Come Back escrita por sankdeepinside


Capítulo 42
Agora você está batendo na porta errada!


Notas iniciais do capítulo

Ol´´a´´a´´a´´aá ah vai nem demorei tanto assim dessa vez, foi só um tico a mais do que eu costumo postar vai. Gente o capitulo de hoje teve um dedo sujo da baranga da Laís Barcelos, só um tiquinho pq minha mente tava meio rodada esses dias e eu não tava conseguindo acrescentar uns detalhes que são essenciais pra dar "vida" aos personagens, então nesse capitulo além de ter betado ela tb deu uma mãozinha na POV do meu amado lindo maraviwordeful do Sam (sim, eu amo o Sam n nego), por isso bjs de agradecimento pra baleia dos Manaus.
Não vou enrolar aqui hoje
Espero que gostem do capítulo
Boa Leitura
Beijos beijos



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Catelyn

- O que veio fazer aqui? – a mulher de quase cinquenta anos me encarou com olhar duro e um ar presunçoso de superioridade, mas realmente estava surpresa em me ver e a mão ligeiramente posicionada na bainha mostrava que também se sentiu ameaçada com a minha presença. Isso era bom.

- O quê? Onde estão os abraços e beijos que velhas amigas trocam em um reencontro?

- Meus companheiros estão lá embaixo, tente alguma coisa e eles cortam essa sua garganta de puta.

- Wow – me levantei da cadeira e encostei-me à ponta da escrivaninha – Também senti saudades Grace.

- Não respondeu minha pergunta, que diabos veio fazer aqui?

- Eu digo se você também disser...

- Catelyn vá embora, isso só vai acabar mal pra você.

- O que o Kail quer trazendo uma equipe tão pequena pra este fim de mundo? Max não está aqui.

Ela perdeu a paciência, puxou a arma e rapidamente a apontou para o meio da minha testa.

- Não é da sua conta, sai daqui Catelyn.

- É a criança não é? Eu sabia que aquele filho da puta queria alguma coisa com a criança, me fez parecer patética quando eu sugeri o sequestro.

Grace deu um perigoso passo adiante e pude ouvir o estalido da arma sendo engatilhada próximo ao meu rosto.

- Não me faça te dar uma surra Morrison.

Num movimento ligeiro, agarrei seu pulso e o conduzi para longe de mim, dando um chute preciso em seu abdômen em seguida. Consegui separá-la da arma, mas o objeto caiu no chão antes que pudesse pegá-lo. Grace me puxou pelo capuz do casaco, me jogando contra a parede com tamanha força, a ponto de quebrar um dos meus dentes com o enorme choque do meu rosto contra a superfície rígida. Sangue inundou minha boca até escorrer com saliva por entre meus lábios.

- Eu sei de todo o plano, eu vi os dossiês na sua mesa – ri tentando fingir indiferença com a dor em minha boca – mas por que ele? Ele é inútil. – Disse fazendo inúmeras caretas de dor.

- Negócios do Kail, ele não me deixa a par de tudo que há na cabeça dele, mas isso deixou de ser da sua conta no dia que foi demitida. – tentei forçar meu corpo para empurrá-la de detrás de mim, mas foi inútil, ela era muito forte. – Pare com isso, não acha que já me irritou demais por hoje não? Estou com uma vontade louca de deixar uma bala alojada nesse seu estômago seco. – Grace riu sádica, enfiou a mão no meu bolso e tirou o objeto que havia ali. – Uma faca? Sério? Planejava invadir meu quarto e me matar com uma faca? Você é patética! Por acaso tem algum problema contra armas?

- Facas são mais divertidas e não fazem barulho. – aproveitei o fato de uma de suas mãos estar livre segurando a faca e pude forçar o corpo dela para longe do meu, girei em torno de meu próprio eixo e com um golpe em suas pernas a derrubei facilmente no chão. Grace fez menção de me perfurar com minha própria faca, mas pisei em seu pulso tão depressa quanto ela foi capaz de ter essa ideia brilhante. Ela fez uma careta de dor e aquilo me instigou a pisar em seu pulso com mais força até senti-lo quebrar abaixo de meus pés. Grace começou a gritar e logo dei um tapa forte em seu rosto para que calasse a boca. Prendi seu corpo embaixo do meu e tomei minha faca de volta, posicionando-a rente à sua jugular. Grace lacrimejava de dor, mas apertava os dentes com ódio – Acho que alguém andou perdendo a prática.

