A Casa De Klaus escrita por Bellah102


Capítulo 21
Capítulo 20 - Scooby-Boi


Notas iniciais do capítulo

Este está pequenininho, mas vou postar o outro junto.



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Em um ano, Lizzie cresceu assustadoramente. Todos os dias, ela acordava mais e mais velha. Agora, às vésperas de completar um aninho, ela parecia ter 4 deles, porém não se importava, e quando lhe perguntavam a idade, orgulhosamente mostrava um único dedinho. Eu estava certa. Assim que a primeira palavra saiu de sua boca, nunca mais pararam de sair mais e mais a cada dia que se passava. Custou até ensiná-la que eu não era sua mãe, mas com o tempo ela entendeu. Uma coisa não mudou. Lizzie ainda gostava de rosa. Desesperadamente. Se pudesse escolher, tudo o que tinha era rosa. E ela nunca enjoava.

            Naquele dia, eu e Elena a levamos para dar uma volta, qualquer lugar onde ela pudesse correr e gastar um pouco da enorme reserva de energia que ela tinha. Perto à Casa, no lado oposto ao altar de sacrifícios e a oeste do cemitério que havia alguns metros atrás da casa, havia uma campina, dourada do outono, brilhando com a luz do sol. Havia partes de cercas perdidas por ali. Talvez, em um passado antigo, antes de Klaus se assentar ali, aquele lugar fosse bonito como o rancho da família de Rose na Inglaterra. O lugar de paz de alguém. Talvez. Eu e Elena nos encostamos à cerca de madeira que um dia fora pintada de branco e ficamos olhando Lizzie correr de braços abertos, fazendo sons de avião. Eu particularmente não via graça naquilo mas ela parecia estar se divertindo a beça, gargalhando entre os brums, com o cachecol e as duas trancinhas louras voejando atrás de si.

            Saudosamente me lembrei do tempo em que eu era feliz assim, em que em outra campina, eu ria e brincava desse jeito, sob o olhar amoroso e atento de outro casal de sobrenaturalidades.

            -Me pergunto – Disse Elena, tirando-me do meu transe. – Se quando somos crianças temos um tanque de felicidade e otimismo. E então quando chegamos a puberdade ele seca.

            Fiz que sim.

            -À puberdade ou à casa de Klaus. Enfim, o que vier primeiro.

            Elena observou a menina que agora dançava entre a grama alta e dourada, amassando folhas vermelhas com as galochas cor de rosa, sorrindo e olhando para o chão como se visse alguma coisa que a deixasse feliz.

            -Bem, mas Klaus vai precisar de bastante força para drenar a Lizzie. – Ela disse sorrindo, otimista. – Quero dizer, caramba, a Liz tem uma represa inteira.

            Ela disse, rindo levemente. Eu ri com ela, sorrindo ternamente. Eu poderia me arrepender do que fosse dentro da Casa de Klaus, mas jamais me arrependeria de Lizzie. Ela levantou os olhos do chão e veio correndo na nossa direção. Agachei-me para recebê-la em um abraço.

            -O que foi, meu bebê?

            -As fadas me declararam a sua rainha!

            Ela disse radiante, articulada como uma pequena adulta.

            -Que bom Lizzie! – Respondi sorrindo – Precisamos arranjar uma coroa para você, não acha?

            Ela fez que sim.

            -Uma coroa toda feita de flores e folhas, elas disseram. Disseram que sua rainha precisa amar a natureza. Eu amo a natureza. Posso ser rainha.

            Fiz que sim.

            -Pode mesmo. Você quer ajuda?

            -Não não. Posso fazer isso

            Ela disse negando com a cabeça, virando-se e procurando alguma coisa no chão. Elena trocou um olhar comigo e sorriu, enquanto eu me levantava novamente.

            -Você é muito boa com ela, entrando nas brincadeiras assim. Lizzie não tem idéia da sorte que tem.

            -Será que não? - Perguntei. Lizzie era uma criança muito agradecida e educada. Jamais reclamava. Por favor, com licença e obrigada faziam parte do seu vocabulário do dia a dia. Ela até começara a assistir algumas aulas com os outros professores além de Jenna, o que a deixava extremamente animada. – Acho que eu fui a sortuda. Não sei o que seria de mim sem ela.

            Em silêncio, observamos Lizzie em sua procura de materiais para a sua coroa. De tempos em tempos, ela trazia até nós galhinhos, folhinhas e pedaços de grama que ela dizia ser perfeitos, mas que não eram muito divergentes da maioria que víamos ao redor. Ela pedia que guardássemos e voltava a procurar, consultando, de vez em quando, o ar a sua volta, perguntando às suas fadas como gostariam que a coroa de sua soberana fosse. Um som me fez olhar para a minha bota. Como se alguém estivesse soprando ali em baixo. Não devia ser nada. Levantei os olhos, mas antes que pudesse me fixar em Lizzie, ouvi novamente o som. Movi a bota para o lado para ter certeza de que não havia nada ali. Porém, ao contrário do que eu pensava, havia SIM, algo ali.

