acabou escorregando e caindo sentada no chão.

                - Caralho! – A professora gritou instintiva e imediatamente.

                Edward Cullen, que estupefato observava a cena, tossiu e aproximou-se de Isabella, ajudando-a a se levantar. Os alunos já irrompiam em gargalhadas.

                - Srta. Swan, o que está acontecendo aqui? – “Meu Deus, ele realmente precisa usar esses ternos todos os dias? Esses ombros largos ficam indecentemente evidenciados.” Foi o que Bella pensou ao responder Edward com um gemido de frustração.

                - A professora Swan acidentalmente tropeçou em seus próprios pés, diretor Cullen. – Ben Cheney tentou parecer sério quando se direcionou ao homem recém-chegado. Falhou visivelmente quando se dobrou de tanto rir. Todos estavam rindo, na verdade. À exceção óbvia de Bella e Edward.

                - Obrigada, Edward. Quero dizer, diretor Cullen. Temo que o Sr. Cheney esteja certo. Mas, a que devemos a sua visita?

                - Gostaria de saber como você está lidando com os alunos, Srta. Swan. Ou, como se aplica neste caso, como os alunos estão lidando com você. O que vocês pensam que estão fazendo, aliás?

                Ninguém respondeu, pois tão logo a pergunta do diretor Cullen foi feita, o sinal que indicava o término da aula – e, no caso, o início do horário de almoço – soou. Os alunos se sentiram dispensados e saíram em disparada rumo ao refeitório ou ao pátio central.

                Ainda na sala, Edward sorria para Bella, que direcionava um olhar mortal à porta, pela qual o último aluno, Jasper Whitlock, saía displicentemente.

                - Bella, eu sinto muito. Eles podem ser bem difíceis, às vezes.

                - Impossíveis, eu diria. O que há com eles? Nós não éramos adolescentes insuportáveis e petulantes, éramos? Obviamente havia o idiota do Emmet e o imbecil do Jacob Black, ambos falando asneiras a cada cinco segundos. Além de Jessica e Lauren reclamando incessantemente de seus cabelos frisados ou algo assim. Mas as pessoas costumavam respeitar as aulas da Sra. Goldenberg. Eu estou sinceramente assustada.

                - Ah, Bella. Você sabe que é capaz. Eu sinceramente me surpreendi quando você me procurou antes do Natal, pedindo o emprego. Todo mundo pensava que você seria uma daquelas doutoras aos vinte e sete anos, sabe? Mas em momento algum eu questionei a sua capacidade de lecionar. Você sempre foi muito boa em ensinar o que quer que fosse. Não se preocupe. É apenas o senso de autopreservação típico desta idade, logo os alunos estarão dóceis e empenhados em aprender.

                Isabella se perguntou até que ponto Edward se referia à relação que ela começava a estabelecer com seus alunos e até que ponto ele se referia à relação que um dia, há muitos anos atrás, mantiveram. Concluiu, por fim, que em nada aludia aos seus próprios tempos em Forks High School, como alunos e não professores. Eles pouco haviam aprendido um com outro. Pouco haviam se ensinado, também. Afetivamente, tudo o que sabiam eram ensinamentos da universidade.

Edward Cullen parecia ter aprendido tudo muito bem.    



Alice estava retocando a maquiagem, no banheiro feminino localizado ao lado da porta principal do refeitório, quando Kate Denali e Victoria Lewis a empurraram para que pudessem compartilhar o espelho sobre o lavatório. As duas eram excessivamente louras e líderes de torcida. E tinham um péssimo senso de moda, com todas aquelas roupas apertadas, pequenas e fluorescentes demais. Segundo a opinião de Alice, é claro.

- Então sexta-feira você será totalmente do Jasper... – Victoria disse com a voz sugestiva e com um tom que Alice apostaria que era um tanto cobiçoso – quase com inveja. As duas não se preocuparam com o fato de não estarem sozinhas. A garota estranha que ainda se mantinha retocando a maquiagem exacerbadamente preta era quase invisível para elas – ou pelo menos era nisso que elas queriam que todos em FHS acreditassem.

- Na sexta-feira ele será totalmente meu, Vick. Você não faz idéia do quanto ele tem estado desejoso de mim nesses últimos tempos. Ele é gostoso demais.

