Aki No Ame (DESCONTINUADA) escrita por SilenceMaker


Capítulo 57
Illusions


Notas iniciais do capítulo

Eu realmente estou muito insegura com esse capítulo x.x
Eu estou porque não importava quantas horas eu ficava, literalmente, parada encarando o Word, porque eu não conseguia escrever absolutamente NADA. Foi só hoje que de repente veio uma tsunami de ideias e eu simplesmente digitei tudo. E, além disso, apesar das várias coisas que vão ser explicadas depois, não sei se eu consegui explicar bem as cenas que imaginei... De qualquer forma, onegai, relevem erros XD



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Era um quarto negro como breu. Alguns misteriosos e um pouco luminosos pontinhos flutuantes permaneciam vagando lentamente pelo ar, iluminando o suficiente para se perceber massas escuras no chão, caídas. Não dava para se ver suas expressões ou qualquer coisa, mas eram definitivamente pessoas. Treze pessoas, aliás. Todas desacordadas.



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Jin e Suuji já haviam andado por alguns minutos pela estranha floresta, e nunca parecia que eles estavam indo em direção a alguma coisa, como uma saída.



Jin mantinha a cabeça baixa, procurando qualquer coisa que evidenciasse que alguém já havia passado por ali. Sua atenção foi presa, repentinamente, por uma coisa branca atrás de um arbusto fino. Andou até lá e abriu espaço entre as folhas, surpreendendo-se quando viu o que era a tal coisa branca.

— Uma rosa? — sussurrou para si mesmo. — E solta? Não há nenhuma roseira por perto…

— O que houve aí? — perguntou Suuji mais atrás, que parara de andar no momento em que o outro desviara-se do caminho. — Achou algo interessante?

— Depende do que você julga ser interessante. Venha ver.

Suuji andou até ali e espiou por cima do ombro do mais velho.

— Tá, e o que tem demais em ter uma flor em uma floresta?

Jin mirou a rosa branca por mais alguns segundos.

— Você não sabe as condições para se cuidar de uma roseira, não é? — perguntou por fim.

— Não — respondeu Suuji de imediato. — Por que eu saberia de algo assim?

— É bem simples, na verdade. — Jin ignorou a pergunta. — No orfanato onde eu trabalhava antes, tinha algumas no jardim, então eu aprendi a cuidar delas. Antes de tudo, não importa como eu veja, é impossível que uma rosa tenha crescido tão bonita aqui dentro dessa floresta bizarra, simplesmente porque não há nenhuma luz solar aqui.

— Luz solar?

— É, luz do sol.

— Eu sei o que é luz solar.

— Então por que perguntou? De qualquer forma, nenhuma planta sequer nasce sem isso, quem dirá florescer dessa maneira.

— E o que isso quer dizer?

— Quer dizer que alguém trouxe ela de fora, duh.

— Ah.

Ninguém disse nada nos momentos que se seguiram, nos quais Jin ficou ponderando se era seguro tocar na rosa e Suuji ficou esperando que o outro dissesse algo. Quando viu que ele continuaria em silêncio, pigarreou para chamar sua atenção e perguntou:

— O que pretende fazer com isso? Levar para os outros darem uma olhada?

Jin deu um suspiro quase derrotado, com um misto de impaciência, antes de dizer lentamente, como se conversasse com uma criancinha de quatro anos:

— Regra número um: nunca encoste em nada que você não sabe de onde vem.

— Por quê?

— É perigoso. Regra número dois: se você está em um local desconhecido, não fique parado em um único lugar por muito tempo. Já que é assim, então, vamos continuar andando.

Sem esperar resposta, afastou-se da rosa e levantou-se, começando a andar. Suuji deu uma corridinha para alcançá-lo, mas logo já andava lado a lado com o outro.

— Por que não podemos ficar muito tempo parados? — o ex-jogador de baseball não conseguiu evitar a pergunta.

— Mas que coisa, hoje você está pior que o Akita! — exclamou Jin exasperado. — Não para de fazer perguntas!

— Me deixa ser feliz, caramba.

Jin teve vontade de rir da expressão aborrecida de Suuji, mas se conteve e se contentou com apenas uma revirada de olhos.

— Você não me respondeu — falou Suuji.

— Ora, faz parte dos instintos humanos. Ou vai me dizer que não fica receoso em ficar sentado no território do inimigo, enquanto ele com certeza sabe onde você está.