- Vai tomar no seu cu, sua puta ordinária.

- Seu amor por mim chega a ser tocante. Agora comece a falar ou eu corto essa sua garganta de puta. – a parafraseei com um sorriso borrado de sangue.

Grace cuspiu em meu rosto.

- Me mate... Me mate, se você tem cora...

Passei a lâmina afiada em sua garganta sem nem sequer esperar que ela completasse a frase. O sangue jorrou em um espirro inicial, depois escorreu em jatos grossos e lânguidos por todo o pescoço de Grace até começar uma poça avermelhada no chão. Seus olhos permaneceram esbugalhados fitando em minha direção, mas já não havia vida em nenhum daqueles orbes.

Limpei o sangue da faca em sua blusa e a enfiei de volta no meu bolso, me levantei e fui até a escrivaninha. Como ela era idiota, achava mesmo que eu pouparia a sua vida por uma informação que eu poderia descobrir sozinha? Peguei o envelope com as informações do infiltrado e quase ia saindo, mas uma ideia me impediu. Apertei mais o envelope em minhas mãos e em seguida me virei novamente para o monte de fichas sobre a mesa. Vasculhei rapidamente em busca de um nome em particular, levou um segundo até que eu o encontrasse. Em sua capa havia um nome escrito em uma letra familiar.

FOSTER, Raymond.

 Isso deveria servir para o que eu queria. Abracei os dois envelopes e saí sem ser notada. Joguei os envelopes no banco detrás do carro e cuspi um bocado de sangue, vasculhei o porta-luvas até encontrar uma flanela qualquer e a coloquei na boca na esperança de estancar o sangue. Em seguida dei partida no carro e segui em direção à orla. Já era tarde e não havia movimento algum por ali, decidi encostar o carro.

Respirei fundo algumas vezes, meu corpo estava dolorido e havia sangue meu e de Grace em todo o carro. Saí dali sem raciocinar direito e corri em direção à água. Estava tão gelada que as borbulhas de sal pareciam penetrar como agulhas em minha pele, mas serviria para limpar o sangue grudado em mim.

Água salgada. Há quanto tempo eu não sentia o sabor de ondas violentas como aquelas. Deixei meu corpo se embolar nas ondas mais algumas vezes até me sentir quase anestesiada, era uma sensação boa, assim como várias outras. Só em poder imaginar o sangue de Kail escorrendo por entre meus dedos tal como o de Grace já me trazia uma sensação tão gratificante quanto aquela trazida pelo prazer de ser carregada pelo mar. Não é mais uma questão de ter meu cargo de volta, talvez nunca tivesse sido. Talvez eu só odeie tanto aquele filho da puta que deseje vê-lo afogar em seu próprio e maldito sangue de russo. Eu vou tomar cada um de seus trunfos para mim, inclusive o trunfo miserável que ele ostenta de permanecer vivo e arrogante até hoje. Um comichão de euforia até se manifestava com a ideia de uma vingança digna. Oh ele ia pagar, nem que eu morresse por isso.

Saí da água tremendo e mais uma vez entrei no carro, liguei o aquecedor e recostei a cabeça no banco enquanto meu corpo tinha espasmos de frio antes do ar quente se alastrar.

Peguei no banco de trás o envelope com as informações do verdadeiro informante de Kail, podia sentir meus olhos cintilando de prazer com o sabor daquela vitória. Contornei as letras da capa com a ponta dos dedos e li em voz baixa aquele nome escrito à mão na letra do próprio Mikail.

JONES, Samuel.

Tinha certeza de que aquilo seria uma diversão e tanto, ainda mais com a ideia brilhante que eu tivera antes de deixar o hotel de Grace. Eu podia sentir em minhas veias uma adrenalina intensa circulando.

Peguei o tablet na bolsa e procurei em minhas câmeras escondidas por uma pessoa, ao encontra-la não resisti a uma risada. Não era uma boa hora para interromper, joguei o aparelho dentro da bolsa novamente e me permiti tirar um cochilo, vou deixá-la terminando sua diversão antes de colocar meu plano em prática.

