Aki No Ame (DESCONTINUADA) escrita por SilenceMaker


Capítulo 43
Início do jogo


Notas iniciais do capítulo

POR. FAVOR. ME. DESCULPEM!!!!!! T-T
Eu tive que ler uns livros para a escola e não tive tempo para terminar o capítulo, mesmo que ele estivesse quase pronto D:
Deve ter alguns erros e estar meio confuso, mas peço que me perdoem por isso :(



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Eu… me sinto tão fora de lugar aqui…

Akita se mexeu desconfortável no sofá macio em que estava sentado, observando nervoso em volta. Via pinturas caríssimas, móveis da mais alta qualidade, objetos de cristal delicados dispostos por aí com alguns diamantes, tapetes persas que pareciam veludo, cortinas pesadas emoldurando uma janela tão grande que pegava a parede inteira e muitas coisas do tipo.

Estava na casa de Jin.

Apenas de enrolação, Riki sugeriu que fossem para a residência de Jin o mais rápido possível, então partiram naquele exato momento. O ônibus de viagem que pegaram era grande, bonito, chique, com poltronas grandes reclináveis e ar condicionado potente. Mas passou a parecer uma carroça assim que entraram pelo arco que mostrava a entrada do lugar.

Andaram lentamente pelas ruas até a casa de Jin, observando tudo em volta.

— Já faz bastante tempo que não venho aqui — comentou Hayato. — Muita coisa mudou.

Akita chegou a pensar que era um daqueles condomínios fechados quando chegaram na frente do portão dourado (que o pequeno chegou a pensar que fosse de ouro), já que o terreno era enorme. Mas…

Jin apertou um botão vermelho em um painel.

— Sim? — uma voz meio turva soou do painel.

— Horozaki-san, sou eu! — disse Jin animado.

A voz imediatamente se tornou alegre.

— Kiyoshi-sama! — disse, para então se recompor um pouco. — Preciso mandar alguém ir buscá-lo?

— Não há necessidade.

— Vou abrir o portão.

— Obrigado. — Apertou o botão novamente.

— Quem era? — perguntou Aiko, curioso.

— Uma espécie de mordomo meu, bem simpático.

Após essa frase, os portões dourados elétricos se afastaram sem um ruído, liberando espaço suficiente para até mesmo dois caminhões grandes passarem lado a lado. Foi revelado algo que o pequenino Akita não conseguia ver por causa do alto muro: uma única mansão gigantesca, a maior que já vira. O trajeto até lá era longo, mas era para um carro passar até lá, dar a voltinha e ir embora.

Puseram-se a marchar por aquele trajeto. Akita foi rapidamente distraído por causa de seu apurado olfato que captou um aroma floral muito agradável. Olhando em volta, viu o que parecia ser um enorme jardim de flores, com espécies variadas e deslumbrantes. Cada uma exalava um cheiro único, que resultavam em uma combinação harmoniosa.

Seus olhos brilharam.

— Akita? — a voz de Kenichi o chamou, um pouco preocupada. — Aconteceu alguma coisa?

O pequeno piscou algumas vezes, só então notando que parara de andar para admirar as flores. Voltou o olhar para o jovem enfermeiro. Foi meio surpreso que notou que o mesmo parecia ser o único que não estava acostumado com o ambiente luxuoso que os rodeada, pois todos os outros agiam como se fosse a coisa mais natural do mundo ter todo aquele dinheiro.

Correu para acompanhar os outros, entrando junto pelas portas de vidro enormes. Encostou na maçaneta para afastá-las um pouco mais, só que…

— KYAA!

Do meio do nada, como se uma certa frequência de som tivesse soado, o vidro das portas quebrou em estilhaços. Akita, como é compreensível, levou um susto com isso e gritou, encolhendo-se.

Orbes safira se arregalaram.

Um casaco de couro voou de algum lugar para cima de Akita, em uma fração de segundo, antes dos cacos afiados de vidro caírem sobre ele. Graças à rapidez de pensamento de Hayato, o pequeno escapou sem nem um arranhão.

Todos estavam paralisados em seus lugares, inclusive Riki, que estava chocado.

— Você está bem? — perguntou o albino, retirando o casaco de cima de Akita.

Ficou ainda mais surpreso quando viu o olhar de puro medo que o pequeno carregava, o mesmo começando a tremer.