— Hum, mais ou menos… Digo, em outras situações eu provavelmente ficaria nervoso, mas por algum motivo estou bem tranquilo aqui. Estranho, não é?

"Olhe só, então ele também percebeu", pensou Jin, mas não disse nada. Seu estado despreocupado foi substituído bruscamente por um alerta quando, pelo canto dos olhos, viu uma sombra relativamente grande se movendo entre algumas árvores a sua esquerda. Imediatamente parou de andar, estendendo o braço para que Suuji visse que deveria fazer o mesmo. Seus olhos castanhos se estreitaram para aquela direção.

Estranhando o comportamento do mais velho, confuso, Suuji olhou em volta. Não vendo nada, voltou o olhar para Jin, que continuava na mesma posição de antes.

— O que…? — começou o ex-jogador de baseball, mas foi interrompido por um "quieto" sussurrado por Jin.

O que era logo ficou claro para Suuji, quando o som ínfimo de alguém se movendo em alta velocidade sobre a grama macia esmeralda chegou aos seus ouvidos.



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Os passos de Akita estavam mais lentos do que antes, ficando um pouco para trás, o que Hayato não deixou de notar. O albino olhou preocupado para trás, observando o outro. Parou de andar quando o pequeno também o fez.



Akita, pálido, levou a mão a cabeça, segurando-a como se estivesse pesada e fechando apertado os olhos como se estivesse sentindo uma dor muito grande. Levou apenas um momento para que cambaleasse e um de seus tornozelos cedessem, fazendo-o cair para o lado. Hayato viu e, rapidamente, conseguiu ampará-lo antes que rolasse escada abaixo.

Daichi, ouvindo a comoção atrás de si, voltou para ver o que estava acontecendo.

— Ei, ei! — disse o albino, ao ver o outro encolhendo-se. — O que houve? Está bem?

Não teve resposta imediata. Akita relaxou um pouco, embora ainda um pouco tenso, e lentamente abriu os orbes dourados para Hayato.

— A marca no meu olho está doendo muito — respondeu Akita baixinho, como se o menor dos sons ecoasse dolorosamente em seus ouvidos. — Está tão forte que a minha cabeça inteira está doendo também. Parece que um prego está sendo fincado no meu crânio… — Não disse mais nada e uma careta de dor acompanhou seu silêncio.

Daichi, que havia se aproximado alguns passos, parou ali mesmo. Após dois segundos sem ninguém falando nada, quebrou o silêncio:

— Desde quando está sentindo isso?

— Ótimo momento para fazer perguntas — murmurou Hayato com uma ponta inconfundível de sarcasmo.

— Shh, deixe ele responder.

— Acabou de começar… — disse Akita em um fio de voz.

Daichi franziu as sobrancelhas, aparentemente pensativo, mas a expressão não desapareceu após alguns segundos como geralmente aconteceria, pelo contrário: ele chegou a fechar os olhos para ver se o que queria lhe vinha a mente.

— Que droga… — murmurou frustrado. — Mikato já comentou algo sobre isso alguma vez, mas não consigo me lembrar…

— Tem certeza que é a mesma coisa? — perguntou Hayato.

— Absoluta. Mas o que ele tinha dito…?

Um gemido de dor vindo de Akita interrompeu a frase de Daichi.

— Quando lembrar, avise — disse Hayato, ajeitando o de cabelos negros nos braços. — Vamos esperar um pouco para que ele melhore e então vamos continuar até encontrar Kenichi, acho, ele deve ter algo para aliviar a dor.



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— A… A… Atchim!



— Hum? Tem alergia a alguma coisa, Kenichi? — indagou Aiko.

O enfermeiro fungou uma vez antes de responder:

— Não acho que aqui tenha algo que vá me dar alergia.

Aiko murmurou um "uh" e deixou o assunto de lado.

— Tem alguma coisa ali em cima — disse Riki, após subir mais alguns degraus apontando para a próxima curva da escada. — Devemos ter chegado em algum lugar.

— Ah, finalmente! — exclamou Aiko, com uma impaciência tão calculada que só poderia ser fingida; além disso, o meio sorriso em seu rosto entregava tudo.

Aiko pulou de dois em dois degraus, passando por seu irmão e chegando ao lugar que havia sido apontado. Mas ao invés de entrar no novo cômodo, parou no lugar e olhou para o lugar com as sobrancelhas franzidas.