Allie

As mãos dele seguraram ávidas em ambos os meus seios.

- Eles parecem maiores não acha?

- Tira a mão! – o empurrei emburrada.

- Eu posso comprar um teste de farmácia...

- Para com isso James! Eu não estou grávida caralho! Só foi um mal estar.

- Está decidido, vamos ao médico! – Jimmy parecia tão empolgado quanto uma criança que encontra o presente de natal escondido antes de ganhá-lo.

- Eu não decidi isso. – Ele nem sequer ouvia o que eu estava falando, caminhava eufórico pela casa disperso em suas hipóteses. Suspirei fundo e me sentei no sofá, talvez se eu mudasse um pouco o foco da conversa ele esquecesse essa ideia maluca de gravidez. – Jimmy, como foi a visita à casa dos seus pais?

A reação dele foi um pouco diferente do que eu esperava, o corpo dele se enrijeceu por um instante e então me lembrei do olhar que ele carregava ontem quando chegou da rua.

- Boa, foi boa. Dona Barbara quer muito conhecer a Shay. – Ele esboçou um sorriso que soaria sincero pra qualquer um que não o conhecesse.

- Por que está mentindo? – franzi o cenho intrigada e fitei bem seu rosto. Os olhos azuis estavam um pouco surpresos e se abriram bastante.

- Eu não... Como você soube?

- Eu conheço seu rosto Sullivan.

Ele riu e se sentou ao meu lado, coçou a barba demoradamente sem desviar os olhos azul-acinzentados dos meus.

- Sabe, essa barba coça muito. – olhei de forma incisiva para ele e logo ele decidiu falar – É o meu pai Allie... Quando eu estava no futuro eu descobri que ele tem pouco tempo de vida. Bem pouco mesmo – o olhar dele se desviou para formar uma profunda ruga de preocupação em sua testa. – Eu não sei se posso fazer alguma coisa pra evitar.

- Meu deus Jimmy, por que não disse antes? Deve ter sido horrível ter descoberto isso sozinho...

- E foi... – a voz dele vacilou – Você não estava lá e quando eu cheguei você estava... Está muito instável Alison, não podia despejar isso sobre você. Eu também não podia contar isso pra nenhum dos meus amigos, o sigilo da máquina me impede.

- Eu entendo – Me inclinei para frente e o abracei com força ele retribuiu o abraço apertando os dedos com força em minhas costas. Estava fazendo um esforço para não chorar, mas naquele momento ele conseguiu deixar que o choro fluísse tímido pelo seu rosto. – Nós vamos dar um jeito okay?

- Como? – As íris azuis estavam rodeadas de vermelho e ele parecia um tanto descrente – Não! A gente não pode brincar com a morte Allie, ela volta pra gente, sempre volta.

- Do que você está falando Jimmy?

James virou o rosto de forma abrupta e mordeu o lábio inferior com força.

- Não estou falando de nada, é só a verdade.

Abri a boca para pronunciar algo, mas hesitei e a fechei novamente. Agora que minha confusão interna se abrandara eu conseguia ver com clareza, ele estava diferente. Ele voltou diferente.

- Jimmy... O que você viu no futuro? Você disse que eu não estava lá? Eu também...

- Não – ele se apressou em responder – Não estava morta. Estava desaparecida, perdida no tempo, nós dois estávamos.

- O que aconteceu?

- Eu não sei... Alguma coisa com a máquina... Isso não importa. Eu não posso te perder, e as crianças precisam da mãe delas.

- Crianças? No plural? É por isso que pensa que eu estou grávida? Existe outra criança?

- Sim. – Não consegui dizer mais nada, passei a mão pelo rosto e respirei fundo algumas vezes, era estranho estar do outro lado dessa situação. – Eu não quero te assustar Allie, mas eu sinto que muita coisa ruim está se armando como uma tempestade e vai chover em cima de nós. É a nossa hora de pagar. Você mudou o destino quando impediu que eu morresse anos atrás, o destino precisa se consertar.

- Eu não acredito nisso. As coisas estão melhores agora.

- Você acha? Como pode ter tanta certeza?

- Eu vivi em um mundo sem você Jimmy, eu sou a garantia de que as coisas estão melhores agora.