— Eu… senti… uma coisa estranha… — sussurrou Akita num fio de voz. — Como se… como se algo gelado entrasse na minha alma…

— Daichi?

A voz de Kenichi chamou a atenção dos que ouviam.

Hayato arregalou mais os olhos quando viu o estado do ruivo. Tremia muito também e tinha o mesmo olhar cheio de terror que Akita.

— O que… o que era aquilo?! — a voz de Daichi, ao contrário da do pequeno, aumentou de tom. Ele estava falando de um jeito quase descrente.

Aquilo? — repetiu Riki, cauteloso.

— Aquilo que voou em volta de Akita! Parecia… parecia uma névoa com olhos! O QUE ERA AQUILO?!

— Acalme-se! — exclamou Aiko, segurando-o pelos ombros. — Pare de falar coisas sem sentido e explique direito o que você viu!

Enquanto os dois gritavam um com o outro, Hayato, que também os olhava, viu algo estranho rodear Daichi, por cima da cabeça do ruivo. Era… uma chama longa que voava, com algo semelhante a olhos cor de papel em algum lugar do fogo.

Daichi respirou fundo e abriu a boca para dizer, mas do meio do nada sua visão começou a desfocar.

A chama tocou a pele do ruivo, desaparecendo como fumaça.

Daichi afastou-se um passo para dar-lhe espaço, mas nesse momento, Hayato viu os orbes cítricos cintilaram em laranja antes de se fecharam e ele caiu sem mais nem menos. Quem o amparou foi Jin, que estava logo ao lado.

No mesmo momento em que Daichi desmaiou, o mesmo aconteceu com Akita. Assim que Hayato, surpreso pela repentina perda de memória, segurou no braço do pequeno para levantá-lo, sentiu uma temperatura congelante chegar-lhe à pele.

— Jin — chamou, ainda mirando o rosto pálido de Akita. — Qual é a temperatura de Daichi?

— Hã? Sei lá. — Jin respondeu, mas tocou a testa do ruivo. — Parece que está queimando em febre, é normal?

O albino arqueou a sobrancelha, o cérebro imerso em pensamentos.

— De qualquer forma — Kenichi tomou a dianteira da situação —, vamos levá-los para algum lugar até acordarem. — Olhou para Riki e Aiko. — Depois disso, vocês explicam o que queriam explicar.

— Não vou contrariar as palavras de um médico — disse Riki, em um tom inconfundivelmente descontraído.

— Enfermeiro — Kenichi corrigiu.

— Muitas vezes um enfermeiro é mais competente que um médico, sabe?

— Como é?

Um a um eles passaram pelas portas semi destruídas, até que apenas Aiko e Yuurei permaneceram do lado de fora. O Tsugumi abaixou-se para analizar os cacos no chão. “Foram congelados”, pensou. “Ficaram tão frios que chegaram a quebrar… Incrível.” Esticou o braço para segurar um dos pedaços de gelo do chão, mas outra mão cor de gesso segurou seu pulso com delicadeza, impedindo-o de fazer isso.

— Yuurei — disse Aiko. — O que houve?

— É melhor não tocar nisso — falou o guarda-costas, segurando ele mesmo um “caco”.

— Por quê?

— Tenho certeza de que seu braço vai ser congelado também se o fizer.

Aiko ficou meio surpreso, mas confiou nas palavras do mais velho. Mas quando Yuurei encostou no gelo, nada lhe aconteceu. Sua pele continuou intacta.

Como se já soubesse que ele ia ficar bem, Aiko seguiu pela porta também, com Yuurei em seus calcanhares.



• • •



E foi isso que aconteceu.

Após acordar, Akita viu-se na sala de sofás ridiculamente macios rodeado por todo mundo, inclusive Takeshi e Ayumu, ambos chamados às pressas por um Mikato rabugento. Parece que eles estavam na cidade vizinha, então foi rápido para chegarem.

Daichi ainda estava desacordado.

Mas Aiko e Yuurei não estavam na sala.

O pequeno perguntou para Oliver aonde os dois tinham ido, após observar o ambiente.

— Aiko disse que eles precisavam conversar e os dois subiram a escada para o andar de cima. Isso já faz uns cinco minutos?

— Escada? — repetiu Akita.