— Onii-sama — chamou lentamente por cima do ombro —, isso deveria estar aqui?

Aiko se via em um lugar peculiar, com uma grama verdinha e árvores e… era a mesma floresta com que Jin e Suuji se depararam. Ele olhou em torno, desconfiado, e então avistou algo dourado e fino no chão, longe, próximo a um toco de árvore. "O que é aquilo?", pensou. "Parece um pouco com o bastão que dei a Suuji…"

A cabeça de Aiko estava cheia de perguntas e meias explicações sobre o por quê de ter algo assim em um lugar daqueles — tanto a floresta quanto o bastão —, mas seus pensamentos foram interrompidos pela voz de Kenichi, que disse:

— Ei, hum… Alguém sabe o que são essas coisinhas?

A dúvida no tom dele fez Aiko virar a cabeça e olhar. Kenichi encarava esferas pequenas, estranhas e cintilantes, que flutuavam na altura de seu rosto. Quando ele levantou a mão para tocar uma delas, o Tsugumi mais jovem gritou alarmado:

— NÃO TOQUE NISSO!



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Regra número um: nunca encoste em nada que você não sabe de onde vem.





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— Não podemos ir ainda? — perguntou Daichi com uma nota de tédio na voz. — Vamos criar raízes se continuarmos aqui mais tempo.



Hayato deu uma olhada no rosto de Akita antes de responder:

— Tem razão, vamos ficar muito para trás desse jeito.

Mas antes que dissesse mais, que era o que pretendia, uma coisa branca brilhante e esférica chamou sua atenção. Essa coisa se aproximava lentamente. A medida que ela chegava perto, Akita tremia mais e mais e se encolhia mais e mais.

— Hayato, saia de perto disso — disse Daichi, sua voz controlada no máximo do possível.

O albino não obedeceu de imediato, como se sua audição tivesse parado de funcionar.

— Afaste-se dessa coisa, Hayato — falou o ruivo, agora mais firme e mais alto.

Mas o corpo do albino não se movia; mesmo com os esforços do mesmo, nenhum músculo se movia. O que estava acontecendo?

— Hayato!

E um clarão.

A bolinha que se aproximava finalmente tocou a pele de Akita — ainda mais pálida de dor que antes — e, o que antes era um ponto luminoso se transformou num clarão repentino, que envolveu cada centímetro em volta e os cegou imediatamente. Parecia até que seus olhos queimavam, de tão intensa que era a luz branca.



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Regra número dois: se está em um local desconhecido, não fique parado em um único lugar por muito tempo.





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Pareceu demorar séculos, mas quando Hayato enfim recobrou a sensibilidade sobre o corpo, percebeu que não segurava mais Akita. Teria ele caído? Estranho também foi quando, ao ver que a claridade havia diminuído, conseguiu abrir os olhos; estranho porque, mesmo com as pálpebras abertas, ele não conseguia ver nada além de preto. A sua volta estava tudo de um negro tão impenetrável que parecia até mesmo uma daquelas cavernas as quais os raios de sol nunca alcançam.



Chegou até a pensar, nada feliz, que talvez tivesse ficado cego com aquela luz absurdamente forte. Essa hipótese foi descartada quando, em algum lugar a sua esquerda, ouviu um gemido abafado de Akita — então ele não havia caído — e, logo em seguida, a voz do mesmo perguntando baixinho:

— Hayato? Daichi? Por que está tão escuro?

Suprimindo um suspiro de alívio, o albino abriu a boca para responder, mas antes que dissesse qualquer coisa a voz um pouco distante de Mikato irrompeu numa exclamação irritada:

— Mas o que diabos aconteceu?! A gente morreu por acaso?! Não to vendo nada!

Hayato levou um susto ao ouvir a voz do mesmo. Por que podia ouví-lo? Eles não estavam subindo por escadas distantes umas das outras? Então por que…?

Antes que se perguntasse mais alguma coisa, outra voz inesperada apareceu.

— Pare de gritar no meu ouvido, sua anta! — exclamou Jin de volta. — Como assim "a gente morreu"? Que mau agouro do caramba! Não pode esperar um pouco, idiota?

— Vai se…!

— O que houve antes disso? — cortou Aiko, não muito disposto a perder seu tempo com discussões sem sentido. — Antes de virmos parar aqui, algo estranho aconteceu?