Ele discordou com a cabeça de forma enérgica.

- Pra nós dois talvez, para os meus amigos, minha família. Mas e o resto do mundo? Aquela máquina... – ele apertou os dentes antes de prosseguir, havia muita coisa o incomodando – Aquela máquina pode causar uma guerra Allie, são muitas vidas pagando pelo preço de uma.

Eu trocaria mil vidas pela dele, a população da Terra inteira se fosse necessário, mas isso não deixava de ser um egoísmo da minha parte. Eu não havia pensado nas inúmeras vidas que isso tudo afetaria, a minha, do Max, do Sam, dos rapazes da banda, do Arin. Parecia tudo tão pequeno perto do desejo de uma fã apaixonada de ter seu ídolo de volta à vida. E o pior é que eu não me arrependia, seu eu pudesse eu faria outra vez e outra vez e outra vez, quantas vezes me fosse permitido. Nada se comparava a um segundo diante dos olhos mais lindos de todo o planeta, diante do peito dele subindo e descendo a cada vez que sua respiração puxava uma porção do ar, diante daquela gargalhada trovão que só ele sabia dar. Era vida que ele exalava, uma vida que para mim era preciosa e que merecia mais tempo aqui nesse plano.

- Você tem razão – disse apertando uma das mãos dele entre as minhas apenas para sentir o calor de sua pele, o calor do sangue que corria em suas veias, o calor da sua vida. – Mas eu não me arrependo. Eu te amo Sullivan, eu não estava pensando direito quando quis te salvar, eu não pensei ninguém, só em você. Eu queria você vivo, não importa se estivesse comigo, ou com a Leana, se estivesse na banda ou não, se ainda quisesse viver ou não... – essas últimas palavras fizeram com que ele voltasse a olhar pra mim – Eu só queria olhar pra você e ver vida. Eu estava errada em fazer isso, eu sei que eu estava, mas eu não podia deixar de arriscar.

Ele abriu um sorriso mínimo e depositou um beijo em minha testa.

- Sabe... No dia que eu te conheci eu estava meio morto. Eu estava morrendo ao poucos, você viu isso, não viu? – concordei com a cabeça – Eu não sou mal agradecido, eu sei o que você fez por mim, foi mais do que impedir que eu tivesse uma overdose, você me salvou de morrer um pouco mais tarde. Eu estou vivo agora e isso graças a você. Olha em volta. – o sorriso dele se alargou – Estamos em uma casa enorme e tem uma pirralha com nosso DNA esmagando uma raposa ali no andar de cima, nós temos uma família e porra, isso foi sempre o que eu mais quis na vida. É algo grandioso Allie – o tom dele voltou a ficar sombrio novamente – Eu tenho medo do preço a ser pago por algo assim.

- Jimmy, essa coisa de destino...

- Existe sim Alison, e está vindo atrás de nós.

Brian

Eu queria quebrar alguma coisa, de preferência algo bem difícil de quebrar para que eu pudesse colocar toda a minha força até cair no chão exausto. Na falta dessa coisa eu só conseguia caminhar pela casa gritando palavrões até minha garganta reclamar, mas isso só até eu pisar acidentalmente na Pinkly e ela soltar alguns grunhidos.

- Desculpa! Eu já pedi desculpas caralho, não me olhe com essa cara, a culpa disso não é minha! Olha com essa cara pra ela! Foi ela que fez isso! – a cadela branca saiu correndo para algum ponto qualquer da casa e eu despenquei no sofá – Ótimo Gates, até a Pinkly está correndo de você.

Eu sei que não devia estar tão irritado, afinal, não era a primeira vez que ela fugia de mim assim, mas sei lá, eu estava contando que dessa vez seria diferente.

Soltei um grito gutural de raiva e me retorci algumas vezes ali no sofá até ouvir um “Cala a boca filho da puta” vindo do andar de baixo.

- CALA A BOCA VOCÊ, ESSE É PRÉDIO É MEU, SEU PAU NO CU! – Okay, eu perdi a razão completamente. Mas eu nunca fui muito bom em lidar com a minha raiva, pelo menos eu não estava chutando a cara de ninguém.

A porta se abriu imediatamente e me coloquei de pé em um sobressalto.