O loiro apontou por cima do ombro do pequeno. O mesmo se virou, sentindo o queixo cair ao reparar em uma escada que não tinha visto antes. Era enorme, imponente, de mármore e com um tapete vermelho por toda a extensão dos degraus. No topo, ela se dividia para a direita e esquerda, provavelmente dando acesso aos demais cômodos. Claro, além das inúmeras portas da sala em que já estavam.

Akita não deu duas horas para se perder ali dentro.

Ia responder para Oliver, mas passos descendo as escadas fizeram sua atenção ser desviada mais uma vez.

— Desculpem a demora — Aiko dizia, pulando de dois em dois degraus. — É que era um assunto meio importante para poder explicar direito para vocês.

— Vamos começar pela primeira dúvida que pode ter surgido — dessa vez, foi Riki quem falou, sem levantar-se da poltrona em que estava sentado. — O que exatamente são as Selected Children? Na verdade não é um bicho de sete cabeças entender isso, é fácil.

— O que Daichi viu anteriormente, antes de cair quase morto — o ruivo amarrou a cara —, era um ser vivo completamente diferente dos comuns por aí. O motivo pelo qual Hayato pode transformar esses dois em armas é por causa de um desses seres que vive dentro dele, o de “base”. Sem perguntas sobre o nome, é só para entender. E o motivo pelo qual Akita e Daichi podem ser transformados, também é por causa desses seres. Mas de gelo e fogo, respectivamente.

Todos os olhares estavam pregados em Aiko, que respirou fundo antes de prosseguir:

— Esses seres não têm vontade própria, eles apenas vivem, então não precisam se preocupar com serem possuídos. Essas marcas que apareceram geralmente depois da primeira transformação, a marca de “infinito”, é o símbolo desses seres que eu suponho serem imortais. Nada mais que o vínculo entre eles e o corpo. Ah, e outra coisa que eu precisava falar e que podem ter se perguntado: “por que eu?”

Ele deu uma risadinha.

— É simples demais, na verdade. Não há aquela baboseira toda de “a cada tantos anos” ou “suas almas são privilegiadas” nem nada. O único motivo é que os corpos de vocês conseguem suportar a carga de poder que o ser emite. Claro, sem contar o azar imenso de vocês. Enfim, não pode existir duas Selected Children, por exemplo, de gelo ao mesmo tempo. Então no instante em que a anterior morreu, outra nasceu. Fácil assim.

— Há outros tipos de seres, eles não se restringem a só isso — disse Riki. — Como já foi citado, há o de fogo, gelo e base. Além desses há o de cura e o que chamamos de “ponte”. Por que ponte? Porque sem esse ser, os outros não podem existir. E sem essa pessoa para portar o ser de “ponte”, os outros portadores vão morrer. Exatamente o que o nome diz: uma ponte entre a vida e a morte.

Dessa vez, Aiko não disse nada, deixando o irmão falar. O silêncio no cômodo era mortal, além dos dois falando.

— Mas, claro, nem tudo são flores — continuou o Tsugumi mais velho. — Esses seres precisam de energia vital para se manterem vivos, é por isso que se instalam em pessoas. Fazem isso em troca de disponibilizarem seus poderes para serem usados livremente pelo portador. E, obviamente, isso diminui o tempo de vida de quem os carrega para lá e para cá.

Hayato estreitou os olhos, mais interessado do que antes.

— Nenhuma Selected Children, se não morrer tragicamente antes — Riki dizia —, vive mais que 33 anos. Esse é o limite que o corpo aguenta, com a pressão ao longo dos anos. Não se preocupem, não vão ficar como velhos decrépitos, sem poderem se mover. Vão continuar saudáveis até simplesmente morrerem, provavelmente de um ataque do coração.

— E quem portaria essa coisa aí de cura e “ponte”? — perguntou Mikato, que claramente entendia mais do que aparentava entender, pelo olhar que sustentava.

— Bom, descobri um tempinho atrás que Kenichi é o portador do ser de cura — contou Aiko, apontando o enfermeiro.

Ele se sobressaltou.

— Quê? — disse, aumentando ligeiramente o tom de voz. — De onde tirou isso?

— Longa história, contarei outro dia — falou o Tsugumi mais novo. — Demora demais.

— E quem é o de “ponte”? — Mikato repetiu a última parte da pergunta.

— Eu.

Silêncio.

— Sério? — perguntou Daichi.