— Hum… — a voz de Suuji pôde ser ouvida, pensativa. — Não sei bem como chegamos àquilo, mas estávamos em uma floresta meio nada a ver, quando alguém apareceu lá e começou a atacar a gente. Pelo menos eu acho que era uma pessoa… Enfim, nós tentamos voltar para a saída, já que lá não havia muitas árvores juntas e então poderíamos ver quem era, mas antes que chegássemos lá eu fui acertado bem forte na cabeça e desmaiei.

— Antes de perder completamente a consciência você teve a impressão de ver um tipo de flash? — perguntou Jin, agora soando mais calmo.

— Ah, como você sabe? Você também viu algo assim?

Uma exclamação de susto de Akita quebrou a linha da conversa.

Aquelas mesmas esferas cintilantes de antes que flutuavam apareceram do nada, vagando preguiçosamente entre eles. Mas, com isso, apesar do receio dos rapazes com as "coisas" brilhantes, ela trouxe uma coisa boa: agora, ao menos, eles podiam ver uns aos outros com a luminosidade delas. Os pontinhos brilhosos se refletiam vagamente nas lajotas negras do piso.

Aproveitando a chance que poderia não durar muito, Hayato olhou em volta para tentar descobrir alguma coisa — qualquer coisa — que explicasse o motivo dessa bagunça toda estar acontecendo.

Certo, assim como pensara, Akita estava a pouco mais de um metro de distância, a sua esquerda, contando para Aiko o que acontecera antes do clarão. Um pouco mais longe ele podia ver Daichi, que só parecia estar acordando agora (será que os outros haviam desmaiado também?), piscando devagar os olhos cítricos para focalizá-los. E agora que prestava atenção, logo atrás de Akita podia ver uma cabeleira loira; com certeza era Oliver, que ainda estava desacordado.

Olhando mais longe, agora a sua direita, pôde ver Riki, que, embora acordado fazia sabe-se lá quanto tempo, mantinha-se em silêncio. Logo ao lado do mesmo, bem perto, estava Aiko, que tinha uma expressão pensativa às palavras de Akita e, igual a Hayato, examinava o lugar em volta. Yuurei, por algum motivo estava de pé (sendo um fantasma que não pode desmaiar, o que será que havia acontecido com ele?) a exatamente dois metros de Aiko. Um pouco mais distante estava Kenichi, que passava os dedos sobre os olhos como se não acreditasse que ainda pudesse enxergar após quase ficar cego com a luz branca.

Já atrás de si, Hayato viu que Jin e Mikato discutiam em altas vozes sobre quem era o mais idiota — ou coisa do tipo —, para o que ninguém dava bola. Mais longe, Ayumu, que despertara segundos antes, sacudia gentilmente o ombro de Takeshi para que o mesmo acordasse. E quanto a Suuji, que agora apenas ouvia os outros, segurava firmemente seu bastão dourada na mão direita.

Estavam todos ali, o que era um bom sinal.

Mesmo assim, o tal "bom sinal" não dava tranquilidade para Hayato. "Quero dizer, se eles podem nos deixar inconscientes com tanta facilidade, por que não nos mataram de uma vez?", pensou ele, passando a mão pelo chão de lajotas geladas.

No momento, logo depois de Aiko contar que o mesmo clarão misterioso o desacordara, Ayumu — ao ver que o precioso patrão finalmente despertava — começou a falar o que acontecera com eles.

Pelo que ele dissera, enquanto subiam as escadas, os quatro descobriram um cômodo meio estranho, cuja entrada literalmente era uma fissura retangular na parede, reta demais para ser uma mera rachadura. O piso do cômodo era inteiro em madeiras de tons diferentes, formando um padrão xadrez confuso que fazia seus olhos se confundirem entre eles. Já as paredes eram pintadas de forma a causar a impressão do lugar ser quadrangular, apesar do chão mostrar claramente que o lugar era hexagonal.

— E então — Ayumu começou a conclusão —, quando tentamos entrar, Oliver deu um grito e essas bolinhas fizeram o que vocês já comentaram. E agora estamos aqui.

O grito de Oliver foi, Aiko supôs, ser de susto por causa das esferas, mas Ayumu realmente duvidava disso; decidira não contar sobre a expressão de puro horror do loiro ao ver a sala com piso de madeira. Não sabia ainda o real motivo do grito, mas decidiu não esquentar a cabeça com isso. E falando em Oliver, o mesmo acordava lentamente.