- É você o louco que está gritando?

- O que veio fazer aqui? – a presença dela tinha me pegado de surpresa, não imaginava vê-la aqui.

Um molho de chaves atingiu minha testa sem muita força e ela foi entrando pela casa.

- Vim pegar o resto das minhas coisas.  – seu tom era seco e não era de se admirar, ela estava bem magoada. Fazia alguns dias que não a via e senti uma certa pontada de culpa por isso. Eu tinha afastado ela por estar muito perturbado com Lali em minha mente, e apenas por isso. A traição dela nem significava grande coisa agora e talvez no fundo ela soubesse disso.

- V-você está bem? – perguntei ali da sala sem me atrever a entrar no quarto onde ela pegava suas coisas.

- Sim. – depois de alguns minutos ela voltou arrastando uma única mala. Não havia mais muito dos objetos dela, a maioria Valary já tinha levado. Ia passar direto, mas encostou a mala e olhou bem para mim. – Você tá okay?

Acenei com a cabeça.

- Eu estou bem.

- Eu encontrei isso jogada no chão – ela jogou para mim a calcinha que Lali usara na noite anterior.

- Obrigada.

- E... Eu vou levar a Pinkly comigo.

- O QUÊ? NÃO PODE LEVAR MEU BEBÊ! – A cadelinha pareceu ter previsto que falávamos dela e logo correu em direção aos pés de Michelle. Lancei um olhar fulminante para a cachorrinha branca – Traidora, depois de tudo que nós passamos juntos!

- As crianças sempre ficam com as mães Brian, lamento.

- Eu vou ficar sozinho aqui nesse apartamento? – Michelle franziu o cenho irritada, ela queria falar alguma coisa.

- Foi você quem quis isso. Foi você quem quis ficar sozinho. – ela não disse mais nada, apenas balançou a cabeça e puxou a mala novamente, mas segurei com força em seu pulso.

- Não, é o oposto Chelle. Eu não quero ficar sozinho.

Michelle deixou os ombros caírem, a expressão em seu rosto fazia com que eu me lembrasse do passado. O rosto dela afinara com o tempo e o cabelo trocara de cor inúmeras vezes, sem contar algumas pequenas plásticas que ela havia feito de uns anos para cá, mas aquela expressão em seu rosto não mudava nunca. Um misto de tristeza e exaustão que só se manifestava quando ela realmente estava cansada de mostrar sua força.

- Eu não consigo te entender Brian, você costumava ser tão simples de ler.

- Eu também não consigo e sinto muito por isso Michelle. Eu te amo, mas...

- Se realmente ainda amasse não precisaria desse “mas” – puxou o braço do meu aperto escondendo o rosto com o cabelo e seguiu em direção à porta outra vez.

- ESPERA... Espera por favor. – ela parou de caminhar, mas não olhou para trás – Quer beber alguma coisa mais tarde?

- Não pode estar falando sério!

- Eu estou sim. – na verdade eu não fazia a menor ideia do que estava fazendo. – Te pego às oito? – Ela permaneceu estática um longo momento. – Michelle?

- Tudo bem. – depois disso ela saiu com Pinkly em seu encalço.

Eu não sabia o que estava fazendo, mas eu queria acabar com aquela dúvida o mais rápido possível e convenhamos que a Srta. Whisper não estava cooperando muito.

Estiquei a calcinha entre minhas mãos e depois a joguei para longe, onde estão as grandes turnês quando se precisa delas?

Max

- E então, o que achou dessa? – disse empolgado, era uma casa incrível, as janelas eram grandes, o portão era branco de treliças, o acabamento do piso era bem peculiar, sem falar que tinha uma enorme lareira, isso em Madison era algo extremamente necessário.

- As barras nas janelas são de aço muito frágil e podem ser arrombadas facilmente, o portão mostra muito da casa, qualquer um do lado de fora pode ver tudo que faz aqui dentro, e uma lareira? Sério? Já não bastou ter se queimado uma vez? Muito fácil de acontecer acidentes na casa inteira.

- E o piso? – eu disse entre dentes, já desanimado.

- Eu gostei do piso. – ela sorriu e por um instante quase achei que ela estava zombando de mim.