“Ele tem estado frustrado sexualmente, isso sim. Aquele idiota. Kate Denali? Ele poderia arranjar alguém melhor por aí. Com certeza ele poderia. Eu não me importaria.” – Alice se apressou em concluir sua pintura facial potencialmente artística, enquanto pensava no imbecil do Whitlock. Tão logo acabou, saiu praticamente correndo. Estava certa de que se ela ouvisse mais uma palavra oriunda daquelas bocas excessivamente cor de rosa de Kate e Victoria, começaria a jorrar sangue de suas adoradas orelhas.

    Alice havia entrado no refeitório quando Jasper Whitlock, em sua mesa – a primeira do salão, próxima à porta principal -, chamou-a com um aceno de cabeça.

- Olá, Brandon. Como está?

- Oi, Whitlock. Definitivamente não é da sua conta.

- Uau! Ela está de mau-humor hoje, rapazes. Quero dizer, provavelmente continuará a chover em Forks, não é? No dia em que você sorrir, não haverá nuvens no céu e os termômetros marcarão 104°F. – Jasper disse claramente se dirigindo aos outros membros dos Spartans que estavam assentados ao seu lado, mas com o olhar fixo em Alice.

- Eu estou cumprindo a droga do trato, não estou? A pobre Isabella Swan não vai agüentar sequer mais uma semana. Angela e Tyler e os seus adoradores medíocres vão continuar com a sabotagem acadêmica. E você terá sexo sexta à noite. Então, pare de encher o meu saco e... – Alice quase sussurrava com sua voz melodiosa e irritantemente sexy (aos ouvidos de Jasper), quando foi interrompida bruscamente pelo garoto:

- Está se prontificando a oferecer-me sexo selvagem na sexta à noite, Brandon? Caras, vocês ouviram isso? – Ben Cheney, Royce King, Sam Uley, Seth Clearwater e Quil Ateara, que já acompanhavam com atenção a conversa do seu capitão com a equisita da escola, caíram na gargalhada e, como Jasper não se importou em sussurrar, como Alice vinha fazendo, mas sim disse tudo em alto e bom som, todas as cabeças, olhos e ouvidos se voltaram em direção à frente do refeitório, onde uma Srta. Brandon com olhos faiscantes encarava um Sr. Whitlock divertido e descontraído.

- Como eu estava dizendo, Whitlock, pare de encher o meu saco e vá se foder. Ou melhor, vá foder alguma imbecil com um cérebro menor do que o seu. Eu sei que é difícil encontrar uma garota que preencha esse requisito, mas tenho certeza que você a achou. E, caso contrário, sempre haverá os garotos do time, né!? Boa sorte, idiota.  

Dessa vez, Alice inflou os pulmões e bradou o que tinha a dizer muito claramente. Tão claramente que o refeitório ficou em silêncio absoluto até que o sinal que indicava o fim do intervalo do almoço soou e todos foram para suas respectivas salas, ainda atônitos.



Já eram três horas da tarde. O diretor Cullen andava calmamente pelos corredores de Forks High School. Ele precisava encontrar Bella e não conseguia apontar exatamente o motivo. “Talvez porque eu ainda seja um idiota alto demais, cheio de espinhas e com uma paixão platônica pela minha quase inatingível parceira de bancada da aula de biologia”. Pensou, suspirando de modo apologético. O sinal soou: as aulas daquele dia haviam terminado e seria mais fácil encontrar a professora Swan, que nos dias anteriores havia demorado tempo demais para conseguir guardar os inúmeros livros que levava para sua sala de aula.

Enquanto virava a direita, entrando no corredor principal – visivelmente mais movimentado – Edward se surpreendeu ao acreditar que alguém havia dito a palavra “caralho”.

“Adolescentes”, objurgou em pensamento.

Mais dois passos e, quase como em uma tempestade verbal, “caralhos” começaram a ser ouvidos por todos os lados.

“Ah, mas, caralho! Tecnicamente eu teria que ganhar um aumento na minha mesada todos os anos. Meus pais são um caralho.” – Uma garota dizia efusivamente.

“Pais incompetentes do caralho!” – Sua interlocutora exclamou.