— Sério.

— Então quer dizer que eu dependo de você?

— Exatamente.

— Que merda.

Aiko riu. Disse em seguida:

— É por isso que eu tenho um guarda-costas e o onii-sama não. Porque outras vidas dependem da minha, então não seria muito bom se eu morresse tão facilmente. De qualquer maneira, essa é a primeira coisa que vocês precisavam entender. Agora outra coisa que eu vejo que já os vem incomodando faz tempo também: “que história de xadrez é essa?” Isso é um pouco complicado de explicar.

— Lembra-se, Akita, que eu disse que não precisava entender? — disse Riki. O pequeno assentiu. — Realmente, não há necessidade. Mas eu sei bem que ninguém aqui vai mover um músculo positivamente para fazer algo se não souberem o que está acontecendo.

Uma pausa para todos absorverem as informações ditas até então.

— Não significa que sejamos de fato peças — Aiko quebrou o silêncio, tentando escolher as palavras certas —, mas que apenas representamos elas. Não sei se já lhes disse, mas cheguei à conclusão de que Akita e Hayato são as torres do nosso “time”, eu e Yuurei somos os cavalos e Daichi e Kenichi são os bispos.

— Eu também? — disse o enfermeiro, sentindo-se acuado por estar sendo incluído assim tão ativamente.

— É. Afinal, todas as peças nobres têm uma coisa em comum.

— O quê? — perguntou Oliver, curioso.

— A existência de todos dependem dele — foi Riki quem respondeu.

Hayato pensou um pouco.

— Eu entendo que nós dependamos do Aiko — falou —, mas por que Yuurei também?

— Você sabe o que ele é? — o Tsugumi mais novo desafiou-o a responder.

— Nada mais que um palpite.

— Então, Akita, quer fazer as honras?

O pequeno riu, mas assentiu.

— Yuurei é — disse, alegre por saber disso, ao menos — um fantasma!

— Yep — concordou Aiko com um sorriso.

Então meu palpite estava certo.

Akita viu a expressão de todos ficarem chocadas. Bom, era uma reação comum. Aiko não resistiu à tentação de incomodar Daichi um pouco.

— O que achou que fosse?

O ruivo não respondeu, revirando os olhos e desviando o rosto. “Achei que ele fosse um vampiro”, pensou. “Que bola fora…”

— Como você descobriu? — quis saber Riki, conversando com Akita.

— Tipo, quando estávamos nas ruínas da organização de que Hayato fazia parte, em Ignis, quando caímos naquele buraco, Yuurei me segurou para que eu não batesse no chão. Eu senti a temperatura dele fria, mas agradável ao mesmo tempo. E depois disso, em um momento, Yuurei encostou em Daichi. Então, se Daichi tem a temperatura naturalmente mais elevada, é estranho que ele não tenha sequer estremecido com o contato. E como eu já li bastante sobre muitos tipos de coisas, sei que a única coisa capaz de sincronizar assim tão perfeitamente de uma hora para a outra com coisas diferentes é uma alma, que se adapta facilmente à tudo.

— E como fantasmas são uma projeção de uma alma, que pode vir a se tornar sólido, dependendo do caso, você concluiu que Yuurei era um — Hayato completou o raciocínio do menor, finalmente entendendo.

Riki sorriu.

— Brilhante — disse, fazendo Akita sorrir também com o elogio.

Quebrando a súbita falta de assunto, Suuji se pronunciou pela primeira vez desde que chegara em Aqua:

— Você não explicou o que quis dizer com termos funções de peças.

Ele estava anormalmente sério.

— Ah, é verdade! — disse Aiko, apenas para Riki explicar:

— Começando do princípio das peças em si, a função dos bispos no início do jogo é defender os peões no centro. A medida que o jogo vai chegando ao fim, seus valores aumentam por causa da disponibilidade de movimentos. Os cavalos, embora tenham seus movimentos um pouco restringidos, são de grande importância pois podem ameaçar peças sem que estas os ameacem. Mas no final do jogo são um pouco prejudicados devido à pouca quantidade de movimentos bons disponíveis. Já as torres, geralmente utilizadas no final do jogo, são ótimas para táticas e estratégias. No fim são bem importantes para acabar com peças menores e, vez ou outra, com o rei.