            Um focinho castanho espreitou por baixo da cerca. Era pequeno, com o diâmetro menor do que a de um copo. Farejou cuidadosamente por ali e avançou. Um corpinho pequeno acompanhou o focinho. Percebi que devia ser um dos cachorros que Tyler Lockwood, o amigo de Elijah cuidava. Ele devia ser um filhote, não podia ter mais que três meses. Apesar de ser um dogue alemão como Chad de Caroline, Lizzie o carregaria no colo facilmente. Os olhinhos escuros do filhote subiram até mim e se desviaram até Elena. Ele ganiu e quase pude ouvi-lo perguntar: “Alguém viu minha mãe?”. Deixando os matinhos e galhinhos de Lizzie em cima da cerca, abaixei-me para acariciar sua cabeça. Ele balançou a cauda preta e castanha, todo feliz. Elena olhou para baixo na nossa direção e sorriu.

            -Ei Lizzie! – Ela chamou. Lizzie se distraiu de uma discussão acalorada com alguma fadinha sobre o tom de vermelho de uma folha que segurava e olhou para ela. – Venha ver isso aqui.

            Largando a folha de lado, ela abriu seus braços como um avião novamente e veio zunindo na nossa direção. Mas parou, estupefata a alguns metros de nós. Então deu um gritinho agudo e correu na direção do cachorrinho, se ajoelhando ao lado dele toda feliz.

            -O que ele está fazendo aqui? Ele é tão lindo! Podemos ficar com ele?

            Ela perguntou acariciando a cabeça do filhote, olhando em seus olhinhos minúsculos.

            -De onde ele veio?

            Perguntei. Elena só se abaixou para acariciar o filhotinho.

            -Cachorros simplesmente aparecem por aqui. Eles parecem se sentir atraídos pelo nosso cheiro. – Disse Elena se ajoelhando ao nosso lado e movendo a mão de um lado para o outro. O focinho dele a seguiu. – Klaus adora que cuidemos deles.

            -Porque?

            Perguntei. Se Klaus mal suportava as Sobrenaturalidades às quais claramente precisava, porque se incomodaria com mais bocas sob seu teto?

            -Cães não contam segredos.

            Ela disse dando de ombros. Lizzie, esquecendo completamente da história das fadas, pegou o cãozinho no colo. Estava a caminho de alertá-la de que ele poderia trazer doenças ou algo do tipo, mas ela o abraçou com tanto carinho, que não tive coragem de continuar.

            -Ele é tão lindo. É o meu menino. Meu Boy. – Ela levantou os olhinhos azuis e suplicou – Podemos ficar com ele, Nessie, podemos? Por favor? Ele não vai fazer bagunça.

            Fiz uma careta.

            -Eu não sei não Lizzie. Nosso quarto é de carpete...

            -Mas eu ensino a ele direitinho! Eu prometo que vou dar comida, e banho e limpar tudo o que ele fizer! Eu juro juradinho!

            Ela implorou. Fiz uma careta e olhei para o rostinho do filhotinho que me olhava de baixo. Era como se ele também juntasse sua voz à de Lizzie. Suspirei e troquei um olhar com Elena, que parecia pagar para ver o que eu ia fazer. Ela sabia que eu ia ceder.

            -Ok, mas não quero ele dormindo na cama, certo?

            Ela fez que sim, radiante.

            -Sim! Você ouviu isso Boy? Você é meu agora! Você vai para casa com a gente!

            Ela exclamou, feliz da vida, pulando com o cãozinho mais confuso do mundo nos braços.

            Mais tarde, enquanto eu digitava mais um capítulo sobre Noah, Lizzie trouxe até mim uma folha de papel, que colocou entre meus dedos e o teclado.

            -O que é isso?

            Perguntei, pegando o papel entre os dedos. Lizzie havia desenhado três pessoas e um cãozinho, em um fundo colorido, cheio de árvores, flores, esquilos e grama alta. Acima da primeira pessoa estava escrito ELIJAH. E depois havia NESSIE, LIZZIE e SCOOBY-DOO. Sobre o primeiro, Lizzie não sabia sobre o acordo entre mim e Elijah que entrara em vigor. Ah sim, vigor. Elijah cumprira seus termos e não tentara mais se aproximar de mim de forma romântica, mas ainda assim, a Casa, e isso incluía Lizzie, pensava que tínhamos um relacionamento, algo que a pequena adorava. Era uma festa quando Elijah batia à nossa porta.

            -Somos nós.

            Olhei para o cãozinho, que dormitava levemente na caminha que improvisáramos com uma caixa de papelão.

            -Mas o nome dele não era Boy? Você não pode ficar mudando, se não ele nunca vai se acostumar.

            Ela suspirou.

            -Mas ele parece tanto o Scooby-Doo...- Ela gemeu. – Já sei!

            Disse, tirando o papel da minha mão e voltando a desenhar ao meu lado na escrivaninha. Ela riscou SCOOBY-DOO e escreveu SCOOBY-BOI.

            -Hã, Lizzie, não é assim que... – Eu estava a caminho de corrigi-la, mas me arrependi. – Quer saber? Eu gostei desse nome.

            Ela fez que sim, olhando para o papel.         

            -Eu também. É o meu lindo Boi. Meu Scooby-Boi. 


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Notas finais do capítulo

Next please. And review, or else I'm gonna kick your ass and curse you. Thank you very much.