“Então eu disse, porque, caralho, ou você dá ou não dá. Pare de me enrolar, caralho. Não tenho mais 16 anos, caralho.”

“Caralho! Eu não acredito que você fez isso, Megan! Você é uma fodida do caralho!”   

 Quando a estrondosa gargalhada de Emmet soou logo atrás dele, Edward rodou em seu próprio eixo. Ele estava parado há alguns minutos. Uma única palavra reverberando em seu cérebro. Uma palavra gravada sobre uma placa, rodeada por neon e luzes piscantes. Caralho.

- Edward, meu irmão! Eles estão realmente trocando vírgulas por “caralho”? O que aconteceu? – Emmet estava sorridente e bem-humorado como sempre. Queria ver o compenetrado Edward desorientado pela... O que? Segunda vez na vida?

- Isabella Swan. – Duas palavras. Acompanhadas por outra, só que apenas em pensamento, como tinha que ser: caralho.

- Bella? O que tem a Bella? Ela não diz palavrões, Edward. Ah, entendi! Você não quer que ela ouça essa verborragia inculta, não é? – Emmet começou a se preocupar com a palidez de Edward.

- Tchau, Emmet. Preciso falar com a Srta. Swan. – Então, o diretor Cullen saiu em direção à sala de Literatura Inglesa. Sabia que Bella – Isabella – ainda estaria lá. No trajeto, dizia coisas como: “não diga isso!” ou “querem uma suspensão?” àqueles que diziam a famigerada palavra. A questão é que todos estavam dizendo a dita palavra e as ameaças de Edward eram claramente desprovidas de força e eficácia.

Ele era exacerbadamente respeitado até a última segunda-feira.

Ele voltaria a sê-lo até a manhã seguinte.



O primeiro sinal para a primeira aula já havia soado e os alunos do último ano estavam curiosos devido à ausência da professora até aquele momento. O dia começava com uma revigorante aula de Inglês. Nos dias anteriores, a Srta. Swan já estava na sala antes mesmo que o primeiro aluno ali chegasse. “Será que ela já havia desistido?” era o pensamento geral, que alguns verbalizavam, quando a porta foi aberta e por ela entrou um esbaforido Sr. Cullen – o diretor. O professor Emmet Cullen jamais seria chamado pelos alunos por tão séria alcunha. Algumas alunas menos inibidas até mesmo o apelidaram como, simplesmente, Em.

- Bom dia, alunos! Antes que vocês perguntem, a Srta. Swan se ausentará das aulas de hoje devido a uma suspensão institucional. Apenas um dia, não se alvorocem. Ontem ela empregou uma palavra inadequada durante uma das aulas e as proporções alcançadas por esse acidente verbal foram grandes demais para que uma medida de contingência de danos não fosse tomada. Assim, hoje vocês terão duas aulas extras de Física! – O diretor Cullen, também professor de Física de Forks High School, disse tudo em um único fôlego. Esperava que os alunos não rissem, pois caso isso ocorresse tudo o que ele havia feito teria sido em vão.    

Os alunos pareciam assustados, o que o tranqüilizou.

Respeito, merecido respeito.

- Diretor Cullen, sem a pretensão de ser indelicada, mas o senhor realmente suspendeu a professora Swan porque ela disse “caralho” ontem? – Alice Brandon perguntou, um pouco insegura. Será que as coisas estavam indo longe demais? O pior é que era exatamente isso o que todos ali queriam – e ela não fazia a menor idéia sobre qual seria a motivação real para tamanha revelia. Ela só sabia quais eram as suas próprias motivações.

- Srta. Brandon, eu gostaria de adverti-los que a punição se estende a todos aqueles que não seguirem as regras de decoro desta escola. Caso você volte a utilizar essa palavra, serei obrigado a suspendê-la. Como a qualquer um de seus colegas. E, é claro, comunicar aos seus respectivos responsáveis o motivo de tal punição.

“Será que ele comunicou ao chefe Swan qual era o motivo da suspensão de sua filha?” – Foi o pensamento jocoso de Alice. Aquilo tinha que parar, ela sabia.

Todos permaneceram insuportavelmente quietos pelo resto da aula. Uma revigorante revisão das teorias newtonianas.  



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Notas finais do capítulo

E então? Qual o feedback?
Até mais!
Abraços =D