— E também há o caso dos peões — acrescentou Aiko —, que são bem discriminados por causa do alcance curto e das poucas possibilidades de movimentos. Alguns dizem que eles são inúteis. Mas se fossem mesmo inúteis, não haveria necessidade de estarem no tabuleiro. Na realidade, na minha opinião, os peões são peças importantíssimas no jogo, porque podem parar o jogo de forma que os movimentos ficam travados, até que algum dos jogadores decida fazer uma jogada de sacrifício para continuar a partida.

— Então você quer dizer que vamos fazer a mesma coisa que as peças? — disse Kenichi.

— Isso! Mas você vai ficar de suporte, sabe, não é?

— Por quê?

— Porque não podemos nos dar ao luxo de deixar o médico da equipe se ferir.

— Fim da explicação — concluiu Riki feliz.

— Hayato? — disse Akita, assim que bateu o olho no albino. Ele tinha um olhar um tanto… perturbado. Acabou chamando a atenção de todos os outros.

Alguns segundos de silêncio se passaram sem que o outro respondesse, até que ele disse:

— Jogada de sacrifício? — Sua voz era um murmúrio, mas audível naquele cômodo sepulcramente silencioso. Mais uma pausa. — Algum de vocês sabem o que isso quer dizer?

Todos entenderam que ele se referia aos presentes peões. E nenhum destes respondeu, baixando os olhares.

— Quer dizer que algum de nós seria capaz de descartá-los para vencer — disse Hayato. Seu olhar seria intenso se não estivesse coberto pela franja alva. — Estou querendo dizer que, mesmo eu sendo alguém que joga muitas vidas fora, não quero fazer isso.

— Não entendo o que quer dizer — comentou Aiko.

— Acho que já sabem — interrompeu Riki —, mas o jogo em si ainda não começou.

— Como não? — disse Daichi, surpreso. — E tudo que aconteceu até agora?

— Estávamos apenas reunindo as peças. Na verdade, começou no exato segundo em que Ayumu e Takeshi chegaram aqui.

Os dois mencionados ficaram tensos.

Todos pensavam nessa situação toda, tentavam entender tudo que lhes fora enfiado na cabeça, até que a voz de Hayato cortou-lhes a concentração com uma única frase:

— Vamos vencer sem sacrificar nenhuma peça.

Cada uma das pessoas ali arregalou os olhos. O espectro, Yuurei, inclusive, se surpreendeu.

— O que está falando? — disse Oliver, meio chocado. — Sabe que é impossível ganhar uma partida de xadrez sem perder nenhuma peça.

— E daí?

O loiro olhou fundo nos olhos safira, pensando que o mesmo estava brincando. Se surpreendeu quando não viu hesitação, que as palavras eram sérias. Ele realmente pretendia manter todas as vidas.

— Ah, faça o que quiser! — falou Oliver.

Ninguém mais fez objeção, então Hayato tranquilizou, sabendo que aceitaram sua atitude.

— Então — disse Daichi, retomando um pouco a conversa anterior —, se há uma espécie de jogo de xadrez acontecendo, existe um outro “time”, não é? Outras peças.

— Bingo! — exclamou Aiko, sorrindo.

— Nós representamos que cor de peças?

— Pretas.

— Mas não são as brancas que começam? — perguntou Suuji.

— Claro. Por quê?

— Não estamos em desvantagem?

— Eu não acho que estejamos… — Aiko estava pensativo. — São inúmeros os jogos em que as brancas perdem, chances iguais.

Como sempre, uns momentos de silêncio se passaram. Riki decidiu que era hora de dar um rumo final à discussão.

— Agora que já sabem tudo que anda acontecendo, precisam de uma motivação.

— Como assim? — perguntou Akita.

— Ora, vamos passar por um verdadeiro inferno, sabia? Precisam de um motivo para se esforçarem. Mas não vou falar nada agora, sei que não vai adiantar até que algo aconteça. Contentem-se com isso e não venham me incomodar, senão vou fazê-los perder um braço.

Após mais alguns minutos de conversa, eles se dispersaram.