- Eu te chamei por que achava que uma opinião feminina seria boa, mas já estou arrependido. – Caminhei chutando o ar, minhas pernas já se movimentavam muito melhor, boa parte das queimaduras já estavam perdendo as casquinhas e eu me sentia menos dolorido.

- Onde está seu amigo?

- Está no horário de almoço.

- Nós devíamos ir comer também, precisa se alimentar. Está sem comer desde que saímos.

- Okay mãe – disse mais zangado do que já estava – tem um restaurante do outro lado da rua.

Sarah me acompanhou, permanecia sempre um passo atrás de mim e era bastante quieta, mas mesmo assim chamava a atenção de alguns homens na rua que viravam a cabeça ao vê-la passar. Pedi que abrisse mão do uniforme quando estivéssemos andando nas ruas e o olhar dos homens me fazia desconfiar da qualidade da ideia.

Assim que nos sentamos à mesa, fiz o pedido do nosso almoço e abri o jornal na mesa para marcar um “X” sobre a última casa vista. Passei os olhos pelos demais anúncios de casas, mas graças às recomendações de segurança de Sarah, nenhuma delas me parecia mais atrativa.

- Max... – ela me chamou e fui obrigado a levantar os olhos para fitá-la.

- Algum problema?

- Me desculpe, eu não quis interferir na compra da sua casa, eu sou meio exagerada, a casa é sua, você escolhe a que gostar mais.

- Não precisa se desculpar, fui eu que pedi sua opinião. Além do mais, você está fazendo o seu trabalho... Está me mantendo em segurança.

- Max, ahm... – era engraçada a maneira que ela pronunciava meu nome, parecia gostar dele – Falando na sua segurança, se me permite dar minha opinião...

- Por favor – meneei a cabeça pedindo que ela prosseguisse.

- Eu acho que está sendo muito imprudente. Quer dizer... Você preferiu dois seguranças inexperientes à agentes federais com anos de carreira e experiência. Parece que está fazendo de propósito, sendo uma isca.

Ela tinha razão, eu realmente não estava me esforçando muito para me manter seguro, afinal, se eu ia morrer, pra que gastar com uma multidão de seguranças, me prender em uma casa-jaula e me sentir desconfortável? Não posso desperdiçar meu pouco tempo restante com desconforto.

Fiquei um longo instante olhando para o rosto de Sarah, ela não tinha as feições mais delicadas do mundo e ostentava um ar presunçoso que poucos suportam, mas era dedicada e se importava. Seus olhos dourados não se desviaram dos meus, parecia tentar ler minha mente.

- Você está errada, não faço isso de propósito.

- Se está dizendo... – baixou o tom novamente e voltou à sua posição de segurança em silêncio.

Por alguma razão, eu gostava de Sarah, ela era sincera, acho que eu me identificava com isso. Estiquei o jornal novamente e o virei na direção dela.

- Você conseguiu estragar minha visão de todas as boas casas aqui, agora me ajude a escolher, por favor.

Abriu um sorriso de verdade e levou os olhos ao jornal com avidez. Talvez ela gostasse de escolher casas.

Levaram-se enormes minutos e o garçom tinha acabado de chegar com nossa refeição quando ela gritou de entusiasmo.

- ENCONTREI!

O garçom trocou um olhar espantado comigo, mas logo eu comecei a rir.

- Descreva pra mim, por favor. – disse fingindo formalidade.

- Três quartos com varanda, dois banheiros, uma sala de estar... Ah isso não interessa – ela mesma pulou a parte dos cômodos enquanto agitava a cabeça e as mãos – as janelas são altas podemos colocar vidros blindados, o portão é de aço e completamente fechado, a casa inteira tem um sistema de alarmes e há sistema de aquecimento em todos os cômodos, tem um jardim grande e uma garagem.

- Soa bem. – ela me mostrou a foto, era uma casa encantadora e com muita cara de casa de família, ainda mais para um homem que vive sozinho, mas de certa forma eu gostei muito do imóvel. – Okay, acho que vou ficar com essa.

 - Tem certeza?

- Melhor do que morar debaixo da ponte, com toda certeza.

- Você não sabe nadar, não poderia morar embaixo da ponte.