"Isso é estranho…", pensou Aiko, tentando imaginar o cômodo de paredes estranhas.

— Ora, ora, finalmente nossos pequenos filhotinhos acordaram!

De repente uma voz feminina reboou pelas cabeças de todos, fazendo-os se calarem completamente. Ela parecia vir de dentro de suas mentes, não de fora como geralmente seria.

Oliver, que não era estranho a ouvir vozes dentro de sua cabeça, se assustou somente pelo fato de esta ter aparecido de repente.

"Alguém está tentando entrar aqui!", gritou a voz na cabeça loiro, mas era a voz masculina com que já estava acostumado. "Deve ser essa mulher que ouviu. Devo barrá-la?"

Oliver pareceu pensar por um momento antes de responder à voz, mas por fim murmurou um "sim" quase inaudível.

— Agora que já conversaram o suficiente — continuou a misteriosa voz feminina, sobrepondo-se ao "sim" de Oliver —, que tal virem brincar conosco? O meu King está entediado e cansado de tanto esperá-los. Dêem-lhe um pouco de diversão.

Mal a voz acabou a frase, a luz vinda de uma fresta estreita foi se alargando lentamente. A medida que a luz aumentava, as esferas luminosas desapareciam lentamente. Só quando a fresta se abrira ao máximo, que deu para perceber que era uma porta, afinal.

Hesitantes por estarem entrando diretamente na armadilha, eles se colocaram de pé e se aproximaram vagarosamente da porta.

"O que está acontecendo?", pensou Aiko, que foi o último a levantar. "Essa é a primeira vez que eu estou em uma situação em que não faço a mínima ideia do que está acontecendo. Mas… tem algo que me passou pela cabeça algum tempo atrás… Será que é muito absurdo considerar ilusões? Digo, será que a White Queen pode fazer ilusões?"



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Uma mulher de cabelos castanhos tão escuros que pareciam até pretos e olhos safira sorria satisfatoriamente. Sua pele era esvaída de qualquer cor, embora desse a impressão de ser um pouco acinzentada.



— Não, não deixe esse loirinho aí — disse ela para uma outra moça.

Essa outra moça era bem baixinha, de cabelos loiros e curtos, e usava uma roupa justa e negra. Sua expressão era completamente neutra e sem emoções. Ela ajeitava por um cômodo de lajotas negras um monte de jovens, deitando-os cuidadosamente em locais aleatórios. Até o momento ela já havia colocado um de cabelos anis, outro de cabelos carmesins, um de cabelos prateados, dois de cabelos negros — um pequenininho e o outro maior, de porte mais atlético — e agora estava prestes a depositar um loiro.

— Aí está muito longe — continuou a mulher de pele doentia. — Traga ele para cá. Deixe-me pensar… Ah, já sei! Coloque-o ao lado desse pequenino. Isso, bem aí, e vire-o de costas para o outro.

Ela fez um sinal para a moça loira se afastar e fitou os dois garotos atentamente.

Os dois tinham exatamente a mesma altura, o que fazia a imagem ainda mais encantadora. Um deles tinha fios dourados como o sol, enquanto os do outro eram negros como a noite. Era um contraste bonito que a mulher de pele acinzentada adorava ver.

— Como o meu King escolheu bem os recipientes para as "criações" dele! — exclamou ela deliciada. — Definitivamente, o trabalho que ele fez com esses dois foi incrível. Imagine só, colocar partes de sua personalidade em duas pessoas!

Após mais alguns minutos admirando as obras-primas de seu King, ela deu as costas para eles e olhou para uma garotinha, cuja altura dava na sua cintura. A garotinha tinha a pele amarelada, diferente da mulher, e os lábios negros; um de seus olhos era de formato bonito e negro como uma ônix, já o outro era de um verde elétrico e visivelmente maior que o outro, dando um ar medonho ao seu rosto. Porém, mesmo assim, a mulher olhava com adoração para a garotinha.

— Ah, chegou em boa hora — disse a mulher com visível felicidade, segurando a criança de nove ou dez anos e a levantando, segurando-a no colo. — Vamos deixar tudo pronto para quando nossos convidados acordarem, não é, Akemi?