Oliver e Akita subiram para explorar o andar de cima. Daichi deitou no sofá, ali mesmo onde estava, para dormir um pouco. Hayato quis ajudar em alguma coisa, então decidiu ajudar a cozinheira a preparar lanches para todos. Yuurei foi ordenado a permanecer na casa, tomando conta dela, enquanto Aiko e Riki iam conversar e andar pela cidade. Suuji foi até o jardim, já que se sentia sufocado do lado de dentro — Kenichi o acompanhou, querendo no momento uma companhia menos tensa. Jin se enfurnou em um escritório até o fim do dia, e Mikato fez algo semelhante: se trancou no quarto sem sinais de sair de lá muito cedo. Ayumu e Takeshi tiveram que voltar para Caeli para resolver uns problemas que apareceram.

— Então é por causa disso que Yuurei não entrou nas termas? — disse Oliver, lembrando-se de quando Daichi reclamara da individualidade exagerada do espectro.

— É — respondeu Akita, olhando os quadros nas paredes. — É por isso também que ele sabe fazer umas coisas muito loucas e some de repente. Afinal, ele tem controle sobre sua forma. Pode escolher se fica sólido ou se dispersa um pouco a alma para deixar de ser físico.

Daichi ajeitou a almofada embaixo da cabeça, fixando o olhar na mesa de centro à frente. “E foi por isso que em Caeli, na luta contra a andróide, Yuurei desapareceu. Ele espalhou a alma por todo o andar superior para chamar a atenção de Riki, para que ele soubesse onde estávamos e chegasse a tempo. Como um radar”, pensou, fechando os olhos para pegar no sono.

Hayato abriu a geladeira para ver o que tinha lá dentro. Tirou três vidros de geleia e um pote já aberto de manteiga. Deixou tudo em cima da mesa e pegou um saquinho de pão de forma da despensa.

Vendo que não adiantaria nada ficar parada, a cozinheira rechonchuda colocou duas jarrinhas de água para ferver, para o chá e para o café. Ela espiava pelo canto do olho as folhas batendo no vidro da janela.

Enquanto colocava pãe na torradeira, Hayato pensava: “Pelo que entendi, parece que não encontramos uns aos outros por acaso. Akita não estava naquele orfanato por nada, afinal, Jin trabalhava lá. Ele tampouco entrou naquela escola, Chuushin Gakuen, por acaso, porque aí ele conheceu Kenichi. Eu também não encontrei a porta que ia para o mundo de lá por coincidência, porque então nós conseguiríamos nos transformar antes e localizar Daichi por causa das marcas, que reagiriam à presença dele. E por aí vai.”

Suuji arrancava graminhas do chão, deitado sob a sombra de uma árvore. Estava confuso. O que estava acontecendo? Entender entendia, mas era difícil cair a ficha. Era tudo fantasioso demais, inacreditável demais. É quase impossível acreditar em tudo, assim, do meio do nada — ainda mais quando ele vivia uma vida completamente ordinária até então.

Kenichi estava sentado ao lado, recostado no tronco da árvore. Tinha os olhos castanhos fechados. Estava quase dormindo, sentindo o vento gostoso batendo-lhe na face, até que sentiu uma ardência forte no pulso esquerdo, como se erva venenosa tivesse sido esfregada ali.

— Ouch!

Levantou o braço para ver se havia sido picado por uma formiga ou coisa do tipo. Levou um susto quando viu ali, não uma marca vermelha, mas sim um sinal preto. Um símbolo fino de infinito. “O que é isso?”, pensou Kenichi, arqueando a sobrancelha.

— O que houve? — perguntou Suuji.

— Ah, nada demais. Me arranhei sem querer com um graveto.

— Entendo, já fiz isso muitas vezes. — Riu das lembranças desajeitadas.

Kenichi deu risada também, puxando a manga da camisa cinza que usava, escondendo a marca.

— Onii-sama — chamou Aiko, enquanto passavam na frente de um cassino —, por que não contou tudo para eles?

— Eu já disse — falou Riki. — Estou esperando o momento certo.

— O momento quando formos atacados pelas peças brancas?

— Alguns deles precisam de um choque psicológico para finalmente entenderem no que estão envolvidos. Além de uma feridinha no orgulho para que tenham vontade e disposição de se empenhar.


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Notas finais do capítulo

É difícil escrever com tantos personagens, vivo esquecendo algum =.=
Se eu esqueci alguma coisa ou algo ficou mal-explicado, por favor, coloquem no review! Ficarei feliz em responder ^^
Ficou meio confuso, né? Ah, o que posso fazer? T-T
Obrigada por lerem! Muito obrigada!! >.



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