- AAARG! Para de estragar a minha graça! – brinquei e Sarah sorriu sonoramente.

- Vamos comer okay?

Samuel

- Melhore essa cara rapaz, aproveite sua refeição, mal tocou nela.

- Não estou com fome. – Ele deu de ombros e enfiou uma garfada generosa de carne cheia de molho na boca. Apertei os punhos com força, estava com medo de perguntar, mas eu precisava.

- O que significa esse olhar? – disse antes que eu pudesse falar algo – Está com medo?

- Não tenho medo de você. – respondi de imediato mesmo sabendo que aquilo não era inteiramente verdade, de qualquer forma, eu não temia por mim.

O jovem russo sorriu.

- E nem precisa ter, diga-me, a máquina funciona mesmo? Como?

-Primeiro, minha filha. Não tocou um dedo nela, tocou?

Kail riu mais uma vez, por algum motivo algo naquela conversa estava lhe soando extremamente agradável.

Controle sua mente que seu corpo irá se controlar por si só. Repeti o mantra diversas vezes em minha mente. Cerrei os pulsos por debaixo da mesa, um leve tremor percorreu meu corpo. Nervosismo, raiva.

- A garota está bem, os guardas de Max a estão cercando, e os meustambém. – Eu sabia o que aquilo significava.

- Prometeu que não encostaria um dedo nela e na Alison.

- E estou cumprindo minha parte do acordo, falta você cumprir a sua.

Apertei os dentes, estava odiando o fato de estar entregando Max desse jeito, mas não podia correr o risco de deixar Shannon nas mãos desse sádico, ela é só uma criança. Jamais me perdoaria se algo acontecesse a ela e a Allie.

Hesitei ao colocar o envelope sobre a mesa, o empurrei na direção dele com a ponta do indicador. Tentava me consolar pensando que Max faria o mesmo, Allie era a única família que ele conhecera, certamente não desejaria que algo de mal acontecesse a ela graças àquela sua invenção.

- Foi isso o que eu encontrei.

Mikail limpou os dedos em um guardanapo e abriu o envelope. Passou rapidamente os olhos sobre os papéis e franziu o cenho.

- Só isso? Isso não nos mostra como entrar no laboratório.

- Tem dezenas de agentes federais lá, eu não posso fazer muito.

- Então dê um jeito, eu não posso esperar para sempre. – Ele jogou os papéis para o lado e voltou a atenção para a comida outra vez.

Olhei no relógio de pulso.

- Eu preciso voltar.

- Okay, espero que nosso próximo encontro seja mais produtivo.

- Não pode machucar o Max, pegue a droga da máquina e deixe-o em paz okay?

- Não posso garantir isso. – Os olhos dele se levantaram e fitaram os meus, havia um tom sombrio em sua expressão. – Você é o segurança dele, proteja-o.

Respirei apreensivo e dei as costas, saí do prédio aflito e entrei no carro sentindo meu corpo se contrair em um desconforto horrível. Eu não era tolo, sabia que de alguma forma Max não sairia ileso, mas eu precisava acreditar em algo, tentava me convencer de que depois que Kail colocasse as mãos na máquina, o deixaria em paz, assim como deixaria Shannon e Allie. Aquilo que eu estava fazendo era contra tudo que eu acreditava, todos os meus princípios, tudo que eu achava que era certo. Max era meu amigo, era um homem bom, não merecia nada do que aquele louco estava reservando pra ele, mas Shannon também não merecia, ela nem ao menos poderia entender o que estava acontecendo, eu sabia que Max compreenderia, ele tinha que compreender por que eu estava agindo dessa forma. Isso é loucura, eu sei que é, mas não posso colocar a vida da minha pequena em risco. Não importa se ela não tem meu sangue, é a mim que ela chama de pai e eu não posso falhar com ela. Já falhei com tanta gente, mas com ela eu tinha que ser bom, tinha que ser o melhor, mesmo que o preço a se pagar fosse mais caro do que aparentava.


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Notas finais do capítulo

Vcs tão com ódio da Lali? Relaxem, ela ainda vai aparecer *n enfiei aqui pq se n ia ficar mt grande, mas eu vou tentar postar antes do fim do mundo*
Ainda estão com ódio da Allie?
Espero que tenham gostado
Beeijos