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Era um cômodo hexagonal e grande. O piso era tão liso quanto vidro, mas tão quente quanto carpete, inteiro em xadrez preto e branco. As paredes, que subiam e subiam como se não tivessem fim, eram revestidas com um papel de parede antigo de um cinza azulado peculiar. Em duas delas haviam altas estantes, que subiam até encostar no teto pouco visível — que parecia apenas um pontinho minúsculo visto de baixo. Uma delas estava entupida de livros, enquanto a outra tinha brinquedos, caixas de música, bonecos macabros, instrumentos musicais, porta retratos, enfeites de festa… ou seja, tudo.





Em uma das paredes vagas havia uma porta coberta por uma cortina branca, cujo tecido era indescritível, mas que parecia água ao toque; em cima dela havia uma grande moldura também branca, a qual estava vazia, sendo pintada apenas de preto. Na parede oposta a essa também havia apenas uma porta, mas esta com a cortina vermelho sangue, feita da mesma coisa que a outra; outro quadro jazia sobre essa porta, mas com a moldura preta e a tela pintada de branco. Ao lado da porta da cortina escarlate, havia uma outra porta, só que essa com as cortinas cinzentas e sem nenhum quadro em cima.

A última parede estava ocupada com uma única moldura imensa de madeira, talhada cheia de detalhes. A tela… não havia tela. Era apenas a moldura e, aparentemente, a parede por trás.

Na frente dessa tela gigante havia uma mesa quadrangular, colada na parede, com três cadeiras estofadas de espaldar alto em volta, estilo vitoriano. Em cima da mesa havia uma caixa de vidro, que, curiosamente, não dava para se ver através devido à aparente fumaça que preenchia todo seu interior

No meio da sala havia um sofá, uma mesinha de centro, duas poltronas, um tapete e três criados-mudos, tudo no mesmo estilo vitoriano da mesa e cadeiras mais ao canto.

As cortinas vermelhas de uma das portas foram afastadas lentamente por uma mão clara e pequena, dando passagem para um garoto. Tal garoto cobria o próprio rosto com a outra mão e arfava, cansado, o que combinava com seus passos arrastados e lentos. Fechando as cortinas atrás de si, ele foi com dificuldade até o sofá de veludo azulado, jogando-se ali.

O estofado incomumente macio e confortável lhe acolheu como um abraço, fazendo-o relaxar. A cabeça sobre a almofada estava pesada, e seus cabelos loiros espalhavam-se por cima do veludo. Foi só quando sua respiração normalizou que o garoto tirou a mão do rosto, levando-a à testa e ainda assim cobrindo o olho direito.

Seu rosto era, sem tirar nem por, idêntico ao de Oliver; exatamente as mesmas feições. A única coisa que o diferenciava do outro garoto era o seu olho direito, que foi revelado assim que ele colocou a mão, antes sobre a testa, sobre o estômago.

O orbe era completamente preto, sem nem a esclera ou a íris ou qualquer coisa do gênero. O globo ocular era negro por inteiro, dando ao olho um ar sombrio e de medo.

— Eu… não acredito nisso… — murmurou o rapaz para si mesmo, com uma voz um pouco mais áspera que a de Oliver. — Nem mesmo aqui, na minha mente, dá para ter sossego… Ou melhor, nossa mente.

Ele deu um sorriso de lado com o pensamento.

— Mas, apesar de tudo — prosseguiu, em um tom ligeiramente mais melancólico —, eu acabei voltando para cá, não é? Essa base amaldiçoada onde fui criado… a base do White King.


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Notas finais do capítulo

Obrigada por ler (alguém leu, aliás?) e, não se preocupem porque "o capítulo está estranho porque eu não entendo nada e está tudo confuso e eu vou parar de ler essa merda". Eu imploro, não pare de ler. É só que eu vou explicar tudo depois e tals...
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Enfim, o lance dos móveis estilo vitorianos, eu imaginei eles mais ou menos assim: www.google.com.br/imgres?hl=pt-BR&sa=X&tbo=d&biw=1366&bih=643&tbm=isch&tbnid=wEmJptdF-jNlmM:&imgrefurl=http://sosmoveisantigos.com.br/site/produto/22-20/&docid=3JuDm_5LdiLWaM&imgurl=http://sosmoveisantigos.com.br/site/wp-content/uploads/2011/09/CUsersparticularDesktopDiversos-012.jpg&w=2202&h=1465&ei=PQYbUa3bO5PaqwHMiIC4CQ&zoom=1&ved=1t:3588,r:0,s:0,i:82



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